O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Terça-feira, 28 de Fevereiro de 2017

O que fazemos acaba por mostrar o que somos.

É por isso que, quando não estamos, estamos através daquilo que fazemos.

Respeitar o que fazemos é respeitar o que somos. E é deste modo que a ausência se torna presente.

Era assim que pensava Santo Isidoro, ao escrever a São Bráulio: «Quando receberes algum escrito do teu amigo, abraça-o como se fosse o próprio amigo, pois esta é a única consolação entre os ausentes. Envio-te um anel e um manto que sirva como que para proteger a nossa amizade».

No fundo, o que vem da parte de alguém é sempre a pessoa desse alguém!

publicado por Theosfera às 12:08

 

  1. Sofremos pela ausência, mas conspiramos contra o silêncio.

O livro de Shusaku Endo, levado ao cinema por Martin Scorsese, surge atravessado pela identificação entre o silêncio e a ausência.

 

  1. Deus é directamente interpelado: «Senhor, porque Te calas?»

Os clamores são «atirados ao Céu». Todavia, paira «a sensação de que Deus Se mantém de braços cruzados».

 

  1. Deus aparece como o supremo responsável pelo sofrimento.

É especialmente para Ele que, nas horas de tormenta, são encaminhadas as culpas: «Porque é que Deus nos impõe o sofrimento?»

 

  1. Só que a Sua presumida responsabilidade não está no que faz, mas no facto de não impedir que outros façam.

Quem faz sofrer são os homens. E, contudo, o questionado acaba por ser Deus. Questiona-se mais Deus por (alegadamente) deixar que se sofra do que os homens pelo que (notoriamente) fazem sofrer.

 

  1. A suposta inacção divina é mais perturbadora do que a manifesta intervenção humana.

Em permanente conspiração contra o silêncio, temos dificuldade em reconhecer nele não uma ausência, mas uma presença alternativa. Que nem sempre é menos efectiva e que até pode ser mais afectiva.

 

  1. Deus não precisa de ruidar para falar. Como percebeu Kierkegaard, Ele «fala mesmo quando Se cala».

O próprio Sushaku Endo conclui que Deus não está em silêncio; sofre ao nosso lado.

 

  1. A Sua linguagem não é necessariamente uma linguagem vocal. É sobretudo uma linguagem cordial.

O que Deus diz vem pelo coração sofredor de Seu Filho (cf. Jo 19, 34) até ao coração sofrido de tantos Seus filhos.

 

  1. Na Cruz, Deus faz Seu o que é nosso.

A paixão de Cristo revela a com-paixão de Deus pelo nosso sofrimento. Não o evita, mas assume-O.

 

  1. Como bem notou São Bernardo, Deus é impassível, mas não quer ser incompassível.

Enquanto impassível, não está sujeito ao padecer. Recusando ser incompassível, mostra que não é incapaz de Se compadecer (cf. Heb 4, 15).

 

  1. Em «A Noite», Elie Wiesel avista Deus nos sofredores. O que é feito a eles é o que continua a ser feito a Ele (cf. Mt 25, 40).

Esta é a beleza maior, a única que salvará o mundo. Deus está com os últimos tornando-os primeiros. Os que subvivem na dor sobreviverão, para sempre, no Seu amor!

publicado por Theosfera às 10:21

Hoje, 28 de Fevereiro (último dia antes da Quaresma), é dia de S. Torcato, S. Romão, S, Lupiccino, Bem-Aventurado Daniel Brottier e Bem-Aventurado Augusto Chapdelaine.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Segunda-feira, 27 de Fevereiro de 2017

O enigma acompanha o ser humano. E não é o avanço do conhecimento que o mitiga.

Pelo contrário, muito conhecimento pode significar muita dificuldade em conhecer verdadeiramente.

John Steinbeck, de uma forma subtil, deu conta de uma singularidade: «De todos os animais da criação, o homem é o único que bebe sem ter sede, come sem ter fome e fala sem ter nada para dizer».

Mas o que é mais estranho é que o homem é capaz de também cometer a proeza contrária.

Ou seja, também é capaz de calar quando não há nenhum motivo para ficar calado!

publicado por Theosfera às 09:37

Hoje, 27 de Fevereiro, é dia de S. Gabriel das Dores, S. Leandro, Sta. Maria Deluil-Martigny e Sta. Francisca Ana das Dores de Maria.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Domingo, 26 de Fevereiro de 2017

Tu, Senhor, és vida.

Tu, Senhor, és fonte de vida.

Tu, Senhor, és recomeço de vida.

 

Obrigado, Senhor, por nos tocares.

Por te aproximares de nós com tanto afecto,

com tanto amor.

 

Obrigado por Te fazeres um de nós

e por nos devolveres à vida

mesmo depois de todas as nossas quedas.

 

É tão admirável o Teu procedimento

que, mesmo quando nós não damos conta de Ti,

 

Tu já estás connosco,

Tu já estás em nós.

 

É tão maravilhosa a Tua presença.

É tão intensa a Tua paz.

É tão imenso o Teu amor.

 

Vivemos um tempo de desânimos e desalentos,

de tristezas muitas e angústias mil.

 

Mas Tu, Senhor, não desistes de nós,

mesmo quando algum de nós desiste de Ti.

 

Tu estás sempre a presentear-nos com as Tuas oportunidades.

Tu és vida antes da vida.

Tu és vida depois da vida.

Tu és sempre vida,

vida sem fim.

 

Obrigado, Senhor, por tanto.

Obrigado, Senhor, por tudo.

 

Cura-nos por dentro.

Transforma-nos a partir do fundo.

 

Dá-nos um novo coração,

um coração como o Teu,

JESUS!

publicado por Theosfera às 10:38

Que será mais difícil: agir ou decidir?

À partida, uma acção decorre de uma decisão. Mas, pela(s) amostra(s), há muitas acções que parecem veicular indecisões.

Por vezes, a sensação que paira é que não se avança nem se recua: estaciona-se, paralisa-se.

Não é fácil decidir. Já Napoleão o reconhecia: «Nada é mais difícil, e por isso mais precioso, do que ser capaz de decidir».

Decidir implica romper e, quase sempre, desagradar. E

nquanto não se decide, todos clamam pelas decisões. Quando se decide, aparecem não poucos a reclamar das decisões.

É por isso que muitos optam apenas por procrastinar.

Mas procrastinar resolve?

publicado por Theosfera às 07:39

A. Será que Deus nos abandona?

  1. Quantas vezes já não passaram pela nossa cabeça — e pelos nossos lábios — as palavras de Sião reproduzidas por Isaías: «O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-me» (Is 49, 14)! Até Jesus terá experimentado o abandono de Deus. Quem não tem presente o (lancinante) grito da Cruz: «Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?» cf. Mc 15, 34. 37; Mt 27, 46. 50).

Nós, seres humanos, sentimo-nos, quase sempre, representados por este grito de Cristo. Quem já não fez as perguntas que, em 2006, o Papa Bento XVI fez no Campo de Concentração de Auschwitz: «Senhor, porque é que Te silenciaste? Porque é que toleraste tudo isto?»

 

  1. É preciso, porém, perceber que o grito de abandono de Cristo na Cruz ocorre numa paradoxal situação de profunda união com Deus. O Filho que Se confessa abandonado é o mesmo que Se disponibiliza para ser entregue (cf. Mc 14, 41). Se quem vê o Filho vê o Pai (cf. Jo 14, 6), então quem vê o sofrimento do Filho não pode deixar de entrever o sofrimento do próprio Pai.

Parafraseando Santo Ireneu de Lyon, dir-se-ia que a realidade invisível que se vê no sofrimento do Filho é o sofrimento do Pai e a realidade visível em que se vê o sofrimento do Pai é o sofrimento do Filho. O grito de abandono desponta, por conseguinte, como um alerta para a presença silenciosa, mas não passiva, de Deus no sofrimento.

 

B. Deus é impassível, mas não incompassível

 

3. O silêncio de Deus não é mutismo nem indiferença; é uma forma sofrida de presença. Deus não precisa de ruidar para falar. Como notou Kierkegard, Deus fala mesmo quando (Se) cala. Deus fala sobretudo por gestos, por atitudes. Deus fala sobretudo pelo amor, pela doação, pela entrega.

