O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quinta-feira, 30 de Abril de 2015

De uma forma talvez simplista mas sinceramente serena, tentemos decompor muito do que se diz por estes dias.

Terá sentido que pessoas que nunca viajaram de avião sustentem uma companhia aérea?

Se o cidadão não paga por ver a SIC ou TVI, será curial que tenha de pagar para ver a RTP?

Acresce que, aqui, até paga a dobrar: através dos impostos e através da taxa da luz.

Se as outras empresas conseguem gerar receitas suficientes, porque é que esta não consegue?

E porque é que se desconfia tanto do povo? Não haverá, no meio do povo, quem tenha capacidade de tomar conta da RTP e da TAP?

O normal, em relação a qualquer empresa, é pagar pelo serviço que se pretende. Não se entende que, via impostos, obriguem muitos a custear serviços que podem nem usar.

Ainda por cima, há muita gente com pouco a custear salários de gente que já tem muito.

Acerca da greve, sempre tive certezas; agora, confesso que começo a ter dúvidas.

Sou inquestionavelmente a favor da greve porque penso tratar-se do último recurso para defender direitos.

Só que em causa estarão sempre direitos? Ou, às vezes, em causa não poderão estar privilégios?

Deixemos alguns arquétipos ideológicos de lado e olhemos para a realidade de frente.

Com serenidade e, se possível, com lucidez!

publicado por Theosfera às 11:30

Escolher é um direito da pessoa, mas a vida nem sempre nos dá tal direito.

A sabedoria oriental atesta: «Para plantar, há escolhas; para colher, apenas o que plantamos».

Colherá bem quem bem plantar!

publicado por Theosfera às 10:19

Quando se diz que a vida não tem preço, depreende-se que a vida seja o valor maior.

Mas a prática está sempre a dar-nos motivos para duvidar. 

Antoine de Saint-Exupéry já se inquietava: «Se a vida não tem preço, nós comportamo-nos sempre como se alguma coisa ultrapassasse, em valor, a vida humana. Mas o quê?»

Há quem esteja sempre a atentar contra a vida. Parece que a ambição, os interesses e o poder contam mais que a vida.

A vida é tão valiosa que, acima da vida, só mais vida. A vida doada enxerta vida em muitas vidas!

publicado por Theosfera às 10:03

Uma obra só está concluída quando se faz tudo.

É o que se extrai da máxima atribuída a S. Pio V: «Qui fecit totum, ipse perfeciet opus».

Ainda temos tanto para fazer, para fazer bem, para bem fazer!

publicado por Theosfera às 07:15

Hoje, 30 de Abril, é dia de S. Pio V, S. José Bento Cottolengo, S. Bento de Urbina, Sto. Amador, S. Donato e Sta. Maria da Encarnação.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 29 de Abril de 2015

O segredo do êxito é perseverar. E o segredo para lidar bem com a falta de êxito também é perseverar.

A perseverança é, pois, a chave de uma vida serena, reconciliada.

Não foi em vão que Jesus proclamou que quem perseverar até ao fim será salvo (cf. Mc 13, 13).

Difícil é, sem dúvida, perseverar até ao fim.

A tentação para desistir pode ser muito forte. E a força para recomeçar depois de fracassar pode faltar.

Já dizia Walter Elliot que «perseverança não é uma corrida longa, mas muitas corridas curtas, uma após outra».

Deus não (nos) falta com o Seu apoio.

Nas horas boas, Ele não está ausente. E nos momentos menos bons, ainda está mais presente!

publicado por Theosfera às 09:55

 

Hoje, 29 de Abril, é dia de Sta. Catarina de Sena (Co-padroeira da Europa) e S. Wilfrido, o Jovem.

Um santo e abençoado dia para todos!

 

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 28 de Abril de 2015
  1. O maior desafio para os cristãos é, desde sempre, o desafio da totalidade.

Jesus quer que levemos tudo a todos. Ou seja, toda a mensagem (cf. Mt 28, 20) a toda a gente (cf. Mt 28, 19).

 

 

  1. A resposta pode não vir de todos. Mas a proposta não pode deixar de chegar a todos.

A adesão pode ser parcial. Mas a oferta não pode deixar de ser total.

 

  1. Não temos faltado à obrigação de procurar chegar a todos.

Mas será que temos sabido honrar o dever de oferecer tudo?

 

  1. Onde não há totalidade, não há verdade. Uma meia-verdade não é a verdade. Três quartos de verdade continuam a não ser a verdade.

A verdade está apenas — e sempre — na totalidade. Pelo que renunciar à totalidade é o mesmo que renunciar à verdade.

 

  1. É normal que haja acentuações. E a acentuação de um aspecto acarreta, inevitavelmente, algum ofuscamento de outros aspectos. Só que uma coisa é acentuar e outra coisa, bem diferente, é excluir.

Na hora de escolher, os santos não hesitam: escolhem tudo. Assim fez Teresa de Lisieux: «Meu Deus, escolho tudo»!

 

  1. Acontece que, na era das especialidades e na cultura do fragmento, há uma tendência quase instintiva para decompor a mensagem em parcelas.

Deste modo, vão-se perdendo os liames que unem harmoniosamente todas as dimensões da fé.

 

  1. Há quem aposte na relação com Deus, mas ignore a relação com os outros.

Há quem invista na relação com os outros, mas esqueça a relação com Deus

 

  1. Há quem ponha em oposição a doutrina e a pastoral.

Há quem desvalorize a pastoral em nome da doutrina. Há quem deprecie a doutrina em prol da pastoral.

 

  1. O mal não é tanto cada um achar que está certo. O mal é sobretudo cada um decretar que os outros estão definitivamente errados.

Resultado. Os irmãos transformam-se em adversários com as intermináveis disputas entre contemplativos e activos, entre conservadores e progressistas, etc.

 

  1. Quando compreenderemos que, afinal, um só é o nosso Mestre (cf. Mt 23, 10)?

É n’Ele que está tudo o que deve ser oferecido a todos!

publicado por Theosfera às 10:39

Eleições presidenciais em dois países.

Os dois presidentes são reeleitos: um com 94, 5% e o outro com 97, 5% dos votos.

Ou os candidatos são muito populares, ou a oposição é fraca, ou a democracia está muito condicionada.

Será que estes presidentes estão muito próximos das pessoas ou será a democracia que (ainda) se mantém longe do povo?

Democracia costuma rimar com pluralidade. Não com (quase) unanimismos!

publicado por Theosfera às 09:48

Quando a terra treme, muitas vidas estremecem.

Quando a terra tremeu no Nepal, falaram em centenas de vítimas.

Mas infelizmente o número já ascende a muitos milhares. Hoje, fala-se em dez mil.

Afinal, é tudo tão frágil, mesmo quando tudo parece seguro.

Só Deus nos segura. Nas Suas (divinas) mãos!

publicado por Theosfera às 09:40

O problema das soluções surge quando pretendemos obter frutos sem cuidar das raízes.

