O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Domingo, 31 de Janeiro de 2016

A. Até Jesus foi rejeitado

  1. Cada um de nós é único. Mas, sendo cada um de nós único, não somos os únicos a quem acontecem problemas ou dificuldades. Até Jesus foi incompreendido, até Jesus foi censurado, até Jesus foi rejeitado, até Jesus foi atacado. E nem na Sua terra foi poupado.: até na Sua terra foi increpado.

Nem o facto de ter feito uma homilia bem pequena O livrou da contestação. Depois de ler a Escritura, Jesus limitou-Se a dizer: «Cumpriu-Se hoje a passagem da Escritura que acabais de ouvir»(Lc 4, 21). Só que este pouco era muito, era tudo, era o programa de Jesus. E esse programa chocava com os interesses de muitos, a começar pelos mais próximos, pelos Seus conterrâneos.

 

  1. Ontem como hoje, hoje como ontem, a rejeição não costuma vir de fora. A rejeição vem quase sempre de dentro. É por isso que a rejeição dói. É por isso que a rejeição mói. Os conterrâneos e os contemporâneos de Jesus estão mais interessados num Messias político e num Messias que dê espectáculo. O programa de Jesus, centrado nos pobres e nos oprimidos, parece não entusiasmar.

Não espanta, por conseguinte, que até os do Seu povo tentem eliminá-Lo, deitando-O abaixo (cf. Lc 4, 29). E é significativo notar que, perante a rejeição, Jesus não procura defender-Se. O que Jesus faz é «seguir o Seu caminho»(Lc 4, 30). É isto que importa: seguir o caminho de Jesus.

 

B. Se os de dentro rejeitam, há muitos de fora que aceitam

 

3. O Evangelho é uma proposta que reclama sempre uma resposta. Se a resposta for de rejeição, há que não ficar desmobilizado no chão. Mais do que litigar, é preciso insistir porque outras respostas hão-de vir. É o que Jesus faz: rejeitado em Nazaré, desce a Cafarnaum para propagar a fé (cf. Lc 4, 31).

É preciso, pois, fazer como Jesus: se os de dentro rejeitam, há muitos de fora que aceitam. Não devemos desistir de ninguém, mas sem jamais ficar condicionados por alguém. Não tenhamos medo de sair: há tanta gente com vontade de vir. O Evangelho cativa, mas nunca fica cativo: cativa a todos, mas sem ficar cativo de ninguém. O Evangelho não fica cativo nem é selectivo: é para sempre e é para todos. Por conseguinte, é imperioso todos os meios usar para a toda a gente o Evangelho levar.

 

  1. Jesus leva o Evangelho nos lábios e leva, muito mais, o Evangelho na vida. Jesus é, portanto, o Evangelho vivo, o Evangelho para a vida. E o Evangelho de Jesus é, como compreendeu S. Paulo, todo um hino de amor, todo um hino ao amor. Jesus não fez outra coisa senão amar. Jesus não fez outra coisa senão mostrar-nos o que é o amor. Será que nós já aprendemos?

É que, neste mundo, muito se fala de amor, mas tanto se atenta contra o amor. O amor está muito presente nos nossos lábios, mas parece completamente ausente da nossa vida. É bem possível que ainda não tenhamos encontrado o amor. Só quando encontrarmos Deus — só quando nos deixarmos encontrar por Deus —, é que teremos encontrado verdadeiramente o amor.

 

C. Levar a fé é (também) levar o amor

 

5. Nem todo o amor tem Deus, mas Deus tem sempre amor. Mais: Deus não Se limita a ter amor; Deus é amor (cf. 1Jo 4, 8.16). Criada por Deus, a Igreja tem de ser por excelência o lugar do amor. E será o lugar do amor se, desde logo, acolher o amor que a funda, do amor que a sustenta, do amor que a alimenta. Daí que, quanto mais perto de Deus, mais perto do amor. E daí também que a falta de amor de uns pelos outros seja a maior demonstração da falta do amor a Deus.

Ainda temos um longo, muito longo, caminho a percorrer neste campo. O amor, que é Deus, não está longe de nós, mas nós, por vezes, teimamos em estar longe de Deus, que é amor. E ninguém diga que tem fé se não tem amor. O amor é o grande certificado da fé.  Acreditar sem amar? Nem pensar. Não é possível acreditar sem amar. A fé envolve sempre o amor.

 

  1. A fé tudo consegue, quando está habitada pelo amor. Até consegue suportar o insuportável. É assim que percebemos a pergunta pertinente de Balduíno de Cantuária, no século XII: «Que há de impossível para quem crê? E que há de difícil para quem ama?»

A nossa profissão de fé é também — e bastante — uma confissão de amor. O Credo é uma expressão de fé na medida em que é uma história de amor. Aliás, enquanto história de fé, só pode ser história de amor. Só há fé quando existe amor: o amor é a fé vivenciada! Só o amor, como dizia Hans Urs von Balthasar, «é digno de fé».

 

D. Às vezes, o amor parece mais frio que o frio

 

7. Mas qual é a temperatura do nosso amor? Às vezes, o nosso amor parece mais frio do que este tempo frio. Habituamo-nos a ligar o amor à posse, quando Deus nos mostra que o amor está apenas — e sempre — na dádiva. Amor possessivo será autenticamente amor? O amor que vem de Deus, o amor que é Deus, é sempre amor oblativo. É sempre amor que dá, amor que Se dá, amor que Se doa, amor que perdoa.

Procuremos, então, conferir a temperatura do nosso amor com o grande termómetro que é o Evangelho de Jesus. Como vai o nosso amor para com Deus? Não tentemos separar jamais o que Deus uniu. Deus uniu o amor divino e o amor humano. Só amaremos verdadeiramente o próximo se nos dispusermos a amar verdadeiramente a Deus.

 

  1. Quando se ama, considera-se sempre pouco o que se dá. Quando se ama, achamos que o outro merece sempre mais. Foi por isso que Sta. Teresinha do Menino Jesus (e da Santa Face) viu neste texto de S. Paulo um foco iluminador. Ela não queria mais nada: só queria o amor. No coração da Igreja, ela queria «ser o amor».

Nada mais devemos querer, nós também. Nada mais devemos querer além do amor. Cultivemos, pois, o amor: o amor para com Deus e o amor para com todos a partir de Deus. E não nos preocupemos sequer com amar. Procuremos depositar nos outros o amor de Deus, o amor que é Deus. Amemos os outros com o amor de Deus, com o amor que é Deus.

 

E. O amor não é feito de palavras belas; é o que torna a nossa vida bela

 

9. O Eng. Fernando Santos, actual seleccionador nacional, nunca escondeu a fé que o possui. Há tempos, assumiu ter descoberto que «Cristo está vivo e que tal descoberta não a posso guardar só para mim». Confessou ter encontrado a sua felicidade «no caminho da fé, porque há uma palavra que antes não percebia e que passei a entender: o amor». Foi o amor de Deus revelado em Cristo que o ajudou a perceber o que é o amor.

Visitemos, muitas vezes, este texto de S. Paulo. Façamos dele um programa de vida. São 13 versículos do capítulo 13 da primeira Carta aos Coríntios. São um belíssimo compêndio sobre o amor: sobre a proveniência do amor, sobre a força do amor e até sobre a eternidade do amor. É que, quando tudo acabar, havemos de notar que o amor nunca acabará (cf. 1Cor 13, 8).

 

  1. Só o amor dá sentido à vida e à fé na vida. Não espanta, pois, que S. Paulo enumere 15 qualidades do verdadeiro amor: sete destas qualidades são formuladas positivamente e as outras oito de forma negativa. Ficamos assim a saber que o amor é paciente, é amável, alegra-se com a verdade, tudo desculpa, tudo acredita, tudo espera, tudo suporta. E também aprendemos que o amor não é invejoso, não é vaidoso, não é soberbo, não é inconveniente, não é interesseiro, não é irritável, não suspeita mal, não se alegra com a injustiça (cf. 1 Cor 13, 4-7).

