O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Segunda-feira, 28 de Dezembro de 2009

 

1. A esta hora, estamos todos a pensar: como correu veloz mais este ano!
Sem darmos muito bem por isso, 2009 está a chegar ao fim. E, a avaliar pela expressão do rosto e pelo teor das conversas, a euforia destas horas serve mais de lenitivo para esquecer as amarguras passadas do que de esperança numa verdadeira mudança.
Nem que seja por instantes, o que, de facto, as pessoas querem é esquecer a dureza do quotidiano, a incerteza do emprego (ou a certeza do desemprego), os aumentos dos preços e a míngua dos salários.
O que as pessoas desejam é esquecer os sonhos desfeitos e as promessas não cumpridas.
O ar de resignação e o tom de comiseração parecem ser a nota dominante. A melhor maneira de não haver desilusões é, sem dúvida, não alimentar ilusões.
No início de 2009, o senhor Presidente da República já nos prevenirapara o que já sabíamos e pressentíamos. Que o ano iria ser muito difícil. Que, por isso, era fundamental falar verdade. E, last but not the least, que as ilusões pagar-se-iam muito caras.
Na mesma altura, Timothy Garton Ash fazia uso de uma ironia afogada em sarcasmo: «Bom ano novo? Devem estar a brincar!».
 
2. Há uma sensação de desnorte e um clima de tédio. Até tivemos um Nobel da Paz que, ao receber o prémio, anunciou a continuação da guerra!
Inevitável? Porventura. Mas, ainda assim, não deixa de ser perturbador e revelador do estado a que chegamos.
E, mesmo a terminar o ano, não fomos capazes de conseguir um acordo motivador para reduzir substancialmente a poluição.
Em síntese, não estamos a ganhar o presente. E arriscamo-nos a perder o futuro.
Se bem nos recordamos, o Santo Padre convidava-nos, há um ano, a combater a pobreza e a lutar contra a exclusão.
Denunciou «uma pobreza que impede as pessoas e as famílias de viverem segundo a sua dignidade; uma pobreza que ofende a justiça e a igualdade e que, como tal, ameaça a convivência pacífica».
 
3. Para 2010, chama a nossa atenção para a nossa responsabilidade na salvaguarda da criação: «Se queres cultivar a paz — alerta o Papa —, protege a criação».
O mundo não é propriedade humana; é dom de Deus que foi confiado ao Homem, a todos os homens e não apenas a alguns.
Como revelou a recente Cimeira de Copenhaga, a nossa geração está a revelar um tremendo egoísmo para com as futuras gerações.
Os escuteiros têm, como preceito, deixar o lugar do acampamento em melhor estado do que aquele em que se encontrava. Em que estado vamos nós deixar o mundo às gerações futuras?
Em causa está não somente o ambiente natural, mas também — e acima tudo — o ambiente humano.
Pergunta Bento XVI com enorme pertinência: «Poderemos ficar indiferentes perante as alterações climáticas, a desertificação, a deterioração e a perda de produtividade de vastas áreas agrícolas, a poluição dos rios e dos lençóis de água, o aumento de calamidades naturais, a desflorestação das áreas equatoriais e tropicais?»
 E alerta já para um fenómeno novo, emergente: «Como descurar o fenómeno crescente dos chamados refugiados ambientais, ou seja, pessoas que, por causa da degradação do ambiente onde vivem, se vêem obrigadas a abandoná-lo — deixando lá muitas vezes também os seus bens — tendo de enfrentar os perigos e as incógnitas de uma deslocação forçada?»
 
4. Não será a transição de um ano para outro que faz desaparecer as nuvens que toldam o horizonte do nosso futuro.
Sentimo-nos impotentes para fazer o que tem de ser feito. Mas vale a pena insistir. Se empreendermos a mudança em nós, se formos diferentes, estaremos a contribuir para a mudança no mundo.
Deseje, pois, feliz ano novo aos seus familiares, aos seus amigos e aos seus conhecidos.
Eu vou rezar por si. Passarei o ano na companhia de Deus, em oração, como é meu dever.
Pode faltar tudo. Tenha a certeza de que Deus não lhe vai faltar. O ano é novo. Que seja igualmente nova a vida. A sua vida. A nossa vida. A vida da humanidade inteira.
publicado por Theosfera às 21:42

 

Não faltam palavras neste mundo. Muito menos, neste tempo.
Além das palavras obrigatórias, das palavras de circunstância e das palavras gritadas aos berros, esta é uma altura em que trocamos palavras de saudação.
Nem sempre sentidas. Nem sempre sinceras. Nem sempre ponderadas na mente ou amassadas no coração.
Mesmo assim, sobram palavras nesta quadra.
Ele são os tradicionais postais de Boas Festas. Ele são os telefonemas. E ele são agora — cada vez mais — as mensagens de telemóvel. Algumas, reconheça-se, bem imaginativas e engraçadas.
O que escasseia é alma no que dizemos. É dizer a cada um o que só a ele diz respeito. O que temos para lhe transmitir a ele e a mais ninguém.
Já reparamos em como a pressa é tanta que até os postais e as mensagens têm sempre o mesmo conteúdo? Só mudamos o endereço ou então o número. O resto é igual. Seja familiar ou colega, não interessa. Seja vizinho ou autoridade, não importa.
São palavras que recebemos com agrado, mas que deixam um travo de amargura na alma.
A Palavra fez-Se carne em Jesus. É preciso que ela volte a fazer-Se vida na nossa vida!
publicado por Theosfera às 11:00

Rui Polónio Sampaio é um nome que talvez não diga muito a muita gente. Mas era suficientemente conhecido para a sua morte não passar incógnita. No entanto, foi isso o que aconteceu. Quase ninguém falou dele. Germano Silva dá uma explicação que, no mínimo, faz pensar: «A sua morte não foi notícia porque ele era um mau exemplo, o exemplo de um homem íntegro»!

publicado por Theosfera às 10:54

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