Antoine de Saint-Exupéry notou: «Não há soluções, mas sim forças em marcha. É preciso criá-las e as soluções virão».

A meta só aparece depois do caminho.

Caminhemos, então. Com persistência e determinação!

publicado por Theosfera às 09:32

Hoje, 28 de Abril, é dia de Sta. Teodora, S. Dídimo, S. Pedro Maria Chanel, S. Luís Maria Grignion de Monfort, S. Pusquésio e Sta. Maria Luísa Trichet.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Segunda-feira, 27 de Abril de 2015

A vida não é fácil. Morrer é muito difícil.

Custa viver. Custa imenso morrer. Custa infinitamente ver morrer.

Que Deus receba os que partem. Que Deus suavize a dor dos que vêem partir!

publicado por Theosfera às 18:59

Grande mistério é a vida. Enorme mistério é a morte.

Todos aspiramos a ser grandes na vida e todos somos (bem) pequenos na morte.

Conseguimos adiá-la por muito tempo e somos capazes de vencê-la muitas vezes.

Mas à morte basta uma vitória. Quando ela vem, vence. E quando ela vence, vence para sempre.

É triste, mas é a realidade: a dura e cruel realidade.

Só Cristo vence a morte. Só em Cristo a morte não nos vencerá!

publicado por Theosfera às 11:59

Hoje, 27 de Abril, é dia de Nossa Senhora de Monserrate, Sta. Zita (padroeira das empregadas domésticas e das despenseiras) e Sto. Ântimo.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Domingo, 26 de Abril de 2015

Bom Pastor és Tu, Jesus,

que dás a vida pela ovelhas,

por cada um de nós.

 

Como é possível que, sendo Pastor,

não dês ordens, mas dês a vida?

Tu, Jesus, és diferente,

incomparável, único.

 

Tu conheces as ovelhas,

conheces cada ser humano,

tens um olhar singular para cada pessoa.

 

E pensas não só nas ovelhas que já estão no rebanho,

mas também em todas que estão dispersas.

Tu, Jesus, não dizes só para vir,

Tu és o primeiro a ir,

a ir ao encontro de todos.

 

Por isso, Jesus, és bom Pastor,

bom e belo Pastor,

porque nada há mais belo do que dar a vida.

 

Dá-nos, Jesus, pastores assim,

pastores como Tu,

capazes de dar a vida,

próximos das pessoas,

sensíveis aos problemas e ás dificuldades.

 

O amor que nos mostras,

o amor do Pai,

é admirável.

Por esse amor somos filhos do mesmo Pai.

 

Que todos escutem a Tua voz.

Que todos façam a Tua vontade.

Que todos sigam o Teu exemplo.

 

Que haja um só rebanho.

Que haja um só Pastor.

Que aumente a unidade

e cresça a comunhão

em ti, JESUS!

publicado por Theosfera às 11:16

Nem sempre o que é útil é belo. Mas o belo é sempre útil.

Tomás Sedlácek entende que «não estamos aqui para viver vidas úteis, mas vidas belas».

Acontece que, como ele mesmo alerta, a ética da nossa sociedade está muito marcada pelo egoísmo.

Um pequeno sinal, que nos passa quase despercebido: outrora, os filhos temiam ouvir um «não» dos pais; actualmente, são muitos pais que receiam ouvir um «não» dos seus filhos.

A vida está muita «egocentrada». Será possível mudar de paradigma?

Usemos mais a «vitamina C», a «vitamina Cristo».

Jesus é o paradigma de uma vida feliz, de uma vida dada, sempre doada!

publicado por Theosfera às 08:41

A. No princípio, está o Bom — e Belo — Pastor

  1. Eis como Jesus Se apresenta, hoje, diante de nós: como pastor. Todos conhecemos esta imagem, mas talvez ainda não tenhamos percebido devidamente o seu alcance. Jesus é o pastor que faz tudo para que as ovelhas estejam juntas. Por isso, arrisca deixar as 99 que estão no rebanho para ir à procura da que está perdida (cf. Lc 15, 1-7). E por essa «ovelha perdida» não tem amor menor. Se calhar, até passa a ter um amor maior. É curioso que, segundo o designado «Evangelho de Tomé», Jesus terá dito: «O Reino é semelhante a um pastor que tinha cem ovelhas. Uma delas extraviou-se e era a maior de todas. Ele deixou, então, as 99 e foi em busca daquela ovelha única até a encontrar. E, depois de a encontrar, disse-lhe: “Eu amo-te mais do que às 99"».

Não são os perdidos os mais carenciados? E os perdidos só serão recuperados através de um amor maior, de um amor total. Jesus é o pastor deste amor maior, deste amor total. Jesus é o pastor que dá a vida pelas ovelhas (cf. Jo 10, 11). Ele é o oposto do «mercenário», que «abandona as ovelhas e foge» quando o perigo espreita (cf. Jo 10, 12). Jesus conhece as Suas ovelhas e é conhecido por elas (cf. Jo 10, 14). Importa-Se com elas e faz tudo por elas. Não dá ordens, dá a vida: dá a Sua vida.

 

  1. É por isso que Jesus é «o Bom Pastor»(Jo 10, 11. 14). Ou, para ser mais rigoroso, o «Belo Pastor», como está no original. «Agathós» é a palavra grega que, habitualmente, se traduz por «bom». Mas o que está no texto é «kalós», que quer dizer «belo», embora, mais vastamente, também signifique «bom», «perfeito» e «verdadeiro».

Aliás, como nós aprendemos desde a antiguidade, o bom, o belo e o verdadeiro interagem entre si. Pelo que o bom é belo e verdadeiro, o belo é bom e verdadeiro e o verdadeiro é bom e belo. A beleza está na bondade e na verdade. A bondade está na beleza e na verdade. E a verdade está na beleza e na bondade. Dizer, pois, que Jesus é o Belo Pastor é o mesmo que dizer que Ele é o Bom Pastor e o Verdadeiro Pastor.

 

B. Ninguém tão belo como Cristo

 

3. A beleza é como uma porta que nos faz entrar no que é, autenticamente, importante. Aliás, Xavier Zubiri achava que «a beleza nunca é algo fechado». A beleza não está, primordialmente, na paisagem ou no rosto. A beleza está, antes de mais e acima de tudo, no gesto. É esta a beleza que, no dizer de Dostoiévsky, «salvará o mundo». E não foi por caso que o genial escritor russo apontou Jesus Cristo como o modelo do que é absolutamente belo. A absoluta beleza de Cristo está na Sua paixão, isto é, na Sua entrega, na Sua dádiva. Em suma, a beleza está mais presente quando mais parece ausente. À primeira vista, que beleza pode haver num corpo ferido? Mas foram essas feridas que nos salvaram (cf. Is 53, 5). Haverá beleza maior? Haverá beleza que se lhe possa comparar?