Eu atrever-me-ia a sugerir que recortássemos estas 15 qualidades do amor e as colocássemos à entrada da nossa casa, para que nunca as esquecêssemos em cada dia da nossa vida. O amor não é feito de palavras belas. O amor é o que torna bela a nossa vida. O amor é o que faz persistir mesmo na hora me que nos apetece desistir. A fé está sempre a dizer à esperança: «não desistas». E a esperança não pára de segredar ao amor: «não pares». É assim que o Evangelho se faz ao caminho nos caminhos dos homens. É no amor que o Evangelho se fará caminho nos nossos caminhos!

publicado por Theosfera às 13:15

Ainda há pouco, ouvimos o Evangelho

e daqui a pouco vamos para o mundo viver o Evangelho.

 

O Evangelho é a nossa vida,

o nosso trabalho, o nosso ser.

 

«Ai de mim se não anunciar o Evangelho!».

Este é o grito de S. Paulo.

Esta há-de ser a nossa preocupação.

 

Que o Evangelho seja a nossa respiração,

o nosso acordar, o nosso viver e o nosso entardecer.

 

Leva-nos para o mundo, Senhor,

semear o Evangelho da esperança,

o Evangelho da justiça

e o Evangelho da paz.

 

Cura-nos, Senhor, da nossa febre,

como curaste a febre da sogra de Simão.

 

Que não haja nada nem ninguém a impedir-nos

de fazer do Evangelho a estrela do nosso firmamento,

a cintilar nos passos do nosso caminho.

 

Ajuda-nos, Senhor,

a ser eco do Teu Evangelho,

a levarmos a todos

a Tua presença de amor,

JESUS!

publicado por Theosfera às 11:18

Hoje, 31 de Janeiro (4º Domingo do Tempo Comum), é dia de S. João Bosco, S. Pedro Nolasco e Sta. Marcela.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sábado, 30 de Janeiro de 2016

Hoje, 30 de Janeiro, é dia de Sta. Jacinta Mariscotti, Sta. Bertilda e Sta. Martinha.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sexta-feira, 29 de Janeiro de 2016

Hoje, 29 de Janeiro, é dia de S. Julião, Sta. Bassilissa, S. Constâncio, S. Gildas o Sábio, S. Sulpício Severo, Sta. Arcângela Girlani, Sto. Aquilino e Sta. Boleslava Lament.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:39

Quinta-feira, 28 de Janeiro de 2016

Hoje, 28 de Janeiro, é dia de S. Tomás de Aquino e S. Valério.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 27 de Janeiro de 2016
  1. Se quisermos (re)encontrar o afecto em estado puro olhemos para a nossa Mãe. Edmondo Amicis notou: «Se fosse possível descobrir o primeiro e verdadeiro germe de todos os afectos elevados e de todas as acções honestas e generosas de que nos orgulhamos, encontrá-lo-íamos quase sempre no coração da nossa Mãe».

Pela nossa Mãe, podemos entrever um vislumbre do grande, do imenso, amor de Deus, do amor que é Deus. Se a nossa Mãe nos ama assim, como não nos há-de amar Deus?

 

  1. A amnésia é preocupante. Mas a hipertimésia também não é saudável. Esquecer tudo não entusiasma. Mas lembrar tudo também não empolga.

Há coisas que gostaríamos de recordar. E há coisas que daríamos tudo para esquecer. Mas são precisamente essas — quais intrusas! — que estão sempre a reaparecer.

 

  1. O homem nunca deveria perder a pureza da infância. Mas a juventude, que lhe sucede, propende a extingui-la. O jovem não gosta de ser visto como criança. Costuma abastecer-se de astúcia. Geralmente, é tarde, muito tarde, que se redescobre o quão importante é nunca deixar de ser puro, autêntico, veraz.

Sem pureza e rectidão, a sabedoria transforma-se num instrumento de dominação. Faz falta — oh se não faz! — a sabedoria dos puros e a pureza dos sábios. Não matemos a criança que já fomos. E que nunca deveríamos deixar de ser.

 

  1. Karl Kraus: «O vício e a virtude são parentes como o carvão e o diamante».

O que é mais distante acaba por tornar-se muito próximo. Passamos entre um e outro com muita frequência.

 

  1. Nem todo o virtuoso deixa de cair em algum vício. Nem todo o viciado deixa de ter algumas virtudes.

Às vezes, não sabemos o esforço que muitos fazem para deixar o vício. E isso já é uma enorme virtude.

 

  1. Temos autonomia. Podemos caminhar por nós. Mas, sendo autónomos, também somos interdependentes. Somos chamados a caminhar com os outros.

Eis o que nos chega da sabedoria antiga: «Somos interdependentes: não devemos desprezar-nos uns aos outros». O desprezo não eleva ninguém.

 

  1. Os maiores problemas da humanidade gravitam em torno da posse. As mais violentas disputas giram à volta da propriedade.

Mas, pensando bem, todos nós acabamos por laborar numa ilusão. Porquê tanta insistência no que é nosso se nem nós somos nossos?

 

  1. Santo Agostinho, que nasceu em 354, já perguntava: «Que coisa há mais tua que tu mesmo? E que coisa há menos tua que tu próprio?».

Por sua vez, S. Paulino de Nola, que nasceu um ano depois de Santo Agostinho, questiona: «Que poderemos considerar como nosso se nós mesmos não somos nossos?»

 

  1. O conhecimento não pode estacionar. Ele emerge em alguém, mas destina-se a todos.

Já dizia Winston Churchill: «Se você possui conhecimento, deixe os outros acenderem as suas velas com ele». O conhecimento tem uma nascente. Nunca saberemos onde se encontra a foz.

 

  1. Para Demócrito, «a verdadeira formosura e o ornamento mais precioso é falar pouco e ponderadamente».

Eis um bom conselho para estes tempos de ruído infrene e turbulência constante!

publicado por Theosfera às 11:04

Hoje, 27 de Janeiro, é dia de Sta. Ângela Merici, S. Feliciano, Sto. Henrique de Ossó y Cervelló e S. Jorge Matulaitis-Matusewic.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 26 de Janeiro de 2016

 

  1. Até quando persistirá a crise?

Alguma vez a deixaremos? Alguma vez nos deixará?

 

  1. Quando começará o tão desejado crescimento? Mas será que o crescimento é a solução?

Há quem pense que a solução não passa pelo crescimento, mas por algum…decrescimento.

 

  1. De facto, os que têm pouco teriam mais se os que têm mais se dispusessem a ter um pouco menos. Ou seja, muitos cresceriam se alguns aceitassem decrescer.

O que se passa, porém, é o contrário: os que já têm muito têm cada vez mais e os que têm pouco têm cada vez menos, quase nada.

 

  1. É neste contexto que Serge Latouche entende que o caminho não é o crescimento, mas o decrescimento.

A tese é controversa, mas merece atenção.

 

  1. A ideologia do crescimento tende a ignorar os limites. A tendência é para gastar sem cálculo e para consumir sem freio.

O problema é que os recursos naturais são limitados. Um crescimento infinito será compatível com um mundo finito?

 

  1. Acresce que o crescimento não produz só bens. Também produz necessidades, muitas delas artificiais.

E, não raramente, as necessidades crescem a um ritmo superior aos bens. Daí o estado de insatisfação generalizada.

 

  1. Se repararmos, muitos protestos não vêm dos pobres de sempre.

Muita contestação advém dos que não conseguem manter o nível de vida a que se tinham habituado. Quando o impulso para consumir cresce, o índice de insatisfação aumenta.

 

  1. A alternativa proposta por Serge Latouche é «a abundância frugal». Todos terão acesso ao essencial e cada um abdicará, voluntariamente, do acidental.

A estratégia do decrescimento consiste «na autolimitação voluntária, na reabilitação do espírito da doação e da promoção da convivialidade».

 

  1. É claro que tudo isto pressupõe uma mudança que, não sendo irrealizável, se afigura muito difícil: a mudança de mentalidade.

No fundo, ainda estamos à espera de que a realidade se adeque a nós em vez de sermos nós a adequarmo-nos à realidade.

 

  1. Precisamos de fazer todo um caminho por dentro. Precisamos de perceber que a realização pessoal não passa só pelo ter.

Precisamos de aprender que, às vezes, com pouco se consegue muito. E que, com menos, não é impossível obter mais. Mais alegria, mais criatividade, mais justiça, mais humanidade. E muito mais felicidade!

publicado por Theosfera às 10:43

A discussão parece bizarra, mas é recorrente.

