O dinheiro poderá dar tudo. Mas dá tudo a muito poucos. Abre muitas oportunidades a muito pouca gente.
Não demonizo o dinheiro, mas concordo com Michael Sandel quando ele questiona a sua concepção e os critérios do seu uso.
Estamos numa sociedade de mercado em que, aparentemente, tudo se compra e tudo se vende. Mesmo aquilo que é ilegal, o dinheiro consegue tornar legal.
O ruído faz mal ao ambiente, mas se alguém pagar uma taxa poderá produzir ruído. Poderá poluir o ambiente.
Há quem compre rins. Há quem compre lugares em filas de espera.
O dinheiro abre muitas portas. Mas também deixa que elas se fechem.
Se tudo está à venda, então os mais pobres têm menos oportunidades.
Dar um preço às coisas nem sempre significa valorizá-las. Muitas vezes, equivale a limitá-las, a colocar-lhes um limite a que só alguns chegam.
Mas há coisas que nenhum dinheiro consegue comprar: a honra, a dignidade, a amizade, a competência.
O dinheiro não é necessariamente imoral. Mas também não devia limitar-se a ser amoral.
Só que não é a ele que cabe definir-se. É a nós que incumbe regulá-lo!