A mediania impera.
Mas, ao contrário do que seria de esperar, esta mediania não se faz de um equilíbrio entre o lado de cima e o lado de baixo.
Ela faz-se, quase exclusivamente, pelo domínio do que é baixo. Há mais baixeza do que grandeza nos tempos que correm.
E, o que é mais grave, o pensamento crítico, que se mostra tão cáustico perante todas as instituições e normas, parece claudicar diante da moda, da corrente, da onda.
A linguagem é quase imperceptível, praticamente encriptada.
Uma coisa boa é vista como «bué». Uma pessoa admirada é descrita como «fixe».
Neste primarismo, a roçar o «basic to basic», o mau gosto chega a ser apresentado como sublime.
O problema é que a mediocridade é agressiva, não respeita o diferente e propende a eliminar quem não alinha.
A «ditadura da pose» não costuma tolerar o porte, a compostura, a rectidão.
E quando o enfermo não adverte sequer que está doente, como pode ser curado?
Não desistamos, porém. Apostemos tudo no testemunho, na coerência.
Ainda sobram muitos amanhãs na estrada do tempo.
A mudança germinará numa qualquer madrugada de luz!