Já por si, a vida leva a pensar. Mas a morte, como lembra Moltmann, leva a repensar, ou seja, a pensar ainda mais intensamente.
Só que...leva ou levaria? Leva ou devia levar?
Há sinais perturbadores de que já se pensa pouco a vida. E há sintomas preocupantes de que nem sequer se pensa muito diante da morte.
Pensar não é apenas repetir pensamentos. Como bem notou Eduardo Lourenço, o segredo do pensamento está na atenção.
Que atenção existe em relação à vida? Que atenção existe em relação à morte?
Ficamos arrepiados com a aparente «nonchalance» dos mais novos quando falam da morte e até dos que morrem.
A vida continua e nem as festas podem parar. Esta (in)cultura do «the show must go on» pode advir do calor das emoções, mas denota uma comatosa frieza.
Entretanto, que responsabilidade teremos nós, os adultos, para que os mais novos reajam assim? E que possibilidades teremos nós, os adultos, para que os mais novos deixem de reagir assim?
Confesso que me assusta este vendaval de egoísmo, empunhado por uma aparente ausência de compaixão.
Uns matam. Outros criam dificuldades a quem quer viver. E outros parecem não se importar muito com tudo isto.
É certo que a realidade dói. Mas a solução será esquecê-la?
Impressiona, numa conjuntura de emergência social, os orçamentos movidos pela indústria da evasão.
Não «queimemos» energias. Reaprendamos a acender a esperança.
Nas horas difíceis, ela é ainda mais urgente!