O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quarta-feira, 21 de Outubro de 2009

 

1.Cada vez mais a realidade nos mostra que crentes e ateus são irmãos desencontrados que, às vezes, parecem desavindos.
 
Atenção. Desencontrados ou desavindos, mas irmãos.
 
O debate em torno do último livro de José Saramago tem, pelo menos, a virtude de nos pôr a todos a falar à volta do mesmo: de Deus.
 
É claro que o tom é crispado e as palavras soam azedas. De um lado, fala-se da Bíblia que não se lê devidamente. Do outro lado, comenta-se um livro que ainda nem sequer se terá lido.
 
Note-se que a Bíblia, que José Saramago tanto parece detestar, já lhe serviu de lastro para vários livros. De resto, a questão religiosa atravessa, transversalmente, a sua obra.
 
O problema é que o romancista extrapola conclusões teológicas sem fazer trabalho de teólogo e sem se preocupar com o menor esforço de exegese.
 
Dá a impressão de que, como tantos outros aliás, Saramago impõe um sentido à Escritura. O normal seria captar o sentido da Escritura.
 
 
2. Sucede que, acerca de Deus, Saramago estaciona — apenas! — no Antigo Testamento.
 
Ora, o Antigo Testamento é preparação, não é plenitude. A plenitude encontra-se no Novo Testamento. Aqui, Deus aparece como amor (cf. 1Jo 4, 8.16).
 
O que vem antes como atribuído a Deus tem, sobretudo, a ver com as percepções que o Homem foi tendo.
 
Um Deus que Se revela como amor, a ponto de dar a vida pela humanidade, não pode mandar matar nem caucionar comportamentos aberrantes. Se eles aparecem, é porque a vontade de Deus não foi devidamente percebida.
 
O progresso na revelação é um dado que salta à vista: não só na passagem do Antigo para o Novo Testamento, mas dentro do próprio Novo Testamento.
 
Com efeito, Jesus não Se dá a conhecer de uma vez. Só depois da Páscoa é que os discípulos tomam consciência da identidade de Jesus e, mais vastamente, de Deus.
 
3. Não há dúvida de que a provocação tem o especial condão de mobilizar a atenção e de suscitar o interesse.
 
De qualquer modo, o problema de fundo subsiste. Será que o problema de Saramago é mesmo com Deus?
 
É óbvio que, a determinada altura, é difícil destrinçar entre Deus e quem diz falar em seu nome.
 
Palpita-me que Saramago ainda tem muito para (nos) dizer. Sobre Deus, sobre a Bíblia, sobre a Igreja e sobre figuras e desfiguras da Igreja.
 
A questão Saramago não se dirime no mero palco da argumentação. A questão Saramago transporta-nos para o terreno da vivência.
 
 Pessoas como Saramago não olham tanto para o que dizemos. Olham, acima de tudo, para o que fazemos. Ou não fazemos.
 
 Insisto: pessoas como Saramago não é tanto a Deus que negam; negam-nos a nós, que, tão apressadamente, falamos d'Ele mas que, não raramente, vivemos nos antípodas d'Ele.
 
4. Não é, porém, o que Saramago diz que mais prejudica a Igreja. Será que alguém se tornou ateu com o ateísmo de Saramago?
 
 Há muitas coisas, dentro da Igreja, que a prejudicam muito mais. Não falta quem se tenha tornado ateu por causa de atitudes de membros da Igreja!
 
 É verdade que, como crente, também me fere ver um texto bíblico apodado de Livro dos Disparates.
 
 Mas há um tópico que pode pretextar um frutuoso diálogo. É quando o Autor diz que «a história dos homens é a história dos seus desentendimentos com Deus (por favor, Saramago, não grafe Deus com minúscula): nem Ele nos entende a nós, nem nós O entendemos a Ele».
 
 É impossível não ver aqui um fundo autobiográfico, mas o que ressalta é a relação.
 
 O seu azedume é que causa espécie. Creio que, para tal azedume, haverá muitas razões para lá daquilo que tem sido dito ou escrito.
 
Não sei as causas primeiras nem conheço o objectivo último das declarações de Saramago.
 
De uma coisa, porém, estou seguro: mesmo que Saramago se sinta longe de Deus, Deus não deixa de estar perto de Saramago.
 
E se Deus não afugenta ninguém, como é que nós, em Seu nome, podemos afastar alguém?
 
Discutamos, pois, todas as posições. Mas não entremos jamais no jogo da ofensa. Mesmo relativamente a quem (nos) possa ter ofendido…
 
publicado por Theosfera às 23:52

 

Acerca de Deus, Saramago estaciona — apenas! — no Antigo Testamento.
 
Ora, o Antigo Testamento é preparação, não é plenitude. A plenitude encontra-se no Novo Testamento. Aqui, Deus aparece como amor (cf. 1Jo 4, 8.16).
 
O que vem antes como atribuído a Deus tem, sobretudo, a ver com as percepções que o Homem foi tendo.
 
Um Deus que Se revela como amor, a ponto de dar a vida pela humanidade, não pode mandar matar nem caucionar comportamentos aberrantes. Se eles aparecem, é porque a vontade de Deus não foi devidamente percebida.
 
O progresso na revelação é um dado que salta à vista: não só na passagem do Antigo para o Novo Testamento, mas dentro do próprio Novo Testamento.
 
Com efeito, Jesus não Se dá a conhecer de uma vez. Só depois da Páscoa é que os discípulos tomam consciência da identidade de Jesus e, mais vastamente, de Deus.
publicado por Theosfera às 23:46

A questão Saramago não se dirime no palco da argumentação.