No fundo, na Cruz, Cristo assume-Se como representante de todos os abandonados do mundo. O que Se confessa abandonado é, pois, o rosto — e a voz — de todos os que se sentem afastados. A dor que estes sentem só é aceitável «com Jesus e perto de Jesus que a sofreu por todos nós e connosco» (Joseph Ratzinger). A todos Deus quer dizer que, afinal, não estão abandonados porque Ele lhes entregou o Seu Filho como o Irmão de todos eles.

 

  1. Como bem notou São Bernardo, «Deus é impassível, mas não incompassível». Ou seja, Deus não estando sujeito ao padecer, não é incapaz de Se compadecer. Acresce que este compadecimento não é mais leve que o padecimento. Ao sofrer por nós e connosco, Deus sofre verdadeiramente e até mais intensamente. Hans Urs von Balthasar sublinhou que «Deus “sofre” connosco e bem mais do que nós; e não deixará de sofrer enquanto houver sofrimento no mundo».

Deus não sofre por debilidade da Sua natureza, mas pela força do Seu amor. Dir-se-ia que o amor leva Deus a ir mais longe que a Sua própria natureza. Em Deus, o poder é sempre amoroso e o amor é sempre poderoso. O amor consegue tudo e, como notou Dostoiévski, «salva tudo». Daí que, na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, não estejamos perante uma força frágil, mas perante uma fragilidade forte (cf. 2Cor 12, 9).

 

C. Somos chamados à «teolatria», não à «dinheirolatria»

 

5. Torna-se, assim, claro que Deus nunca nos esquece. Ainda que uma mãe possa esquecer o seu filho, Deus nunca nos esquece (cf. Is 49, 15). Ao longo da história, Deus desvela-Se como um Pai que nos ama com amor de mãe. Deus é um pai maternal, que nos envolve permanentemente com o Seu amor. É o Seu coração que vitamina o nosso coração.

Deixemo-nos conduzir por Deus. Se estivermos atentos, facilmente concluiremos que a Liturgia deste Domingo incide não sobre o abandono, mas sobre a providência de Deus. Para connosco, Deus está costuma mais prover do que (nos) provar. E, mesmo quando nos põe à prova, nunca deixa de nos prover. É em Deus — e só em Deus — que conseguimos enfrentar todas as provas e vencer todas as provações.

 

  1. É claro que temos de nos preocupar um pouco com o dia-a-dia, mas não nos inquietemos excessivamente com o sentido da vida. Como reconheceu o historiador Pierre Pierrard, «a vida tem sentido porque Deus lhe dá sentido». Diria mesmo mais: a vida só tem sentido quando descobrimos o sentido que Deus lhe dá. É Deus quem nos alenta, é Deus quem nos alimenta. Trabalhemos e, acima de tudo, confiemos. Confiemos enquanto trabalhamos e trabalhemos enquanto confiamos. É a confiança em Deus que nos levará a não desistir do mundo e do homem.

Os bens materiais são para usar, não para idolatrar. Não é neles que havemos de confiar. Não são eles que dão sentido à vida. Às vezes, até contribuem para pôr em causa o sentido da vida. Nós somos chamados à «teolatria» e não à «dinheirolatria». Não é o dinheiro que devemos adorar. Adorar sempre — e só — a Deus.

 

D. Só em Deus descansa quem se cansa

 

7. O dinheiro não dá descanso, o dinheiro, muitas vezes, só cansa. Quem o não tem, não descansa enquanto não o possui. Quem já o tem, parece que não descansa enquanto não o aumenta. É bem verdade, por isso, o que diz o Salmista: «Só em Deus descansa a minha alma» (Sal 62, 6). Só n’Ele alentamos a nossa esperança.

Não admira, portanto, que Santo Agostinho tenha andado inquieto até repousar em Deus. E até o nosso Antero de Quental confessou que foi «na mão de Deus, na Sua mão direita, que repousou, afinal, o seu coração». Enfim, só em Deus descansa quem se cansa.

 

  1. Olhemos para a natureza e fixemo-nos na sua beleza. Jesus convida-nos a olhar para os «lírios do campo: não trabalham nem fiam» (Mt 6, 28). E «nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles» (Mt 6, 29). Onde está a diferença? Está em Deus. É Deus quem cuida da natureza. É Deus quem cuida de nós. «Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, como não fará muito mais por nós» (Mt 6, 30)?

Assim sendo, na nossa vida coloquemos Deus no lugar que Lhe cabe: o primeiro. «Procuremos primeiro o Reino de Deus e a Sua justiça, e tudo o mais virá por acréscimo» (Mt 6, 33). É isto o que falta, é isto o que urge. Sabemos que Deus está em primeiro, mas será que damos o primeiro lugar a Deus? Ou não será que para Deus só nos viramos depois de tudo o resto?

 

E. Só encontra alegria quem Deus tem por companhia

 

9. Não esqueçamos, entretanto, o que Jesus jamais esqueceu: a justiça. O Reino de Deus é indissociável da justiça. Enquanto a justiça não vier, não virá o Reino de Deus; enquanto o Reino de Deus não chegar, a justiça não chegará. Somos indiferentes à injustiça porque ainda não estamos totalmente comprometidos com o Reino de Deus, com o projecto de Deus revelado em Jesus Cristo.

Sem o Deus da justiça e sem a justiça de Deus, haverá alegria? Nestes dias, à nossa volta, nota-se muita folia, mas será que, dentro de nós, existe uma verdadeira alegria? Ou não será que toda esta euforia por fora serve para disfarçar tantas lágrimas que chovem, convulsas, por dentro?

 

  1. É curioso que, no entender de muitos estudiosos, o Carnaval surgiu como um tempo de diversão que antecede um longo tempo de conversão. Ele surge antes da Quaresma, que era vivida com extremos de rigor. Como em toda a Quaresma não se comia carne, mais carne era comida antes da Quaresma. Daí que, segundo alguns, Carnaval venha de «carnevale», que significa «adeus, carne» ou «adeus à carne». Aliás, a relação deste tempo com o tempo seguinte pode ser conferida na outra designação destes festejos: «Entrudo», que significa «entrada», isto é, «entrada na Quaresma».

Não fiquemos à margem da alegria. Mas, acima de tudo, busquemo-la na sua fonte. Só encontra alegria quem Deus tem por companhia. No meio de todo este consumo, no meio de toda esta febre, só Deus torna o nosso coração alegre. A Sua alegria, que vem do fundo, é a única que tornará feliz o nosso mundo!

publicado por Theosfera às 05:53

Hoje, 26 de Fevereiro (Oitavo Domingo do Tempo Comum), é dia de S. Porfírio de Gaza, S. Nestor e S. Vítor de Arcis.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sábado, 25 de Fevereiro de 2017

Hoje, 25 de Fevereiro, é dia de Sto. Avertano, S. Romeu, S. Sebastião de Aparício, Bem-Aventurado Luís Versiglia e Bem-Aventurado Calisto Caravário.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sexta-feira, 24 de Fevereiro de 2017

Será possível listar todas as ordens, congregações e institutos de vida consagrada?

Há muitos que se tornaram conhecidos, mas há outros tantos de que talvez nunca tenhamos ouvido falar.

É o caso do Instituto dos Santos Anjos da Guarda. Surgiu na Espanha, no século XIX para acolher jovens pobres.

Foi sua fundadora a Bem-Aventurada Rafaela Ibarra, que era rica em bens e ainda mais rica em generosidade.

O seu lema era «Firmeza nos fins, doçura nos meios».

É que estava convencida de que «aquilo que não se obtém com delicadeza também não se alcança com dureza».

E dava um exemplo pessoal.

Um dia, foi agredida à bofetada por uma reclusa que tinha ido visitar. Eis a sua resposta: «Não me fizeste mal, minha filha! A partir de agora, vou gostar ainda mais de ti».

Sempre a surpreender-nos, os santos!

publicado por Theosfera às 11:49

É fundamental pugnar pela justiça. E é ainda mais urgente praticar a justiça.

Mas se estamos à espera de justiça, corremos o risco de estar a alimentar uma ilusão. E uma ilusão alimentada ilude cada vez mais.

Até a sabedoria bíblica reconhece esta ilusão quando nota que «há justos tratados como maus e há maus tratados como justos» (Ecl 8, 14).

Ainda assim, antes ser justo que (apenas) ser tratado como justo sem o ser.

Lá está Deus para peneirar a verdade no meio de tantas aparências!

publicado por Theosfera às 10:46

Hoje, 24 de Fevereiro, é dia de S. Sérgio, S. Lázaro Pintor e Sta. Josefa Naval Girbés.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 23 de Fevereiro de 2017

O mundo parece estar a portugalizar-se.

