Sem dramatismos adicionais, que bem dramática já é a situação, valia a pena reflectir sobre este tópico.
O país que arde é o país que abandonamos. O país em chamas é o país que estamos a deixar à sua mercê.
A melhor maneira de combater os incêndios não seria fomentar o povoamento ou, pelo menos, não agravar a desertificação?
É certo que, na hora que passa, será impossível manter muitos serviços. Mas será que a solução é extinguir praticamente a totalidade das instituições?
O país está a limitar-se a Lisboa e à faixa litoral. Portugal arrisca-se a ser um país cada vez mais desterritorializado.
Vão-se os tribunais. Vão-se as esquadras. Vão-se os hospitais. E vão-se as escolas. Em apenas sete anos, já fecharam 3720 estabelecimentos de ensino!
Sem justiça, sem segurança, sem saúde e sem educação, que estímulos para continuar no interior?
O mais curioso é que, muda o Governo, e mantêm-se as políticas conservando-se até o discurso. A alternância dificilmente é capaz de gerar alternativa.
O mais penoso é que tudo isto é feito sem critério.
Há muitos pretextos que escondem um único motivo: poupar. Mas nem sempre poupar significa lucrar.
Nem todos os serviços que estão a ser extintos poderiam ser mantidos. Mas muitos deles deveriam continuar.
Pelo menos, seria um sinal de que (ainda) se acredita no futuro. Hoje, o interior tem pouca gente. Mas amanhã não poderá ter mais? Por este caminho é que será difícil.
Pouco falta para que Portugal seja uma grande auto-estrada para correr rodeada de um enorme matagal a arder.
Por nossa culpa. Também por nossa (máxima) culpa!