1. É possível que, a esta hora, o vá encontrar, estimado leitor, em viagem, a caminho de casa ou de algum supermercado. Provavelmente, ter-se-á lembrado de que ainda faltava alguma compra de última hora.
A azáfama é grande e as despesas já são muitas. Mas, lá no fundo, sente que vale a pena todos os sacrifícios para ter a casa cheia, a mesa farta e a família reunida.
É bonito — muito bonito — ver os mais pequenos felizes e os mais idosos a brincar com eles.
E como é reconfortante ter um intervalo de serenidade no meio do bulício desenfreado em que se transformou a rotina da nossa vida!
Vai correr tudo bem, estou certo disso. A noite de Natal possui, de facto, um encantamento único, intraduzível em palavras.
2. Não tenha problema em assumir que o Natal é a festa de Jesus. É a festa do Seu nascimento, embora não saibamos, ao certo, a data em que Ele nasceu.
Às vezes, o Natal parece um aniversário sem aniversariante. Pensamos em todos e cuidamos de tudo. Parece que só nos esquecemos d’Ele. Logo d’Ele que é a razão última desta festa.
Até foi preciso lançar uma campanha de estandartes com o Menino Jesus para que nos lembremos do verdadeiro sentido do Natal.
Para muitos, com efeito, quando se fala de Natal, a primeira figura que vem à mente já não é o Menino, mas o Pai Natal.
Há quem leve o escrúpulo a tal ponto que, em vez de desejar bom Natal, se limita a escrever o genérico boas festas ou até a optar pelo estranhíssimo felizes festas de Inverno! Porquê?
3. Fixe, por isso, o seu olhar em Jesus. Não arrume o Pai Natal num canto, se o tiver em casa, mas faça um presépio.
Se achar bem, ponha lá a árvore de Natal. Ponha lá os presentes para os seus filhos, mas, já agora, acrescente também qualquer coisa para dar aos mais pobres.
Não deixe, porém, de colocar bem no centro o Menino, o Menino Jesus. E, antes de começar a consoada, convide toda a sua família para contemplar um pouco este quadro,o quadro de um Deus que Se faz Menino e de um Menino que se faz Deus.
Se lhe for possível, vá à Missa do Galo. Porventura, está a pensar ir no dia de Natal. E faz muito bem. Mas, se puder, vá também na noite anterior. Não se arrependerá.
É certo que está frio e sabe bem estar em casa. Mas faça um esforço. Alargue a sua família à família dos outros.
O frio desta noite é um frio saboroso, é um frio que aquece. Quando faz anos alguém que nós estimamos, passamos por sua casa. Pois a igreja é a casa de Jesus.
Eu sei que está bastante desencantado com o que se passa na Igreja. Mas o estimado leitor irá por causa de Jesus. Que, aliás, também não estará totalmente contente com o que na Igreja acontece. E quem sabe se Ele, Jesus, não estará à sua espera para a mudança que Ele deseja?
4. Penso sobretudo em si que está afectado pela pobreza. Pois olhe que Jesus também nasceu pobre.
Penso particularmente em si que se sente diminuído por levar uma vida simples. Lembre-se que Jesus foi sempre simples.
Penso especialmente em si que se vê cercado de injustiças. Não esqueça que Jesus também foi vítima da injustiça.
Ele é a pessoa mais identificada consigo e mais próxima de si. Ele pensa em si, mesmo quando não tem tempo de pensar n’Ele.
O meu coração vai nomeadamente ao encontro de si que foi posto na rua, no desemprego. Olhe que é na rua que Jesus Se encontra.
Ele tornou-Se um de nós. Ele veio para nos reconciliar, para nos aproximar.
O sinal de que estamos com Ele é a bondade, a tolerância, a opção preferencial pelos pobres.
Que a paz de Jesus esteja consigo, estimado leitor. Seja feliz neste Natal. Seja feliz sempre.
O nascimento é de Jesus. O Natal é para si. Por isso, alegre-se. Comova-se. Chore. Sorria. Cumprimente. Abrace. E tente fazer do Natal um dia com 365 dias.
Difícil? Sem dúvida. Mas não impossível. Há muitos escolhos. Mas tem um aliado de peso: o próprio Jesus.
Ele veio também para si. Ele está dentro de si. E tenha a certeza de que Ele conta consigo para mudar o mundo!