É tão pesada a Cruz,
a Tua Cruz, Senhor,
que não sei como conseguiste erguê-la
nem como conseguiste erguer-Te
depois de, por três vezes,
ela Te ter feito cair.
Como foi possível, Senhor,
depois já de tanto sangue derramado?
Como foi possível, Senhor,
depois já de tantas atrocidades?
Como foi possível, Senhor,
depois da agonia, da flagelação, da coroação de espinhos?
Não concebo, mas percebo.
Tu conseguiste arcar com o peso do madeiro,
porque mais pesado que a Cruz era o peso do amor,
o peso do Teu infinito amor.
Não concebo, mas percebo:
o Teu amor emagreceu a Cruz,
o Teu amor encolheu a Cruz.
Quem olha para Ti, Senhor,
dá a impressão de que a Tua Cruz era leve.
Nada nem ninguém Te fez recuar.
Deixa-me, Senhor, pegar na Tua Cruz.
Ela está ao meu lado,
à minha beira.
A Tua Cruz continua pesada,
bem pesada,
em tantos lares, hospitais, ruas.
A Tua Cruz, Senhor,
tem hoje o nome de miséria,
injustiça, falsidade,
superficialidade e comodismo.
Deste-nos tanto,
dás-nos tudo.
E nós, tantas vezes,
recuamos e recusamos
dar-Te um tempo, uma hora, um dia.
Acorda-nos, Senhor,
desperta-nos da sonolência em que caímos.
Faz-nos olhar para Ti,
para a Tua Cruz, Senhor!