Não será que todo o golo é autogolo?

Todo o golo é da autoria de alguém, seja apontado na baliza adversária, seja marcado na própria baliza.

«Auto» é um prefixo presente em muitas palavras, como «autonomia» ou «autodidacta». Designa aquilo que é feito pelo próprio, por cada um.

Ora, um golo é sempre apontado por alguém. Um golo tem sempre autor.

Quando alguém marca um golo na própria baliza, talvez o mais adequado fosse falar de um «heterogolo», isto é, de um golo pela equipa diferente.

Mas, sinceramente, não vale a pena escalpelizar estes preciosismos.

Apenas faço esta evocação porque, tratando-se o desporto de um entretenimento, não faz mal que nos entretenhamos!

publicado por Theosfera às 09:41

Hoje, 26 de Janeiro, é dia de S. Timóteo, S. Tito, S. Roberto, Sto. Alberico, Sto. Estêvão (abade) e S. Miguel Kosal.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Segunda-feira, 25 de Janeiro de 2016

Achava Hal Rogers que «ser adulto significa que podemos fazer o que queremos à nossa própria custa».

Não basta, porém. Podem aparecer adultos a atropelar os passos de outros adultos.

Ser adulto é, pois, persistir. E nunca desistir de tentar!

publicado por Theosfera às 09:15

Hoje, 25 de Janeiro (derradeiro dia do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos), é dia da Conversão de S. Paulo, S. Projecto, S. Marinho e Sta. Maria Gabriela Saggedu.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Domingo, 24 de Janeiro de 2016

«Se não neva em Janeiro, chora-se o ano inteiro».
O povo lá sabe o que diz.

publicado por Theosfera às 16:08

A. As ausências presentes e as presenças ausentes

  1. Afinal, que fazemos — ou deveríamos fazer — quando entramos numa igreja? Que fazemos — ou deveríamos fazer — quando participamos numa celebração e quando escutamos a Palavra? Deveríamos fazer o que fizeram os habitantes de Nazaré de há dois mil anos: pôr os olhos em Jesus, fixar os olhos em Jesus, centrar os olhos em Jesus e nunca tirar os olhos de Jesus.

Depois de Jesus ter feito a leitura de um texto de Isaías, os olhos dos que se encontravam na sinagoga de Nazaré estavam postos n’Ele (cf. Lc 4, 20). Eis o que importa, eis o importante: ter os olhos postos em Jesus. Mas eis também o que falha. Nem sempre, de facto, os nossos olhos estão postos em Jesus. Nem sempre os nossos olhos estão postos no Jesus que fala, no Jesus que alimenta. Nem sempre os nossos olhos estão postos no Jesus-Palavra e no Jesus-Pão. Porque Lhe fechamos, então, o nosso coração?

 

  1. A distracção dos nossos olhos corresponde, quase sempre, à distracção da nossa mente e à distracção da nossa vida. No limite, é a nossa vida que, muitas vezes, anda longe d’Ele. É por isso que, ao entrar numa igreja, muitos registam as imagens, os painéis, os vitrais e pouco mais. É por isso que, ao entrar numa igreja, muitos registam o que lá se passa num vídeo ou numas fotos, mas sem chegar a guardar o que lá se vive na sua própria vida.

Na verdade, dá que pensar quando, estando numa celebração, os olhos de muitos, em vez de estarem voltados para a frente, se passeiam pelos altos ou pelos lados. Além da ausência, as nossas celebrações estão cheias de ausências presentes e de presenças ausentes.

 

B. Urge recentrar a nossa vida em Jesus

 

3. É fundamental que nos habituemos a centrar tudo em Jesus: o nosso olhar, o nosso sentir, o nosso agir e o nosso viver. É preciso, pois, abrir os nossos olhos, abrir os nossos ouvidos, abrir o nosso coração e abrir toda a nossa vida. Jesus abriu o livro para nós. É urgente que nós abramos a nossa vida para Jesus.

O Espírito que está sobre Ele também está sobre nós através d’Ele. Foi o Espírito que ungiu Jesus. Foi o Espírito que O tornou Messias e Cristo. Recorde-se que «Messias» vem do hebraico «Massiah» e Cristo procede do grego «Christós». Ambos os termos significam «ungido». Como sabemos, ungido é o que está untado com os óleos consagrados. Ungido é o que está marcado — diria tatuado — por Deus, com vista a uma missão.

 

  1. A missão de Jesus está delineada no texto do Profeta Isaías que Ele mesmo acabou de proferir e que é extraído do capítulo 61, versículos 1 e 2. Jesus — apresentado como Messias-Cristo-Ungido — é o portador da Boa Nova, da boa e bela notícia. Jesus é, por conseguinte, o Evangelho vivo, o Evangelho para a vida (cf. Lc 4, 18).

Deste modo, ter os olhos postos em Jesus significa ter os olhos postos no Evangelho. Ver Jesus é o primeiro — e decisivo — passo para escutar Jesus e para acolher o Evangelho que é Jesus.

 

C. É preciso dar testemunho e ser testemunha

 

5. Não esqueçamos que, como refere S. Lucas, nós chegamos ao conhecimento de Jesus através das «testemunhas» que se tornaram «servidores da palavra do Evangelho»(Lc 1, 2). Se tivermos os nossos olhos postos em Jesus, também nos tornaremos Suas testemunhas e servidores do Seu Evangelho. A esta luz, evangelizar é dar testemunho e ser testemunha. Evangelizar é dar testemunho do Jesus do Evangelho e ser testemunha do Evangelho de Jesus. Mas como dar testemunho daquilo que não sabemos e d’Aquele que não conhecemos?

É necessário, portanto, fazer como Lucas. É necessário ir cuidadosamente ao encontro de Jesus para dar testemunho d’Ele. Neste caso, Lucas dá um belíssimo testemunho por escrito (cf. Lc 1, 3). Deposita-o em cada um de nós, representados nesta personalidade — chamada Teófilo — a quem dedica o texto que escreveu.

 

  1. Há quem pense que Teófilo seria um alto funcionário do Império Romano que se converteu e que, à maneira de um mecenas, teria patrocinado a difusão da obra de S. Lucas. Deste modo, seria um cristão nobre, tratado aliás como «excelentíssimo»(Lc 1, 3). Podia ser alguém que pediu um relato a S. Lucas sobre a vida de Jesus. Mas o mais provável é que Teófilo não seja o nome de uma pessoa, mas a condição de cada pessoa tocada por Cristo. É que, como sabemos, Teófilo significa «amigo» («phylós») de «Deus» («Theós»). E «amigo de Deus» é o que cada um de nós efectivamente é. O próprio Jesus, Filho de Deus, trata-nos como «amigos» (cf. Jo 15, 15).

É bom ter presente que «amigo» também vem de «amor». Amigo é, pois, o que ama. Amigo de Deus é o que ama a Deus. Amigo de Deus é o que se deixa amar por Deus. Amigo por Deus é o que dá testemunho do amor de Deus. Daí que Teófilo, além de um belo nome para os pais darem aos filhos, seja um luminoso programa de vida.

 

D. Ser Teófilo é ser Teóforo e (por isso) Cristóforo

 

7. Ser Teófilo é, no fundo, ser Teóforo, tal como Sto. Inácio de Antioquia gostava de se apresentar. Teóforo é aquele que transporta Deus, é que aquele que mostra Deus. E uma vez que Deus nos é revelado por Seu Filho Jesus Cristo, então temos de ser Cristóforos, ou seja, portadores de Cristo.

No fundo, ser Teófilo implica aceitar ser Cristóforo. Ser amigo de Deus passa por levar Jesus Cristo a toda a parte e a toda a gente. Ser amigo de Deus passa por contribuir para propagar a Sua fama (cf. Lc 4, 14).

 

  1. Hoje, Jesus continua a ensinar. Será que estamos disponíveis para aprender? A nova sinagoga já não fica apenas em Nazaré. A nova sinagoga é a Sua Igreja, da qual todos nós fazemos parte. É na Sua Igreja que continua a ressoar a Sua Palavra e a sentir-se a Sua presença. É na Sua Igreja que Ele, o chamante, nos chama. É na Sua Igreja que Ele, o enviado, nos envia. O Seu Evangelho é a nossa evangelização. A Sua missão há-de ser sempre a nossa missão.

