A vida da Igreja, como sucede certamente com quase tudo, é feita de muitas presenças e de bastantes ausências.
Num olhar de relance, notamos que na Igreja estão presentes normas, regras, práticas, hábitos, costumes, tradições, imposições, riquezas, anjos e também demónios.
A respeito destes últimos aliás, é assustadoramente espantosa a recorrência de livros, de conferências, de preconceitos, de certezas e de quase nenhumas dúvidas.
Isto diz muito do depauperamento do nosso interior colectivo e da forma como nos deixamos guiar pelo negativo.
Parece que, para alguns, a Igreja é mais «demonocêntrica» que «teocêntrica».
Parece que, para não poucos, o medo do demónio é maior que o amor de Deus.
É tudo muito estranho, quase deprimente.
E é assim que aquilo que, na Igreja, devia resplandecer como mais presente se arrisca a pairar como maior ausência: Deus, o Espírito, a paz, a bondade, a compaixão, a humanidade.
Quando alguns me dizem que têm de sair da Igreja para (re)encontrar Deus, eu questiono, questiono-me.
Deus está certamente na Igreja. Mas, em Igreja, nem sempre O deixamos ver. Quase O «abafamos» com a nossas gritarias, com os nossos interesses.
Deixemos que as pessoas «respirem» Deus.
Façamos da «eclesiosfera» uma refrescante «teosfera»!