O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Domingo, 30 de Novembro de 2014

A. Com o tempo que vem, Deus vem também

  1. Depois de um Ano Litúrgico, outro Ano Litúrgico. Como sucede com o ano civil, também o Ano Litúrgico tem princípio e fim. Há uma semana, assinalávamos, com a solenidade de Cristo Rei, o último Domingo do Ano Litúrgico. Hoje, Primeiro Domingo do Advento, damos início a um novo Ano Litúrgico. É o chamado Ano B, cujo evangelista dominante é S. Marcos.

É assim na vida, é assim na fé: cada tempo gera tempo pelo que, atrás de tempo, tempo vem. E com o tempo que vem, o Deus do tempo também vem. Deus vem ao nosso mundo, Deus vem à nossa história, Deus vem à nossa vida. Em suma, Deus nunca deixa de vir. É por isso que o Advento não foi só no passado nem será só no futuro. O Advento também é presente, o Advento é sempre presente. Deus veio (no passado), Deus virá (no futuro) e Deus vem (no presente e como presente em cada presente)!

 

  1. Advento é vinda e, nessa medida, preparação para a vinda. Se Deus está sempre a vir, então estamos sempre em Advento. Trata-se do Advento mais imediato embora talvez seja também — e para nosso pesar — o mais ignorado. Preparamo-nos, entretanto, para celebrar o primeiro Advento, que nunca deixa de estar próximo, e vamo-nos preparando para o último — e definitivo — Advento, do qual já estivemos mais distantes.

Em síntese, podemos falar de três Adventos: o primeiro foi o nascimento de Jesus há dois mil anos; o último será a segunda vinda de Jesus, no fim dos tempos; e o terceiro é aquele que está sempre a acontecer.

 

B. Não celebramos episodicamente um ausente;

celebramos continuamente uma presença

 

Assim sendo, nem só no Advento é Advento. Advento é vinda e Deus está sempre a vir até nós. Do mesmo modo, nem só no Natal é Natal. Natal é nascimento e Deus está sempre a (re)nascer em nós. Que seja, pois, Advento para lá do Advento e que seja Natal para lá do Natal. Que seja sempre Advento e que seja sempre Natal. Mas, já agora, que seja Advento também no Advento e que possa ser Natal também no Natal. Vamos procurar encontrar o Advento neste Advento e vamos procurar reencontrar o Natal neste Natal. Para que nunca deixe de ser Advento e para que possa ser sempre Natal.

É que nós não evocamos episodicamente um ausente; nós celebramos continuamente uma presença. E, hoje, Jesus não está menos vivo do que esteve há dois mil anos. Hoje, Jesus continua a estar vivo na Sua Igreja: na Palavra e no Pão, na oração e na missão. Hoje, Jesus continua a estar vivo em todo o ser humano especialmente nos pobres, nos humildes, nos mais pequenos (cf. Mt 25, 40). Quando apareceu no mundo, Jesus surgiu como uma criança pequena e, quando cresceu, continuou a identificar-Se com os mais pequenos. É esta a lição do presépio, é este o ensinamento perene do Evangelho: Deus revela-Se na humildade, Deus visita-nos na simplicidade.

 

  1. O nosso problema é que não estamos atentos. O nosso mal é que teimamos em permanecer distraídos. Já dizia Pedro Paixão que «pecado é distrair-se do fundamental». Daí que o texto que acabamos de escutar nos fale da necessidade de vigiar. É preciso vigiar para que à presença de Deus não corresponda a nossa ausência.

Vigiar é a atitude de alguém que espera e prepara a chegada de Alguém. Não vigiamos para controlar os passos de ninguém, mas para seguir os caminhos de Alguém: de Alguém que vem, de Alguém que está sempre a vir. É por isso que a primeira — e decisiva — vigilância tem de ser exercida sobre nós mesmos. Porque somos nós que, tantas vezes, estamos desatentos aos sinais da vinda desse Alguém «em cada homem e em cada tempo».

 

C. A nossa missão para o Advento

 

5. É interessante notar como o Evangelho deste dia liga a atenção à vigilância. De uma forma muito enfática, ele dirige-nos o apelo: «estai atentos», «vigiai» (Mc 13,33-37). Curiosamente, o verbo «vigiar» surge quatro vezes neste texto e a locução «estai atentos» aparece também por quatro vezes ao longo deste capítulo 13 do Evangelho de S. Marcos. É preciso vigiar e estar atento até porque, como lembrava Sta. Teresa de Jesus, «tudo passa, só Deus basta». À medida que tudo vai passando, Deus sobressai como o único que basta, como o único que nos basta.

