Yves Congar, no sábio perscrutamento que fez das relações da Igreja com o mundo, chamou a nossa atenção para um dado a que é preciso estar atento: quando afastamos Deus das pessoas, as pessoas afastam-se de Deus.
O ateísmo raramente é pró-activo; é, quase sempre, re-activo. É, na esmagadora maioria das vezes, uma reacção ante um afastamento.
Há muitos que se dizem ateus, mas que, no fundo, não passam de anti-religiosos.
É preciso estar atento. É imperioso discernir. De fora vêm os apelos. Mas de dentro podem vir os maiores obstáculos. O ateísmo de outros pode ser provocação nossa.
Yves Congar escreveu: «Ao ideal de um Deus sem mundo corresponde o ideal de um mundo sem Deus».
Importante é caminhar no mundo, oferecendo, a cada um dos seus habitantes a diferença cristã em forma de proposta e estabelecendo relações de amizade.
A este propósito, valerá a pena evocar Albert Camus: «Não caminhes à minha frente porque eu posso não te seguir. Não caminhes atrás de mim porque eu posso não te conduzir. Caminha ao meu lado e sê meu amigo».
Ao lado de todos, chegaremos à meta. Por vias diferentes, quiçá, mas chegaremos!