 

A questão Saramago transporta-nos para o terreno da vivência.

 

Pessoas como Saramago não olham tanto para o que dizemos.

 

Olham, acima de tudo, para o que fazemos. Ou não fazemos.

 

Continuo a pensar: pessoas como Saramago não é tanto a Deus que negam; negam-nos a nós, que, tão apressadamente, falamos d'Ele mas que, não raramente, vivemos nos antípodas d'Ele.

 

Depois, claro, como Deus quis envolver-Se com o Homem, é natural que Ele seja envolvido naquilo que este faz.

 

A chave é a vida.

publicado por Theosfera às 16:30

Veja aqui.

publicado por Theosfera às 12:05

Em matéria partidária, um padre está obrigado à independência.

 

Sei que muitos não acreditam nela.

 

Mas podem acreditar que não é por imposição que sou independente.

 

Sinto-me mesmo indepentemente.

 

Não me revejo totalmente na direita. Noto-lhe insegurança.

 

Não sintonizo completamente com a esquerda. Diviso-lhe incoerências.

 

Mas sinto necessidade de um equilíbrio. A política faz-se, necessariamente, à esquerda e aà direita, entre a esquerda e a direita.

 

O equilíbrio será a chave.

 

Gostei de ler, pois, esta afirmação de José Hermano Saraiva, um dos nossos sages mais renomados: «Sou um pássaro, que tem uma asa de esquerda e outra de direita. Caso contrário, não voaria».

 

Bem visto! 

publicado por Theosfera às 11:55

Inter não ganha. Barcelona e Liverpool perdem.

 

Os pequenos estão a mostrar a sua grandeza. No futebol.

 

Esperemos que não apenas no futebol!

 

 

publicado por Theosfera às 11:36

Nem sei que pense.

 

Nos Estados Unidos, há dioceses que abriram falência para poderem lidar com problemas jurídicos atinentes aos casos de abuso sexual.

 

E a justiça para com as vítimas?

 

Não há solução?

publicado por Theosfera às 11:33

Um robô está em Portugal a escrever a Bíblia. A bem dizer, está a escrever apenas o Novo Testamento.

 

Isto dá que pensar.

 

Não será que é também como meros robôs que tantos de nós a lêem e a escutam?

 

Quando a escreveremos na vida?

 

É aí, na vida, que a Palavra de Deus tem de (re)nascer!

publicado por Theosfera às 11:31

Portugal cai 14 lugares na promoção da liberdade de imprensa.

 

É triste.

 

A maioria dos portugueses considera que a pobreza veio para ficar.

 

É grave.

publicado por Theosfera às 11:29

Abrimos o jornal e ficamos embevecidos com um título destes: «Estou a gostar muito de Jesus».

 

Quem não gosta?

 

Jesus é tudo. É a resposta total para a pergunta total.

 

A questão é que a frase não se referia a Jesus Cristo, mas...a Jorge Jesus, treinador do Benfica.

 

O autor da confissão é Rui Costa, director desportivo do Benfica.

 

Mesmo assim, o nosso pensamento eleva-se para Cristo sempre que se ouve falar de Jesus.

 

Até as péginas de um jornal desportivo podem motivar uma (ainda que breve) meditação!

publicado por Theosfera às 11:25

Um gesto muito nobre, que deve ser saudado: Izmailov não joga há meses por lesão.

 

Acabamos de saber que está sem salário. Por vontade sua. Só quer receber quando jogar.

 

Isto é nobre. É raro. O meu sincero aplauso.

publicado por Theosfera às 11:23

Que é mais prejudicial: a gripe A ou a obsessão com a gripe A?

publicado por Theosfera às 11:22

Não é o que Saramago diz que mais prejudica a Igreja.

 

Há muitas coisas, cá dentro, que a prejudicam muito mais.

 

O que não deve sofrer o Santo Padre! 

publicado por Theosfera às 11:20

Vai alta a polémica em torno de Saramago, das suas declarações e do seu último livro.

 

É claro que, como crente, também me fere ver um texto bíblico apodado de Livro dos Disparates.

 

Mas há um tópico que pode pretextar um frutuoso diálogo (no fundo, o que mais deveria interessar-nos).

 

É quando o Autor diz que «a história dos homens é a história dos seus desentendimentos com Deus (por favor, Saramago, não grafe Deus com minúscula): nem Ele nos entende a nós, nem nós O entendemos a Ele».

 

É impossível não ver aqui um fundo autobiográfico, mas o que ressalta é a relação.

 

E, depois, é preciso ver que, para escrever (e ter sucesso na escrita), Saramago vai bater à porta de Deus, da Bíblia, da Igreja.

 

Ele é, pois, um interlocutor.

 

O seu azedume é que causa espécie. Creio que, para tal azedume, haverá muitas razões para lá daquilo que tem sido dito ou escrito.

 

Serenidade, paz e elevação é o que desejo.

 

Apelo, uma vez mais, para Miguel de Unanumo: «Nada nos une tanto como as nossas discordâncias».

publicado por Theosfera às 11:14

É uma combinação perigosa mas, infelizmente, cada vez mais frequente: a ignorância e o orgulho.

 

Há, de facto, quem debite as maiores alarvidades com o ar mais solene.

 

Desde Sócrates e depois de Cristo, ficamos a saber que a sabedoria é irmã gémea da humildade.

 

O problema é a dificuldade que alardeamos em aprender com os Mestres.

 

Aplauso, por isso, para a maturidade do jovem Tomás de Azevedo quando denuncia «a ignorância orgulhosa» dos empresários.

 

O ponto é que não são apenas os empresários que padecem desse (endémico) mal.

publicado por Theosfera às 11:09

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