Não nos prendamos, pois, às ambições, aos luxos, às riquezas nem às seguranças. É tudo isso que, muitas vezes, nos traz adormecidos e sonolentos. Jesus adverte-nos para a necessidade de não nos deixarmos dormir (cf. Mc 13, 36). Deus vem de surpresa. O Advento, sendo um tempo de espera, tem de ser um tempo de espera vigilante.

 

  1. A nossa espera não pode ser inactiva, passiva, desmotivada ou desmobilizada. A nossa espera tem de ser activa, atenta e sempre vigilante. Esta espera vigilante ajuda-nos não apenas a preparar a celebração da primeira vinda de Jesus, mas auxilia-nos igualmente a preparar a sua última vinda e a Sua permanente vinda. É na nossa vida que ocorre a Sua vinda. O presépio, hoje, chama-se vida. É bonito confeccionar presépios no exterior. Mas é fundamental — e cada vez mais urgente — não deixar de construir presépios no interior. É no interior da nossa vida que Deus quer renascer para nós e que Deus quer que nós renasçamos para Ele. Depois, sim, o exterior será envolvido — e invadido — por esta aliança e por este casamento: entre o alto e o baixo, entre o céu e a terra, entre o tempo e a eternidade.

Toda a nossa vida deve ser advento, ou seja, espaço disponível para a vinda de Deus ao mundo. Sto. Inácio de Antioquia gostava de se apresentar como «teóforo», ou seja, como aquele que transportava Deus. Eis a nossa missão para o Advento: transportar Deus para o mundo, trazer Deus para a vida.

 

D. O melhor presente é o presente da presença

 

7. A esta luz, o Advento deve ser, antes de mais, um tempo de oração. A oração sinaliza o horizonte da nossa vida: encontrarmo-nos com Deus e encontrarmo-nos em Deus. Mas orar é também perceber que, afinal, é Deus quem toma a iniciativa.

Quando vamos ao encontro de Deus, facilmente percebemos que é Deus quem vem primeiro ao nosso encontro. Por conseguinte, a oração é sobretudo estar, olhar, contemplar, espantar, encantar. Aproveitemos este tempo para estar diante de Deus e para sentir que Deus está diante de nós. E à medida que formos caminhando na oração, daremos conta de que não estamos só diante de Deus e Deus não está só diante de nós. Deus está dentro de nós e nós estamos dentro de Deus.

 

  1. O Advento é também — e bastante — tempo de reconciliação. Aproveitemos este tempo para a reconciliação sacramental, para o sacramento da Confissão. No fundo, trata-se de preparar a nossa casa para que ela possa ser casa para Deus e casa para os outros com Deus. Não tenhamos medo de nos converter. Em Jesus, Deus converte-Se a nós. Porque não, no mesmo Jesus, convertermo-nos a Deus? Já agora, não esqueçamos que o Advento é, a seu modo, um tempo penitencial. Procuremos, pois, evitar excessos de gastos até por respeito a quem se desgasta por nada poder gastar. Evitemos excessos de comida, de bebida e de ruído. O Advento convida à sobriedade, à meditação e à partilha.

Neste espírito, compreendamos que o Advento é um tempo de encontro e, nessa medida, um tempo favorável aos reencontros após tantos desencontros. Não nos limitemos à troca de presentes, a qual muitas vezes não passa de um egoísmo partilhado. O melhor presente é sempre o presente da presença. Jesus é o melhor presente que Deus ofereceu à humanidade e é o melhor presente que a humanidade pode oferecer a Deus. Mas se tivermos de dar presentes, que os demos também que não no-los poderão dar: os pobres, os que não têm o essencial quando nós, apesar da crise, ainda vamos tendo para o supérfluo. E sobretudo procuremos dar o que menos se dá hoje em dia: demos tempo, demo-nos no tempo, demo-nos aos que estão ainda mais sós neste tempo.

 

E. Começa o Advento e já é Natal

 

9. Só hoje começa o Advento e já tudo lembra o Natal. O comércio foi tomando a dianteira. Mas é curioso anotar que os antigos diziam que, entre Deus e os homens, também existe um comércio, um «admirável comércio». Não se trata de um comércio comercial, mas de um comércio existencial. Não se troca produtos por dinheiro, mas permuta-se vida por vida, vida em vida.

Já nos primeiros séculos, Sto. Ireneu percebeu isto muito bem ao escrever: «O Filho de Deus fez-Se o que nós somos para que nós possamos ser o que Ele é». Deus está sempre a vir ao nosso encontro. Procuremos ir nós também ao encontro de Deus e, em Deus, não deixemos de ir ao encontro dos outros.

