À primeira vista, o mal parece levar a melhor.
Um rápido olhar pelo mundo mostrar-nos-á que o triunfo lhe pertence. De uma forma brutal. Cruel. Avassaladora. A impressão dominante é que vivemos submersos num irremediável «mistério de iniquidade».
Acontece que um é o discurso da realidade e outro, bem diferente, é o discurso da fé.
É interessante verificar que a linguagem da fé nem sequer nos fala de uma simetria entre o bem e o mal, entre a morte e a vida, entre o pecado e a graça. Não fala de uma simetria, mas de uma (reconfortante) assimetria.
Reparemos que Paulo não diz «onde abundou o pecado, abundou a graça», mas «onde abundou o pecado, superabundou a graça».
Eis pois uma certeza tranquilizante e sumamente mobilizadora: o mal tem uma palavra forte, uma palavra dura. Mas não tem a palavra última. Quando muito, poderá ter a palavra penúltima. A palavra última pertence ao bem. À graça. Ao amor. À vida.