De facto, está a difundir-se cada vez mais uma (muito lusitana) cultura do «mais ou menos», do «talvez».

Raramente se diz o que se vê e até o que se sente.

Vivemos de eufemismos e de permanentes censuras à verdade.

É por isso que a Filosofia ainda continua a ser uma actividade de poucos.

É que, como notava Karl Jaspers, «a Filosofia aspira à verdade, que o mundo não quer».

Aliás, o problema nem sequer é de agora.

Há dois mil anos, Cristo foi crucificado. Mas nem assim a verdade foi eliminada.

Quanto mais a abafam, tanto mais ela grita!

publicado por Theosfera às 11:23

Hoje, 23 de Fevereiro, é dia de S. Policarpo de Esmirna e Sta. Rafaela Ibarra.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 2017

1,4 MILHÕES DE CRIANÇAS EM RISCO DE MORTE POR CAUSA DA FOME!

Tudo se passa na Nigéria, na Somália, no Sudão do Sul e no Iémen.

Ou seja, tudo se passa nesta nossa «aldeia» chamada mundo.

Se o sofrimento de qualquer pessoa já dói muito, o sofrimento das crianças faz doer insuportavelmente.

Como não regressar a Augusto Gil?

«Que quem já é pecador/Sofra tormentos, enfim!/Mas as crianças, Senhor,/Porque lhes dais tanta dor?!/Porque padecem assim?!»

É óbvio que não é Deus quem as faz sofrer assim.

Acredito que é Deus quem mais com elas partilha todo este sofrimento sem fim!

publicado por Theosfera às 10:33

Os que têm pouco mostram-se infelizes. Mas será que os que possuem muito serão verdadeiramente felizes?

Os índices de infelicidade parecem transversais a todas as camadas populacionais e a todos os escalões sociais.

As taxas de suicídio varrem todos os estratos.

Ter pouco pode atrair infelicidade. Mas possuir muito também não garante, por si só, a plena fruição da felicidade.

Quais serão, então, os ingredientes da felicidade de um povo?

Para George Washington, eram «a concórdia, a honradez, a indústria e a frugalidade».

Ou seja, a felicidade está mais no ser do que no ter.

Quem tem muito nem sempre é bom. Mas a vida mostra que quem é bom já tem muito!

publicado por Theosfera às 10:15

Hoje, 22 de Fevereiro, é dia da Cadeira de S. Pedro e Bem-Aventurada Isabel de França.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 21 de Fevereiro de 2017

 

  1. A cultura do nosso tempo dá sinais de gravitar apenas em torno de dois eixos: o «light» e o «like».

Numa época em que tudo se afigura «light», nada parece satisfazer mais que um «like».

 

  1. Dá, com efeito, a impressão de que a humanidade entrou em litígio com o que é perene, convincente e sólido.

Daí que se resigne ao que se mostra deslizante, fugidio, leve e ligeiro.

 

  1. Em algumas instituições universitárias, já vai havendo quem proponha a supressão de filósofos como Descartes ou Kant.

Conseguirá a reflexão profunda resistir ao combate que lhe é movido pela tempestade de vulgaridades que nos asfixia?

 

  1. Para a «civilização do ligeiro» — segundo a terminologia de Gilles Lipovetsky —, o ideal supremo é ser leve.

Longe vão os tempos em que «a gordura era formosura». Hoje em dia, é a magreza que decide os padrões de beleza.

 

  1. Numa altura em que quase ninguém faz jejum por razões de ordem espiritual, é espantoso ver tanta gente a fazer dieta para manter a elegância corporal.

É a leveza que define a estética e confere o êxito. Os corpos leves são corpos ágeis. Movimentam-se melhor e, nessa medida, podem triunfar mais.

 

  1. Os dispositivos tecnológicos, que pautam o quotidiano da nossa existência, reflectem esta leveza.

Numa minúscula «pen drive» tanto cabe o esboço de um pequeno texto como o conteúdo de uma tese ou de um orçamento do Estado.

 

  1. Acontece que esta leveza entranha-se no próprio espírito.

As pessoas sentem uma dificuldade cada vez maior em suportar o peso da vida. Mais do que repousar, o que pretendem é relaxar.

 

  1. Não admira que, num ambiente destes, até os sonhos e as utopias tendam a ser «light».

A ambição de muitos já não passa tanto pelos valores ou sequer pela profissão. O maior desejo de não poucos aparenta ser a acumulação de «likes» no «facebook».

 

  1. Coleccionar «gostos» em série corresponde a uma ânsia desmedida de aplauso imediato.

Há quem se mostre desligado do que ocorre no mundo real para estar obsessivamente conectado com o que vai sucedendo no mundo virtual.

 

  1. Tudo isto, que é mera evanescência, abre caminhos rápidos para uma popularidade fácil.

Mas que ajuda pode vir da popularidade fácil para uma vida que é tão difícil?

publicado por Theosfera às 10:17

A razão pesa muito, mas o desejo pesa muito mais.

Como notou Espinosa, «os homens são mais conduzidos pelo desejo do que pela razão». E isso nem sempre é bom.

Há quem não deseje o bem. E há até quem deseje o mal pensando que é bem.

É importante, por isso, apelar à força moderadora da razão e (sobretudo) e à moção inspiradora da fé!

publicado por Theosfera às 10:10

Hoje, 21 de Fevereiro, é dia de S. Pedro Damião (invocado contra as insónias e dores de cabeça), S. Natal Pinot e Sta. Maria Henriqueta Dominici.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Segunda-feira, 20 de Fevereiro de 2017

Toda a comunicação, pela palavra ou pelo silêncio, é passível de ter mais que um sentido.

O que se diz pode ser entendido de muitas formas. E o que não se diz também pode ser interpretado de múltiplas maneiras.

Quem pensa que domina totalmente a comunicação engana-se.

Aliás, já Vitorino Nemésio alertava que «a linguagem tem sempre um duplo sentido. Só os auto-suficientes supõem que dizem o que querem e com o todo o rigor. Só que não há tal».

Com a proliferação de meios de comunicação, é praticamente impossível criar uma corrente de clareza entre o emissor e a imensidão de receptores.

É por isso que, muitas vezes, interpretar é distorcer.

Andamos sempre a tentar esclarecer. Gastamos muito tempo a ressalvar que «não foi isso o que disse» ou «o que quis dizer».

Mas é muito difícil apagar a primeira impressão.

Comunicar é, pois, um risco: um risco que, no entanto, tem de ser corrido!

publicado por Theosfera às 09:43

As máquinas feitas por homens estão, paulatinamente, a ocupar o lugar dos homens.

É a paradoxal situação em que aquilo que é feito por nós acaba por se virar contra nós.

Como é sabido, um dos factores do desemprego é o crescente recurso à tecnologia. Como lidar com isto?

Não deixa de ser espantoso notar como um dos grandes magnatas da tecnologia aparece a defender a taxação da utilização de robôs.

Segundo a proposta de Bill Gates, o valor apurado com essa tributação deverá reverter para a criação de empregos com características mais humanistas, como a empatia e a sensibilidade.

É que empatia e sensibilidade, os robôs não conseguem ter. Mas há seres humanos que também não parecem possuí-las.

É impossível humanizar as máquinas. Mas será que ainda é possível (re)humanizar os homens?

publicado por Theosfera às 09:32

Hoje, 20 de Fevereiro, é dia dos Bem-Aventurados Francisco e Jacinta Marto, Sto. Euquério, Sto. Eleutério, Sta. Amada e Nossa Senhora, Rainha da China.

Um santo e abençoado dia para todos.

publicado por Theosfera às 00:00

Domingo, 19 de Fevereiro de 2017

Ricardo Araújo Pereira espera que os crentes «não se esqueçam que são crentes» e que «mantenham a fé».

Segundo o conhecido humorista, nós, crentes e não-crentes, «somos muito mais parecidos do que parece».

Ou seja, somos parecidos na medida em que somos diferentes.

Só que dá a impressão que nós, os crentes, sofremos de uma persistente amnésia e de uma estranha afasia.

Achamos que nos aproximamos do mundo esquecendo o que somos e não falando do que devemos viver.

Não percebemos que o mundo ganha mais com a nossa diferença do que com a nossa pretensa igualdade.

Estamos mais perto do mundo quando nos assumimos diferentes do mundo do que quando queremos ser iguais ao mundo.

