Alguém chamou palhaço a alguém.
O primeiro ofendido nem terá sido a pessoa em causa. A primeira ofendida foi a verdade.
É que o visado é economista, professor e político. Logo, não é palhaço.
Depois, palhaço indica uma actividade tão digna como todas as outras. Não é curial, embora seja frequente, fazer de uma profissão uma arma de arremesso.
Acresce que é estranho que a ofensa seja mais vista na óptica do ofensor do que na óptica do ofendido.
E o mais delicado nem sequer é o facto de se tratar do presidente da república. O mais grave é tratar-se de um ser humano.
Pode haver mil razões para discordar. Mas não haverá um único motivo para ofender.
Para aferir uma ofensa, não basta atender uma parte. É prudente escutar todos os envolvidos, designadamente os atingidos.
E é preciso perceber que, mesmo não havendo intenção de ofender, há quem se tenha sentido ofendido.
A crise já é funda. Não aprofundemos mais a decadência.
O melhor é reflectir, inflectir e seguir em frente. Se possível, mais serenos.
O ambiente já está crispado e suficientemente anuviado. Urge preservar uma reserva de concórdia, decoro e moderação.