O fim não é sinónimo de dissolução, de aniquilamento, de catástrofe, mas de acabamento, de realização, de plenitude.
De resto, esta percepção povoa o imaginário colectivo da humanidade. Veja-se o caso do desporto. Todos os esforços de um ano visam um único objectivo: ser o primeiro no fim da competição.
Olhemos também para a vida estudantil. Noites em claro, horas a fio diante dos manuais, tudo se faz numa direcção muito nítida: ter aproveitamento no fim do ano lectivo.
Desde o começo, aponta-se logo para o fim. E isto justifica todos os sacrifícios, todas as provações, todas as contrariedades. O fim que se pretende alcançar é de tal modo mobilizador que os mais diversos obstáculos são enfrentados com entusiasmo e força de ânimo.
Centrar a vida em torno de um fim implica, como se compreende, uma grande disciplina.
Um desportista ou um estudante, para chegarem ao fim em boa posição, têm de renunciar a muitas coisas que, eventualmente, considerariam aprazíveis.
O fim de que Jesus nos fala não se atinge sem o abandono de muitas opções e de muitos comportamentos que, talvez, nos enchessem de satisfação.
O poder, a fama e a glória surgem-nos, com frequência, como objectivos atraentes.
Por causa de os conseguir, dispomo-nos a tudo. Acontece que a insatisfação não desaparece do nosso espírito. Os testemunhos, a este respeito, são abundantes e eloquentes.
Só Deus é um fim à altura do querer e do esperar humanos. No fundo, tudo aquilo a que aspiramos, nos é oferecido por Ele. Cabe-nos, portanto, ajustar a nossa existência em função deste fim. De que maneira?
Jesus é o caminho (Jo 14, 6). Seguir Jesus é enveredar pelo caminho que nos leva ao fim, à plenitude.
O próprio sofrimento não é capaz de impedir o acesso a Ele. Significativamente, foi quando atingiu o máximo de sofrimento que Jesus deu por cumprida a Sua missão.
Tudo está consumado — foram as Suas últimas palavras de acordo com o evangelista S. João (19, 30).
Dir-se-á que tudo isto é misterioso. Não o nego. Mas tudo isto é também muito belo. Pois, em Cristo, torna-se possível até encontrar o amor no ódio, o perdão na ofensa, a vida na morte, a eternidade no tempo.
Diante disto que importa saber o dia e a hora? Importa, sim, estar preparado.