 

  1. E é assim que, em Advento, podemos já respirar o sublime perfume do Natal. No Advento já é Natal e no Natal continua a ser Advento. É Natal no Advento porque, também no Advento, Jesus (re)nasce em cada um de nós. E é Advento no Natal porque o Natal celebra a grande vinda de Jesus à nossa história, à nossa vida.

A Eucaristia é o permanente Advento e o eterno Natal. É na Eucaristia que Jesus vem até nós hoje. É na Eucaristia que Jesus renasce para nós sempre. O altar é o grande presépio. A divina consoada já está preparada. Não recusemos o convite de Jesus. Ele está sempre à nossa espera!

 

publicado por Theosfera às 13:48

No Advento já é Natal.

 

No Natal continua a ser Advento.

 

É Advento no Natal porque o Natal celebra a grande chegada do Senhor Jesus à nossa história, ao nosso mundo, à nossa vida.

 

E é Natal no Advento porque nele o Senhor nasce e renasce.

 

A Eucaristia é o grande Advento e o perene Natal.

 

Creio, Senhor, que vieste ao mundo

e que no mundo permaneces.

 

Tu estás em toda a parte,

estás no Homem,

estás na Vida,

estás na História,

estás no Pequeno,

estás no Pobre.

 

Hoje como ontem,

permaneces quase imperceptível.

 

Há quem continue a procurar-Te no fausto,

na ostentação,

na majestade.

 

Tu desconcertas-nos completamente

e surpreendes-nos a cada instante.

 

És inesperado

e estás sempre à nossa espera.

 

Os momentos podem ser duros.

 

O abandono pode chegar

e a rejeição pode asfixiar-nos.

 

Tu, porém, não faltas.

 

Estás sempre presente.

Estás simplesmente.

 

Creio, Senhor,

que é na simplicidade que nos visitas

e na humildade que nos encontras.

 

Converte-nos à Tua bondade,

inunda-nos com o Teu amor,

afaga-nos na Tua paz.

 

Obrigado, Senhor, pelo Teu constante Advento.

 

Parabéns, Senhor, pelo Teu eterno Natal!

publicado por Theosfera às 11:06

No tempo da imagem, é espantoso (embora não totalmente estranho) que as pessoas desatem a fotagrafar-se a si mesmas.

As «selfies» assinalam o triunfo do «eu».

Muito se ouve exaltar a independência. Receio, porém, que se trate da mais sibilina das dependências: a dependência do eu, dos seus interesses, das suas ambições.

Hoje por hoje, a independência goza de um estatuto de superioridade.

Pela minha parte, reconheço-me dependente. Sou totalmente cristodependente!

publicado por Theosfera às 09:01

Advento é tempo de espera e tempo de esperança.

Não se trata da espera de que haja Natal, porque esse vai mesmo acontecer.

Trata-se, sim, da espera de que algo mude em nós no Natal. De que, connosco, este mundo comece a mudar.

Para melhor!

publicado por Theosfera às 08:34

Não é a pobreza que provoca a imoralidade.

A imoralidade é que provoca a pobreza.

Thomas Carlyle já o notara: «De qualquer tipo que seja a pobreza, ela não é a causa da imoralidade, mas o efeito».

Para reflectir. E sobretudo para inflectir!

publicado por Theosfera às 08:13

Advento, tempo de mudança.

Jesus não veio para que tudo fique na mesma, mas para que tudo seja diferente.

Com Ele, mudemos. Mudemos sempre. Mudemos para melhor.

A mudança é o remédio para a insatisfação.

Já diz o conhecido refrão da composição celebrizada pelo grupo «Humanos»:

«Muda de vida se tu não vives satisfeito
 Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
 Muda de vida, não deves viver contrafeito
 Muda de vida se há vida em ti a latejar»!

É sempre tempo de mudar!

publicado por Theosfera às 08:10

 

Vivemos tempos nocturnos.

Mesmo de dia, comportamo-nos nocturnamente, obscuramente.

S. Paulo recomenda aos cristãos para terem comportamentos diurnos, claros: «Comportemo-nos dignamente, como em pleno dia»(Rom 13, 13).

E previne para que deixemos as obras das trevas revestindo-nos com as armas da luz (cf. Rom 13, 12).

Mesmo na noite, é imperioso ser luz. Mesmo na noite, é fundamental ser luminoso.

Não devemos ser «homens da noite», mas «homens do dia». O grande dia (Jesus) já brilha.

