O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quarta-feira, 25 de Novembro de 2009

«À minha volta, reprova-se a mentira, mas foge-se cuidadosamente da verdade».

Assim escreveu (atenta e magnificamente) Simone de Beauvoir.

publicado por Theosfera às 16:37

A obediência é fudamental para um crente. Penso, antes de mais e acima de tudo, na obediência a Deus e na obediência a quem nos fala em nome de Deus.

 

Mas a obediência não pode ser vista apenas pelo lado do destinatário. Ela responsabiliza também o emissor.

 

O pastor tem de actuar em nome de Deus. Se ele manda em sentido contrário a Deus, obedecer seria uma estultícia, um pecado.

 

O discernimento nem sempre é fácil e jamais pode ser automático. Temos de estar centrados em Deus. Todos.

publicado por Theosfera às 16:34

 

Hoje queria dirigir-me especialmente a si. A si que, por várias vezes, já me disse que não simpatiza com este Papa.
 
Quando lhe peço um motivo, o mais frequente é dizer-me, após um furtivo encolher de ombros, que não vai com a cara dele.
 
E é assim que os lugares comuns nos arrastam. Passa uma corrente por nós e poucos lhe resistem. Não importam as razões: simpatizamos porque sim, antipatizamos porque não.
 
A única coisa que vem à mente é a cara. Ou seja, muita gente não sabe porque é que não gosta do Papa. Não gosta e ponto final.
 
É certo que as coisas parecem estar a mudar um pouco. Mas, lá no fundo, a animosidade persiste.
 
Sucede que este é um factor para que eu o admire ainda mais. O Santo Padre sabe que é contestado. E, apesar disso, nada faz para ser popular nem aplaudido. Não vacila. A sua palavra é clara e o seu caminho é recto. Não anda às curvas.
 
O mais curioso é que o Papa é tão crítico da Igreja como aqueles que se lhe opõem. É mesmo capaz de já ter usado palavras que não ocorreriam a mais ninguém.
publicado por Theosfera às 12:40

«Não há ninguém mais fácil de enganar do que um homem honesto; muito crê quem nunca mente, e confia muito quem nunca engana».
Assim escreveu (notável e magnificamente) Baltasar Gracián y Morales.

 

publicado por Theosfera às 11:02

 

Quem entra no Templo contrai a obrigação de tentar transformar o Tempo.
 
Aliás, quem subestima o Tempo ao sair do Templo fere gravemente um dos desígnios fundamentais do seu ser crente.
 
O «ide por todo o mundo» (Mt 28, 19) não tem apenas a conotação espacial que lhe é reconhecida. Abrange também — e bastante — o indeclinável dever de renovar a paisagem do Tempo e de transfigurar o rumo da História.
 
A inversa é igualmente verdadeira, pois quem se esquece de subir ao Templo dificilmente conseguirá alento para revitalizar o Tempo que lhe é dado como dom e que acabará por lhe ser cobrado como tarefa.
 
Todavia, tanto há quem peque por omissão na relação com o Templo como quem peque por demissão na relação com o Tempo. Que autoridade nos assiste, porém, para «separar o que Deus uniu» (Mt 19, 6)?
publicado por Theosfera às 10:58

 

1. Nem tudo está bem na Igreja eis uma evidência que muitos subscrevem.
 
Já dizer que a culpa não é do Papa constitui uma afirmação em que quase ninguém se revê.
 
Também eu concordo que nem tudo está bem na Igreja. E o próprio Papa é o primeiro a reconhecê-lo.
 
A poucos dias da sua eleição, verteu esta confissão que poucos ousariam fazer: «Quanta sujidade existe na Igreja! A Igreja parece uma barca que mete água por todos os lados. As vestes e os rostos da Igreja estão sujos. E somos nós mesmos a sujá-los».
 
Bento XVI tem sido a voz mais inconformada acerca do que se passa na Igreja, apontando problemas e apurando responsabilidades.
 
É por isso que considero uma enorme injustiça o desamor que se vota a Bento XVI e que se devotava já a Joseph Ratzinger. Trata-se, contudo, de um dos lugares comuns mais difundidos e entranhados.
 
É pena, acima de tudo, porque fere a verdade. Ao contrário de muitos (que respeito, como é óbvio), estou seguro de que Bento XVI não é o responsável pela crise da Igreja. É, sim, a bússola para vencer a crise.
 
De resto, se repararmos bem, tem todos os condimentos para justificar o nosso apreço. É corajoso. Não se importa de estar em minoria. Proclama o que crê e diz o que sente. Aponta para o essencial. É incompreendido e contestado. Não teme ser impopular.
 
 
2. Poucos como ele têm tido o desassombro de descrever a situação da Igreja sem o menor subterfúgio ou o mais leve rodeio.
 
Desde há muito, está consciente de que a Igreja é uma oportunidade frequentemente transformada em obstáculo: «Se, antigamente, a Igreja era, incontestavelmente, a medida e o lugar do anúncio, agora apresenta-se quase como o seu impedimento».
 
Regra geral, alega-se que o problema é a falta de integração no mundo. Pois o problema parece ser precisamente o contrário: um excesso de integração, quase a resvalar para a dissolução.
 
Não raramente, com efeito, «observamos um estranho oportunismo da Igreja diante das tendências do tempo, inclinando-se de repente para a adaptação quando deveria haver resistência».
 
Isto significa que, em vez de se assumir como a diferença e a alternativa, a Igreja se resigna a ser a repetição e a redundância.
 
Não é assim que se serve a humanidade. O então Cardeal Joseph Ratzinger disse, no magnífico Diálogo sobre a Fé, que a Igreja era chamada a ser «oposição à ideologia da banalidade que domina o mundo». Sucede que, por vezes, parece que se prefere fazer, dentro da Igreja, oposição à doutrina da própria Igreja.
 
Daí que «estar pronto para a oposição e a resistência seja, indubitavelmente, uma missão para a Igreja».
 
 
3. Não é pela tendência dominante que a Igreja se há-de nortear. «Não se pode contestar — nota Bento XVI — que a maioria pode enganar-se e os seus erros não se referem apenas a questões marginais».
 
Não é sequer «o clero que prescreve o que é ou deve ser a Igreja». O sacerdócio não é uma estrutura de poder nem tampouco uma instância de decisão. É, antes de mais, a sinalização «do vínculo da Igreja ao Senhor Jesus».
 
No sacerdócio, a Igreja supera-se a si mesma, mostrando que ela «não surge através de assembleias, acordos, erudição ou força organizativa». A Igreja deve-se sempre — e só! — a Cristo.
 
É Cristo que conduz a Igreja, «não são os homens que a moldam a seu bel-prazer».
 
Se permanecemos na Igreja é precisamente porque, apesar de todas as suas fragilidades, é «ela que nos dá Jesus Cristo».
 
4. É sobretudo aos padres e aos bispos que incumbe certificar esta presença de Cristo: pela palavra dos lábios e pela palavra da vida.
 
Bento XVI verbera os pastores que, «para evitar conflitos, deixam que o veneno se espalhe. Um bispo interessado apenas em não ter aborrecimentos assusta-me».
 
A tranquilidade é uma aspiração de todos, mas não pode ser uma prioridade do seguidor de Cristo.
 
Uma única paz lhe é lícito gozar: a paz da permanente inquietação!
publicado por Theosfera às 00:02

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