É por isso que, voltando a Dostoiévsky, «a humanidade pode viver sem ciência, pode viver sem pão, mas sem beleza não poderia viver nunca, porque não teríamos mais nada para fazer no mundo».

 

  1. Dá a impressão de que, hoje em dia, deixamos de dar a devida atenção ao belo. Em vez de tornarmos belo o que é feio, tornamos feio o que é belo. Franz Kafka reconheceu que «quem possui a faculdade de ver a beleza, não envelhece». É preciso, por conseguinte, redescobrir a beleza onde ela está e não apenas onde ela se insinua. É imperioso reencontrar a beleza no gesto, na atitude, no comportamento.

Fazem falta gestos belos, atitudes belas, comportamentos belos. Não podemos confundir simplicidade com desleixo e má educação. Um certo aprumo no falar, no vestir e no agir podem fazer toda a diferença. É preciso dar mais valor ao porte do que à pose. Na vida, precisamos não só de uma filosofia, mas também (e bastante) de uma filocalia. O amor da sabedoria surge sempre irmanado ao amor pela beleza. Daí que, como alertou Bento XVI, seja decisivo fazer coisas belas tornando as nossas vidas lugares de beleza.

 

C. O modelo dos pastores

 

5. É esta a herança que Jesus nos deixou. Ele fez da Sua vida um imenso lugar de beleza. Ele quer fazer da nossa vida um interminável lugar de beleza. Haverá coisa mais bela do que dar a vida? Jesus é o Pastor bom e belo que dá a vida pelas Suas ovelhas. E a Sua maior ambição é unir as ovelhas num só rebanho (cf. Jo 10, 16).

Compreende-se, assim, que, todos os anos, o quarto Domingo da Páscoa seja o «Domingo do Bom Pastor». Em cada ano, neste Domingo, a Liturgia propõe à nossa consideração um pedacinho do capítulo 10 do Evangelho de S. João. Ele apresenta Cristo como o Pastor-modelo e, nessa medida, como modelo de todos os pastores. À semelhança do Pastor, os pastores não hão-de procurar o seu próprio bem, mas o bem do seu rebanho.

 

  1. Neste sentido, a Primeira Leitura afirma que Jesus é o único Salvador, já que «não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos»(Act 4, 12). Somos avisados para não nos deixarmos iludir por outras figuras, por outros caminhos, por outras sugestões que nos apresentam propostas falsas de salvação. Na Segunda Leitura, somos convidados a contemplar o amor de Deus pelo homem. Porque nos ama com um «amor admirável»(1Jo 3, 1), Deus insiste em ajudar-nos a superar a nossa debilidade e fragilidade. O objectivo de Deus é integrar-nos na Sua família e tornar-nos «semelhantes» a Ele (cf. 1Jo 3, 2).

Não custa perceber, portanto, que este Domingo tenha sido escolhido para Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Toda a vida há-de ser acolhida como resposta a uma vocação. Mas, como é óbvio, pensamos especificamente nas vocações para a missão. Não só neste dia, mas sobretudo neste dia, pedimos ao Senhor que faça desabrochar pastores à imagem do Bom — e Belo — Pastor. A humanidade precisa de pastores que, como Jesus, dêem a vida; que, como Jesus, estendam a mão aos que estão fora e apoiem os que já estão dentro; que, como Jesus, conheçam cada uma das ovelhas, indo ao encontro dos seus problemas e das suas necessidades.

 

D. Os pastores devem ser «mergulhadores», não «alpinistas»

 

7. Há muitos séculos, S. Gregório Magno era bastante incisivo a este respeito: «Não sejamos sentinelas silenciosas, mas pastores solícitos que velam pelo rebanho de Cristo, pregando a doutrina de Deus ao grande e ao pequeno, ao rico e ao pobre». De facto, o pastor não pode ser um gestor. Para ser testemunha no exterior tem de deixar transformar o seu interior.

Está aqui, aliás, a maior carência e, nessa medida também, a mais gritante urgência. Diz S. Gregório: «É necessário que o pastor seja puro nos seus pensamentos, inatacável nas suas obras, discreto no silêncio, proveitoso nas palavras, compreensivo para com todos, que se entregue à contemplação, que seja companheiro dos bons de uma forma humilde, firme na justiça contra os vícios. Importa que a ocupação das coisas exteriores não diminua o cuidado com as interiores e que estas não o impeçam de ver as exteriores».

 

  1. É necessário, por isso, que as portas estejam abertas: não só as portas das igrejas, mas sobretudo as portas da vida, as portas da alma, as portas do coração. A prioridade do bom pastor não é o seu bem-estar, mas o bem-estar das ovelhas. O Bom — e Belo — Pastor nunca nos faltará com pastores segundo o Seu coração (cf. Jer 3, 15). Ser pastor segundo o coração de Cristo não é ir apenas à frente. É também, como sugere o Papa Francisco, «estar disposto a caminhar no meio ou até atrás do rebanho». O pastor está à frente para conduzir, no meio para acompanhar e atrás para proteger.

A humildade não desclassifica o pastor. Pelo contrário, requalifica-o soberanamente. As ovelhas precisam não de quem dê ordens, mas de quem dê a vida. A proposta de Jesus é um crescimento no amor e não uma subida no poder. Assim sendo, o pastor deve ser mergulhador, não alpinista. A sua preocupação deve ser mergulhar nas profundezas da existência e não «subir na vida, para ter mais poder».

 

E. Ser padre é ser pastor, não patrão

 

9. Calando ou falando, a palavra do pastor nunca pode ser sobre si: nem sobre o que foi nem sobre o que fez. Na Igreja, o padre não está no centro. O padre não pode ser o protagonista. Ele é pastor, não é patrão.

O verbo que é chamado a conjugar não é o verbo «mandar», mas o verbo «servir». Os pastores não têm vida própria. Depõem a sua vida em casa. A vida das ovelhas passa a ser a vida dos pastores.

 

  1. Peçamos ao Eterno Pastor a graça de termos pastores à Sua imagem: pastores que transmitam as Suas palavras e difundam os Seus gestos. Peçamos ao Eterno Pastor a graça do bom entendimento entre pastores e ovelhas. Que os pastores nunca faltem às ovelhas com a verdade e com o amor. E que as ovelhas nunca faltem aos pastores com a oração e a comunhão.

Se ninguém estiver longe de Cristo, estaremos todos, pastores e fiéis leigos, próximos uns dos outros. Quem a Cristo não diz «não», a todos saberá dizer «sim»!

 

publicado por Theosfera às 08:00

O homem é um peregrino da felicidade.

Ao procurá-la, bate a todas as portas e recorre a todos os meios.

Jonh Locke até achava que «a necessidade de procurar a verdadeira felicidade é o fundamento da nossa liberdade».

Faço notar o adjectivo «verdadeira».

É que, muitas vezes, o que nos parece felicidade não passa de aparência. E aparências de felicidade são parteiras de infelicidade.