Até de noite!

 

publicado por Theosfera às 08:02

Já no século IV, S. Cirilo de Jerusalém meditava: «Quase todas as coisas são duplas em Nosso Senhor Jesus Cristo. Duplo é seu nascimento: um, de Deus, desde toda a eternidade; outro, da Virgem, na plenitude dos tempos. Dupla também é a sua descida: a primeira, na obscuridade e silenciosamente, como a chuva sobre a relva; a outra, no esplendor da sua glória, que se realizará no futuro.No seu primeiro advento, foi envolvido em faixas e deitado num presépio; no segundo, será revestido com um manto de luz. No primeiro suportou a cruz, sem recusar a sua ignomínia; no segundo, aparecerá glorioso, escoltado pela multidão dos Anjos.Não nos detemos, portanto, a meditar só no primeiro advento, mas vivemos na esperança do segundo».

publicado por Theosfera às 06:57

Hoje, 30 de Novembro (1º Domingo do Advento), é dia de Sto. André e S. José Marchand. Refira-se que Sto. André é irmão de S. Pedro e é chamado «protokletós», o primeiro a ser chamado. É o padroeiro dos pescadores, dos vendedores de peixes e das mulheres que desejam ser mães.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sábado, 29 de Novembro de 2014

Os primeiros indícios da existência de um período de preparação para o Natal aparecem no século V, quando São Perpétuo, Bispo de Tours, estabeleceu um jejum de três dias, antes do nascimento do Senhor.

É também do final desse século a «Quaresma de São Martinho», que consistia num jejum de 40 dias, começando no dia seguinte à festa de São Martinho.

São Gregório Magno (590-604) foi o primeiro papa a redigir um ofício para o Advento, e o Sacramentário Gregoriano é o mais antigo a prover missas próprias para os domingos desse tempo litúrgico.

No século IX, a duração do Advento reduziu-se a quatro semanas, como se lê numa carta do Papa São Nicolau I (858-867) aos búlgaros. E no século XII o jejum havia sido já substituído por uma simples abstinência.

Apesar do carácter penitencial do jejum ou abstinência, a intenção dos papas, na alta Idade Média, era produzir nos fiéis uma grande expectativa pela vinda do Salvador, orientando-os para o seu retorno glorioso no fim dos tempos.

Daí o facto de tantos mosaicos representarem vazio o trono do Cristo Pantocrator. O velho vocábulo pagão «adventus» se entende também no sentido bíblico e escatológico de «parusia».

Nos diversos ritos orientais, o ciclo de preparação para o grande dia do nascimento de Jesus Cristo formou-se com uma característica acentuadamente ascética.

Na liturgia bizantina destaca-se, no domingo anterior ao Natal, a comemoração de todos os patriarcas.

No rito siríaco, as semanas que precedem o Natal chamam-se «semanas das anunciações».

Elas evocam o anúncio feito a Zacarias, a Anunciação do Anjo a Maria, seguida da Visitação, o nascimento de João Baptista e o anúncio a José.

publicado por Theosfera às 11:55

O mundo muda, o pensamento muda. Como proceder?

Francis Blanche posiciona-se: «Perante o mundo que muda, mais vale pensar a mudança do que mudar o pensamento».

Eu diria que pode ser necessário também mudar o pensamento. Para que seja mais atento, mais interveniente, mais acutilante.

Será possível?

publicado por Theosfera às 11:39

Hoje, 29 de Novembro, é dia de Sto. Avelino Rodriguez, S. Frederico de Ratisbona, S. Dionísio da Natividade e S. Redento da Cruz.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sexta-feira, 28 de Novembro de 2014

 

  1. Hoje não é (só) hoje.

O presente de cada instante acaba por constituir uma recordação do que já foi experimentado e uma antecipação do que se prepara para ser vivido.

É assim que, nas ondas alterosas da existência, navegamos entre a euforia, a incerteza, a ansiedade, a amargura e a desilusão.

Por muito que nos esforcemos, dificilmente estamos inteiros no momento que passa por nós.

O presente é sempre esquivo, fugidio, apressadamente arrebatador. Deixa rasto, mas o rasto que deixa depressa se transforma em passado.

Daí a insatisfação, a inquietude. Mas daí também a saudade e a esperança. Somos o que recordamos e o que construímos.

A nossa morada raramente está onde vivemos. A nossa morada afectiva está, quase sempre, onde já estivemos e onde gostaríamos de estar.

  1. Hoje não é (só) hoje.

Há quem acentue em excesso o que já passou. Há pessoas para quem o tempo devia parar. No meu tempo é que era bom! — ouvimos, tantíssimas vezes, este lugar comum.

