O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Sábado, 13 de Fevereiro de 2010

Procuro não alimentar tabus, mas há assuntos sobre os quais entendo que o melhor é nada dizer. Não é por medo. É apenas por respeito, por gratidão, por amizade. Porque acerca de certas pessoas é o que quero que prevaleça: o meu imenso reconhecimento. 

 

O sentido de gratidão que me acompanha jamais me autoriza a pronunciar-me sobre certas figuras, a quem muito (mesmo muito) devo.

 

Nos últimos dias, voltei a ouvir falar de uma possível investigação à obra de Andrés Torres Queiruga. Há quem fale de uma eventual condenção da mesma.

 

Sobre muitos assuntos, toda a gente sabe que penso diferente, embora nunca tivéssemos tido nenhuma polémica. As nossas conversas foram sempre muito fraternas, muito amigas, muito serenas.

 

O Prof. Andrés Torres Queiruga ajudou-me imenso nos meus estudos. Fê-lo não apenas com sentido profissional, mas com muita amizade e enorme calor humano.

 

Aliás, quando eu me dirigia a ele como rev.mo senhor Prof. Torres Queiruga, ele respondia-me logo: Não, João, apenas Andrés.

 

Os seus mails começavam sempre por querido João. Comecei, por isso, a retribuir-lhe (embora com algum estremecimento) com querido Andrés.

 

E, como as mães nunca se enganam, tenho o testemunho da minha querida Mãe, ela mesma desvanecida com a delicadeza com que o grande teólogo se lhe dirigia. É, realmente, alguém com uma grandeza de alma e uma dimensão humana dificilmente igualável.

 

Em figuras com o seu estatuto, não é habitual divisar-se tamanha sensibilidade e simplicidade.

 

O seu pensamento é certamente discutível. Ele sabe-o melhor que ninguém. Mas a sua qualidade como pessoa resiste a qualquer prova.

 

É um homem que fala, que pensa e que sente. Que se entusiasma e que entusiasma.

 

Como pessoa, haverá certamente igual. Não conheço, porém, ninguém melhor.

 

Há muita gente grande. Mas há poucos que saibam ser grandes. Andrés consegue ser luminosamente simples na sua grandeza.

 

Não paira lá do alto. Acompanha. É mestre. Sabe ser amigo.

 

Por isso, jamais me ouvirão uma palavra crítica acerca de Andrés Torres Queiruga. Espero que compreendam que a amizade admite excepções.

 

Sei que Aristóteles disse ser amigo de Platão, mas mais amigo da verdade. Cem por cento de acordo. Mas a minha devoção pela verdade é inseparável da fidelidade que devo a quem sempre me ajudou e encorajou.

 

Há muito que não falo com Andrés. Nunca se apagará, em mim, a dívida de gratidão que tenho para com ele. É impagável: o que ele fez e o modo como o fez.

 

Rezo para que tudo se esclareça. Sei que tudo vai acabar bem. Entre irmãos na fé é sempre muito mais aquilo que une do que aquilo que separa. 

publicado por Theosfera às 14:22

De António a 13 de Fevereiro de 2010 às 15:26
Não conhecia mas vou querer muito conhecer o pensamento reflexivo de Andrés Torres Queiruga. A Verdade Divina tem uma dimensão Absoluta.Falta saber quem a interpreta melhor. E aqui, entramos de facto no domínio da subjectividade.A interpretação é sempre um acto individual. E mais complexa se torna quando só se pode abordar o Divino ou pela experiência mística directa ou pela linguagem simbólica e metafórica.Eu pergunto; porque é que Cristo não foi imediatamente reconhecido na estrada de Emaús ? Porque é que Cristo apareceu primeiramente a Maria Madalena ? Porque é que esta também não O reconheceu imediatamente ? O que é que Cristo queria dizer quando lhe disse: " Não Me toques porque ainda não subi a Meu Pai " ? Que temas ficaram silenciados por Cristo, quando Ele disse que não podia abordar todas as temáticas, porque os discípulos não estavam preparados para as entender ? A Igreja Católica tem todo o direito de ter e assumir um corpo dogmático e uniforme de princípios. Mas não manda na consciência de cada um.Joseph Ratzinger afirmava este princípio nos anos 60. E mais não digo...

