A Bíblia pode ser vista como uma longa palavra com 73 sílabas.
46 são soletradas no Antigo Testamento e 27 são entoadas no Novo Testamento.
Em relação à imagem de Deus, muitas dessas sílabas são completamente átonas. Quase O desfiguram. Basta pensar no Terror de Isaac, assim Deus é apresentado numa passagem genesíaca.
Entre desfiguramentos e aproximações, vamos gaguejando, sílaba a sílaba, até chegar a Lucas.
Aqui encontramos a sílaba tónica.
Deus não castiga. Deus não condena. Deus abraça. Deus festeja.
Deus não é um polícia a escrutinar os nossos erros. Deus é o Pai que Se alegra com o nosso bem.
Deus é misericórdia.
A maior festa não é quando se dá o encontro. É quando ocorre o reencontro após o desencontro.
Porque é tão difícil, então, pronunciar devidamente a sílaba tónica?
Porque é que, ainda hoje, continua a prevalecer a linguagem do castigo sobre a cultura da bondade, da compaixão e do amor?