A História, neste caso, é para conhecer, para admirar e para arrumar. Se fosse possível, seria igualmente para repetir.

Não nos apercebemos de que o tempo tem uma direcção. O tempo não estagna nem regride. Avança e prospera.

O passado é para admirar, para integrar e, se for caso disso, para corrigir.

É óbvio que não devemos esquecer o passado. Aliás, o passado sobrevive sempre na nossa memória, na nossa lembrança.

Faz bem rememorar o que nos fez bem e (sobretudo) quem nos fez bem. A gratidão é um dos sentimentos mais nobres mas (infelizmente) mais esquecidos.

Recordar não é apenas uma faculdade da memória. É também um exercício do coração reconhecido.

Mas mesmo aquilo que nos magoa e entristece não deve ser recalcado. Tem de ser permanentemente reencontrado. Afinal, faz parte de nós. Pertence-nos.

Ninguém pode escapar ao encontro com a sua História nem com a História dos outros. Não seríamos aquilo que somos se não tivéssemos sido aquilo que fomos.

Precisamos de uma grande dose de serenidade para encetarmos a viagem pelo no nosso passado sem dramas nem branqueamentos.

A bem dizer, ninguém tem a idade que tem. Todos temos a idade do que nos antecedeu. Desde o início. Em boa verdade, nós temos a idade do Universo.

Tudo foi importante para que nós estivéssemos aqui, hoje. Agora.

  1. Hoje não é (só) hoje.

No hoje de cada momento, o que esteve em gérmen foi sempre o amanhã. A História da Humanidade é a História do futuro.

Em cada época, germinaram grandes depressões e floresceram enormes expectativas.

A espera habitou sempre no coração do Homem. Mesmo — diria sobretudo — nas horas mais complicadas.

Quantas não foram as vezes em que as lágrimas corriam pelo nosso rosto e, ao mesmo tempo, uma esperança se acendia no nosso íntimo!

O hoje de cada momento é uma espécie de chão onde semeamos o que mais acalentamos.

A história bíblica está repleta de dramas e prenhe de esperanças. O cristianismo é, neste contexto, a religião do futuro. Não de um mero futuro que sucede ao presente (e que, frequentemente, se arrisca a repeti-lo). Mas de um futuro que transforma o presente. Que o redime, colmata, coroa e plenitudiza.

  1. Hoje não é (só) hoje.

E é por isso que ele (o hoje) é tão importante, tão central, tão verdadeiro, tão denso e tão intenso. Nenhum hoje enquista nele mesmo. Cada hoje abre-se ao diferente.

Nestes dias, ouvimos falar bastante do fim. Nas igrejas são-nos propostos textos de enorme beleza e soberana dificuldade.

Deixemos as dificuldades para os exegetas e fixemo-nos na proposta. O fim é um convite a que nunca desistamos. O fim é uma bússola para nunca nos perdermos.

Sabemos que os caminhos não são fáceis. Sentimos que os caminhos são, quase sempre, tortuosos. Mas temos, acima de tudo, a certeza de que há caminhos que nos reconduzem ao melhor de nós mesmos.

Não andamos perdidos nem estamos desamparados. «O que importa — disse Gandhi — é o fim para o qual eu sou chamado»! Se, no fim, a felicidade nos espera, por que razão não prepará-la desde já?

 

publicado por Theosfera às 09:47

...há 957 anos.

Corria o ano de 1057 quando Fernando Magno operou a tomada desta linda e (já naquela altura) vetusta cidade.

publicado por Theosfera às 00:15

Hoje, 28 de Novembro, é dia de Sta. Maria Helena, S. Tiago da Marca, S. Grázio de Cáttaro e Sta. Catarina Labouré.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:02

Quinta-feira, 27 de Novembro de 2014

«Toda a decadência se caracteriza por se saber demasiadas coisas e nenhuma a fundo».

Assim escreveu (magnificamente) Xavier Zubiri. Há mais de 70 anos!

publicado por Theosfera às 10:36

Precisamos de padres para manter o que já existe, mas precisamos sobretudo de padres para antecipar o que há-de existir.

Precisamos, pois, de padres que façam e que ajudem a fazer quem faz.

Precisamos de padres conferentes, mas também (e cada vez mais) de padres confidentes.

Precisamos de padres para alimentar a chama e de padres para atear o fogo.

Precisamos de padres que inquietem consciências e que pacifiquem corações.

Precisamos de padres que limpem lágrimas e aliviem dores.