Para sermos iguais aos outros, já bastam os outros!

publicado por Theosfera às 13:16

Obrigado, Senhor, Deus Santo,

fortaleza dos débeis.

 

Tu vens lançar fogo à terra,

não o fogo da guerra nem da injustiça,

mas o flamejante fogo da paz e da concórdia,

da misericórdia e da esperança.

 

Tu provocas a divisão,

não porque a desejes,

mas porque sabes que quem Te segue

encontra o que Tu encontraste:

a divisão, a incompreensão e a perseguição.

 

É doloroso o sofrimento,

mas bendita é a Cruz quando a pegamos com amor,

como Tu.

 

Dá-nos, Senhor,

a força da paz e da determinação em seguir os Teus passos,

em pisar os Teus caminhos.

 

Que sejamos dignos de Te seguir,

de estar conTigo,

como Maria,

a Tua e nossa queridão Mãe,

JESUS!

publicado por Theosfera às 11:40

Em 1979, ao voltar da Noruega após ter recebido o Prémio Nobel da Paz, Madre Teresa de Calcutá passou pela casadas Missionárias da Caridade em Roma, onde um jornalista lhe fez uma pergunta inquietante: «Madre, a senhora tem setenta anos. Quando morrer, o mundo vai ser como antes. O que mudou depois de tanto esforço?»

Madre Teresa respondeu: «Eu nunca pensei que poderia mudar o mundo. Eu só tentei ser uma gota de água limpa em que pudesse brilhar o amor de Deus. Acha pouco?»

O repórter não conseguiu responder.

Madre Teresa retomou a palavra e fez um pedido ao repórter:«Tente, você também, ser uma gota limpa e, assim, seremos dois. Você é casado?» «Sim, Madre». «Então, peça à sua esposa e assim seremos três. Tem filhos?» «Três filhos, Madre». «Peça igualmente aos seus três filhos e assim seremos seis».

Eis uma lição muito bela, muito simples e muito prática.

Para a viver, basta querer. De preferência, a partir de hoje!

publicado por Theosfera às 08:36

Nem sempre o tradicional está esgotado.

A tradição é o que traz o passado para o presente.

Nessa medida, a tradição certifica o valor do passado no presente.

Neste presente, há quem fale de alternativas ao livro.

Há, porém, quem, como Umberto Eco, entenda que «a leitura é uma necessidade biológica».

Assim sendo, «nenhum ecrã e nenhuma tecnologia conseguirão suprimir a necessidade da leitura tradicional».

Alguém contestará?

Não deixemos de ver. Mas nunca nos esqueçamos de ler.

Ler é ver mais, é ver melhor, é ver fundamente!

publicado por Theosfera às 07:50

A. Chamados à «medida alta da vida cristã»

  1. Para Deus, tudo o que seja menos que o máximo é pouco. Em tempos de «medianocracia», a mediania parece contagiar toda a nossa vida. É natural que o projecto de Deus se afigure provocador, mas é assim que Ele nos mostra o Seu amor. Deus exige porque ama, Deus ama porque exige. No fundo, exigir é acreditar. Deus exige de nós porque acredita em nós.

Uma coisa, porém, é certa. Uma fé minimalista acaba por tolher o coração e por obscurecer a vista. Deus não é de mínimos. Ele quer tudo de nós porque também dá tudo de Si. Dá-nos o Seu Filho, dá-nos a vida de Seu Filho, dá-nos até o sangue de Seu Filho. Haverá amor maior? Haverá sequer amor igual?

 

  1. Neste sentido, a vida cristã não pode ser mensurada com uma medida qualquer. Como bem notou o Papa São João Paulo II, nós somos chamados à «medida alta da vida cristã». Tanto mais que, segundo o mesmo Sumo Pontífice, a «religiosidade superficial» redunda sempre em «minimalismo ético».

É um facto que nós lamentamos muito tal minimalismo ético. Mas que fazemos para ultrapassar uma religiosidade tendencialmente superficial? É preciso acordar. É preciso acordar para recordar que a fidelidade não está na mediocridade. A fidelidade requer sempre muito de insatisfação.

 

B. Ser perfeito é ser feito por Deus

 

3. Não é com mínimos que alcançamos o máximo. Deus não quer pouco. Deus não quer muito. Deus quer tudo. E Deus quer tudo porque Ele é tudo e porque dá tudo. Daí que já do Antigo Testamento nos venha um veemente convite à santidade. «Sede santos» (Lev 19, 2), diz Deus.

Habitualmente, tendemos a achar que a santidade, sendo bela, não é para nós. Achamos que a santidade é demais para nós. Só que Deus acredita mais em nós que nós mesmos. «Sede santos», diz Deus. Porquê? Tão-somente, e acima de tudo, porque Deus é santo. A santidade no homem é sinal de fidelidade à santidade de Deus. É pela santidade que realizamos a imagem e semelhança com Deus. Se Deus é santo e se nós somos a Sua imagem e semelhança (cf. Gén 1, 26), então é pela santidade que nos tornamos parecidos com Ele.

 

  1. Jesus, que não veio revogar mas completar, actualiza este preceito com outro apelo insistente: «Haveis de ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito» (Mt 5, 46). De novo aparece Deus como termo de comparação. Mas não será excessivo? Afinal, que é o homem em comparação com Deus? Em relação a Ele, não nos sentiremos sempre «pó e cinza», como reconheceu Abraão (cf. Gén 18, 27)?

Acontece que ser perfeito é deixar-se fazer por Deus. A perfeição não é obra nossa, é obra de Deus em nós. É por isso que a perfeição não resulta de uma qualquer ambição. A perfeição, por estranho que nos pareça, advém sempre pela via da humildade. A perfeição é um caminho que não se pode fazer sozinho, à margem de alguém. A perfeição só se pode alcançar quando nos abrimos a alguém, a Deus.

 

C. Cristo não desfaz o que encontra, mas refaz o que existe

 

5. Em Cristo, Deus quer fazer este caminho connosco. Ele não Se limita a introduzir o novo. Ele procura também renovar o antigo. Por conseguinte, a Sua preocupação não é desfazer o que encontra, mas refazer o que existe. Só que Ele não quer que fiquemos onde estamos. A Sua vontade é que cheguemos sempre mais longe. Daí as antíteses que registamos no Sermão da Montanha. Cristo não rejeita o antigo, mas também não Se conforma com ele. O antigo é importante, mas não é bastante.

O problema é que nós estacionamos facilmente no antigo. Passamos o tempo a exaltar o novo, mas gastamos a vida no antigo. Por exemplo, não será que, na prática, Talião tem mais discípulos do que Cristo?

 

  1. Quantos de nós estão dispostos a dar a face esquerda a quem nos agride a face direita (cf. Mt 5, 39)? Achamos que «dar a outra face» é sinal de fraqueza. Mas que ganhamos com a estratégia do «olho por olho e dente por dente» (cf. Mt 5, 38)? A irmos por aqui, não vamos longe. Ofender quem nos ofende não retira a ofensa feita e alastra o campo das ofensas cometidas. É preciso perceber que a vingança não faz justiça, só contribui para estender o ódio.

A irmos por aqui, dificilmente sairemos daqui. Como é costume dizer-se, o resultado de «olho por olho e dente por dente» é o mundo acabar cego e desdentado.

 

D. Discípulos de Cristo ou de Talião?

 

7. É curioso que esta lei, de que Jesus Se demarca, encontra-se em alguns textos do Antigo Testamento. Veja-se o caso de Levítico 24, 19, onde se estabelece que «se um homem ferir o seu próximo, far-se-á o mesmo a ele». E no versículo seguinte, enuncia-se o princípio: «Fractura por fractura, olho por olho, dente por dente; o dano que alguém fizer a outro será feito a ele». 

Sucede que este princípio também pode ser encontrado fora da Bíblia e até antes que ela fosse escrita. De facto, no Código de Hamurabi (datado de 1700 anos antes de Cristo) já aparece estipulado que a pena para um crime há-de ser idêntica ao prejuízo provocado.

 

  1. Esta legislação é conhecida sob o nome de «Lei do Talião», denominação que não aparece nem na Bíblia nem no referido Código de Hamurabi. Essa designação deriva da expressão latina «lex talionis» (lei do talião). «Talião» vem do latim «talis» (tal), que significa «idêntico» ou «semelhante».

