Um outro mundo (falemos assim) é importante não apenas depois deste. É também muito importante para este.
Um outro mundo (permitam que reincida na expressão) não vale apenas para a eternidade. Vale também (e bastante) para o tempo.
Se tudo se esgotasse neste mundo, limitar-nos-íamos à gestão e poderíamos até ceder à tentação do desespero. Ernst Bloch, que nem sequer era crente, assumia: «Sem a hipótese de ser possível um outro mundo, não há política, apenas a gestão administrativa dos homens e das coisas».
Dir-se-á que aquilo que mais acontece hoje.
É por isso que, para haver uma boa política, precisamos não só de competência, mas também de fé. Aliás, Roger Garaudy defendia, ainda na sua fase ateísta, que a prioridade era procurar um espírito. A utopia é o que nos estimula, é o que puxa por nós. Sobretudo nas horas difíceis.
Numa altura em que há défice de ideias, que não minguem os ideais!