É muito comovente esta espécie de encantamento planetário à volta do Papa Francisco.
Parece uma empatia instantânea, resultante de um carisma que aproxima e fascina.
Um carisma está para lá da explicação lógica. Um carisma é um dom que se converte numa dávida. Um carisma é algo que se recebe para dar.
Isto é muito salutar e deveras positivo.
Não me parece, porém, curial nem justo pôr em contraste o Papa Francisco e o Papa Bento XVI.
São pessoas diferentes, sem dúvida. Mas nem os gémeos monozigóticos são inteiramente idênticos.
Para lá disso, há uma continuidade que importa não descurar.
O Papa Francisco revela uma simplicidade contagiante. Mas o Papa Bento XVI nunca deixou de mostrar uma humildade desconcertante.
Depois, se repararmos bem, há alguma coisa que o Papa Bento XVI disse que o Papa Francisco não subscrevesse? E há alguma coisa que o Papa Francisco afirmou que o Papa Bento XVI não secundasse?
As pessoas não são iguais. Mas, neste caso e parafraseando Montesquieu, o que é «verdade num tempo» não tem de ser «erro num outro tempo».
O Papa Francisco merece, inquestionavelmente, o nosso apreço. Mas o Papa Bento XVI justifica também a nossa (eterna) gratidão!