Por muito estranho que nos pareça, esta lei até representou um avanço. É que, antes, a tendência era para responder a um crime com um crime ainda maior. Pensava-se que o mal devia ser combatido com um mal maior. Não se tinha em conta que mal em cima de mal não apaga o mal; só alastra o mal.

 

E. A melhor maneira de destruir os inimigos

é transformá-los em amigos

 

9. Jesus vai muito mais longe. Ele não quer vencer o mal com um mal maior nem tão-pouco com um mal semelhante, da mesma proporção. Jesus quer vencer o mal com o bem. É por isso que, como nota a oração atribuída a São Francisco de Assis, onde há ódio deve ser colocado o amor, onde há ofensa deve ser colocado o perdão, onde há discórdia deve ser colocada a união. Nem os inimigos ficam de fora. A lei antiga estipulava o amor ao próximo e o ódio pelo inimigo (cf. Mt 5, 43). Parece uma norma justa. Só que nem tudo o que parece é. Para a justiça recebida de Cristo, o amor inclui obviamente o próximo, mas não exclui o inimigo.

O amor é sempre invasor. Parafraseando Santa Teresa de Calcutá, dir-se-ia, em relação ao amor, que o próximo merece-o e o inimigo precisa dele. Amar quem nos ama é humano. (Desumano seria odiar quem nos ama). Mas amar quem nos odeia é sobre-humano, é cristão.

 

  1. Entende-se, assim, que Gustavo Gutiérrez tenha notado, com alguma ponta de ironia, que quem não tem inimigos não é um cristão completo pois ainda lhe falta alguém para amar. Se é importante amar os inimigos, como pode amá-los quem os não tem? Não nos esforcemos, porém, por arranjá-los porque eles acabam por aparecer. Nessa altura, tratemo-los com magnanimidade, com mansidão e com amor. Consta que, um dia, alguém admoestou Abraham Lincoln, acusando-o de ser demasiado benevolente para com os seus inimigos. Resposta pronta do então presidente dos Estados Unidos: «Mas eu destruo os meus inimigos quando os transformo em amigos».

Não há dúvida de que a melhor maneira de destruir um inimigo é transformá-lo em amigo. Nem sempre se conseguirá, mas é fundamental que nunca se desista de tentar. É urgente, portanto, que a amizade — ou a «amorizade», como dizia Luandino Vieira — chegue ao terreno da própria inimizade. Será desta maneira que a paz inundará a terra inteira. E só assim transformaremos a humanidade numa verdadeira fraternidade!

publicado por Theosfera às 05:16

Hoje, 19 de Fevereiro (Sétimo Domingo do Tempo Comum), é dia de S. Conrado Placência, S. Gabino e Stos. Mártires da Terra Santa.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sábado, 18 de Fevereiro de 2017

Hoje, 18 de Fevereiro, é dia de S. Teotónio, Sta. Bernardette Soubirous, S. João de Fiésole (Fra Angélico), S. Francis Régis Clet e Sta. Gertrudes Comensoli.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sexta-feira, 17 de Fevereiro de 2017

Nem sempre devemos dar ouvidos aos alarmes. Mas os avisos devem ser levados a sério.

Heinrich Heine deixou-nos o alerta: «Onde queimarem livros, mais tarde ou mais cedo, o homem também acabará destruído».

Poderá até sobreviver como espécie, mas dificilmente subsistirá como homem.

Quando o espírito fenece, até o corpo entorpece. E a vida fica em perigo.

Não deixemos de lado as novidades. Mas não abandonemos os livros.

O espírito continua a esperar por eles!

publicado por Theosfera às 11:20

Hoje, 17 de Fevereiro, é dia dos Sete Santos Fundadores dos Servitas, S. Silvino e Sta. Mariana.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 16 de Fevereiro de 2017

Hoje, 16 de Fevereiro, é dia de Sto. Elias, Sto. Isaías, S. Jeremias, S. Samuel, S. Daniel, Sto. Onésimo, Sto. Honesto, Sta. Filipa Mareria, S. Simão de Cássia e Beato José Allamano.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 15 de Fevereiro de 2017

Eis o segredo da educação: não mostrar o que se conseguiu, mas ajudar a descobrir.

Educar é levar cada um a descobrir por si mesmo e a redescobrir-se a si mesmo.

Pensemos na recomendação, pertinente, de Galileu: «Não se pode ensinar coisa alguma a alguém; pode-se apenas auxiliá-la a descobrir por si mesmo».

Por tal motivo, educador não é quem relata o trabalho, mas quem ajuda a trabalhar; não é quem fornece sabedoria, mas quem aponta a direcção para a encontrar.

Educar não é tutelar, mas conduzir.

O verdadeiro educador não é um tutor, mas um condutor.

Não é quem conta as viagens que (já) fez, mas quem está disposto a acompanhar os que começam a viajar!

publicado por Theosfera às 10:41

Hoje, 15 de Fevereiro, é dia de. S. Faustino, S. Jovita e S. Cláudio la Colombière.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 14 de Fevereiro de 2017

Jacques Maritain teve razão quando notou que «os melhores educadores são os santos».

Basta reparar no que, há cerca de 70 anos, escreveu São Maximiliano Maria Kolbe: «O conflito de hoje é um conflito interno. Há dois inimigos irreconciliáveis no mais profundo de cada alma: o bem e o mal, o pecado e o amor. De que nos adiantam vitórias nos campos de batalha, se somos derrotados no mais profundo de nossas almas?»

De que nos adiantam as vitórias por fora se formos derrotados por dentro?

Eis uma pergunta para meditar. E para nos ajudar a mudar!

publicado por Theosfera às 22:36

  1. Na hora que passa, há muitos a fazer contas e há tantos a fazer de conta.

Se, por vezes, é doloroso ter de fazer contas, é sempre angustiante ver tanta gente a fazer de conta.

 

  1. Para estar sempre no alto, há quem da vida faça um palco.

Há muitos que, não sendo o que parecem, fazem tudo para parecer o que não são.

 

  1. É claro que nunca conseguiremos mostrar plenamente o que somos.

Mas se não gostamos de mostrar o que somos, porque é que, ao menos, não procuramos ser o que mostramos?

 

  1. É estranho que, num tempo que tanto exalta a transparência, haja tantos que só se preocupam com a aparência.

Ao contrário do que se pensa, as aparências não servem para revelar. Na realidade, só servem para (tentar) enganar.

 

  1. Afinal, o «docetismo» não aconteceu só no âmbito eclesial. Continua a haver muito «docetismo» no plano pessoal.

E a heresia existencial não é menos danosa que a heresia doutrinal. Ambas iludem.

 

  1. Como é sabido, o «docetismo» surgiu no século II afirmando que o corpo de Cristo era apenas aparente («dókema»).

Achava-se que Deus, impassível e imortal, era incompatível com este mundo de sofrimento e de morte.

 

  1. Ao descer à nossa humana condição (cf. Jo 1, 14), Deus expunha-Se ao que mais contrariava a Sua natureza.

Daí a solução que alguns encontraram: o corpo de Jesus Cristo não podia ser real, só podia ser aparente.

 

  1. Acontece que, já nessa altura — com Santo Inácio de Antioquia à cabeça —, foram muitos os que se aperceberam da falência desta teoria da aparência.

Se o corpo de Jesus fosse apenas aparente, a Sua vida e a Sua morte também teriam sido aparentes.

 

  1. Em tal caso, tudo ficaria em causa. Na sua essência, até a nossa salvação não seria mais que aparência.

Mas Jesus, que nunca suportou hipocrisias nem fingimentos, teve um corpo real. Foi por ele que nos chegou a salvação total.

 

  1. A realidade de uma aparência não passa de uma aparência de realidade. Chega sempre um momento em que a própria aparência de realidade denuncia a realidade dessa aparência.

Uma aparência pode deslumbrar, mas é incapaz de a nossa vida transformar. Só na verdade — e na autenticidade — (re)encontraremos a felicidade!

publicado por Theosfera às 10:35

O egocentrismo é tão avassalador que até o amor está centrado no eu.

Cada um tende a amar aquele que lhe agrada.

Isto significa que se ama não por causa do outro, mas por causa do eu.

Aliás, é este o factor que mais explica que, para muitos, o amor termine. Quando o outro deixa de agradar deixa também de ser amado.

Era por isso que Antoine de Saint-Exupéry alertava que «amar não é olhar cada um para o outro, mas é olhar em conjunto na mesma direcção».

Quando a direcção é a mesma, o caminho é comum e a trajectória torna-se mais duradoura.

