O homem faz o progresso. E o mesmo homem sofre com o progresso.
É um paradoxo e uma evidência.
O desemprego é a grande chaga deste tempo. Mas, se repararmos, com muito menos gente a trabalhar, as coisas aparecem feitas.
Porquê? A tecnologia criada pelo homem encarrega-se de dispensar o homem.
O progresso degenera, assim, em retrocesso.
Já em 1995, Jeremy Rifkin fez aparecer um livro com um título perturbador: «O fim do trabalho».
A obra provocou muita polémica e tem alimentado intensa discussão.
Descontando o (manifesto) excesso do título, há uma pertinência nesta obra.
Se não estamos perante o fim do trabalho, estamos diante do fim do trabalho tal como o temos concebido.
As tecnologias produzem cada vez mais utilizando cada vez menos trabalho.
Esta tendência está em marcha. De um lado temos uma elite que opera com o conhecimento. E no outro lado encontramos uma multidão de trabalhadores pobres, precários e desempregados.
É por isso que a desejada saída da crise pode não equivaler a um aumento significativo do emprego. Alternativas?
Um caminho pode ser a redução do horário de trabalho para que mais pessoas tenham acesso a ele.
Importa, porém, apostar numa nova organização social que repense o próprio conceito de trabalho.
Fundamental é que esse novo conceito não esteja subjugado a uma lógica de lucro. E que a dignidade da pessoas e as suas necessidades sejam o principal critério.
Longo caminho temos pela frente. Até porque a justiça ainda está muito longe de toda esta discussão!