O equívoco está na base: queremos a nossa felicidade. E como somos insaciáveis, nunca estamos satisfeitos.

Importante não é ser feliz, é fazer os outros felizes. Fazendo os outros felizes, seremos felizes.

Haverá maior felicidade do que acender a chama da felicidade em alguém?

Imitemos Jesus, que, esquecido de Si, dá a vida (toda a vida) por nós!

publicado por Theosfera às 07:56

«Tob» é um adjectivo da língua hebraica que aparece na Bíblia (no Antigo Testamento, surge por 741 vezes) para descrever a realidade do mundo.

 

É uma palavra que combina a beleza e o bem.

 

Portanto, «tob» refere-se, antes de mais, a Deus.

 

O equivalente grego de «tob» é «kalós», que significa belo e, nessa medida, bom.

 

O Evangelho de S. João faz Jesus aplicar «kalós» a Jesus como Pastor.

 

A tradução optou por apresentar Jesus como «bom Pastor». Mas podia (e devia) descrevê-lo também como «belo Pastor».

 

A beleza está na bondade. A bondade está na beleza.
publicado por Theosfera às 07:13

Hoje, 26 de Abril (Quarto Domingo da Páscoa e Dia do Bom Pastor), é dia de Nossa Senhora, Mãe do Bom Conselho, Sto. Anacleto, S. Marcelino, S. Pedro de Rates, S. Pascásio, S. Basílio de Amaseia, S. Gregório e S. Domingos (Pregadores).

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sábado, 25 de Abril de 2015

1. A liberdade é um tema essencialmente bíblico e marcadamente cristão.

Cristo é o paradigma da liberdade porque é o paradigma da verdade. Só na verdade há liberdade (cf. Jo 8, 32)

 

2. Uma vida de mentira não é uma vida livre. Pelo contrário, é uma vida oprimida e opressora.

Jesus pagou um alto preço por causa do Seu compromisso com a verdade. Nunca seguiu a corrente. Nunca pactuou com interesses. Era verdadeiro. Era livre.

 

3. Em nome de Cristo, a Igreja nunca se pode calar quando a liberdade está em risco.

A Igreja nunca pode estar do lado dos opressores. E o silêncio, como é óbvio, pode ser interpretado como conivência com os opressores.

A liberdade está ameaçada quando os direitos não são respeitados e quando as injustiças são promovidas.

 

4. Não havia liberdade em Portugal antes do 25 de Abril. Mas será que, hoje, há liberdade?

Haverá liberdade quando uma parte significativa da população é impedida de aceder ao trabalho, à saúde e à educação? Haverá liberdade quando o delito de opinião dá sinais de ter regressado, quando uma pessoa é estigmatizada por assumir o que pensa e por dizer o que sente?

Não será, por isso, altura de, também em Portugal, libertar a liberdade?

 

5. Em nome de Cristo, a Igreja não se pode limitar a dar o pão aos famintos. Tem de ser também a voz dos espezinhados, dos explorados.

A Igreja não pode ter medo das reacções. Só há reacção perante uma acção. Antes a crítica por causa da intervenção corajosa do que a censura por causa do silêncio cúmplice.

 

6. Em nome de Cristo, a Igreja não pode pairar sobre a vida. Tem de aterrar na vida. Na vida das pessoas, especialmente das pessoas pobres.

Na hora que passa, a Igreja tem o dever de ajudar a reconduzir a liberdade ao seu ambiente natural.

 

7. É preciso recolocar a liberdade na verdade, na justiça e no desenvolvimento.

Necessitamos de liberdade para procurarmos a verdade. E necessitamos da verdade para crescermos em liberdade. Sem liberdade não há verdade. Sem verdade não há liberdade.

 

8. Ajustiça é, porventura, o domínio onde mais temos falhado. Falo da justiça processual e sobretudo da justiça existencial.

Hoje em dia, Portugal é um país muito injusto. As assimetrias entre o litoral e o interior são mais que muitas. O desnível entre classes é aflitivo. A disparidade de salários é chocante. Um país injusto é um país livre?

 

9. O desenvolvimento é visto numa perspectiva prioritariamente física, estrutural. Há, de facto, obra feita: estradas, edifícios, serviços.

É importante, mas não basta. É imperioso apostar nas pessoas, na sua qualificação.

 

10. O 25 de Abril não está concluído. É preciso que todos peguemos nele.

O ideal de Abril é belo, é cristão. Não o deixemos amordaçar. Nem adiar.

publicado por Theosfera às 01:50

Indispensável é a liberdade.

Sem ela, não conseguimos viver. Sem ela, somos escravizados.

Sofremos muito com a ausência de liberdade. Mas não deixamos de penar pelos excessos da liberdade.

Porque os excessos acabam por se assemelhar às ausências: ambos fazem vítimas.

A liberdade não pode ficar «solteira». Ela tem de se «casar» com a responsabilidade.

O «filho» deste «casamento» é essencial para a convivência: o respeito!

publicado por Theosfera às 00:57

Hoje, 25 de Abril (feriado comemorativo da Instauração da Democracia), é dia de S. Marcos, Evangelista, Sto. Estêvão de Antioquia e S. Pedro de S. José Betancourt.

Refira-se que S. Marcos é considerado padroeiro dos vidraceiros e notários, e invocado contra a sarna.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sexta-feira, 24 de Abril de 2015

Há ideias que não são convertíveis em palavras. Há palavras que não veiculam qualquer ideia.

É pesaroso não encontrar palavras para as ideias. Mas pior é debitar palavras sem ideias.

Nesse caso, vale o conselho de Goethe: «Quando te falta uma ideia, não a substituas por palavras».

Demos descanso às palavras enquanto procuramos as ideias!

publicado por Theosfera às 21:19

Entre ser e parecer, a opção é óbvia, mas o caminho não é fácil.

Óscar Wilde observou: «Há momentos em que é preciso escolher entre viver a sua própria vida plenamente, inteiramente, completamente, ou assumir a existência degradante, ignóbil e falsa que o mundo, na sua hipocrisia, nos impõe».

Só a autenticidade é o adorno de uma vida limpa!

publicado por Theosfera às 11:12

O mal é maior do que pensamos. Mas o bem também é infinitamente superior ao que imaginamos.

La Rochefoucauld dizia que «há um excesso de bens e de males que ultrapassa a nossa sensibilidade».

Está nas nossas mãos contribuir para que a bondade afogue e apague toda a maldade.

Difícil? Sem dúvida. Mas não nos derreemos diante das dificuldades.

A bondade tem uma força que nenhuma maldade consegue vencer!

publicado por Theosfera às 10:25

A emigração é, quase sempre, encarada como uma viagem da realidade para o sonho.

Mas, muitas vezes, ela converte-se numa viragem do sonho para o pesadelo.

As águas do Mediterrâneo, se pudessem falar, teriam muito que contar. Mas haveria quem as escutasse?