Precisamos de padres que caminhem à frente e de padres que aceitem apoiar na retaguarda.

Precisamos de padres que falem bem e de padres que escutem melhor.

Precisamos do padre do templo e do padre no tempo.

Precisamos do padre desassombrado e do padre humilde.

Precisamos, no fundo, do padre que está aí e do padre que está para vir.

publicado por Theosfera às 10:34

Tem o cristianismo uma estrutural orientação escatológica. Ele é conduzido pelo último (éschaton) e marcado pelas coisas últimas (éschata).

A Eucaristia actualiza o passado (mistério pascal) e presencializa o futuro (parusia). Tem, por isso, não só uma dimensão anamnética como ostenta também uma dimensão proléptica.

O último já está inscrito no tempo. Falta apenas a consumação. Mas o Senhor Jesus quer envolver-nos na sua preparação e antecipação.

Daí que o tempo não deva ser apenas o que antecede o eterno. Há-de ser, acima de tudo, o que constrói o eterno.

Ora, se a eternidade é a felicidade plena, o tempo não pode ser a infelicidade total. Também não será a felicidade perene. Mas terá de ser sempre um vislumbre, uma construção, um crescimento.

Deus não quer que sejamos felizes apenas depois. Ele quer a nossa felicidade já, agora.

publicado por Theosfera às 10:28

Sacramento é um acto de Cristo oferecido num acto da Igreja. É assim que se posiciona Edward Schillebeeckx. Para ele, sacramento «é um acto de salvação pessoal do próprio Cristo celeste na forma de manifestação visível de um acto funcional da Igreja».

Por isso, o sacramento por excelência (o ursakrament-sacramento raiz, expressão de Otto Semelroth) é Jesus Cristo. É claro que Jesus é muito mais que um sinal. Como vinca Yves Congar, Ele é «a epifania, a manifestação, a presença reveladora de Deus». A Igreja «é sacramento da salvação, mas em virtude da sua união com Cristo, inteiramente a partir d'Ele e por Ele».

Ou seja, «Cristo e a Igreja são portadores da salvação em condições diferentes: Cristo é mediador como chefe e fonte; a Igreja não é senão um mistério desta mediação de Cristo».

É curioso notar como, uns vinte anos antes do Concílio, Pio XII, que não usa ainda a palavra sacramento aplicada à Igreja, aponta praticamente a mesma ideia que o Vaticano II vai veicular: «A Igreja é o instrumento do Verbo encarnado na distribuição dos frutos da Redenção, um instrumento que nunca faltará».

publicado por Theosfera às 10:22

Deus não é evidente, costumamos dizer. Mas será mesmo que não o é?

Onde estará a dificuldade? Será que Deus que não é evidente em relação a nós? Ou não seremos nós que, muitas vezes, não somos videntes em relação a Deus?

Será Deus que não Se deixa ver? Ou seremos nós que não conseguimos (ou não queremos) vê-Lo?

Porque é que muitos dizem que O vêem e outros não? A Sagrada Escritura mostra-nos que um dos verbos estruturantes da fé é precisamente o verbo ver.

A questão estriba na forma como aplicamos o ver. Não se vê Deus como se vê o sol, embora Deus possa ser visto a partir do sol (analogia entis).

Deus não está ao lado, mas no fundo das coisas. Mesmo em relação a estas, nem sempre vemos de igual maneira. Napoleão terá dito, um dia, aos seus Homens: «Todos olham para onde eu olho e ninguém vê o que eu vejo».

Se Deus não fosse evidente como é que a Bíblia falaria de tantos encontros com Deus? Do que se trata é de uma evidência própria, especial, única.

Ele deixou-nos uns óculos para O podermos ver: os óculos da fé (ocula fidei). Quem quiser pode usá-los.

 

publicado por Theosfera às 10:18

O conhecido teólogo Juan Martín Velasco partilha da opinião de que «o cristão de hoje ou é místico ou, muito provavelmente, não poderá ser cristão».

Isto significa, segundo ele, que o cristianismo carece de uma reconfiguração: «Há um cristianismo que se vai derrubando à nossa vista»: o cristianismo de massas vai dando lugar a um cristianismo da pessoa.

Nesta nova forma de ser crente, a mística impõe-se não como um exclusivo de uns poucos eleitos, mas como a raiz da religião para todos. Neste sentido, a mística «não consiste necessariamente em levitações, visões ou estigmas, mas na experiência pessoal da fé». Isto não quer dizer que não possa haver «místicos mais elevados».

