A militante coragem dos espanhóis ficou, hoje, uma vez mais, documentada! Multitudinariamente!
A militante coragem dos espanhóis ficou, hoje, uma vez mais, documentada! Multitudinariamente!
O aparecimento de um livro é sempre um evento que deveria ser assinalado e acarinhado.
Um livro é sempre uma oferta que o presente faz à eternidade.
Nunca se perde o que se escreve. Guarda-se no papel e aninha-se na memória dos que consultam o que no papel se verte.
A Dra. Cristina Bernardes é uma jovem investigadora que, neste momento, está a preparar o doutoramento em Ciências da Educação.
O livro que apresentou, neste sábado, resulta da dissertação de mestrado em Estudos Portugueses interdisciplinares.
Versou o seu trabalho sobre um autor consagrado (Eça de Queiroz), um personagem conhecido (Jacinto) e uma obra popular («A Cidade e as Serras»).
O quadro é o século XIX, mas a temática continua a ser deveras pertinente nesta alvorada do século XXI: a decadência, o o tédio e o bocejo.
No fundo, tudo aquilo que nós vamos sentindo com força estava já em gérmen nos idos de novecentos.
Luis Racionero escreveu, há pouco, uma obra com o arrepiante título «Progresso decadente».
No fundo, Queiroz já entrevia o que, presentemente, se vê com toda a nitidez.
Esta apresentação teve a particularidade de ser protagonizada por gente pequena, mas com uma energia muito grande: os alunos do Colégio da Imaculada Conceição, estabelecimento do qual a Autora é Directora Pedagógica.
Parabéns pelo livro. Parabéns pela apresentação. Parabéns pela nobre simplicidade com que tudo decorreu.
Sobre a participação dos cristãos na política em Portugal, há um factor que explica a situação embora não a justifique.
A situação, diga-se, é de grande desconforto.
A explicação vem desde a implantação da república. O clima de hostilidade, que conduziu à Lei da Separação (a qual, segundo João Seabra, mais não foi que uma submissão da Igreja ao Estado), conduziu a uma necessidade de protecção.
No Estado Novo, houve um ambiente de distensão. Assinou-se a Concordata e o Acordo Missionário. O Estado ofereceu protecção e a Igreja devolveu silêncio.
Não havia concordância total. Mas as discordâncias tratavam-se em privado. As poucas vozes da Igreja que se fizeram ouvir (Padre Abel Varzim ou D. António Ferreira Gomes) foram bastante incomodadas. Chegou a haver padres deputados na Assembleia Nacional!
Chegados à democracia, houve cidadãos que pensaram na constituição de um partido democrata-cristão.
Ouvida a hierarquia, esta disse que não contassem com o seu apoio. Trata-se de uma posição sensata.
O carisma da intervenção político-partidária não pertence aos bispos nem aos padres. Mas não lhes cabe tutelar a intervenção cívica dos cristãos.
O Concílio Vaticano II é, a este respeito, muito claro.
Na Gaudium et Spes, diz-se que nenhum partido (nem um eventual partido democrata-cristão) pode reclamar o exclusivo da mensagem evangélica.
E a Lumen Gentium assinala que cabe aos fiéis leigos a intervenção secular, incluindo, portanto, a política.
Concretizando, os cristãos não podem reclamar um apoio formal dos padres e dos bispos a um (ou mais) partido(s) que constituam. Mas também não precisam de pedir autorização para se organizarem politicamente.
A experiência europeia, neste campo, teve os seus limites. A chamada democracia cristã também colecciona falhanços. Mas nem isso desmerece o esforço de quem arriscou.
A União Europeia ficou a dever-se, por exemplo, a políticos desta área: Robert Schuman, De Gasperi ou Adenauer.
Em Portugal, optou-se pelo híbrido.
Sá Carneiro dizia inspirar-se na doutrina social da Igreja e fundou um Partido Social-Democrata, embora social-democrata se diga também o Partido Socialista.
E Amaro da Costa e Freitas do Amaral, que se assumiam como democrata-cristãos, fundaram um Partido do Centro Democrático-Social.
Com cada vez mais abstencionistas, há um espaço da nossa democracia que nunca foi preenchido. Hoje, talvez, já seja tarde.
Mas porque é que, por fas ou por nefas, nunca nos definimos completamente?
Não é muito curial ver o cristianismo adjectivado, quando ele é estruturalmente substantivo.
Mas é indiscutível que ele pode constituir um apport para o debate e para a acção.
Há cristãos em muitos partidos. Se puder haver cristãos em mais um partido, qual é o problema?