Daí que o amor seja muito mais do que olhar para o outro.

Limitar-se a olhar para o outro pode levar a tantar prender o outro e a ficar aprisionado pelo outro. 

O amor terá de ser, por conseguinte, olhar pelo outro. Mesmo — e sobretudo — quando (já) não houver vontade de olhar para o outro.

Definitivamente, o cuidado é o sobrenome do amor!

publicado por Theosfera às 09:46

O discurso «light», incolor e inodoro, também nos pode tentar.

E, de facto, somos frequentemente tentados a exprobar certas palavras sob o pretexto de elas padecerem de uma alegada obsolescência.

Uma dessas palavras é o temor. Quem fala hoje do «temor de Deus»?

Muitos nunca o terão ouvido mencionar, outros tê-lo-ão rapidamente esquecido.

Mas ele figura entre os dons do Espírito Santo, já referidos por Isaías (cf. Is 11, 2).

No tempo das palavras «apetitosas», o temor não gozará de grande reputação. Só que ele é essencial ao processo de conversão.

Por estranho que pareça, o temor é o maior aliado do amor.

Augustin Guillerand percebeu belamente a aliança entre os dois: «O amor e o temor não se opõem; o amor gera o temor, que, por sua vez, preserva e desenvolve o amor».

Ainda bem que «quem ama tem medo: medo de perder o que ama».

Um pouco de medo não faz mal a quem quer bem!

publicado por Theosfera às 09:32

1. A primeira coisa a dizer sobre São Valentim é que ele se tornou tão popular que talvez nem tenha precisado de existir.

Nada, com efeito, é seguro acerca deste santo: nem os episódios descritos acerca da sua vida nem tão-pouco o número de santos com o seu nome. Há narrativas, com algumas semelhanças, sobre pelo menos dois santos chamados Valentim.

 

2. Foram todas estas indefinições que levaram a Igreja, em 1969, a deixar de celebrar oficialmente São Valentim.

No entanto, a tradição e — sobretudo — a forte pressão comercial em torno do Dia dos Namorados, que lhe está associado, determinaram que a sua figura continue a ser evocada.

 

3. Há referências a dois mártires com o nome Valentim como tendo vivido praticamente na mesma altura. Ambos eram comemorados a 14 de Fevereiro, patrocinando deste modo o Dia dos Namorados.

As raízes deste dia radicariam, entretanto, na Roma Antiga e na Lupercália, uma festa de homenagem a Juno, deusa associada à fertilidade e ao casamento. Havia uma lotaria em que os rapazes tiravam à sorte, de uma caixa, o nome da rapariga que seria a sua companheira ao longo das festividades.

 

4. Consta que estas festas decorreram durante cerca de 800 anos. Para dar um cunho cristão a esta festa, o Papa Gelásio I instituiu, em 496, o dia 14 de Fevereiro como o dia de São Valentim.

Ainda segundo a tradição, a comemoração de São Valentim como que prenunciava o início da Primavera, a estação do redespertar da vida e também do romance, pois é nessa época que os pássaros começam a preparar os seus ninhos.

 

5. Mas porque é que o nome de São Valentim aparece tão acoplado ao Dia dos Namorados? No século III, o império romano enfrentava muitos problemas, tendo em conta as numerosas derrotas militares.

Foi então que o imperador Cláudio II entendeu que a culpa era dos soldados casados. Por causa dos seus laços familiares, tornavam-se menos ousados nas lutas. À mais leve ferida, pediam logo dispensa dos compromissos para com o exército. Por tal motivo, proibiu a celebração dos casamentos.

 

6. Acontece que um sacerdote chamado Valentim, por considerar injusta esta medida, continuou a oficiar os casamentos dos soldados, mas em segredo. Quando soube da actividade de Valentim, Cláudio mandou-o prender e interrogou-o publicamente.

Só que as suas respostas foram tão sábias que o próprio imperador recomendou que escutassem o que ele dissesse. Em vez de o eliminar, enviou-o para uma prisão domiciliária, na residência do prefeito Astério, onde todos eram pagãos.

 

7. Ao chegar, Valentim foi informado de que o prefeito tinha uma filha cega. Comprometeu-se, então, a rezar pela cura da jovem, o que ocorreu alguns dias depois. Só que, nesse momento, já toda a família do prefeito se tinha convertido.

Este facto alterou a sua pena, sendo condenado a morte. No dia 14 de Fevereiro de 286, foi levado para a Via Flaminia, onde terá sido assassinado à paulada e, depois, decapitado. Acrescenta a lenda que, após a citada cura da jovem, Valentim ter-se-ia enamorado dela, não deixando, porém, o seu ministério.

 

8. O outro São Valentim terá sido Bispo de Terni, sendo consagrado em 197. Dizem que, ao lado da sua casa e da igreja, havia um extenso prado e um belo jardim.

Quando não estava na igreja ou a tratar de algum doente, era visto a cuidar das rosas. À tarde, abria os portões para as crianças brincarem e correrem livremente. Ao entardecer, abençoava cada uma delas entregando-lhes uma flor para levarem às respectivas mães. A sua intenção era que elas fossem directamente para casa alimentando assim o amor e o respeito pelos pais.

 

9. Valentim ganhou fama de reconciliador dos casais de namorados. Certo dia, ao ouvir dois namorados a discutir, foi ao seu encontro com uma rosa. A discussão parou imediatamente.

Algum tempo depois, os dois procuraram Valentim para marcar o casamento, que ele mesmo oficiou. Na celebração, compareceram quase todos os habitantes da cidade, querendo testemunhar a felicidade do casal reconciliado. A história difundiu-se e a fama de Valentim espalhou-se.

 

10. Sucede que, além do dom do conselho, também possuía o da cura. Muitas vezes viajava com o propósito de atender os doentes.

Em 272, foi chamado para cuidar de um doente em Roma. Durante a sua estadia, conseguiu a conversão do famoso filósofo Crato e de três dos seus jovens discípulos.

 

11. É claro que este zelo expôs Valentim a uma onda de delação. Valentim terá sido condenado à morte e executado a 14 de Fevereiro de 273. Os três jovens recém-convertidos terão resgatado o seu corpo levando-o para Terni.

Nesta localidade, é possível encontrar a seguinte inscrição: «São Valentim, patrono do amor». Há também um vitral com a imagem do santo a abençoar um casal ajoelhado com uma rosa.

 

12. Para os historiadores, porém, nada disto pode ser garantido.

Pelo que São Valentim tanto podem ter sido dois, um ou nenhum!

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publicado por Theosfera às 00:41

Hoje, 14 de Fevereiro, é dia de S. Cirilo, S. Metódio, S. Marão e S. João Baptista da Conceição.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Segunda-feira, 13 de Fevereiro de 2017

O que nos impede de saber?

Há quem pense que não é a falta de tempo nem de inteligência.

Para Agostinho da Silva, o que nos impede de saber é tão-somente a falta de curiosidade.

Mas será que a curiosidade nos leva sempre para o caminho certo?

Para responder a esta pergunta, precisávamos de criar condições para discernir.

Acontece que, hoje em dia, é o pensamento que anda à velocidade da vida em vez de ser a vida a andar ao ritmo do pensamento.

Também o pensamento é veloz: identifica o que acontece e pronuncia-se com rapidez.

Mas será que aprofunda alguma coisa?

publicado por Theosfera às 09:19

Hoje, 13 de Fevereiro, é dia de S. Martiniano, S. Jordão da Saxónia, Sta. Cristina de Espoleto e S. Benigno.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Domingo, 12 de Fevereiro de 2017

Só uma palavra.

Só uma palavra para Ti, Senhor.

Só uma palavra para Te agradecer,

para Te louvar.

 

Hoje, Senhor, apareces com uma mensagem de alento,

com uma proposta com sabor a novidade.

 

Tu queres, Senhor, que olhemos para a frente,

que não fiquemos dominados pelo passado.

 

Obrigado, Senhor, por fazeres algo de novo,

por fazeres tudo de novo.

 

Essa novidade já começa a aparecer,

essa novidade és Tu:

a Tua palavra e a Tua presença.

 

Tu, Senhor, és o caminho aberto no deserto,

o rio lançado na terra árida.

 

Tu és aquele que junta multidões,

que faz andar os paralisados.

 

Tu és aquele que perdoa,

que transforma e revigora.

 

Como há dois mil anos,

também hoje nunca vimos nada assim,

nunca vimos nada igual.

