«Os homens hesitam menos em prejudicar um homem que se torna amado do que outro que se torna temido».
Maquiavel limitou-se a registar o que a experiência mostra. Hoje escreveria o mesmo! Alguém duvida?
Para Maquiavel, o príncipe (uma circunlocução do político) deve apostar sobretudo na aparência.
Ele «não precisa de ter qualidades, mas convém que pareça que as tem».
É que «se as tem e as respeita sempre, prejudicam-no. Mas, se fingir que as tem, ser-lhe-ão proveitosas, como lhe será proveitoso fingir-se compassivo, fiel, humano, íntegro e religioso». Ao príncipe «nunca faltarão pretextos para justificar a sua falta de palavra».
Para Maquiavel, o homem que menos respeitava aquilo que dizia era um...Papa, o Papa Alexandre VI!
As pessoas só olham para o que parece. Raramente valorizam o que são.
É por isso que Maquiavel, mestre do cinismo político mas perscrutador atento da alma humana, citava o exemplo de Fernando, o Católico, que só falava de paz e de fé, mas «de uma e de outra era mui inimigo». E se não fosse assim, teria visto diminuir «o seu prestígio e os seus Estados»!
O príncipe avalia, mas também é avaliado. A principal avaliação que é feita ao prícipe «baseia-se, segundo Maquiavel, nas pessoas que o rodeiam».
O maior erro que pode cometer é se tais pessoas não são «suficientes nem fiéis». Mas não é fácil «a um príncipe saber escolher os seus ministros». Aqui começa, muitas vezes, o seu descalabro: nas más escolhas que faz!
Um dos erros de que raramente o príncipe se defende é o que resulta da influência dos aduladores.
Como fugir deles? Segundo Maquiavel, «dando a entender às pessoas que não te desagradarão se disserem a verdade».
É por isso que as pessoas sensatas devem ser preferidas às aduladoras.
Os sensatos dzem a verdade «acerca do que lhes é perguntado e não acerca de outras coisas». O princípe é que deve pedir conselho e não aceitar que alguém tome a iniciativa de o aconselhar. «Deve tirar a todos a vontade de lhe darem conselhos que não pede»!