De Theosfera a 13 de Fevereiro de 2010 às 15:56
Vai apreciar, Bom Amigo. Há muitos livros e textos de Andrés Torres Queiruga. Tem uma pensamento muito estruturado, cheio de Deus, cheio de mundo, cheio de vida. E, depois, mais que o pensamento, é uma pessoa excepcional: um grande ser humano. Muito sincero, muito honesto, muito amigo. Não concordarei com tudo, mas nada tenho a apontar-lhe, porque, mesmo naquilo que não concordo, ele revela uma grandeza e uma elegância só ao alcance das pessoas de eleição. É uma pessoa maravilhosa!
Abraço amigo!

De António a 13 de Fevereiro de 2010 às 19:21
Já estive a ler,meu bom Amigo, sobre Andrés Torres Queiruga. Gostei muito, apesar da minha discordância quanto à tese que esse erudito teólogo perfilha àcerca da Ressurreição de Cristo: “os discípulos não viram com seus olhos o Ressuscitado nem o tocaram com suas mãos, pois isso era impossível, uma vez que ele estava fora do alcance de seus sentidos”. Nada a Deus é impossível e eu acredito nesse Milagre. Aliás, nós,crentes, já temos uma prova insuperável dos Milagres de Deus: A vida. Se a Vida é o maior dos Milagres, para além do Milagre do próprio Deus, porque não haveria Ele de se fazer ver e tocar pelos Seus discípulos ?...

De António a 13 de Fevereiro de 2010 às 16:15
Permita-me, estimado Padre João António, um complemento ao meu comentário anterior: acredito que Cristo ressuscitou em alma e corpo. E que os Seus discípulos não encontraram o Seu corpo material no sepulcro. Se Cristo fez tantos milagres e eu também acredito neles, porque, sendo Deus, não poderia erguer-se em corpo e alma do sepulcro ? Contudo, também acredito que somos essencialmente seres espirituais.E que a alma precede o corpo. Somos pessoas enquanto ocorrer a simbiose entre alma e corpo. Mas quando o corpo morre, a alma permanece.Quanto à ressurreição final, entendo-a em termos reais,mas no sentido da evolução espiritual. Não na acepção de que, no " final dos tempos", todos os mortos,incluindo os cremados, se vão levantar das campas terrenas...

De Maria da Paz a 14 de Fevereiro de 2010 às 00:43
De facto, a gratidão é um valor tão nobre e tão seguro, que mesmo Jesus a ela se referiu - lamentando a sua ausência!...
E, na verdade, «...a amizade admite excepções». Sem faltarmos à Justiça, não podemos, nunca, em circunstância alguma, "morder a mão que nos faz bem".
Aqui fica o meu preito de homenagem a todos os que, a mim e à minha família, nos fizeram bem. (São em número incontável...) Foram enviados de Deus. Embora na sua fragilidade humana e até com as suas falhas. Já o sabemos, e somos todos assim. E se o não reconhecermos em nós, é porque não somos capazes de uma verdadeira introspecção e, muito menos, de um honesto e aprofundado exame de consciência. O orgulho, a soberba, e até um condenável "perfeccionismo" hierático, distorcem, quantas vezes, a nossos próprios olhos, a visão objectiva que devíamos ter de nós mesmos e das nossas imperfeições. E aí podem surgir, mesmo, desvios, pecados, falhas variadas... "travestidos" de Virtude.
Enganamo-nos: a nós e aos outros. E passamos a ser mau exemplo!
Deus nos ajude e nos perdoe!
Maria da Paz

De Ivan Gallardo a 14 de Fevereiro de 2010 às 03:06
A (des)propósito de Andrés Queiruga: dentro de dias será posto nas livrarias o segundo volume dos «Cursos Universitarios» de Xavier Zubiri, que gira à volta do «horizonte da criação». Segundo palavras de Diego Gracia, nele se inclui um magnífico estudo sobre Santo Agostinho, um bastante bom sobre S. Tomás de Aquino e um menos bom (incompleto) sobre Escoto. A não perder!

De Nuno Gaspar a 14 de Fevereiro de 2010 às 14:12
"Nos últimos dias, voltei a ouvir falar de uma possível investigação à obra de Andrés Torres Queiruga. Há quem fale de uma eventual condenção da mesma"

Investigada e condenada?

Mas que linguagem é esta?

Quem fala nestes termos provavelmente está condenado a ser considerado fiel representante dos que, sendo tratados como cristãos católicos, fizeram experimentar dos piores horrores que a humanidade conheceu aos seus semelhantes.
É curioso. Uma pessoa lê uns blogues ateístas e a Fé desperta animada pelo contraste com o disparate e o vazio que por lá encontramos. Vamos ler certa "literatura oficial" e apanhamos com estes baldes de água gelada.



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