- O ateu não é totalmente descrente. O ateu também acaba por crer. Crê que Deus não existe.
Para um crente, o ateu não consegue provar que Deus não existe. Para um ateu, o crente não consegue provar que Deus existe.
- O crente testemunha que Deus existe. O ateu pretende garantir que Deus não existe.
E cada um, a seu modo, vai contribuindo para a actualidade da questão de Deus.
- O crente faz sentir a Sua presença. O ateu faz notar a Sua ausência.
O ateu entende que falta evidência à presença. O crente responderá que da ausência de evidência não decorre a evidência da ausência.
- No livro «Religião para ateus», Alain de Botton, apresenta a fé aos que, como ele, consideram não ter fé.
Nas religiões valoriza, desde logo, as respostas simples para problemas complicados.
- As religiões «dizem-nos que podemos apertar a mão a um estranho».
Isto parece demasiado trivial, mas porventura é o gesto mais transcendente que se pode praticar.
- Outro aspecto tem que ver com a ideia de comunidade.
Quando vamos a uma cidade, podemos ter um guia que nos fala de lugares novos. Mas dificilmente entabulamos diálogo com desconhecidos.
- Já «as comunidades religiosas têm anfitriões, alguém que apresenta desconhecidos e torna possível a comunidade».
No mundo hodierno, abundam edifícios para comprar tudo, mas faltam lugares «para fazer qualquer coisa dentro de nós próprios, na nossa alma».
- Daí a pergunta: «Se não vamos à igreja, quem está a ensinar-nos a viver?».
Quem ocupa o lugar do padre? «Onde está o padre moderno? Para onde foi a confissão? As igrejas reúnem as pessoas. O que é que reúne as pessoas hoje?»
- «Nos seus melhores momentos, a Cristandade era um movimento sério que era ao mesmo tempo popular e de elite. Conseguia unir as pessoas e podia ir de um teatro de rua até ao monge a traduzir um texto»!
Sobrevém então o lamento: «Nós não sabemos criar comunidades fora da Igreja»!
- E como é que um ateu imagina Deus? «Como alguém que está presente, que olha por ti, que conhece a tua mente melhor do que tu mesmo. Porque Deus é amor e por isso nunca estamos sozinho».
Um crente diria melhor?