Em qualquer caso, a mística sobressai como uma necessidade, um imperativo, uma urgência: «À crise de Deus só se pode responder com a paixão por Deus». Na actualidade, o teólogo dá conta da existência «de uma notável sede de transcendência e de Deus até porque o Homem não se contenta com o que é».

publicado por Theosfera às 10:11

Hoje, 27 de Novembro, é dia de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa e de S. Facundo, S. Primitivo, S. Máximo de Riez e S. Francisco Fasini.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 26 de Novembro de 2014

Hoje, lutamos por ter seguranças, por ter quase tudo. Mas o criador é o que faz tudo do nada.

É claro que um criador assim tem de ser divino.

Só Deus faz tudo a partir do nada. Mas há quem se aproxime.

É curioso notar a observação de Jean Nouvel sobre Siza Vieira. Este, na óptica daquele, trabalha, quase sempre, a partir do «quase nada».

E é assim que o criador se vai aproximando do Criador!

publicado por Theosfera às 10:20

A vitalidade está sobretudo na lucidez, na capacidade de ver.

É sinal de vitalidade persistir. Mas também pode ser sinal de vitalidade recomeçar.

Scott Fitzgerald assim o notou: «A vitalidade não se revela apenas na capacidade de persistir, mas também na de recomeçar».

O que nunca se pode é desistir!

publicado por Theosfera às 10:13

Tudo o que se diz e escreve é (sempre) menos do que aquilo que existe, do que aquilo que se pensa.

É por isso que estamos sempre à espera de novas palavras, de novos textos.

A conversação e a literatura tecem-se de uma insatisfação contínua e de uma procura constante.

Agustina Bessa-Luís apercebeu-se: «Toda a obra escrita é a expressão dum conhecimento limitado. Mas todo o conhecimento limitado está aberto a novas particularidades, até que se apresente a súbita vontade de não ir mais longe»!

publicado por Theosfera às 10:03

  1. Alguns dos maiores clubes do mundo (Real Madrid, Barcelona, Manchester United e Bayern de Munique) reuniram-se e resolveram fazer uma proposta à FIFA e à UEFA.

A partir da próxima época, a contratação e o salário dos jogadores vão ter um limite que não poderá ser ultrapassado.

 

  1. Todos os contratos vão passar a obedecer a uma chamada «cláusula de solidariedade».

Isto é, o que exceder as operações com aquisições e vencimentos será encaminhado para acções humanitárias, designadamente para o combate à fome.

 

  1. O manifesto que clubes e jogadores assinaram diz textualmente: «Nem mais uma contratação milionária enquanto houver uma única pessoa com fome».

E o facto é que não há apenas uma pessoa com fome; há quase mil milhões de pessoas com fome.

 

  1. Finalmente, o mundo acordou. O problema é que eu também acordei. E, ao acordar, notei que, afinal, nada tinha passado de um sonho.

Foi um sonho belo, mas um sonho que teima em permanecer adiado, perdido, irrealizado. Terá de continuar a ser um sonho irrealizável?

 

  1. A fome dos outros devia ser também a nossa fome e o nosso pão devia ser igualmente pão para os outros.

É muito estranho — e sumamente triste — estarmos num mundo em que existem meios para matar a vida e não parecem existir meios para matar a fome.

 

  1. Os meios até existem.

O que não parece existir é vontade para os usar devidamente.

 

  1. Não dá para acreditar, mas importa saber que as 85 pessoas mais ricas do mundo possuem tanto como cerca de 3 mil milhões de pessoas do mesmo mundo. Poucos com tanto e tantos com tão pouco!

Será que não podemos eliminar a fome ou será que não queremos eliminar a fome?

 

  1. Não esqueçamos que Jesus também está presente no irmão que passa fome.

Tantas vezes, o Cristo faminto passa por nós e nós nem sequer reparamos.

 

  1. Um dia, porém, esse mesmo Cristo faminto poderá dizer-nos: «Tive fome e não Me destes de comer»(Mt 25, 42).

É que «tudo o que não fizestes ao mais pequeno dos Meus irmãos foi a Mim que o deixastes de fazer»(Mt 25, 45).

 

  1. Em Cristo, nunca podemos descansar enquanto alguém passar fome. Cristo é pão para todos.

Se todos tiverem fome de Deus, ninguém terá fome de pão!

publicado por Theosfera às 09:22

Hoje, 26 de Novembro, é dia de S. Silvestre, S. Leonardo de Porto Maurício, S. João Berchmans e S. Tiago Alberione.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:15

Terça-feira, 25 de Novembro de 2014

Morreu, há cem anos, com uma preocupação: «dizer a verdade». Mas não apenas a verdade agradável.