Os ouvidos dos grandes parecem ser bem pequenos. E pouco sensíveis!

publicado por Theosfera às 10:11

Hoje, 24 de Abril, é dia de S. Fiel de Sigmaringa, S. Gregório de Elvira, Sta. Maria de Santa Eufrásia Pelletier, S. Bento Menni e Conversão de Sto. Agostinho.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 23 de Abril de 2015

A força é importante, mas a vontade é mais necessária.

Sem vontade, a força, só por si, não nos leva longe.

La Rochefoucauld notou: «Temos mais força do que vontade e é por isso mesmo que nos desculpamos imaginando que as coisas são impossíveis de atingir».

A força da vontade consegue mais que a mera vontade da força.

Fortaleçamos a nossa vontade e respeitemos a vontade dos outros!

publicado por Theosfera às 10:44

«Quando se gosta da vida, gosta-se do passado, porque ele é o presente tal como sobreviveu na memória humana».

Marguerite Yourcenar tem razão: a vida é para aceitar por inteiro e o passado, como parte da vida, é para acolher com serenidade!

publicado por Theosfera às 10:37

A coragem não se vê no que se diz, mas no que se faz.

Lamartine reparou: «A coragem é a primeira das eloquências, é a eloquência do carácter».

É pelo carácter que conhecemos e somos conhecidos. 

O panorama não é animador. Mas não desistamos de alimentar a vida com a nobreza do carácter!

publicado por Theosfera às 10:18

Achava Balzac que «os costumes são a hipocrisia de uma nação».

Depende.

Se os costumes forem apenas seguidos em público ou somente para parecer bem, não é bom.

Mas, em si mesmos, os bons costumes nunca fazem mal!

publicado por Theosfera às 10:14

Encontrar defeitos é fácil. Difícil (mas muito mais importante) é encontrar soluções.

Henry Ford recomenda: «Não encontre defeitos, encontre soluções. Qualquer um sabe queixar-se». Quem sabe (ajudar a) resolver?

publicado por Theosfera às 10:09

Mons. Eduardo António Russo foi um homem de dedicação extrema e generosidade ilimitada.

 

Quanto aos problemas, a sua grande preocupação era: evitá-los, enfrentá-los e resolvê-los.

 

Procurou sempre amortecer ânimos mais exaltados.

 

Apesar da idade, nunca regateou esforços, trabalhando até ao último dia e entregando-se até ao derradeiro instante.

 

No trato com os sacerdotes era afável, recto e verdadeiro. Teve como objectivo prioritário ajudá-los na sua acção pastoral e auxiliá-los nas mais diversas questões que lhes surgiam.

 

Devoto de Nossa Senhora dos Remédios, foi d’Ela um fiel servidor. O serviço como Juiz da Irmandade entusiasmava-o e mobilizava-o por dentro e por fora.

 

Morreu há oito anos.

 

Mantinha um bom relacionamento com toda a gente. Era de Soutelo por nascimento, tornou-se lamecense por adopção.

 

Sentiremos muito a sua falta. Sentiremos sempre a sua intercessão.

publicado por Theosfera às 00:41

Hoje, 23 de Abril, é dia de Sto. Adalberto, Sto. Egídio de Assis, Sta. Helena de Údine, S. Jorge, Sta. Teresa Maria da Cruz e Sta. Maria Gabriela Sagheddu.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 22 de Abril de 2015

A fé atrai a oração. A oração atrai a fé.

A fé é o alicerce da oração. A oração é o alimento da fé.

Quem tem fé ora. E quem ora terá fé?

Fernando Pessoa recomendava a oração, mesmo para quem não tem fé.

Segundo ele, «não é preciso acreditar em Deus para rezar».

Eu diria que, para orar, basta deixar que Deus nos habite. A escuta fará o resto.

Quem se habitua a escutar não se esquecerá de responder!

publicado por Theosfera às 10:56

Nem sempre a civilização é marcada por comportamentos civilizados.

Pelo contrário, na civilização há comportamentos cada vez menos civilizados.

Nem sempre, na civilização, sabemos conviver ou aceitar.

Olhamos para a civilização como um percurso concluído ou um corpo uniforme. Olhamos para a civilização a partir do pensamento dominante.

Fernando Pessoa percebeu que «a civilização é um desenvolvimento de contrastes».

Será impossível ser também uma conjugação de diferenças?

publicado por Theosfera às 10:45

Hoje, 22 de Abril, é dia de Sta. Senhorinha, S. Sotero, S. Caio, S. Leónidas, Sto. Hugo de Grenoble e Nossa Senhora, Mãe da Companhia de Jesus.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 21 de Abril de 2015

Sedutor pode ser trabalhar no palco. Mas importante é trabalhar para o alto.

Trabalhemos não para ser aplaudidos pelos homens, mas para sermos acolhidos por Deus.

Afinal, as coisas do alto (cf. Col 3, 1) são as que mais nos ajudam cá em baixo.

As luzes do alto iluminam mais que os holofotes do palco!

publicado por Theosfera às 11:27

Grande pessoa (e não apenas escritor) foi Pessoa.

Fernando Pessoa deixou-nos, em cada tecido que compõe a sua prolífica obra, tesouros que, além de preciosidades, são autênticos abanões.

Não foge de nada, excepto do lugar-comum. O seu pensar é verdadeiramente incomum.

Mesmo quando não sabemos que dizer perante o que ele diz, fica o convite para pensar. O seu percurso foi singularíssimo. Daí os seus conselhos: «Não faças o que os outros fazem, porque o fazem, nem o que os outros não fazem, porque não fazem. Faz o que for mais difícil».

Não espanta que tenha recomendado: «Sabe iludir-te, sabendo-o. Não chores porque o choro de nada serve; nem rias, porque o riso nada esconde. Sabe ignorar-te, mas não esqueças de que te ignoras. E nunca ensines a ninguém a tua consciência da vida».

Prosseguindo: «Não fales muito alto nem sintas muito alto. Não penses demais porque a compreensão da eternidade é a antecâmara da dor».

Ninguém porá em causa a aguda pertinência deste imperativo: «Nunca fales de ti. Guarda ao teu ser o teu segredo. Se o abrires, nunca o poderás fechar»!

publicado por Theosfera às 11:00

 

  1. Fé e religião são seguramente confinantes. Mas nem sempre serão mutuamente convertíveis.

Há quem opte por uma fé longe da religião. E haverá quem persista numa religiosidade longe da fé.

 

  1. Há quem se considere crente sem dar sinais de ser religioso.

E não faltará quem se considere religioso sem dar sinais de ser crente.

 

  1. Nem toda a pertença é garantia de crença. E nem toda a crença será garantia de pertença.

É difícil tipificar as situações de «pertença sem crença». Mas é inquestionável que os casos de «crença sem pertença» estão a aumentar.

 

  1. O desencanto pelas religiões é um dado a ter em conta.

E a tendência para a «individualização do crer», de que fala Marcel Gauchet, é outro factor a ter em mente.