Assim sendo, a tarefa que nos é pedida é muito concreta e está descrita com enorme precisão. Há, pois, que levar a Boa Nova aos pobres. Há que proclamar a libertação aos cativos. Há que devolver a vista aos cegos e a liberdade aos oprimidos. Há, enfim, que anunciar um «ano favorável do Senhor»(Lc 4, 19). Isto é, há que anunciar a chegada de um tempo novo, de um mundo novo, de uma vida totalmente nova.

 

E. O que sai dos nossos lábios e o que sobressai na nossa vida

 

9. A homilia de Jesus é muito breve e muito simples. Em pouco, Ele diz tudo: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir»(Lc 4, 21). Nesta afirmação, Jesus diz tudo sobre Ele e diz tudo para nós. Jesus apresenta-Se como o cumprimento do que estava prometido. Jesus é Aquele que cumpre.

O «hoje» que Lucas usa por oito vezes no seu Evangelho (2,11; 4,21; 5,26; 19,5; 19,9; 22,34; 22,61; 23,53), tornou-se um clássico nos sermões de muitos Padres da Igreja. Trata-se de um «hoje» que tem como horizonte a nossa vida e a nossa história. É na vida de cada um e na história da humanidade que se cumpre a Palavra de Deus. Jesus é o hoje de Deus para cada hoje do homem. Ele não vem para trazer algo novo, mas para cumprir o que Deus promete desde sempre. Jesus não vem para inovar a maneira de falar. Acima de tudo, Jesus vem para renovar a nossa maneira de viver.

 

  1. Se Jesus é aquele que cumpre, nós, Seus discípulos, temos de ser aqueles que cumprem. Daí que o importante não seja tanto o que sai dos nossos lábios. O importante é o que sobressai na nossa vida. É costume verberar os que prometem e não cumprem. Mas também não é verdade que, muitas vezes, nós mesmos não cumprimos o que prometemos?

Olhemos, então, para Jesus. Nunca deixemos de olhar para Jesus. E procuremos fazer como Jesus, que fez sempre a vontade do Pai. Que na Sua santa vontade reencontremos a nossa felicidade!

 

 

publicado por Theosfera às 13:16

Obrigado, Senhor,

pelo Teu sorriso desta manhã,

pela Tua esperança deste Domingo.

 

Tu és o profeta esperado,

o Salvador querido,

o amor realizado.

 

Tu vences o mal

sem Te deixares contaminar pelo mal.

 

Tu és o sorriso que emoldura as nossas lágrimas

e suaviza, com torrentes de bondade, a nossa dor.

 

A Tua fama Se espalha.

Todos ficam admirados com a Tua autoridade,

uma autoridade que vem do amor,

uma autoridade humilde que nunca humilha.

 

Também nós, hoje, ficamos assombrados

e admirados com a Tua presença.

 

Tu és o supremo milagre

e o permanente sorriso de Deus.

 

Obrigado, Senhor, pelas maravilhas do Teu amor,

pelo eco da Tua paz.

Obrigado por seres a alavanca do nosso existir.

Obrigado, Senhor.

Obrigado, JESUS!

publicado por Theosfera às 11:38

Quando, por aqui, as mimosas já estão floridas, arrepia ver as imagens que vêm dos Estados Unidos e da China.

Já que aqui o tempo está macio, vamos arrefecendo com o frio que chega de longe.

Aquecimento global? O que sei é que há aquecimento e arrefecimento no globo!

publicado por Theosfera às 08:15

Um é muito menos que dois milhões. Mas um pode ter mais que dois milhões.

É o que acontece no nosso país. O homem mais rico possui mais que dois milhões de pobres.

Que o mais rico possa ajudar os mais pobres a saírem da pobreza!

publicado por Theosfera às 08:08

Hoje, 24 de Janeiro (3º Domingo do Tempo Comum e 7º dia do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos), é dia de S. Francisco de Sales, S. Macedónio e S. Tiago Giaccardo.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sábado, 23 de Janeiro de 2016

Ser amigo não obriga a concordar em tudo.

Aliás, Lyndon B. Johnson sentenciou: «Se dois homens concordam em tudo, de certeza que só um deles se dá ao trabalho de pensar».

Ser amigo é ser capaz de partilhar as próprias discordâncias.

Por algum motivo Miguel de Unamuno notou que «nada nos une tanto como as nossas discordâncias»!

publicado por Theosfera às 10:59

Deus, ao criar o homem, criou uma pequena (grande) maravilha.

O cérebro humano é ainda mais espantoso do que se pensava.

Diz um estudo recente que ele pode armazenar qualquer coisa como 4,7 mil milhões de livros ou 670 milhões de páginas de internet.

Se o cérebro humano fosse usado na sua máxima potência, poderia acumular um «petabyte» de informação, ou seja, um milhão de «gigabytes».

Importante é fazer bom uso deste autêntico «armazém orgânico».

Usemos o que é bom para o bem!

publicado por Theosfera às 08:24

Hoje, 23 de Janeiro (6º dia do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos), é dia de Sto. Ildefonso, S. João Esmoler, Sta. Josefa Maria e Sto. Henrique Suzo.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sexta-feira, 22 de Janeiro de 2016

Hoje, 22 de Janeiro (5º dia do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos), é dia de S. Vicente, S. Gualter de Bruges, S. Vicente Palloti, S. José Nascimbeni e Sta. Laura Vicunha.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 21 de Janeiro de 2016

Há quem, não sei se como recurso se como defesa, remate toda a conversa dizendo: «Já sabia, já sabia».

Tanta «omnisciência» parece excluir toda a hesitação e afastar qualquer possibilidade de erro.

Mas será que isso é bom? Woody Allen achava: «Se não te enganas de vez em quando é porque não tentas».

E é pena quando nem sequer se tenta. Há quem ainda viva muito «ego-sentado»!

publicado por Theosfera às 09:45

Hoje, 21 de Janeiro (4º dia do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos), é dia de Sta. Inês e S. Pátroclo.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 20 de Janeiro de 2016

A religião permite uma panóplia de vivências.

Na sua enorme diversidade, ela permite rezar, celebrar, conviver, agir.

Há uma coisa, porém, que a religião nunca pode fazer: matar.

A vida é o bem mais precioso. Pertence unicamente a Deus. Mais ninguém pode dispor dela.

Deus é sagrado. E sagrada é também a vida doada por Deus!

publicado por Theosfera às 09:25

Terça-feira, 19 de Janeiro de 2016

No mesmo dia, duas notícias de sinal contrário.

Há mais de 800 mil pessoas com contratos a prazo ou a recibos verdes.

E há ex-políticos que vão voltar a receber as subvenções vitalícias que tinham sido suspensas. Acresce o direito a retroactivos.

O fundamento desta decisão é o respeito pela proporcionalidade, confiança e igualdade.

Então e os outros trabalhadores a quem foi cortado o salário? Em nome destes mesmos princípios, serão ressarcidos também retroactivamente?

Não sei porquê, mas lembrei-me de uma conhecida máxima de George Orwell.

Não me move qualquer despeito para com os nossos representantes. Move-me, sim, a situação de muitas pessoas para quem sobreviver é o que resta!

publicado por Theosfera às 09:39

É doloroso fracassar. Mas não sei se será melhor triunfar.

Às vezes, certos triunfos são conseguidos de tal maneira que sabem pior que muitos fracassos.

Darcy Ribeiro achava que tinha fracassado em tudo o que tentara na vida.

Mesmo assim, confessava que os seus fracassos eram também as suas vitórias: «Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu».

Há vitórias que fracassam mais que todos os fracassos. E há aparentes fracassos que são mais saborosos que a maior vitória.

Afinal, ninguém fracassa por não pisar os outros, por não prescindir de certos valores, por manter a dignidade.

Bem-Aventurados, pois, os que assim fracassam. Diria que são os maiores (a bem dizer, os únicos) vencedores!

publicado por Theosfera às 09:26

A riqueza de 1% da população é maior que a riqueza dos restantes 99%.

