Não é só a fortuna que se herda. A miséria, disse Riccardo Bacchelli, «também é uma herança».
Nesta altura, é o que alguns se preparam para legar. E não me reporto apenas à indigência de meios materiais. Penso sobretudo na ausência de horizontes.
Estamos a empobrecer velozmente. Estamos a empobrecer transversalmente. Estamos a empobrecer quase todos.
Ainda iremos a tempo de inverter a tendência e impedir que ela se torne uma (quase) fatalidade?
Já é tarde. E pouco falta para que seja tarde demais. Para nós. E para muitos dos que virão depois de nós.
Não é só os cofres que estão vazios. A alma das pessoas também começa a ficar desabitada.
Não espanta, por isso, que o número de suicídios já tenha ultrapassado o número de mortos nas estradas.
Já temos pouco dinheiro. Já temos pouco tempo.
Usemos bem o pouco dinheiro que temos. E não desperdicemos o pouco tempo que resta!