A tecnologia tem o raro sortilégio de operar mudanças e de nos arrastar por elas quase sem nos apercebermos.
Com os novos tempos, estamos perto do longe. Mas, em contrapartida, sentimo-nos cada vez mais longe do perto.
Substituímos a janela pelo ecrã. Já dizia Nélson Rodrigues, esse pronto-a-pensar insaciável, que «a televisão matou a janela».
É importante olhar o mundo. Mas é necessário não deixar de olhar para a rua, para o vizinho, para o rosto caído, para a lágrima furtiva, para o sorriso rasgado.
Quem está disposto a sentir em si a alma dos outros?