Falamos de dinheiro, obviamente.

Pois quanto ao resto, não sei quem será mais pobre!

publicado por Theosfera às 09:11

Hoje, 20 de Janeiro (3º dia do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos), é dia de S. Fabião, S. Sebastião (padroeiro principal da Diocese de Lamego), Sto. Eustóquio Calafato e S. José Freinademetz.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Hoje, 19 de Janeiro (2º dia do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos), é dia de S. Germânico, S. Canuto, S. Mário, S. Tiago Sales e seus Companheiros e S. Marcelo Spínola Maestre.

Um santo e abençoado dia para todos!

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Segunda-feira, 18 de Janeiro de 2016

Hoje em dia, andamos cansados. De tudo e, pelos vistos, de todos.

Queixamo-nos de tudo e queixamo-nos até de quem se queixa.

Houve um tempo que as manifestações de protesto atraíam solidariedade. Agora, causam tédio.

Protestar raramente gera simpatia e dificilmente consegue eficácia.

Daí que o discurso do protesto já não seja tão mobilizador como outrora.

As pessoas estão mais indiferentes ou mais insensíveis? Estão sobretudo mais saturadas.

É fundamental que nos curemos desta anestesia cívica!

publicado por Theosfera às 09:13

Há quem pense que a sabedoria não atrai a felicidade.

Erasmo, por exemplo, era de opinião que «quanto maior é a sabedoria, mais os homens se afastam da felicidade».

De facto, quando se sabe o que se passa no mundo, não há motivos para estar muito feliz.

Mas haverá sempre razões de sobra para não desistir de procurar a mudança!

publicado por Theosfera às 09:02

No começo deste dia, um belo conselho de Santo Inácio de Antioquia: «Nada há mais precioso que a paz»!

publicado por Theosfera às 07:03

Hoje, 18 de Janeiro (1º dia do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos), é dia de Sta. Margarida da Hungria, S. Liberto ou Leobardo, Sta. Prisca ou Priscilla e S. Jaime Cosán.

Um santo e abençoado dia para todos!

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Domingo, 17 de Janeiro de 2016

Na vertigem dos dias mundiais, não poderia faltar o Dia Mundial da Neve.

É hoje, mas apenas por procuração.

A neve não veio. Fez-se representar pelo frio e pela chuva!

publicado por Theosfera às 19:05

A. Somos transportadores das maravilhas de Deus

  1. Diz o profeta que não se há-de calar (cf. Is 62, 1). E ordena o refrão do Salmo Responsorial que anunciemos a todos os povos as maravilhas do Senhor. De facto, se há coisas que não devemos dizer, também há coisas que não podemos calar. O nosso mal é que dizemos o que não devemos e calamos o que não podemos. Habitualmente, falamos dos outros em vez de falarmos aos outros. O importante é que falemos aos outros. De quê? Não de nós, mas de Deus, das maravilhas de Deus.

É esta a nossa prioridade, é este o nosso desígnio, é esta a nossa missão. É isso o que faz S. João, que nos apresenta a primeira maravilha realizada por Jesus. Não esqueçamos que o milagre é o que nos faz maravilhar. O milagre é, todo ele, um acto de maravilhamento. Tal como os discípulos daquele tempo, também nós, discípulos deste tempo, ficamos maravilhados com os gestos de Jesus, com as palavras de Jesus, com a pessoa de Jesus. Será lícito armazenar toda esta maravilha só em nós?

 

  1. A missão tem muito de denúncia, mas tem sobretudo muito de anúncio. Missionar é, essencialmente, anunciar. É transportar o que recebemos. É levar o que nos foi transmitido. É dar o que nos foi dado. Nós somos transportadores de Cristo. Nós somos transportadores das maravilhas de Cristo, da permanente maravilha que é Cristo.

Não por acaso — nada é por acaso —, S. João usa a palavra sinal («semeión») para falar de milagre. O milagre não é um acto diletante nem, muito menos, um exercício de prestidigitação ou ilusionismo. O milagre ocorre na fé: desperta a fé e fortalece a fé. S. João chama sinais aos milagres de Jesus porque sabe que eles revelam a pessoa e a missão de Jesus. Com este primeiro milagre-sinal em Caná, Jesus «manifestou a Sua glória e os discípulos acreditaram n’Ele»(Jo 2, 11).

 

B. Acreditar é deixar-se maravilhar

 

3. Diante das maravilhas de Deus, diante de tantas maravilhas de Deus realizadas em Cristo, também nós somos convidados a acreditar. Acreditar é maravilhar, é deixarmo-nos maravilhar diante da luz. Sobretudo quando tememos — e trememos — nas sombras, é fundamental que nos maravilhemos diante da luz trazida por Jesus.

Só esta luz ilumina. Só esta luz clarifica. Só esta luz aquece. E quem acende esta luz? É Jesus, o Filho de Deus. Jesus é a luz que acende sempre a luz.

 

  1. Esta maravilha operada por Jesus teve um tal impacto que até o Evangelho nos oferece — coisa rara — interessantes enquadramentos de espaço e de tempo.

Tudo aconteceu em Caná. Só S. João fala desta terra (cf. 4, 46 e 21, 2). Tradicionalmente, é identificada como Kefr Kenna, que fica a 7 quilómetros a nordeste de Nazaré, embora as indicações de Flávio Josefo levem a pensar também nas ruínas de Hirbet Qana, que se situa a 14 quilómetros para norte de Nazaré.

 

C. A nossa vida está naquelas talhas vazias

 

5. Somos igualmente informados de que este episódio se verificou «ao terceiro dia»(Jo 2, 1). Trata-se do «terceiro dia» após o chamamento de Filipe, descrito em Jo 1, 43. Numa subtil alusão ao início do Génesis, este «terceiro dia» depois daquele chamamento coincidiria com o «sétimo dia» da semana inaugural da missão de Jesus. No fundo, é um símbolo da nova criação. Aliás, toda esta semana é paradigmática. Sendo uma semana que precede a primeira Páscoa vivida por Jesus na Sua missão pública (cf. Jo 2, 13), desagua no sinal das bodas, que antecipam a glória da Ressurreição (cf. Jo 2, 11). Com efeito, a Ressurreição também acontece «ao terceiro dia» como o próprio Jesus vaticina (cf. Jo 2, 19).

Por outro lado, esta primeira semana inaugura a primeira etapa da revelação, na qual Jesus Se manifesta a todos (Cf. Jo 2, 1-4, 54): aos discípulos (cf. Jo 2, 1-11), ao povo (cf. Jo 2, 13-23), a um mestre da Lei, Nicodemos (cf. Jo 3, 1-21), aos samaritanos (cf. Jo 4, 1-41) e aos próprios pagãos (cf. Jo 4, 43-54).

 

  1. Existe um profundo significado na presença de Jesus nas bodas de Caná. Estas bodas são, elas mesmas, um fecundo sinal das bodas que, em Cristo, Deus realiza com toda a humanidade. O casamento é, pois, uma imagem que exprime de forma privilegiada a relação de amor que Deus estabelece com o ser humano.

O cenário de um casamento é o mais indicado para mostrar o amor que, em Jesus, Deus vem trazer ao mundo. E para testemunhar a mudança que, no mesmo Jesus, Deus vem oferecer à nossa vida. Jesus está no mundo para transformar o mundo, para transformar cada vida que há no mundo. A nossa vida está sinalizada nas talhas sem vinho (cf. Jo 2, 3). Ou seja, sem Jesus, não somos nada. Pior, sem Jesus, estamos cheios de nada.

 

D. Maria só tem palavras para Jesus e sobre Jesus

 

7. A primeira a aperceber-se disso é Maria, a Mãe de Jesus. Maria sabe que, sem Jesus, é o vazio, é a indigência, é a carência. É por isso que as duas únicas referências a Maria no quarto Evangelho surgem revestidas de uma intensa significação. Maria está em Caná, onde Jesus simboliza a mudança que vem trazer. E Maria está junto à Cruz, onde Jesus realiza a mudança que veio propor. Na presença de Sua Mãe, Jesus transforma o antigo em novo, preenchendo todos os vazios que, sem Ele, se acumulam.

