Neste dia de S. José, é pertinente reflectir, maduramente, sobre o drama por que passou.
O Evangelho aponta-o como homem justo.
Título apropriado, sem dúvida, para quem pôs a justiça acima da lei.
Não sei se já pensamos alguma vez no seguinte. Se José seguisse, de forma estrita, os ditames da lei, Jesus não teria nascido.
É que (como iremos ouvir no próximo Domingo) a lei preceituava que a mulher apanhada em adultério devia ser apedrejada até à morte.
É óbvio que Maria não praticou adultério. O que nela se passou foi obra do Espírito Santo.
Só que José não sabia. E o que ele via pouca margem dava para dúvidas.
Ainda não viviam em comum e Maria estava grávida. Um verdadeiro drama, o drama de José!
Aparece, aqui, o crédito da confiança. Embora não sabendo o que se tinha passado, José sabia que Maria era incapaz de o trair.
Dada, porém, a situação, estava disposto a fazer tudo em segredo, em afastar-se. Denunciá-la é que jamais.
As pessoas não são todas iguais. Ainda há quem seja diferente. E as aparências também iludem. Oh se iludem!
Foi nesta situação que Deus veio em seu auxílio. E também José ficou cônscio do que acontecera.
Nem sempre a justiça está na lei. A justiça é maior que a lei. Em caso de colisão, não há que hesitar.
Jesus viria a dizer: «Procurai, antes de mais, o Reino de Deus e a Sua justiça» (Mt 6, 33).
Jesus foi muito claro na primazia dada à justiça. Fê-lo com desassombro.
José também fez o mesmo. De um modo mais contido, quase imperceptível. Mas igualmente eficaz. E prodigamente coerente.