Um membro da Cartuxa, quando passa por outro, não diz bom dia nem boa tarde. Simplesmente, não diz nada.
Não se trata de descortesia. Trata-se de uma via.
Temos de respeitar quem opta por ela.
Neste dia de S. Bruno, fundador da Cartuxa, importa perceber que a vida é tecida de muitos tons.
A solidão, por estranho que pareça, não deixa de ser um caminho, uma forma de relação.
Aliás, não falta quem diga que nunca estamos tão sós como no meio da multidão. É aqui que mais se grita. É aqui que menos se escuta.
S. Bruno não era um frustrado. Tinha uma carreira preenchida e apreciada.
Mas descobriu que o seu horizonte era outro.
Às vezes, é preciso interromper, sair, deixar.
A solidão nem sempre nos desvia. Ela pode levar-nos à redescoberta da verdade sobre nós. E da verdade sobre os outros.
A variedade da existência é, realmente, surpreendente. E poderosamente desconcertante.