Habitualmente, as chamadas questões últimas geram em nós, não esperança, mas preocupação, ansiedade e até temor.
Absorvidos como estamos pelo quotidiano, falta-nos a predisposição necessária para ultrapassarmos a barreira do imediato, do concreto e do sensível.
É assim que preferimos a evasão à reflexão.
Como se não pensar no fim último evitasse o confronto com ele.
Há, entretanto, uma segunda desfocagem relativamente a esta realidade.
Admitida a sua inevitabilidade, tendemos a conjecturar acerca da sua ocorrência.
Também Jesus foi abordado neste sentido.
E, como sempre, não satisfez a curiosidade dos Seus ouvintes.
A importância das questões últimas assenta, não no conhecimento antecipado da sua ocorrência, mas no convite a uma cuidada preparação para a sua vivência.
Ou seja, não interessa saber quando e como acontecerá tudo isso. Interessa, sim, estar preparado. No plano pessoal e à escala do próprio mundo.
De facto, estamos preparados quando orientamos a nossa vida em função do fim, da meta, da consumação.
Já Gandhi intuía, de forma assombrosa, esta orientação fundamental da existência, ao afirmar: O que importa é o fim para que sou chamado.