Não há casualidades.
O acaso é, geralmente, o nome que damos para aquilo cujas causas desconhecemos.
O próprio Einstein (quem diria?) achava que as coincidências são a forma que Deus tem de passar por anónimo.
Neste sentido, é impossível não reparar no entrelaçamento entre o Evangelho de hoje e os acontecimentos destes dias.
Jesus apresenta-Se como aquele que serve. Ele verbera toda e qualquer tentação de poder. Ele veio unicamente para servir, não para ser servido.
Servir é, acima de tudo, estar disponível. É aceitar ter uma existência a partir de outro, não de si.
E, de facto, é preciso ter disponibilidade para tudo.
É preciso ter disponibilidade para começar. E é preciso ter disponibilidade para terminar.
É preciso ter disponibilidade para chegar. E é preciso ter disponibilidade para partir.
Não é fácil servir nos primeiros actos. Mas talvez seja ainda mais difícil servir com os últimos passos.
É difícil fazer com que os outros percebam que também se serve com o recolhimento, com a oração.
É preciso ter coragem para servir quando se é incompreendido, quiçá hostilizado.
Bento XVI acaba de dizer que tomou a decisão mais difícil.
Trata-se de uma decisão que muitos aplaudem, mas que não poucos não compreendem.
Mas um servidor é sempre assim: fiel a quem serve, mesmo à custa da compreensão.
Como disse o Papa, um servo não procura aplauso. Procura seguir a voz do seu Senhor a partir da sua consciência.
E Bento XVI vai continuar a servir, a dar, a dar-se. Até sempre. Até ao fim!