Também não é em vão que surgem aqui as únicas palavras de Maria em todo o Evangelho de S. João. Não são, contudo, palavras circunstanciais, mas palavras referenciais. Em Caná, como em toda a parte (e sempre), Maria só tem palavras para Jesus e só tem palavras sobre Jesus. Que melhor modelo de discípulo pode haver?

 

  1. Maria leva o humano até Jesus e traz Jesus para o humano. Tinha razão, pois, S. Luís Maria de Montfort quando disse que, «para chegar a Jesus, temos de ir por Maria». Mais recentemente, o Papa Paulo VI também proclamou que «Maria é o caminho que leva sempre a Cristo». E, ainda mais perto de nós, o Papa Francisco fez questão de enfatizar que «a Igreja, quando busca Cristo, bate sempre à porta da casa da Mãe de Cristo».

Já em Caná, a presença de Maria é o que viria a ser por todo o sempre: uma presença de intercessão e uma presença de anunciação. Para Maria, viver é interceder. Para Maria, estar é anunciar.

 

E. A mulher serva é (também) a mulher sábia

 

9. Junto de Jesus, intercede: «Não têm vinho»(Jo 2, 3). Isto é, falta o essencial, falta o importante, falta Jesus. Pensando bem, o que Maria pretende dizer é que aquela gente tem falta de Jesus. A resposta de Jesus não deve ser pintada em tons de rispidez. De resto, Maria não a entendeu como tal. Quando Jesus diz que ainda não tinha chegado a Sua hora (cf. Jo 2, 4), dá a entender que essa Sua hora está quase a chegar. O sinal que iria realizar era como um despertador para a chegada dessa Sua hora.

Do mesmo modo, o tratamento dispensado por Jesus a Maria não denota falta de respeito: «Mulher, que me desejas?»(Jo 2, 4). Ou, segundo outras versões, «Mulher, que tem isso a ver conTigo e coMigo?» Desde logo, «mulher» alude a Maria como «nova Eva», como Mãe da nova humanidade e Mãe da Igreja. E, quanto ao não terem vinho, o que Jesus quer frisar é que isso é com o Pai (cf. Jo 4, 34; 5, 19). O que Ele vai fazer é em nome do Pai. Ele e o Pai são um só (cf. Jo 10, 30).

 

  1. Era tudo o que Maria precisava de ouvir. Afinal, a mulher serva é também a mulher sábia. Daí que tenha ido logo anunciar: «Fazei o que Ele vos disser»(Jo 2, 5). Daí que nunca Se canse de nos interpelar: «Fazei o que Ele vos disser». É isto o que importa, é isto o que basta. Mas é também isto o que falta, o que falha. Nem sempre fazemos o que Jesus diz. Nem sempre enchemos as nossas «talhas» para que Jesus possa transformar a nossa «água» no Seu «vinho». O «vinho bom» (cf. Jo 2, 10) é o símbolo de uma vida diferente, de uma vida com Jesus, da vida que é Jesus.

Escutemos, então, Maria quando nos pede para fazer o que Jesus tem para nos dizer. A vontade de Maria é que façamos o que Jesus nos diz. Em cada dia!

publicado por Theosfera às 13:08

Neste momento de louvor
— de louvor porque estamos em Eucaristia
e de louvor porque, dentro da Eucaristia, estamos em acção de graças —
nós Te bendizemos, Senhor,
por esta tocante celebração
que, mais uma vez, presencializa a Tua presença no mundo,
que, mais uma vez, actualiza a Tua entrega na história
e que, mais uma vez, sinaliza o Teu imenso amor no coração de cada homem.

Mas não queremos, Senhor,
que a Eucaristia seja um momento com princípio e fim.
Queremos, sim, que a Eucaristia envolva toda a nossa vida:
do princípio até ao fim.
Queremos que a Missa gere Missão,
modelando todas as fibras do nosso interior
e lubrificando todas as vértebras da nossa alma.
Por conseguinte, que à Eucaristia sacramental suceda sempre a Eucaristia existencial,
para que nada no nosso ser fique à margem desta grande celebração.

Neste dia, o nosso coração entoa um canto de louvor a Ti, Pai,
que, pelo Teu Filho e pelo Teu Espírito,
nos tocas permanentemente
como se fossem as Tuas mãos delicadas a afagar-nos com carícias etéreas.


Faz de nós testemunhas do Evangelho,
com a mesma intrepidez,
com igual disponibilidade
e sobretudo com idêntica generosidade.


Que nos disponhamos a ser pão
que os outros possam comer.
Que o «ide em paz» ressoe, para nós,
não como uma despedida,
mas como um incessante envio.

Que, pelo nosso testemunho e pela nossa humildade,
todos tenham acesso ao Pão da Vida,
ao Pão do Amor,
ao Pão da Solidariedade,
ao Pão da Paz e da Esperança,
ao Pão que és Tu, Senhor,
e que, através de nós,

chegue ao mundo inteiro!

publicado por Theosfera às 11:11

A má educação passou a ser multada, pelo menos nos transportes.

Em apenas um ano, foram abertos 105 processos a passageiros de táxis e autocarros por fazerem barulho ou colocarem os pés nos estofos.

A educação tem de ser, definitivamente, uma prioridade!

publicado por Theosfera às 07:58

Apesar do aquecimento global, o gelo ainda é poderoso nalgumas partes do mundo.

Imagens que vêm da Estónia mostram uma estrada que parece cheia de neve, mas é uma estrada em pleno mar.

As águas do Mar Báltico são tão geladas que até dá para abrir estradas (com sinais de trânsito incluídos) entre o continente e algumas ilhas.

O cenário é muito belo. Mas não será perigoso?

publicado por Theosfera às 07:54

Hoje, 17 de Janeiro (2º Domingo do Tempo Comum), é dia de Sto. Antão e Sta. Rosalina de Villeneuve.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sábado, 16 de Janeiro de 2016

Os termómetros deram, esta noite, um grande tombo. Caíram para debaixo de zero.

Pelas sete da manhã, ainda marcavam um grau negativo!

publicado por Theosfera às 07:54

Hoje, 16 de Janeiro, é dia de S. Berardo e seus Companheiros, S. Marcelo e S. José Vaz.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sexta-feira, 15 de Janeiro de 2016

Hoje, 15 de Janeiro, é dia de Sto. Amaro, S. Plácido, S. Luís Variara, Sto. Arnaldo Jansen, S. Paulo Ermita, S. Remígio e S. Macário o antigo.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 14 de Janeiro de 2016

Certamente já fizemos a pergunta que Alexandre Dumas fazia.

Como entender que, sendo as crianças tão inteligentes, a maior parte dos adultos mostre ser tão incompetente?

A resposta do grande escritor estava na educação. Para ele, era a educação que não só não conseguia potenciar a inteligência da infância como ia ao ponto de a adulterar.

É possível que não seja bem assim. Mas é importante que meditemos. E que todos nos unamos para que a educação possa fazer o que dela se espera: educar!

publicado por Theosfera às 10:09

Há quem sobreviva não provocando ondas. Mas não falta quem defenda que o segredo da vida está na confusão.

Salvador Dalí não tinha dúvidas: «É preciso provocar confusão, porque promove a criatividade. Tudo aquilo que é contraditório gera vida».

De facto, a vida, ela própria, parece uma contínua contradição.

Apesar disso, não desistamos da reconciliação. Tentemos (re)unir todos os contrários!

publicado por Theosfera às 09:41

Hoje, 14 de Janeiro, é dia de S. Félix de Nola, Sta. Macrina a Antiga e S. Pedro Donders.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 13 de Janeiro de 2016

Ainda que tenuamente, o dia já vai ganhando alguns minutos à noite.

Quem sai de casa à mesma hora, nota a diferença.

Ainda é noite. Mas nota-se que, por entre o breu das sombras, a manhã mostra que vai romper.

E brilhar!

publicado por Theosfera às 20:06

O petróleo continua a descer. Os combustíveis continuam a subir.

Eis a equação mais enigmática dos tempos que correm.

Os peritos não param de explicar. Creio que o cidadão já desistiu de (tentar) perceber!

publicado por Theosfera às 09:37

O Tempo do Natal foi o tempo de dizer que Jesus nasceu para nós.

