A questão Saramago não se dirime no palco da argumentação.
A questão Saramago transporta-nos para o terreno da vivência.
Pessoas como Saramago não olham tanto para o que dizemos.
Olham, acima de tudo, para o que fazemos. Ou não fazemos.
Continuo a pensar: pessoas como Saramago não é tanto a Deus que negam; negam-nos a nós, que, tão apressadamente, falamos d'Ele mas que, não raramente, vivemos nos antípodas d'Ele.
Depois, claro, como Deus quis envolver-Se com o Homem, é natural que Ele seja envolvido naquilo que este faz.
A chave é a vida.
Em matéria partidária, um padre está obrigado à independência.
Sei que muitos não acreditam nela.
Mas podem acreditar que não é por imposição que sou independente.
Sinto-me mesmo indepentemente.
Não me revejo totalmente na direita. Noto-lhe insegurança.
Não sintonizo completamente com a esquerda. Diviso-lhe incoerências.
Mas sinto necessidade de um equilíbrio. A política faz-se, necessariamente, à esquerda e aà direita, entre a esquerda e a direita.
O equilíbrio será a chave.
Gostei de ler, pois, esta afirmação de José Hermano Saraiva, um dos nossos sages mais renomados: «Sou um pássaro, que tem uma asa de esquerda e outra de direita. Caso contrário, não voaria».
Bem visto!
Inter não ganha. Barcelona e Liverpool perdem.
Os pequenos estão a mostrar a sua grandeza. No futebol.
Esperemos que não apenas no futebol!
Nem sei que pense.
Nos Estados Unidos, há dioceses que abriram falência para poderem lidar com problemas jurídicos atinentes aos casos de abuso sexual.
E a justiça para com as vítimas?
Não há solução?
Um robô está em Portugal a escrever a Bíblia. A bem dizer, está a escrever apenas o Novo Testamento.
Isto dá que pensar.
Não será que é também como meros robôs que tantos de nós a lêem e a escutam?
Quando a escreveremos na vida?
É aí, na vida, que a Palavra de Deus tem de (re)nascer!
Portugal cai 14 lugares na promoção da liberdade de imprensa.
É triste.
A maioria dos portugueses considera que a pobreza veio para ficar.
É grave.
Abrimos o jornal e ficamos embevecidos com um título destes: «Estou a gostar muito de Jesus».
Quem não gosta?
Jesus é tudo. É a resposta total para a pergunta total.
A questão é que a frase não se referia a Jesus Cristo, mas...a Jorge Jesus, treinador do Benfica.
O autor da confissão é Rui Costa, director desportivo do Benfica.
Mesmo assim, o nosso pensamento eleva-se para Cristo sempre que se ouve falar de Jesus.
Até as péginas de um jornal desportivo podem motivar uma (ainda que breve) meditação!
Um gesto muito nobre, que deve ser saudado: Izmailov não joga há meses por lesão.
Acabamos de saber que está sem salário. Por vontade sua. Só quer receber quando jogar.
Isto é nobre. É raro. O meu sincero aplauso.
Que é mais prejudicial: a gripe A ou a obsessão com a gripe A?
Não é o que Saramago diz que mais prejudica a Igreja.
Há muitas coisas, cá dentro, que a prejudicam muito mais.
O que não deve sofrer o Santo Padre!
Vai alta a polémica em torno de Saramago, das suas declarações e do seu último livro.
É claro que, como crente, também me fere ver um texto bíblico apodado de Livro dos Disparates.
Mas há um tópico que pode pretextar um frutuoso diálogo (no fundo, o que mais deveria interessar-nos).
É quando o Autor diz que «a história dos homens é a história dos seus desentendimentos com Deus (por favor, Saramago, não grafe Deus com minúscula): nem Ele nos entende a nós, nem nós O entendemos a Ele».
É impossível não ver aqui um fundo autobiográfico, mas o que ressalta é a relação.
E, depois, é preciso ver que, para escrever (e ter sucesso na escrita), Saramago vai bater à porta de Deus, da Bíblia, da Igreja.
Ele é, pois, um interlocutor.
O seu azedume é que causa espécie. Creio que, para tal azedume, haverá muitas razões para lá daquilo que tem sido dito ou escrito.
Serenidade, paz e elevação é o que desejo.
Apelo, uma vez mais, para Miguel de Unanumo: «Nada nos une tanto como as nossas discordâncias».
É uma combinação perigosa mas, infelizmente, cada vez mais frequente: a ignorância e o orgulho.
Há, de facto, quem debite as maiores alarvidades com o ar mais solene.
Desde Sócrates e depois de Cristo, ficamos a saber que a sabedoria é irmã gémea da humildade.
O problema é a dificuldade que alardeamos em aprender com os Mestres.
Aplauso, por isso, para a maturidade do jovem Tomás de Azevedo quando denuncia «a ignorância orgulhosa» dos empresários.
O ponto é que não são apenas os empresários que padecem desse (endémico) mal.