O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Terça-feira, 17 de Novembro de 2009

 

1. O conceito é importante quando retrata a vida. Mas torna-se perturbador quando se sobrepõe à vida, quando condiciona a vida. Em tal caso, o conceito degenera em preconceito.
 
Preconceito é um conceito formado por antecipação. Nem sempre ver antes é ver melhor. Só se vê o que acontece. Caso contrário, estamo-nos a ver a nós e a não ver a realidade.
 
Trata-se, por isso, de um problema que urge encarar e importa vencer. Quantas injustiças à conta do preconceito! Quantos projectos abortados por causa do preconceito!
 
 
2. Há, na Igreja, quem desvalorize o património doutrinal, litúrgico, espiritual e canónico, olhando com assolapado desdém para quem o difunde e defende.
 
É com espanto que se verifica que quem se mostra mais afeiçoado à doutrina e à espiritualidade acaba por ser mais marginalizado dentro da própria Igreja.
 
Outrora, quem tinha problemas era quem contestava o Papa. Hoje em dia, quem enfrenta dificuldades é quem, modestamente, procura seguir o Papa.
 
Scott Hahn assinala que, sendo o único protestante a frequentar uma universidade católica, era também o único estudante a defender o Papa João Paulo II!
 
«De repente — confessa —, dei comigo a explicar a sacerdotes como certas crenças católicas tinham o seu fundamento na Bíblia».
 
Enfim, um protestante mostra a padres católicos a verdade do Catolicismo…que os próprios padres aparentavam não aceitar!
 
 
3. De facto e como nota Ruiz de la Peña, este movimento de afastamento da doutrina não é encimado por fiéis leigos. Ele «é encabeçado por clérigos e teólogos, ou seja, por pessoas que surgem diante dos crentes revestidas de uma certa relevância institucional».
 
Resultado: «A Igreja é a única entidade no mundo que se dá ao luxo de incluir membros cuja principal função parece ser desacreditá-la».
 
Seria uma situação cómica esta, se não fosse calamitosa. «Nenhuma organização civil admitiria este estado de coisas porque tal equivaleria a uma espécie de suicídio premeditado».
 
Tudo isto acaba por certificar, a contrario, a «inesgotável vitalidade» da própria Igreja, mas convirá não abusar. Uma «proliferação da dissidência bloqueará os esforços dos melhores e exercerá um efeito paralisante sobre as bases eclesiais».
 
 
 4. Há sobretudo dois preconceitos que assomam à superfície com acidulada nitidez: o preconceito quanto à doutrina e o preconceito quanto à oração.
 
Às vezes, basta pronunciar uma destas palavras para irromper uma chuva de impropérios e doestos de toda a espécie.
 
Questiona-se a doutrina por não ter lógica e deprecia-se a oração por não aparentar interesse.
 
O que a razão não compreende põe-se de lado como se, na fé, a razão fosse a base da existência e não um instrumento de explicação.
 
A Santíssima Trindade ou a ressurreição dos mortos não têm alicerce na razão. Se tivessem, não seria preciso haver a fé.
 
A fé não nasce da razão, o que não quer dizer que seja excluída pela razão. Já dizia Blaise Pascal que «é um acto de razão reconhecer que há uma infinidade de coisas que a ultrapassam».
 
 
5. A fé tem de ser alimentada. O alimento da fé é a oração. Todo o crente tem de ser um orante.
 
Por vezes, alega-se que o fundamental é fazer o bem e ajudar os pobres. Mas será a oração que nos impede de militar na causa dos pobres?
 
Leonardo Boff, que é consabidamente um defensor da opção preferencial pelos pobres, sustenta que «a oração é a alma e a respiração de toda a religião».
 
Aliás, uma das grandes formas de pobreza, hoje, é a pobreza espiritual. Nem os pastores da Igreja estão imunes a ela.
 
Já Eça de Queiroz se apercebia de que, «até nos templos, a religião entrara em descrédito». E o povo? «O povo, esse, reza, que é a única coisa que faz além de pagar».
 
