O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Terça-feira, 22 de Janeiro de 2013
1. O lugar primeiro na fé não é o texto nem a conferência. O lugar primeiro na fé só pode ser a vivência.

É certo que a fé pode passar pela literatura e escorrer pelo colóquio. Mas, para chegar aí, ela tem de brotar da vida. Da vida de Deus. Da vida com Deus.

 

2. Sem vivência até pode haver eloquência. Mas será uma eloquência vazia, uma fraseologia oca, ainda que emoldurada por uma oratória deslumbrante.

É por isso que, na fé, a vida é o principal laboratório, o maior teste e a permanente lição. Como diria Xavier Zubiri, antes da demonstração acerca de Deus vem a mostração do próprio Deus. Deus mostra-Se e é por isso que alguém O demonstra.

 

3. O texto tem de estar articulado com a vida. A própria Profissão de Fé não é a fé, mas expressão da fé. Só professará a fé quem vive a fé.  

Na Bíblia, notamos que a fé aparece como resposta à proposta de Deus. Deus toma a iniciativa de vir ao encontro do homem, falando a linguagem do homem e fazendo-Se, Ele próprio, homem em Jesus Cristo.

 

4. É curioso notar que, no hebraico, a palavra «fé» (emunah) tem a mesma raiz da palavra «verdade» (emeth). Por aqui se vê como até a verdade pertence mais ao âmbito existencial que conceptual.

A verdade de uma pessoa radica na credibilidade da sua conduta. É essa credibilidade que suscita a relação e provoca a adesão.

 

5. Percebe-se, neste sentido, que a fé seja, primordialmente, para cultivar na oração e para testemunhar na missão. É deste modo que ela envolve todo o ser do crente.

Na fé, a vida ocupa, pois, o lugar prioritário e o lugar central. Não quer dizer que o texto tenha um lugar periférico. O lugar do texto deve ser um lugar radial procurando servir de ressonância da fé que está na vida.

 

6. Aliás, a fé será bem reflectida se for bem vivida. E a vivência da fé passa, em fundamental medida, pelo amor repartido, pela justiça partilhada, pela paz construída e pela opção pelos mais pequenos deste mundo.

Daí que as iniciativas deste Ano da Fé (como simpósios, congressos ou jornadas) não devam decorrer apenas à volta de conceitos, livros ou documentos. É claro que tudo isto pode surgir. Mas no centro de tudo tem de estar a vida. E o testemunho da vida.

 

7. Da fé falará quem a conhece. Mas só a conhece quem a vive. A fé é totalizante. Não pode ser parcializada. Só deverá ser pensada — e dita — na medida em que for vivida.

É possível conhecer o dogma da fé, a doutrina da fé e a ciência da fé e, mesmo assim, não viver a fé. É uma possibilidade. É um risco.

 

8. Nem sempre os grandes tratados retratam grandes vivências. Nem toda a teologia inspira uma existência teologal. Certos lugares podem até tornar-se perigosos «deslugares» para a fé.

Evágrio de Ponto apontou um critério: «Se fores teólogo, rezarás verdadeiramente; se rezares verdadeiramente, serás teólogo».

 

9. É por isso que, na fé, o maior especialista não é o perito; é o santo. O que mais convence não é o argumento; é o testemunho. Sempre o testemunho. Cada vez mais o testemunho!
publicado por Theosfera às 18:04

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