 

Tu, Senhor, és incomparável,

Tu, Senhor, és único.

 

Por isso, nós Te dizemos «sim»,

sim com os lábios,

sim com a vida.

 

Recebe o sim do nosso amor,

do amor que vem de Ti,

JESUS!

publicado por Theosfera às 11:35

Criticar não é mal, mas ajudar é (muito) melhor.

Se uma crítica constituir uma ajuda, óptimo.

Abraham Lincoln era de opinião que «só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar».

Tudo isto deve ser feito no plano pessoal.

Faz parte da natureza das coisas: o que diz respeito às pessoas deve ser tratado pessoalmente e não publicamente.

Tanto mais que, quando uma crítica pessoal é feita em público, o visado, em vez de a acolher, tem a tendência para se defender.

E, no fundo, quem está em condições de levantar a voz ou de apontar o dedo?

Por vezes, quem mais critica é quem mais precisa de ser criticado.

Se calhar, critica para que pensemos nas críticas que faz e não nas críticas que merece.

Conjuguemos mais o verbo «ajudar»: com simplicidade e, de preferência, com recato também!

publicado por Theosfera às 07:42

A. Uma porta aberta em hora incerta

  1. No meio de tanta certeza e no fundo de tanta incerteza, que espaço fica para a surpresa? A surpresa é, tantas vezes, o mais belo cartão de visita de Deus. Só que nós, hoje em dia, muito gostamos de programar. Nesse caso, que disposição temos para esperar? É importante fazer alguma programação. Mas deixemos espaço para a surpresa no nosso coração.

Habituámo-nos a olhar para a existência como uma contínua decadência. Para muita gente, o caminho do mundo é descendente. Segundo alguns, o presente já expulsou o que há de melhor; por isso, o futuro será pior. Com o pessimismo a atingir estes níveis de destemperança, que lugar resta para a esperança?

 

  1. É nas horas mais cruéis que à esperança temos de ser fiéis. Vergílio Ferreira lembrava que, «quando a situação é mais dura, a esperança tem de ser mais forte». Infelizmente, o maior défice dos tempos que correm é o défice de esperança. Andamos órfãos de esperança. O desespero tortura-nos sem o menor destempero.

Mas nesta hora tão incerta, porque não deixar uma porta aberta? Abramos as portas à esperança e não as fechemos à surpresa. Porque não acreditar que amanhã pode ser melhor? É verdade que, na vida, temos de contar com tudo, também com o pior. Mas estar preparado para o pior não nos impede — muito pelo contrário — de nos mantermos abertos ao que há de melhor.

 

B. Para a felicidade é fundamental o sentido da eternidade

 

3. Na primeira carta que escreveu aos cristãos de Corinto, São Paulo, decalcando um pequeno trecho de Isaías (cf. Is 64, 4), convoca-nos para as energias da esperança. E dá-nos uma preciosa garantia: «Nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram, nem jamais passou pela mente humana o que Deus tem preparado para aqueles que O amam» (1Cor 2, 9). O que Deus tem preparado é infinitamente melhor que o melhor que possamos conceber ou desejar.

Por isso, não desfaleçamos nem recuemos. Não nos deixemos degolar pela tirania do desespero. Sentir as nuvens que estão por debaixo do sol não nos inibe de saber que há muito sol por cima das nuvens.

 

  1. O nosso problema é que a nossa época quase baniu o sentido da eternidade. Falamos muito do futuro e quase não falamos da eternidade. Mesmo nós, cristãos (que professamos a fé na «vida eterna» e no «mundo que há-de vir»), parece que apostamos tudo no horizonte desta vida. Não percebemos que aquilo a que o nosso coração aspira, não pode ser dado por nada — nem por ninguém — neste mundo.

Somos seres finitos com ânsias de infinito. Só o infinito pode trazer o que este mundo não consegue oferecer. É por isso que, no tempo, somos todos peregrinos da eternidade. É o sentido da eternidade que permite vitaminar em nós a felicidade. Porque a eternidade é vida, a vida é eterna.

 

C. Muito conhecimento, muita sabedoria?

 

5. A eternidade não é só o que vem depois da morte. A eternidade é o sentido presente em toda a vida: antes da morte, depois da morte e para lá da morte. É esta a sabedoria que falta, é esta a sabedoria que urge. Acostumamo-nos a ligar a sabedoria à previsão e ao domínio das situações. É importante que nos habituemos a religar a sabedoria à surpresa e à esperança que Deus coloca nos nossos corações.

Na actualidade, há muita informação, mas será que existe muito conhecimento? O conhecimento inclui a informação, mas não se reduz a ela. E quanto ao conhecimento, será que ele corresponde sempre a muita sabedoria? A sabedoria não subestima o conhecimento, mas todos sentimos que vai mais longe que ele.

 

  1. Por vezes, somos confrontados com uma espécie de paralelismo assimptótico entre conhecimento e sabedoria. Há quem tenha muitos conhecimentos, mas não revele muita sabedoria e há quem revele muita sabedoria, mesmo sem possuir muitos conhecimentos.

O melhor é que tudo ande harmoniosamente interligado entre informação, conhecimento e sabedoria. Nem sempre tal harmonia se consegue. Nunca desistamos, porém, de a procurar. Nunca é demais, por isso, meditar na interrogação que, há já muitos anos, Thomas Stearns Eliot nos deixou: «Onde está a sabedoria que nós perdemos no conhecimento? Onde está o conhecimento que nós perdemos na informação?»

 

D. Antes da investigação está a contemplação

 

7. É óbvio que nem sempre perdemos sabedoria no conhecimento nem conhecimento na informação. Mas manda a verdade que reconheçamos que, às vezes, não ganhamos muita sabedoria no conhecimento nem muito conhecimento na informação. Há quem, não sabendo ler, leia melhor que muitos letrados. Não se trata de fazer a apologia da ignorância, mas de apontar para a verdadeira nascente da sabedoria.

São Paulo tem o cuidado de apontar para a «sabedoria de Deus» (1Cor 2, 7). Esta sabedoria não exclui nenhuma outra já que está na origem de toda a sabedoria. É uma sabedoria que se bebe de joelhos. É uma sabedoria que vem pela via da contemplação antes de sobrevir pela via da investigação.

 

  1. A primeira leitura, que tem o cuidado de advertir para a grandeza da sabedoria de Deus (cf. Eclo 15, 18), realça que «os Seus olhos estão postos naqueles que O temem» (Eclo 15, 19). Só com os olhos de Deus conseguiremos ver. É por isso que Deus é a raiz da Sofia e a mãe da autêntica Sabedoria.

Peçamos-Lhe, pois (como fazíamos no Salmo Responsorial), que abra os nossos olhos (cf. Sal 119, 18), que nos mostre o Seu caminho (cf. Sal 119, 33), que nos ajude a obedecer à Sua Lei e a guardá-la de todo o coração (cf. Sal 119, 34).

 

E. A comunicação de Deus é sempre verbal, embora nem sempre seja vocal

 

9. A sabedoria divina não fornece apenas a ciência; também oferece caminhos para transformar a existência. Não abandonemos a sabedoria dos livros, mas apeguemo-nos, cada vez mais, ao verdadeiro Livro da Sabedoria, que é a Palavra de Deus. Tantas são as vezes em que dizemos que Deus não fala para nós; mas será que nos estamos atentos à Sua voz? Deus está sempre a falar; nós é que raramente nos dispomos a escutar.

Deus fala na Bíblia, Deus fala na natureza, Deus fala na Igreja, Deus fala nos acontecimentos, Deus fala nas pessoas. Deus fala sempre pelo Seu Verbo, pelo Seu Verbo que Se fez carne em Jesus (cf. Jo 1, 14). Daí que a comunicação divina seja sempre verbal, embora nem sempre seja vocal. Mas é uma comunicação fortemente existencial. É uma comunicação que está na vida. Por conseguinte, aquilo que nós consideramos silêncio de Deus acaba por ser a Sua comunicação mais forte. Afinal, Deus não está mudo, nós é que parecemos surdos.

 

  1. Acolhamos Deus em cada momento, no Novo e (também) no Antigo Testamento. Jesus veio aperfeiçoar, mas não revogar (cf. Mt 5, 17). O Antigo também tem valor e, por isso, deve ser acolhido com amor. Mas o Novo é a plenitude e, nessa medida, é a maior fonte de virtude. Jesus mostra um grande discernimento, valorizando o que está bem e aperfeiçoando o que pode ser melhor. São várias as antíteses que nos aparecem neste texto, mostrando que Jesus não Se revê em todo o passado; há muito para ser modificado.

