1. A nossa história é o lugar do encontro de Deus com o homem. Mas a nossa vida acaba por ser, também, o local do desencontro do homem com Deus.
Nestes vinte séculos de peregrinação pelas estradas do tempo, os cristãos obtiveram importantes ganhos. Mas manda a honestidade reconhecer que também coleccionaram bastantes perdas.
2. Muitas vezes, nem reparamos no que podemos estar a perder. Talvez não nos apercebamos de que — como adverte D. António Couto — podemos estar a perder «Cristo e o Seu estilo de vida».
Acontece que este é o maior (a bem dizer, o único) desperdício. Perder Cristo e o Seu estilo de vida não é perder alguma coisa; é perder tudo.
3. Fará sentido um Cristianismo sem Cristo, um Cristianismo longe de Cristo?
Não é Cristo que nos perde. Somos nós que nos perdemos de Cristo. Que fazer para redescobrir o Jesus perdido e para reencontrar o Cristo desperdiçado?
4. É imperioso que o Evangelho perpasse, que nunca se desfaça e que sempre nos refaça.
É fundamental que as energias se gastem na missão e não se desgastem em tantas adiposidades que os séculos foram introduzindo.
5. A leveza do Evangelho reclama uma cura da obesidade burocrática que tão aprisionados nos retém.
Não raramente, parece que vivemos entalados entre uma bulimia funcionalista e uma anorexia vivencial.
6. É neste sentido que — como observa D. António Couto — todos, «bispos, padres, consagrados e fiéis leigos deverão ser muito mais evangelizadores e muito menos funcionários, administradores ou gestores».
A Igreja deve habituar-se a sair para que as pessoas possam entrar. No fundo, também estamos dentro quando evangelizamos fora. É que a Igreja não se faz só no edifício. Também se refaz no meio das pessoas, «com simplicidade, verdade, coragem». E sobretudo «com Cristo no coração».
7. O Evangelho não deve ser imposto de uma maneira pesada nem apressada.
Ele só pode ser anunciado de uma maneira leve e pausada: «sem ouro, prata, cobre ou alforge». E sem pressas.
8. Tenhamos presente que o mundo dispensa bem uma Cristandade fechada, ensimesmada, integrista.
Do que a humanidade está à espera é do Evangelho integral: em forma de palavra e em forma de testemunho de vida.
9. O Evangelho não é só para traduzir nas mais diversas línguas.
Acima de tudo e como nos lembra D. António Couto, o Evangelho é para ser «traduzido em gestos novos, porque convertidos, de oração, comunhão e missão».
10. É urgente oxigenar de novo a Igreja com a inalação refrescante do Evangelho. Só assim ela será escultora de um futuro diferente no hoje de cada dia.
Afinal, nem tudo está perdido quando nos perdemos em Jesus Cristo!