Pode ser uma farpa injusta (porque demasiado generalista), mas não deixa de ser um alerta acutilante. Não é a oração que afasta os pastores do rebanho. O que afasta é a ausência de mensagem e a superficialidade do testemunho.
 
Porquê não dar o que os outros até querem receber?
publicado por Theosfera às 23:30

Fez ontem vinte anos que o reitor da Universidade Centro-Americana foi assassinado juntamente com outros colegas.

 

O Padre Ignacio Ellacuría foi um dos discípulos dilectos de Zubiri e o primeiro a fazer uma tese de doutoramento sobre a sua obra.

 

Deixando uma carreira descansada na Europa, foi para a América Latina pugnar pela justiça em nome do Evangelho.

 

Vidas assim sobrevivem, mesmo depois da morte.

 

Clique aqui.

publicado por Theosfera às 16:34

publicado por Theosfera às 16:28

Estive uma única vez na vida com o Dr. Pina Moura. Sabem onde?

Numa Igreja.

 

Estive uma única vez na vida com o Dr. Jaime Gama. Sabem onde?

Numa Igreja.

 

Estive uma única vez na vida com o Doutor Francisco Louçã. Sabem onde?

Numa Igreja.

 

Deus é o maior traço de união entre os homens. Mesmo entre aqueles que dizem não acreditar, mas que, no fundo, não apagam os elos que os vinculam ao divino.

 

No fundo, no fundo, no fundo, Deus mora em todo o ser humano.

 

Por falar em Francisco Louçã, a sua biografia conta um episódio que já ouvira reportar quando estive em Lisboa.

 

Um dia, um colega (uma figura pública de um quadrante político oposto ao dele) ofereceu-lhe 20 escudos para Louçã pronunciar um palavrão que começa por m.

 

Pois o jovem Francisco, inflexível no seu bom comportamento, não se deixou subornar.

 

Bom aluno, sempre foi do contra. Mas alguém com inteligência pode não ser do contra?

publicado por Theosfera às 14:05

«A melhor resposta às calúnias é o silêncio».
Assim escreveu (superior e magnificamente) Benjamim Jonson.

publicado por Theosfera às 11:34

 

Ao contrário do que parece, por vezes temos medo da diversidade e convivemos mal com a diferença.
 
É preciso perceber que, num tempo em que fervilham as pluralidades mais díspares, emergem também pulsões monolíticas preocupantes.
 
Há quem não oculte a tentação autoritária e a inclinação para o pensamento único, para a atitude uniforme e, nessa medida, para a estigmatização das diferenças.
 
Quem diverge é afastado, hostilizado ou, pura e simplesmente, esquecido.
 
Alguém falou de uma inquisição laica que ameaça determinados povos. As convicções, sobretudo se forem de natureza religiosa, têm de ficar no recôndito da pessoa. Quem as assumir, arrisca-se a ser posto de lado e a ficar de fora.
 
Deus é a convivência perfeita entre a maior diversidade e a maior unidade. A unidade não tolhe a diversidade e a diversidade não ofusca a unidade.
 
Quando compreenderemos isto e, de uma vez para sempre, daremos as mãos? Será que é tão difícil aproximarmo-nos não só através daquilo que nos une, mas também através daquilo que nos distingue?
 
Afinal, as diferenças são uma riqueza ou não?
publicado por Theosfera às 11:32

Neste dia, dê uma prenda a si mesmo: deixe de fumar. Com serenidade.

publicado por Theosfera às 11:32

Saramago dessacraliza o livro sagrado. Pilar del Río (sabia que ela foi freira?) ressacraliza a obra do dessacralizador. E invectiva com palavrões os que ousam criticar Caim.

Mas, no meio de tudo, diz coisas interessantes. Sobre o valor da amizade, por exemplo: «A amizade é o que mais defendo, acima do amor».

 

publicado por Theosfera às 11:31

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