O Tempo Comum tem de ser o tempo para mostrar que nós nascemos para Jesus!

publicado por Theosfera às 07:07

Hoje, 13 de Janeiro, é dia de Sto. Hilário de Poitiers (eminente Triadólogo e invocado contra as serpentes), S. Gumersindo e S. Serdieu.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 12 de Janeiro de 2016

 

  1. A festa do Baptismo do Senhor assinala a transição do Tempo do Natal para o Tempo Comum.

Ressalve-se, desde já, que o Tempo Comum não é um tempo menos importante.

 

  1. No Tempo Comum, continuamos a celebrar o Mistério (sempre) Incomum: o mistério de Deus que Se fez homem em Jesus Cristo para nos salvar.

O incomum torna-se comum, não no sentido de rotineiro, mas no sentido de constante.

 

  1. Acresce que este é um tempo comum também no sentido de comunitário.

Ou seja, é um tempo para, em comunidade, celebrar e testemunhar o Evangelho de Jesus.

 

  1. A esta luz, podemos dizer que o Tempo Comum é um tempo pascal e um tempo natalício.

É sabido que a cadência da celebração da Páscoa, antes de ser anual, é semanal: cada Domingo é dia de Páscoa.

 

  1. E uma vez que o mistério pascal constitui o ápice da Encarnação, então não é descabido concluir que o Tempo Comum é igualmente, a seu modo, um tempo de Natal.

É um tempo em que Jesus (re)nasce para nós e um tempo em que nós (re)nascemos para Jesus.

 

  1. O Tempo Comum é o tempo mais longo.

É composto por 33 ou 34 semanas, distribuídas em duas etapas: a primeira decorre entre a Festa do Baptismo do Senhor e o início da Quaresma e a segunda vai da segunda-feira após o Pentecostes até ao começo do Advento.

 

  1. É no Tempo Comum que acompanhamos a maior parte da missão de Jesus.

Nele, não celebramos nenhum aspecto particular do mistério de Cristo, mas o mistério de Cristo na sua globalidade. E acompanhamos, especialmente, os sucessivos momentos da Sua vida pública.

 

  1. A Festa do Baptismo do Senhor é, pois, uma síntese e uma abertura.

Ela sintetiza o que celebramos no Tempo do Natal e abre-nos as portas para o Tempo Comum.

 

  1. O Baptismo mostra-nos um Jesus já adulto, na casa dos 30 anos, mas sempre com a consciência de filho.

No Natal, vemo-Lo ao colo da Mãe. No Baptismo, acompanhamo-Lo a ouvir a voz do Pai.

 

  1. O Baptismo de Jesus constitui, assim, uma Teofania e uma Antropofania. Jesus apresenta-Se como Filho de Deus em forma humana.

Ele é a humanização de Deus. Ele é a divinização do homem!

publicado por Theosfera às 10:18

Hoje, 12 de Janeiro, é dia de S. Modesto, S. João de Ravena, S. Bento Biscop, Sto. António Maria Pucci e Sta. Margarida de Bourgeoys.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Segunda-feira, 11 de Janeiro de 2016

Entre a ilusão e a evasão que invadem os tempos que correm, hoje é dia de conhecer o melhor jogador do mundo.

Não parece haver grandes dúvidas quanto ao vencedor. Dizem que, desta vez, Messi vai vencer.

Mas as esperanças lusas não estarão totalmente desfeiteadas.

Se for pelos golos marcados em 2015, Cristiano Ronaldo será o eleito.

Só que pode haver outros criérios a prevalecer. E não há dúvida de que Messi também é muito bom.

Nos seus pés, a bola não é bola. É uma obra de arte!

publicado por Theosfera às 09:21

Habitualmente não prestamos muita atenção às Orações do Missal. Em cada Eucaristia, temos a Oração Colecta, a Oração do Ofertório e a Oração após a Comunhão.

Esta última, nesta primeira semana do Tempo Comum, ensina-nos a pedir ao Senhor que nos dê «a graça de O servir com uma vida santa».

Assumamos  então este pedido. E procuremos sempre dar cumprimento a esse pedido!

publicado por Theosfera às 09:05

Passou o Tempo de Natal. Mas nunca pode passar o Natal no tempo.

O Natal traz-nos Aquele que sempre nos acompanha no tempo.

Por isso, ao arrumar hoje o seu presépio, não arrume o Menino.

O Jesus que nos foi dado (cf. Isa 9, 6) não é para ficar arrumado.

Há dois mil anos, colocaram-No numa manjedoura, perto do chão. Mas desde então o Seu lugar é no nosso coração!

publicado por Theosfera às 07:07

Hoje, 11 de Janeiro, é dia de Sto. Higino e S. Vital.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Domingo, 10 de Janeiro de 2016

Senhor Deus,
que nos enviaste o Filho e o Espírito,
torna-nos solícitos ao Teu envio permanente e ao Teu convite constante.

Enche-nos coma Tua força
e preenche-nos sobretudo com o Teu amor.

A Maria, nossa Mãe,
espelho e exemplo da Igreja,
pedimos a coragem da persistência
e a serenidade da determinação.
Que Ela nos ensine a escutar
e a fazer tudo o que Seu Filho nos diz.

Que Nossa Senhora dos Remédios
nos ajude a conjugar, como ela,
o verbo «dar», o verbo «servir», o verbo «amar».

Senhor Deus,
Tu que és Pai, Tu que és Pão, Tu que és Paz,
dá-nos a intensidade dos começos,
faz de nós apóstolos da Tua presença.
Que esta missão nunca termine
E que nunca deixemos de escutar a Tua voz que nos manda partir,
sabendo que estás sempre ao nosso lado
e sentindo que nunca deixas de estar dentro de nós!
Obrigado, Senhor,
por, também hoje, Te apresentares no meio de nós,
por, também hoje, nos ajudares a vencer as nossas perturbações.

Obrigado, Senhor, pela paz que nos dás,
pela paz que és Tu,
pela paz que chega ao mundo inteiro.

publicado por Theosfera às 11:06

Portugal melhorou muito com a adesão à Comunidade Económica Europeia.

Em cada dia chegam 9 milhões de euros.

O país está melhor. E, no entanto, não nos sentimos bem.

Porquê? Porque os outros também melhoraram.

Daí que a distância que nos separa dos mais desenvolvidos seja a mesma.

Quando conseguiremos vencer esta distância?

publicado por Theosfera às 08:18

A. Tempo comum para viver um mistério (sempre) incomum

  1. A festa deste dia sinaliza a transição do Tempo do Natal para o Tempo Comum. Ressalve-se, desde já, que o Tempo Comum não é um tempo menos importante. É no Tempo Comum que somos chamados a vivenciar o que celebramos nos dois grandes pólos celebrativos do Ano Litúrgico: o Natal e a Páscoa.

No Tempo Comum, continuamos a celebrar o Mistério sempre Incomum: o mistério de Deus que Se fez homem em Jesus Cristo para nos salvar. O incomum torna-se, portanto, comum, não no sentido de vulgar, mas no sentido de constante. O Tempo Comum é também, por sua própria natureza, um tempo comunitário, ou seja, um tempo para, em comunidade, celebrar e testemunhar o Evangelho de Jesus.

 

  1. A esta luz, podemos dizer que o Tempo Comum é um tempo pascal e um tempo natalício. É sabido que a cadência da celebração da Páscoa, antes de ser anual, é semanal: cada Domingo é dia de Páscoa. E uma vez que o mistério pascal constitui o ápice da Encarnação, então não é descabido concluir que o Tempo Comum é também, a seu modo, um tempo de Natal. É um tempo em que Jesus (re)nasce para nós e um tempo em que nós (re)nascemos para Jesus.

Não foi em vão que Johannes Moller considerava a Igreja como «a Encarnação permanente». Na verdade, o Filho de Deus que encarnou em Jesus Cristo continua a encarnar no Seu corpo que é a Igreja, à qual pertencemos a partir do Baptismo.

 

B. Uma síntese e uma abertura

 

3. Na Liturgia, o Tempo Comum é o tempo mais longo. É composto por 33 ou 34 semanas, distribuídas em duas etapas: a primeira decorre entre a Festa do Baptismo do Senhor e o início da Quaresma e a segunda vai da segunda-feira após o Pentecostes até ao começo do Advento.