 

  1. Neste contexto, como enquadrar os «cristãos sem Cristianismo»?

Já houve quem, como Dietrich Bonhoeffer, intentasse uma «interpretação não-religiosa» do Cristianismo. E Marcel Gauchet foi ao ponto de o apresentar como «a religião da saída da religião».

 

  1. Para muitos, seguir Jesus Cristo não passa necessariamente pelo Cristianismo. Aliás, há até os que, na linha de Gandhi, diferenciam Cristo do Cristianismo.

É frequente encontrar quem pretenda validar uma conduta cristã à margem da religião cristã.

 

  1. Edward Schillebeeckx sinalizou a emergência de um «Cristianismo implícito».

De facto, há pessoas que, não professando a fé cristã, adoptam os valores por ela veiculados.

 

  1. É uma visão aparentada com a conhecida — e muito discutida — tese do «Cristianismo anónimo», de Karl Rahner.

Outras tradições religiosas podem acolher, segundo Xavier Zubiri, uma espécie de «Cristianismo germinal».

 

  1. Cristo está presente na vida dos cristãos. Mas não está ausente da vida dos outros crentes. E nem sequer está distante da vida de quem não é crente.

    Basta reparar na resposta que Oskar Pfiser deu a Sigmund Freud quando este lhe perguntou se um cristão podia conviver com um ateu: «Quando penso que o senhor é muito melhor do que a sua falta de fé e que eu sou muito pior do que a minha fé, o abismo entre nós não pode ser assim tão terrível».

 

  1. Conhecer a mensagem é fundamental. Vivê-la é decisivo.

E se Jesus censura o comportamento dos que dizem e não fazem (cf. Mt 23, 3), como não há-de aplaudir a atitude dos que fazem, embora não o digam?

publicado por Theosfera às 10:21

É possível que Antoine de Saint-Exupéry tenha exagerado quando escreveu: «Cada um é responsável por todos. Cada um é o único responsável. Cada um é o único responsável por todos».

Não iria tão longe.

As responsabilidades por todos não estarão unicamente em um.

Mas aquilo que cada um pode fazer é único. E intransmissível!

publicado por Theosfera às 09:37

É muito provável que Etty Hillesum tenha razão: «A grandeza do homem está naquilo que lhe resta precisamente quando tudo o que lhe dava algum brilho exterior se apaga».

O maior brilho é o que reluz na escuridão!

publicado por Theosfera às 09:30

Hoje, 21 de Abril, é dia de Sto. Anselmo de Aosta, S. Conrado de Parzham e S. Maximiano de Constantinopla.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Segunda-feira, 20 de Abril de 2015

 

Confesso que nunca tinha visto as coisas deste modo, mas a análise de Alexis Periscinoto é, no mínimo, insinuante: «A primeira ferramenta de marketing na história do mundo foi o sino e era a melhor. Quando ele tocava, não só atingia 90% dos habitantes de uma cidade, mas mudava o seu comportamento pessoal. Quando todas as casas eram baixas, os cristãos construíam igrejas com torres seis vezes maiores. Isso permitia o reconhecimento imediato da igreja: está ali».

O logótipo é um símbolo usado para garantir que uma marca seja facilmente reconhecível. «A dos cristãos é a melhor: a Cruz. Este logótipo foi sempre colocado sobre o ponto mais alto e visível das igrejas. Ninguém poderia confundir: aquela era a Igreja!».

O que é uma procissão religiosa? «Para uma cidade, ou mesmo para um bairro de uma cidade grande, nada é mais promocional do que uma procissão, por exemplo, em honra de Nossa Senhora. Quando nós, especialistas em marketing, organizamos um evento promocional, usamos muito do que a Igreja inventou. Nós desfraldamos bandeiras e insígnias, nós vestimos os nossos representantes com trajes especiais de modo que eles possam ser facilmente reconhecidos. Procuramos criar uma mística comercial. Mas a nossa mística nunca será tão rica como a dos cristãos».

 

publicado por Theosfera às 15:39

Há palavras que parece só existirem no dicionário. E há palavras que não precisam de dicionário. Estão disseminadas pela vida.

Algumas estilhaçam vidas e devoram sonhos.

Se, ao menos, fossem apenas palavras. O problema da palavra «cancro» é que não é apenas uma palavra.

Qual é a casa onde ele não entra? Qual é a vida sobre a qual não paira?

Mas tenhamos esperança. Um dia, oxalá próximo, a vitória há-de acontecer!

publicado por Theosfera às 09:29

Ser compreensível não é necessariamente sinal de ser verdadeiro ou melhor.

Pascal avisa que «tudo o que é incompreensível, nem por isso deixa de existir».

Talvez seja hora de perceber que o melhor é aquilo que não compreendemos.

Aquilo que compreendemos, afinal, é tão pouco. E, por vezes, tão enganador!

publicado por Theosfera às 09:16

Hoje, 20 de Abril, é dia de Sta. Inês de Montepulciano, S. Marcelino de Embrun e Sta. Oda.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Domingo, 19 de Abril de 2015

Obrigado, Senhor,

por, também hoje, Te apresentares no meio de nós,

por, também hoje, nos ajudares a vencer as nossas perturbações.

 

Obrigado, Senhor, pela paz que nos dás,

pela paz que és Tu,

pela paz que chega ao mundo inteiro.

 

A Páscoa está no tempo

para que esteja na vida,

na vida de cada um,

na vida de todos.

 

Como há dois mil anos,

Tu, Senhor, comes connosco.

Tu és o nosso pão,

o alimento da nossa vida.

 

Tu, Senhor, continuas a abrir os nossos corações,

a purificar a nossa existência,

a transformar o nosso caminhar.

 

Tu és, Senhor,

o sol que ilumina,

a chuva que fecunda,

o vento que sopra.

 

Tu és o Deus das novas oportunidades.

Mesmo quando pecamos, Tu és o perdão.

Por isso nos convidas ao arrependimento,

à mudança, à conversão.

 

Continua, Senhor, a transformar a nossa vida.

Que nós nunca Te esqueçamos,

que nunca esqueçamos de Te anunciar,

JESUS!

publicado por Theosfera às 11:22

A. Tudo começa na estrada

  1. Onde conhecemos Jesus, hoje? Onde podemos reconhecer Jesus em cada hoje? «Ao partir do pão»(Lc 24, 35). Na verdade, foi ao partir do pão que Jesus Se deu a conhecer há dois mil anos. É ao partir do pão que Jesus Se continua a dar a conhecer hoje. É este, por conseguinte, o mistério da Igreja e o mistério da fé da Igreja que testemunhamos em cada Eucaristia: «Anunciamos, Senhor, a Vossa morte, proclamamos a Vossa Ressurreição». E o Senhor, morto e ressuscitado, continua a vir, como veio naquele tempo e como há-de vir no fim dos tempos.

