Na biografia que escreveu, Franco Nogueira conta que Oliveira Salazar viu com muita apreensão a abertura de João XXIII. Perante o referido aggiornamento, terá comentado algo do género: «Este Papa está a abrir as janelas; tem de se preparar para uma grande tempestade».
Só que a experiência mostra que, por vezes, é depois das tempestades que damos conta das debilidades da construção. É depois das tempestades que reparamos as casas. E o resultado até costuma ser melhor.
Afinal, os tempos estão sempre a emitir sinais. O Papa bom soube estar atento. A sua confiança era maior que o seu temor. A confiança em Deus e nos homens sobrelava o receio das tempestades.
Nenhum temor abala um coração magnânimo.