O pensamento é tido como o grande certificado da existência. «Penso, logo existo», proclamou Descartes.
Acontece que tal pensamento não é necessariamente o pensamento certo. O pensamento errado é aquele que, frequentemente, nos desperta para a vida: «Si fallor, sum», dissera Sto. Agostinho. Isto é, «se me engano, existo».
Mas Paul Valéry toca numa ferida quando afirma que «ora penso, ora existo».
De facto, entre o pensamento e a vida nem sempre existe a devida interacção.
Às vezes, o pensamento e a vida parecem mais alternativos do que cooperantes.
Às vezes, parece que não se vive quando se pensa e não se pensa quando se vive.
O pensamento e a vida parecem não coexistir. Ou, pelo menos, dão a impressão de que não coexistem pacificamente, fecundamente!