O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quarta-feira, 24 de Novembro de 2010

Se há prioridade que, imediatamente, gera consenso é a educação.

 

É na educação que se conquista o futuro. E é na educação que se pode comprometer o futuro.

 

Pela amostra, ninguém anda satisfeito neste mundo da educação. Todos têm vontade de colaborar, mas os obstáculos são incontáveis.

 

As propostas (quase sempre, impostas) que vêm da tutela assemelham-se a um corpo sem alma.

 

O professor é visto como um executor de um programa. Longe do que defende, por exemplo, George Steiner, que compara a relação professor/aluno à relação pai-mãe/filho.

 

A predominância das tecnologias ofusca praticamente a apetência pelas humanidades, pelo conhecimento em si, pelos valores matriciais e fundadores.

 

Os alunos são encarados como produtores de resultados. A competição é enorme.

 

O que é mais estranho é que muitos parecem ter soluções, mas ninguém aparece a enxergar uma saída.

 

O que queremos, afinal, para a educação? A resposta a esta pergunta é decisiva porque ela enturma com uma outra: o que pretendemos, no fundo, para o país?

 

Um dos tópicos passará por uma revolução nas mentalidades. Quando se fala de educação, fala-se de um processo limitado aos mais novos. Daí até a palavra pedagogia. A raiz paidós quer dizer criança.

 

Só que a carência educativa envolve toda a gente. Os mais adultos continuam a precisar de educação. A andragogia (a raiz anêr, andrós significa homem) tem de ser um imperativo.

 

Há gente que passou por todos os graus de ensino e continua a revelar lacunas impressionantes: nos conhecimentos e nas atitudes.

 

Também aqui, portanto, há um momentoso défice de produtividade.

 

Acresce, entretanto, um dado completamente inadmissível. O mercado de trabalho não assimila as pessoas que forma, que educa. Um em cada dez licenciados emigra. Ou seja, tem de ir lá para fora aplicar o que aprendeu cá dentro.

 

Há muitos elos que estão a tombar. E há imensos laços que estão a desfazer-se. Somos uma sociedade cada vez mais deslaçada.

 

Precisamos de todos. Precisamos de técnicos, sem dúvida. Mas necessitamos sobretudo de sábios, de pessoas com uma visão global da existência que infundam horizontes de valores e alicerces de comportamentos.

 

A sabedoria vai muita para lá da ciência. Há estudos que documentam que uma das chaves do sucesso asiático está precisamente na aposta na educação como sabedoria.

 

Entre nós, o acréscimo de escolarização não tem garantido uma maior qualidade da educação.

 

Também os mais crescidos precisam de educação. Ela é sempre um fieri, jamais um factum.

 

O Quem quer ser milionário é um bom indicador de como o padrão de cultura geral anda nivelado muito por baixo.

 

Não são apenas os mais pequenos que precisam de aprender. Os mais adultos também necessitam de ser ensinados.

 

A pedagogia é para desaguar numa permanente andragogia.

publicado por Theosfera às 11:37

De António a 24 de Novembro de 2010 às 13:51
O nosso ensino é essencialmente baseado nas fórmulas arcaicas da memorização e da repetição. E isso tem a ver com séculos de renitentes atavios do pensamento livre.Antes do 25 de Abril, a mordaça só permitia que se reflectisse o " politicamente correcto", ainda que muitos não se tenham submetido à tirania do pensamento único. Depois do 25 de Abril, tivemos uma Democracia Formal, mas escassa Democracia Substantiva. Aquela que se devia fazer todos os dias em debate franco e fraternal.Estamos todos a pagar bem caro essa escassez de debate. E, por isso, normalmente os medíocres são os que dominam todas as esferas do poder, e não apenas a do político.Quando um homem superior, como o Padre António Vieira foi perseguido pela Inquisição e outro vulto enorme da nossa Cultura, como Agostinho da Silva, foi excomungado,o erudito D. António Ferreira Gomes exilado, está tudo dito.Para alem disso, hoje mantemo-nos ainda muito dependentes dessa menoridade intelectual que visa globalizar o pensamento na superficialidade reinante. E não apenas ao nível dos popularuchos concurso da tv...

De Theosfera a 24 de Novembro de 2010 às 16:08
Tem toda a razão, bom Amigo.Á referência ao concurso televisivo tem que ver com o facto de ser um mostruário do que, tentacularmente, se passa em todos os sectores da vida, incluindo a comunicação social, o mundo empresarial e até a classe política.
Obrigado, mais uma vez. Abraço amigo no Senhor.

De António a 24 de Novembro de 2010 às 20:10
Grato eu estimado Padre João António. E concordo inteiramente quando diz que os concursos da tv são um mostruário da mediocridade reinante no país. Os directores das diversas estações de televisão podiam oferecer bem melhor mas contentam-se com a banalização do superficial. No fundo, é a mediocridade que rende votos e dinheiro...


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