Há alguns anos, a minha percepção de Deus mudou radicalmente. Mas foi preciso passar por um momento de crise existencial muito profunda e angustiante, para que isso tivesse ocorrido. Eu sou um daqueles que também perguntou: " Porque, meu Deus, me abandonaste ?". Depois percebi que possuía uma visão mesquinha, rasteira e egoísta de Deus. Foi então que substituí a palavra rezar por comunhão. Que entendi que não podemos pretender que Deus esteja sempre ao nosso dispor, de acordo com as nossas expectativas ou preferências.Aprendi que tinha que aprender mais sobre Deus. A tentar perscrutar o sentido da minha vida e o porquê das minhas angústias, dos meus fracassos e de tantas injustiças sofridas. Ainda que pareça muito paradoxal, quanto mais me desviava da visão constantemente interventora de Deus, mais próximo ficava da única concepção de Deus: Amor e Bondade. Mais recentemente, confirmei em Santo Anselmo,que não pode haver nenhum Absoluto que não seja total Bondade. Se podemos imaginar Deus, só o conseguimos verdadeiramente apreender como a mais bela e sublime manifestação de Amor. E isso é tudo o que nos diz a nossa alma e a relação mística e intuitiva com Deus.