É por isso que não pode haver Igreja sem Eucaristia nem cristãos sem Domingo. É para a Eucaristia que caminha a missão e é da Eucaristia que nasce a missão. A missão consiste, fundamentalmente, em ir do caminho para a mesa e em voltar da mesa para o caminho. O mesmo Jesus que nos manda para a missão (cf. Mt 28, 16-20) também nos manda partir o pão em Sua memória (cf. 1Cor 11, 24).

 

  1. Não é em vão, aliás, que o fim da Missa consiste num convite para a Missão. O «ide» do celebrante não é uma despedida, mas um envio. De resto, já o «ide» de Jesus (cf. Mt 28, 19) era um envio, não uma despedida. Ele teve o cuidado de assegurar a Sua presença no meio dos discípulos até ao fim dos tempos (cf. Mt 28, 20). O que envia está sempre no meio dos Seus enviados.

A esta luz, o episódio dos discípulos de Emaús é um precioso tratado de pastoral que se pode sintetizar da seguinte maneira: tudo começa na estrada, tudo se revela em casa e tudo regressa ao caminho. Acabamos de ouvir como estes discípulos «contaram o que tinha acontecido no caminho e como Jesus Se lhes deu a conhecer ao partir do pão»(Lc 24, 35).

 

B. Jesus em Emaús

 

3. De facto, a missão tem início na estrada: na estrada de Emaús e nas estradas da vida. É aí, nas estradas, que ocorre o encontro (cf. Lc 24, 13-27). A missão prossegue em casa. É aí que o velado se desvela e o que era desconhecido se torna reconhecido (cf. Lc 24, 28-32). E é assim que a missão regressa a todos os caminhos para reentrar em todas as vidas. É aí que anunciamos Aquele que encontramos e reconhecemos (cf. Lc 24, 33-35).

É possível que, no início, encontremos nas estradas muitos como aqueles dois a caminho de Emaús: entristecidos, amedrontados (cf. Lc 24, 17). Não só para esses, mas sobretudo para esses, a missão é alento, alimento e remédio para vencer o desalento.

 

  1. Temos de fazer como Jesus. Primeiro, sair. Depois, entrar. E, de novo, voltar a sair. Hoje, porventura mais do que nunca, necessitamos de uma Igreja em saída, de uma Igreja em viagem, de uma Igreja em peregrinação por todos os lugares e por todas as vidas. É na viagem da vida que sentimos necessidade de uma Igreja que convide, de uma Igreja que acolha e, como corolário, de uma Igreja que envie e se sinta enviada.

Os discípulos de Emaús são, portanto, um retrato de nós mesmos. Como eles, também nós somos seres abatidos, caminhando pela estrada, a caminho de casa, no ocaso do dia. Também as nossas expectativas parecem esvaziadas e as esperanças caídas.

 

C. Aquele que caminha sempre connosco

 

5. Só que nas estradas da vida surgem muitas surpresas. É nestas estradas que surge o Jesus que nós, à primeira, não reconhecemos nem acolhemos. Jesus, que é o caminho (cf. Jo 14, 6), nunca deixa de Se aproximar de nós e de caminhar connosco (cf. Lc 24, 15). Jesus é o Deus próximo e o Deus peregrino. Ele é o nosso caminho e a luz que guia os nossos passos em todos os caminhos. É Ele que toma a iniciativa de vir ao nosso encontro.

Jesus caminha sempre connosco: não apenas por alguns momentos, mas durante toda a vida. O problema é que os nossos olhos estão como os olhos dos discípulos de Emaús. Tantas vezes, não reconhecemos Aquele que até somos capazes de conhecer. Conhecemos Jesus em Si, mas nem sempre O reconhecemos quando Ele vem até nós. É que Jesus vem de uma forma desconcertante. Jesus mete conversa nos nossos caminhos na pessoa dos pobres, dos pequenos e dos simples. Tudo o que fazemos a eles é o que fazemos a Ele (cf. Mt 25, 40). Ninguém diga, pois, que não vê Jesus, que não encontra Jesus. Ele está sempre a vir. Em cada pessoa, está a pessoa de Jesus.

 

  1. Estejamos atentos, já que, quando menos esperamos, surge o Jesus irreconhecido, o Jesus que quase nunca reconhecemos. É Ele que nos faz arder o coração (cf. Lc. 24, 32). É Ele que nos devolve ao caminho e nos recoloca na missão. Sem Jesus, a missão não tem sentido, é esforço vazio. Podemos conhecer as coisas, mas não o seu verdadeiro significado. Os discípulos de Emaús sabiam o que tinha acontecido nos últimos dias (cf. Lc 24, 18), mas só Jesus revela o Seu autêntico — e definitivo — alcance (cf. Lc 24, 25-27). Até o convite para entrar em casa é — subtilmente — provocado por Jesus. Com efeito, Jesus faz menção de continuar a caminhar (cf. Lc 24, 28) como que a suscitar o convite: «Fica connosco»(Lc 24, 29).

Esta, no fundo, é a vontade de Jesus: ficar connosco. Até porque, sem Jesus, vem a noite e a escuridão (cf. Lc 24, 29). Só Jesus é luz, só Jesus acende a luz para que volte a amanhecer um novo dia na nossa vida. Quando Jesus entra na nossa vida, tudo é diferente, tudo é novo, tudo é claro. Os olhos abrem-se e o coração arde (cf. Lc 24, 31-32). É Jesus que abre os nossos olhos, é Jesus que faz arder o nosso coração.

 

D. É preciso meter as mãos nas feridas

 

7. Os discípulos, apesar da noite, voltam de Emaús para Jerusalém (cf. Lc 24, 33). Não são os 12 quilómetros que os inibem. Quem tem os olhos abertos e um coração a arder é capaz de enfrentar qualquer obstáculo. Quando a missão acontece, o próprio Jesus (re)aparece. Naquela noite, em Jerusalém, com os discípulos regressados de Emaús, Jesus apresenta-Se de novo no meio da comunidade com o dom da paz (cf. Lc 24, 36).

Entre o espanto e o medo, chegaram a confundir Jesus com um espírito (cf. Lc 24, 37). Hoje em dia, também entre o espanto e o medo, não falta quem confunda alguns espíritos com Jesus. Mas Jesus desfaz todos os medos, pelo que, como cantava Sta. Teresa, não há razão para estarmos perturbados. Jesus pede aos discípulos que olhem para Ele e O toquem (cf. Lc 24, 39). Pede que fixem a atenção nas Suas mãos e nos Seus pés, que contêm as marcas da paixão e da morte.

 

  1. A Ressurreição não é a mera sobrevivência da «causa de Jesus». É Ele próprio que está vivo, transformado. A Ressurreição não é uma ilusão, mas uma transformação. Jesus como que nos diz que este é o momento de tocar nas Suas feridas, nas Suas feridas espalhadas em tantas feridas. A Ressurreição não é para quem evita as feridas, mas para quem mete as mãos em todas as feridas.

