No meio de tanta iniquidade, quando um número muito significativo de portugueses passa acentuadas privações, é chocante saber que, na esfera do domínio de uma certa oligarquia político-financeira, alguns recebem chorudos vencimentos e não vêem os seus subsídios e restantes mordomias serem afectados pelo drama económico que se abateu no país. São exactamente aqueles que estão a conduzir Portugal para a imposição de drásticos sacrifícios que não são afectados. E que nem sequer dão o exemplo que querem impor à grande maioria dos portugueses. Que falam com uma despudorada desfaçatez das suas sempre bem fundadas decisões. Que continuam a distribuir cargos pelos amigos partidários. E que prosseguem na sua marcha insensível para o reforço de um sistema económico perverso, de um liberalismo económico cada vez mais selvagem e desumano. Confesso que fico enojado com esse comportamento tão intrinsecamente anti-cristão. Sei que a palavra nojo é uma expressão forte. Mas é o que sinto e não me apetece calar a minha indignação.