O verdadeiro teólogo é aquele que não cai na tentação de medir o mistério de Deus com a própria inteligência, esvaziando de sentido a figura de Cristo, mas sim aquele que é consciente das suas próprias limitações.
Assim afirmou Bento XVI na homilia da Missa de ontem, com os membros da Comissão Teológica Internacional, reunidos na sua assembleia anual desde segunda-feira, informou a Rádio Vaticano.
Para o Santo Padre, os teólogos presunçosos, que estudam as Sagradas Escrituras como alguns cientistas que estudam a natureza, são similares aos antigos escribas que indicaram aos magos o caminho a Belém: «São grandes especialistas: podem dizer onde o Messias nasceu, mas não se sentem convidados a ir».
«Também é assim na nossa época, nos últimos 200 anos observamos a mesma coisa. Poderíamos facilmente dizer grandes nomes da história da teologia destes 200 anos, dos quais aprendemos muito, mas que não abriram o seu coração ao mistério».
Com esta maneira de proceder, «a pessoa coloca-se acima de Deus. E assim, o grande mistério de Jesus, do Filho feito Homem, reduz-se a um Jesus histórico, realmente uma figura trágica, um fantasma sem carne e osso, alguém que permanece no sepulcro, que está corrompido, realmente morto».
No entanto, o Santo Padre destacou que a história da Igreja está repleta de homens e mulheres capazes de reconhecer a sua pequenez em comparação com a grandeza de Deus, capazes de humildade e, portanto, de chegar à verdade.
O Santo Padre também mostrou os «pequenos que também são dotados» como modelos de inspiração para «ser verdadeiros teólogos que podem anunciar o seu mistério, porque este chegou às profundezas do seu coração».
Entre eles, citou santos como Bernardette Soubirous, Teresa de Lisieux, Sor Bakhita, Madre Teresa, Damião de Veuster. Nomeou também Nossa Senhora, o centurião ao pé da cruz e São Paulo, que, «na 1ª Carta a Timóteo, chama-se de ignorante naquele tempo, apesar de sua ciência; mas o ressuscitado o toca, ele fica cego e se converte realmente em vidente, começa a ver».