Ser padre não me leva a rever-me em tudo o que é feito pelos padres, a começar, obviamente, por mim.
Tenho bem presente a advertência de S. Gregório Magno acerca dos pastores. Sei que ele estava magoado por haver muitos sacerdotes, mas poucos a trabalhar na messe.
Não sei se o próprio Jesus não será anticlerical. Nem todo o anticlericalismo é filho do ódio. Muitas vezes, é filho do desencanto, da amargura.
É muita conhecida a passagem de Eça de Queiroz nas Farpas: «Ser padre não é uma convicção, é um ofício; o sacerdote crê e ora na proporção da côngrua. O povo, esse, reza. É a única coisa que faz além de pagar».
Isto é duro, sem dúvida. Porventura excessivo. Quiçá injusto. Mas não haverá um fundo de verdade?
Importante reflectir. Urgente inflectir.