Todos nós cometemos os nossos deslizes quando falamos.
Pela minha parte, confesso que, além dos deslizes normais da gaguez, a maior gaffe da minha vida foi quando chamei (obviamente sem querer) ladrão a Jesus!
Tinha ido ver o filme de Mel Gibson, A Paixão de Cristo. Na altura, fui convidado a comentá-lo em diversos locais.
Numa das ocasiões, após uma noite inteira de trabalho, sem qualquer minuto de sono, comecei a desfiar as impressões com que ficara.
Disse que o que mais me impressionara na figuração (bastante impressiva, de facto) não era tanto a violência dos soldados. Era sobretudo a serenidade de Jesus.
A interpretação de J. Cameron foi, com efeito, deslumbrante. Via-se que era uma serenidade magoada, sofrida e muito ensanguentada, mas incólume. Daí que João Paulo II tenha comentado quando visualizou o filme: «É como foi».
Insistindo neste aspecto e reportando-me à crucifixão, saiu-me esta frase: «Dos três ladrões crucificados, Jesus foi o mais sereno».
Imediatamente, ouvi risos à minha volta. Fiquei ruborizado e sem palavras. O que queria dizer era que, ao contrário dos dois ladrões também crucificados, Jesus estava irrepreensivelmente sereno.
Mas, se pensarmos bem, Jesus também foi...ladrão. Na verdade, com a Sua morte, roubou-nos ao mal, ao pecado e à morte. Estávamos possuídos pelas trevas e Ele roubou-nos para a luz. Pelas Suas chagas fomos (mesmo) curados!