Jesus ressuscitado não está ausente nem sequer distante, longe do mundo em que os discípulos continuam a caminhar. Jesus continua, pelo tempo fora, a sentar-Se à mesa com os discípulos, a estabelecer laços de familiaridade e de comunhão com eles, a partilhar os seus sonhos, as suas lutas, as suas esperanças, as suas dificuldades, os seus sofrimentos. Naquela noite, Jesus pede «alguma coisa para comer»(lc 24, 41). Em cada dia, é Jesus quem Se nos dá a comer: é Ele o nosso alimento.

 

E. Até ao último entardecer, nenhum dia se pode perder

 

9. É na refeição que Jesus ressuscitado revela aos discípulos o sentido profundo das Escrituras. A Escritura não só encontra em Jesus o seu cumprimento como também o seu intérprete. É à volta de Jesus ressuscitado que a Igreja se deve reunir para escutar a Palavra que sustenta e para comer o Pão que alimenta. É preciso estar atento e disponível: atento para acolher e disponível para anunciar. Os discípulos, alimentados pela Palavra, recebem de Jesus a missão de dar testemunho diante de «todas as nações»(Lc 24, 47).

Nós estamos no mundo para anunciar a morte e a ressurreição de Jesus. Tal como os discípulos da primeira hora, também nós somos chamados a ser testemunhas em todas as horas (cf. Lc 24, 48): a ser testemunhas dos acontecimentos de Jesus e a ser testemunhas da pessoa de Jesus.

 

  1. A finalidade da missão é pregar o «arrependimento» e o «perdão dos pecados» (cf. Lc 24, 47): em toda a parte e a toda a gente. Eis a síntese da nossa missão: propor uma transformação da vida, uma transformação da vida de cada pessoa e uma transformação da vida do mundo. Ninguém pense que não precisa de se transformar. Ninguém pense que já está totalmente transformado. Que ninguém se acomode nem se aquiete. A missão é para incomodar e para, sadiamente, inquietar. Só no fim é que podemos descansar.

Como refere D. António Couto, em Emaús há uma igreja com um belo e significativo poema, que reza assim: «Todos os dias/ Te encontramos/ no caminho./ Mas muitos reconhecer-Te-ão/ apenas/ quando/ repartires connosco/ o Teu pão./ Quem sabe?/ Talvez/ no último entardecer». Vamos, então, sair de novo em missão. Nenhum dia se pode perder até que chegue esse «último entardecer»!

 

publicado por Theosfera às 08:55

Achava Edward Gibbon que «todo o homem recebe duas espécies de educação: a que lhe é dada pelos outros, e, muito mais importante, a que ele dá a si mesmo».

O panorama não é animador nestes dois planos. Os factos não depõem muito favoravelmente.

Há, porém, que ser optimista. Temos muito potencial à nossa frente.

Saibamos educar. Saibamos educar-nos!

publicado por Theosfera às 08:54

Matar é mal, terrível mal. Infelizmente, está a tornar-se banal.

Mais um atentado no Afeganistão com 33 mortos.

Nenhuma manchete, porém. Apenas uma notícia no canto de um jornal.

Alguém consegue ser tão desumano como o homem?

Quando chegará a primavera da esperança a esta terra que esfria no inverno do terror?

publicado por Theosfera às 08:37

Quem cala nem sempre consente.
Apenas opta por guardar para si o que sente!

publicado por Theosfera às 08:13

Bento XVI foi eleito Papa há dez anos.

Ele foi o timoneiro visível de uma barca que, como diziam os antigos, vacila mas não cai.

Porquê? Porque, repetiam os mesmos escritores de antanho, o seu piloto é Cristo e o seu mastro é a Cruz.

Bento XVI continua connosco. Obrigado pelo seu testemunho, Santo Padre!

publicado por Theosfera às 00:11

Hoje, 19 de Abril (terceiro Domingo da Páscoa, inauguração da semana de oração pelas vocações e décimo aniversário da eleição do Papa Bento XVI), é dia de S. Leão IX, S. Vicente Colibre, Sta. Ema, Sto. Hermógenes, S. Caio e Sto. Expedito.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sábado, 18 de Abril de 2015

Há menos episódios de violência, mas a sociedade está mais violenta.

Parece uma contradição, mas é a verdade.

Um é o dado que resulta dos estudos. Outro é o panorama que ressalta da percepção.

Todos achamos que a sociedade está mais violenta porque a violência, além de existir, é exaustivamente mostrada.

A violência até terá menos cultores, mas tem muitos mais espectadores. E isso faz toda a diferença.

Outrora, o homicídio na aldeia era comentado, lamentado e chorado na aldeia. Hoje, o homícidio na aldeia não ocorre na aldeia, ocorre no país.

Que diríamos de uma altercação entre dois grupos rivais numa procissão de que brotaram seis mortos? Ou de uma manifestação sobre a qual se abriu fogo, matando 15 pessoas?

Tudo isto aconteceu entre finais do século XIX e inícios do século XX em locais pequenos.

É claro que uma vida que se tira já é uma tragédia enorme. E o que deveria ser estudado era a possível ligação entre as ocorrências e a sua excessiva exibição.

Será que, em espíritos mais perturbados, certas notícias não poderão acelerar uma predisposição para o pior?

E se todos nós somos espectadores destes tristes fenómenos, não poderemos ser seus opositores?

Se a violência é uma evidência social, pôr-lhe cobro não poderá ser uma responsabilidade colectiva?

publicado por Theosfera às 13:09

Não está fácil a vida de muitos cristãos.

Eis o que tem saltado à vista. Ou são perseguidos e eliminados. Ou, em nome de uma presumida tolerância, são incompreendidos e hostilizados.

O cardeal Francis George, ontem falecido, entreviu uma sequência preocupante: «Eu espero morrer na cama, o meu sucessor morrerá na prisão, e o seu sucessor morrerá como mártir numa praça pública».

Se somos irmãos, como não perceber que qualquer agressão a um ser humano constitui uma ofensa ao Pai de todos?

publicado por Theosfera às 11:37

Hoje, 18 de Abril, é dia de S. Perfeito, Sta. Maria da Encarnação, S. Tiago de Oldo e Sta. Sabina Petrilli.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sexta-feira, 17 de Abril de 2015

Não é fácil, na tormenta, encontrar um rumo.

É muito difícil, na obscuridade, divisar uma luz.

Por cada coisa que se sabe, aparece outra coisa que a contradiz. E, deste modo, não sabemos a que saber aderir: se ao saber que sabíamos, se ao saber que contradiz o que julgávamos saber.

Sócrates alertava: «Quanto mais sei, mais sei que nada sei». E o nosso Francisco Sanches ia mesmo mais longe: «Nem sei se não sei».

Só uma luz ilumina verdadeiramente: a luz de Deus (cf. Sal 36, 10). Deixemo-nos iluminar!

publicado por Theosfera às 11:41

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