É no Tempo Comum que acompanhamos a maior parte da missão de Jesus. No Tempo Comum, não celebramos nenhum aspecto particular do mistério de Cristo, mas o mistério de Cristo na sua globalidade. No Tempo Comum, acompanhamos a vida pública de Cristo: desde o Seu Baptismo até à Sua Paixão, Morte e Ressurreição.

 

  1. A Festa do Baptismo do Senhor é, pois, uma síntese e uma abertura. Ela permite-nos encontrar uma síntese do Tempo do Natal ao mesmo tempo que nos abre as portas do Tempo Comum. O Baptismo de Jesus mostra-nos um Jesus já adulto, na casa dos 30 anos, mas sempre com a consciência de filho.

No Natal, vemo-Lo ao colo da Mãe; no Baptismo, acompanhamo-Lo a ouvir a voz do Pai. É por isso que, já no século V, S. Máximo de Turim considerava que «não é sem razão que celebramos esta festa pouco depois do dia do Natal» e que «também ela deve chamar-se festa de Natal». É que se, «no Natal, Cristo nasceu da Virgem, hoje é gerado pelos sinais do Céu». No Natal — prossegue S. Máximo —, «Maria, Mãe de Jesus, acaricia-O no Seu colo; agora, ao ser gerado entre os sinais celestes, Deus, Seu Pai, envolve-O com a Sua voz, dizendo: “Este é o Meu Filho amado, no qual Eu pus todo o Meu enlevo. Escutai-O”(Mt 17,5). A Mãe apresenta-O aos magos para que O adorem, o Pai apresenta-O às nações para que O reverenciem».

 

C. Uma teofania e uma antropofania

 

5. O Baptismo de Jesus constitui uma Teofania e uma Antropofania. Jesus é o Filho de Deus (cf. Mc 1, 11) em forma humana. Ele é a revelação definitiva de Deus e é a revelação suprema do homem. O Concílio Vaticano II proclama que Jesus, Verbo encarnado, «revela o homem ao homem». O serviço é a chave desta dupla revelação. O Filho de Deus é já delineado por Isaías como o servo (cf. Is 42, 1): Servo de Deus e Servidor para os homens.

No Baptismo, Deus ungiu Jesus com «Espírito Santo e fortaleza»(Act 10, 38) para a Sua missão messiânica que, como refere a Primeira Leitura, consiste em levar «a justiça às nações», em «abrir os olhos aos cegos», em «tirar da prisão os cativos e da cadeia os que habitam nas trevas»(Is 42, 1-4.6-7). Jesus apresenta-Se, assim, inteiramente divino e inteiramente humano: consubstancial ao Pai na divindade e consubstancial a nós na humanidade.

 

  1. É claro que Jesus não precisava de ser baptizado. Jesus é baptizado na água, mas é Ele que baptiza no Espírito Santo (cf. Mc 1, 8). Ele é, pois, o verdadeiro Baptista. Por isso, João resiste: «Eu é que devo ser baptizado por Ti»(Mt 3, 14). Mas, como nota S. Gregório de Nazianzo, «João resiste e Jesus insiste». S. Máximo de Turim percebeu: «Cristo foi baptizado, não para ser santificado pelas águas, mas para santificar as águas e para purificar as torrentes com o contacto do Seu corpo».

Está, assim, apontada a nossa identidade e traçado o nosso itinerário. Ser cristão é seguir Cristo, é ser baptizado em Cristo. Por tal motivo, terminamos o Tempo de Natal com o Baptismo de Cristo e iniciamos o Tempo Comum com a determinação de vivermos sempre o nosso Baptismo em Cristo.

 

D. Baptizar significa mergulhar

 

7. O Baptismo não pode ser remetido ao estatuto de episódio da nossa infância mais remota. O Baptismo imprime carácter, afecta todo o nosso ser. É por tal motivo que se trata de um sacramento que não é reiterado: recebido uma vez, recebido para sempre. As consequências do Baptismo não podem ser reduzidas a uma festa, aos filmes e às fotos. A grande consequência do Baptismo é a vida de Cristo em nós.

Etimologicamente, «baptizar» significa «mergulhar». Pelo que baptizar significa mergulhar em Cristo e, por Cristo, no Pai na força do Espírito Santo. Por outras palavras, baptizar significa mergulhar na vida divina, na vida da Santíssima Trindade. Foi uma das incumbências que o Ressuscitado deixou à Igreja: baptizar «em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo»(Mt 28, 19).

 

  1. O Baptismo é um novo nascimento pois «ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo»(Jo 3, 3). É o próprio Jesus que, como nota S. Paulo, faz de nós filhos adoptivos de Deus (cf. Gál 4, 5). Ser filho adoptivo não é ser um filho menor. S. Paulo usa a linguagem da filiação adoptiva para distinguir a nossa filiação da filiação de Jesus. Enquanto Jesus é Filho por natureza, nós somos filhos por graça, por adopção. Mas somos verdadeiros filhos. Em suma, tornamo-nos filhos no Filho.

As águas do Baptismo representam — isto é, tornam presente — o mistério pascal de Jesus. Foi na Páscoa — na Paixão, na Morte e na Ressurreição — que Jesus nos salvou do pecado e nos garantiu a dignidade de filhos de Deus. No Baptismo, descemos com Cristo à morte e com Cristo subimos à vida. Por isso, a celebração do Baptismo, durante muitos anos, era sempre na Vigília Pascal. Sto. Agostinho, por exemplo, conta-nos a sua experiência baptismal da noite de 24 para 25 de Abril do ano 387.

 

E. Um sacramento que tem princípio, mas não tem fim

 

9. Não sendo obrigatório que o Baptismo seja na Páscoa anual, é de todo recomendável que ele ocorra na Páscoa semanal, ou seja, ao Domingo. Uma vez que é ao Domingo que a Igreja se reúne para celebrar a Ressurreição do Senhor, faz todo o sentido que seja nesse dia que se acolham os novos membros da mesma Igreja. Importa ter presente que o Baptismo tem, a par da sua dimensão cristológica, uma irrenunciável dimensão eclesiológica. Sendo a Igreja o novo Corpo de Cristo, pertencer a Cristo equivale a pertencer à Igreja. É por isso que o Baptismo não deveria ser nunca uma festa apenas da família da criança, mas a festa de todos os membros da Igreja.

Pelo Baptismo, não pertencemos somente à nossa família de sangue. Passamos a pertencer igualmente à numerosa família dos filhos de Deus. No Baptismo, toda a comunidade cristã acolhe com alegria o seu novo membro. Neste contexto, os padrinhos são os representantes da comunidade cristã para ajudar os pais na educação cristã. Os padrinhos não são somente aqueles que dão prendas; são sobretudo aqueles que testemunham a vida cristã. É por isso que os padrinhos devem ser cristãos com maturidade, já com o sacramento do Crisma e da Eucaristia e com uma vida consentânea com a fé e a missão que vão desempenhar. Se os padrinhos não são cristãos praticantes como podem ajudar a criança baptizada na prática da fé cristã?

 

  1. O Baptismo é um sacramento que tem princípio mas não tem fim. Os antigos chamavam ao Baptismo «janua sacramentorum», isto é, a porta dos sacramentos. Mas Deus não quer que fiquemos à porta. O Baptismo inaugura a iniciação cristã, que inclui a Confirmação e da Eucaristia e que se estende aos restantes sacramentos: aos sacramentos de cura (Penitência e Unção dos Enfermos) e aos sacramentos da comunhão e da missão (Ordem e Matrimónio).

Tal como festejamos o dia do nosso nascimento, seria bom que festejássemos o dia do nosso novo nascimento, no Baptismo. Cada dia de um baptizado deve ser um dia baptismal, marcado pela presença de Cristo em nós e de nós em Cristo. Cristo vive sempre de frente para nós. Não queiramos viver de costas para Cristo. Cristo permanece sempre em nós. Procuremos permanecer nós também em Cristo. Assim sendo, no Tempo Comum, havemos de ter uma vida incomum, uma vida fora do comum, enfim uma vida bela e luminosa.

 

publicado por Theosfera às 08:01

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