Na avaliação do antigo e na proposta do novo, Jesus é sempre o critério. É Jesus que temos de levar a sério. Jesus não quer menos que o máximo: o máximo da justiça, o máximo do amor, o máximo da perfeição. Eis a diferença que faz toda a diferença: a Sabedoria que vem de Deus não é só para mais saber; é, acima de tudo, para melhor viver!

publicado por Theosfera às 05:11

Hoje, 12 de Fevereiro (6º Domingo do Tempo Comum), é dia de Sta. Eulália de Barcelona e Sto. António Cauleas.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sábado, 11 de Fevereiro de 2017

Hoje, 11 de Fevereiro (Dia Mundial do Doente), é dia de Nossa Senhora de Lourdes, Sto. Adolfo e S. Bento de Aniano.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sexta-feira, 10 de Fevereiro de 2017

Uma coisa que anda muito nos lábios nem sempre anda muito na vida.

Às vezes, funciona apenas a compensação.

Há coisas muito presentes nos lábios para compensar o facto de estarem ausentes da vida.

É certo que, por regra, falamos do que sentimos. Mas também é verdade que, muitas vezes, falamos ainda mais do que não vivemos.

Nem sempre quem mais fala do povo está ao lado do povo.

Nem sempre quem mais fala de liberdade quer os outros livres.

Às vezes, fala-se do povo para ver se o povo não se apercebe do quanto está a ser prejudicado.

E fala-se da liberdade para ver se as pessoas se acostumam a ser oprimidas.

Quando uma coisa está presente na vida quase dispensa se fale dela. Afinal, a vida também fala.

A linguagem vivencial é mais poderosa que a mera linguagem vocal!

publicado por Theosfera às 11:42

Muito falar será sinal de muito pensar?

Era bom que assim fosse, mas (infelizmente) é raro que assim seja.

Parece que existe um paralelismo assimptótico entre falar e pensar.

Montesquieu notou que «quanto menos os homens pensam, mais eles falam».

Provavelmente, também teria reparado no inverso, isto é, quanto mais os homens falam, menos eles pensam.

Nem sempre se fala do que se pensa e raramente se pensa no que se fala.

A experiência diz que bem pensa quem pouco fala.

Se falarmos um pouco menos, talvez pensemos bastante mais. E acabemos por falar (muito) melhor!

publicado por Theosfera às 10:38

Hoje, 10 de Fevereiro, é dia de Sta. Escolástica (irmã de S. Bento), S. Luís Stepinac, Sta. Sotera e Sto. Arnaldo.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 09 de Fevereiro de 2017

A experiência, com a sua autoridade indesmentida, ensina sempre.

Quem contesta a violência nem sempre se mostra pacífico.

Quem ataca a arrogância nem sempre se revela humilde.

Quem denuncia a ignorância nem sempre se impõe como sábio.

O Mestre já tinha notado que é mais fácil apontar o dedo ao argueiro que está nos olhos dos outros do que à trave que está sobre a nossa vista (cf. Mt 7, 5).

Mais do que contestar a violência, o pacífico promove a paz.

Mais do atacar a arrogância, o humilde semeia humildade.

Mais do que denunciar a ignorância, o sábio procura saber.

Ou seja, verdadeiramente importante é virar a página e seguir em frente!

publicado por Theosfera às 20:23

Viver bem não é necessariamente igual a bem viver.

Para viver bem, não basta bem viver.

Um «bon vivant» é aquele que, supostamente, leva uma «boa vida».

Mas será que uma «boa vida» é uma vida verdadeiramente boa?

O segredo para viver bem não está no que se vive, mas no para que se vive.

Já Dostoiévsky tinha notado que «o segredo da vida reside não só em viver, mas sobretudo em saber para que se vive».

Se tiramos a eternidade ao tempo, não ganhamos mais (no) tempo.

Já Gandhi percebeu que importante é «o fim para o qual somos chamados».

Só em Deus aprendemos a (bem) viver!

publicado por Theosfera às 07:45

Hoje, 09 de Fevereiro, é dia de Sta. Apolónia e S. Miguel Febres Cordero.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 08 de Fevereiro de 2017

Creio que a era da incerteza já passou.

Se alguma incerteza existe hoje é sobre que posição tomar no meio de tantas certezas.

Nos tempos que correm, abundam certezas sobre tudo: sobre o passado, sobre o presente e até sobre o futuro.

Há quem garanta, a pés juntos, o tempo que vai fazer, o estado da economia e a evolução da demografia.

Há quem dê «notícias» do futuro que se do passado se tratasse.

Há quem presuma saber o que deve ser feito sem cuidar de apurar o que pode (também) ser realizado.

Parece que só nós, os crentes, vivemos submersos pelo pantanoso mar da incerteza.

Muitas vezes, parece que nem acreditamos.

Mas de tanto hesitar como ajudaremos outros a acreditar?

publicado por Theosfera às 10:54

Hoje, 08 de Fevereiro, é dia de S. Jerónimo Emiliano, Sta. Jacoba ou Jacquelina e Sta. Josefa Fortunata Backhita.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 05:42

Terça-feira, 07 de Fevereiro de 2017
  1. No tempo da velocidade, até o mais breve minuto parece uma eternidade.

Em pressa — e sob pressão — constante, esperar um segundo soa a martírio exasperante.

 

  1. Definitivamente, a vida tornou-se uma correria. De um lado para o outro, de um instante para o instante seguinte, dá a impressão de que nunca temos pousio.

Como repousar se nem nas férias conseguimos parar?

 

  1. Acontece que não corremos só por fora. Até por dentro nos sentimos em correria acelerada e em desgaste contínuo.

Será que a nossa acção passará de mera agitação?

 

  1. A experiência ensina que, mais do que activos, sentimo-nos agitados. Mas também interiormente paralisados.

Como notou D. António Ferreira Gomes, somos dominados por uma «agitação paralisante» e por uma «paralisia agitante».

 

 

  1. Estamos «on» nas plataformas digitais, mas continuamos «off» no plano relacional.

Conectados com quem está longe, parecemos desligados de quem vive perto. Informados sobre quase todos, será que chegamos a conhecer verdadeiramente alguém?

 

 

  1. O Papa Francisco apercebeu-se de um paradoxo.

Por um lado, o homem exige o mais rápido: «internet rápida, viaturas rápidas, aviões rápidos, relatórios rápidos». Mas, por outro lado, sente necessidade de alguma lentidão. Contudo, quem está disposto a satisfazer esta aspiração?

 

  1. Muitas vezes, a própria Igreja reproduz a rapidez que nos cerca.

Será que ela é capaz de oferecer também alguma lentidão que tantos procuram?

 

  1. Será que «a Igreja ainda sabe ser lenta: no tempo para ouvir, na paciência para recomeçar e reconstruir? Ou não será que a própria Igreja já se deixa arrastar pelo frenesim da eficiência?»

Não raramente, andamos a prometer o alto, o forte e o rápido (incluindo conversões rápidas e curas rápidas).

 

  1. Haverá, porém, algo mais alto que o amor revelado no «abaixamento da Cruz»? Haverá algo mais forte que «a força escondida na fragilidade do amor»?

Por tal motivo, não precisaremos de reaprender o valor — e a beleza — de uma certa lentidão?

 

  1. Uma certa lentidão ajudar-nos-á a sair ao encontro de quem já saiu. E dar-nos-á ambiente para «entrar na noite» das pessoas que caminham «sem meta, sozinhas, com o seu próprio desencanto».

Estaremos dispostos a constituir uma «Igreja capaz de aquecer o coração» como Jesus aqueceu o coração dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 32)?

publicado por Theosfera às 10:05

Hoje, 07 de Fevereiro, é dia das Cinco Chagas do Senhor, Beato João Maria Mastai Ferretti (Pio IX), Sta. Coleta e S. Ricardo.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Segunda-feira, 06 de Fevereiro de 2017

A comunicação é importante.

Mas a comunicação vocal é insuficiente.

Só a comunicação vivencial é que se revela decisiva.

Já o Padre António Vieira notara: «Para falar ao vento bastam palavras; para falar ao coração são necessárias obras».

Falemos sempre. Mas falemos sobretudo com a vida.

A eloquência da vida é a única que convence!

publicado por Theosfera às 09:07

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