Para Charles Péguy, quando se diz a verdade deve dizer-se a verdade toda, incluindo «a verdade tola, a verdade aborrecida e a verdade triste».

Hans Urs von Balthasar alçou-o à condição de um dos maiores génios religiosos de sempre.

Charles Péguy não se considerava um santo, «mas um pecador bom». E, para ele, «ninguém é mais competente do que o pecador em matéria de Cristianismo».

Poucos como Charles Péguy poetaram tão belamente a esperança.

Achava ele que não é a fé que espanta Deus. Também não é a caridade, porque «a pobre humanidade é tão infeliz que, a menos que tivesse um coração de pedra, não podia deixar de praticar entre si a caridade».

A esperança, sim. A esperança espanta Deus: «Que essas pobres crianças vejam como tudo acontece e acreditem que amanhã será melhor. Que elas vejam o que se passa hoje e acreditem que amanhã de manhã será melhor. Isso é espantoso e essa é a maior maravilha da nossa graça».

Há muitos motivos para ter fé. Há muitas razões para praticar a caridade.

Mas que motivação poderá haver, num mundo como o nosso, para ter esperança? «A esperança é uma menina que parece não ser nada».

Para acreditar, «basta deixar-se ir, olhar é o bastante». Para não acreditar, «é preciso tapar olhos e ouvidos».

Para amar o próximo, «basta-nos deixar acontecer a vida, basta olhar à nossa volta o infortúnio». Para não amar o próximo, «é preciso tapar os olhos e os ouvidos à multidão dos gritos de infortúnio».

Mas a esperança «não caminha sozinha. Para esperar, é preciso que a gente se sinta muito feliz. É preciso que a gente tenha recebido uma grande graça».

Nunca foi fácil a esperança. É cada vez mais difícil a esperança.

«A fé vê o que é», «a caridade ama aquilo que é», «a esperança vê o que será e ama o que será». Ou seja, «a esperança vê o que ainda não é e o que será, ama o que ainda não é e o que será».

A esperança não é o que termina; a esperança «é aquela que sempre recomeça».

Enfim, a esperança nunca morre para nós. Não nos deixemos morrer para a esperança.

Levantemo-nos quando ela (nos) quiser despertar!

publicado por Theosfera às 11:19

Uma sensação de fim começou a pairar sobre o mundo.

Não é só o normal fim do dia, fim do mês, fim do ano ou até fim da vida.

De há uns tempos para cá, começámos a ouvir falar do fim da história (Francis Fukuymana).

E, agora, há quem não hesite em falar do fim das possbilidades (Jean-Pierre Sarrazac). Não se trata de uma ausência de futuro, mas do advento de um futuro sem esperança.

É preocupante, sem dúvida.

Mas, quanto à ideia de fim, eu prefiro continuar a pensar no fim do impossível.

Em Jesus, o impossível rebentou à nossa frente: tornou-se possível.

Não deixemos de acreditar. Levemos a esperança até às funduras da vida e até às alturas do sonho.

O melhor estará para vir?

publicado por Theosfera às 10:18

Muitas vezes e de muitos modos, o convento me visitou como um sonho, uma aspiração e uma real possibilidade.

Fui, entretanto, recebendo sinais de que Aquele que de mim dispõe como (único) Senhor tinha outros planos.

Cada vez que achava «é agora», lá vinha uma indicação de que ainda não era chegado o momento.

Nestes últimos tempos, porém, o sonho reacendeu-se e a vontade tem voltado a crescer.

Não, não é para fugir. É para melhor reencontrar.

Se pensarmos bem, o mundo é que anda a fugir de si. A humanidade teima em mostrar-se pouco humana.

Talvez o mundo possa ser reencontrado onde o silêncio alimenta a palavra.

Continuo à escuta e à espera. Que a Sua vontade se faça.

Sou d'Ele!

publicado por Theosfera às 10:07

Ontem, como hoje, o país estava dividido. Mas, ao menos, mostrava-se mobilizado.

Não se vivia melhor que hoje. As condições de sobrevivência até eram mais complicadas.

Mas sentia-se que o melhor podia chegar. Hoje, parece que estamos à espera do pior.

Naquele tempo e apesar das dificuldades, o país acreditava que podia melhorar. Hoje, já interiorizamos que tudo vai piorar.

Em 1975, o Verão já tinha sido quente. O Outono continuava cheio de calor com a temperatura política a superar, de longe, a temperatura ambiente.

Há 39 anos ninguém se mostrava conformado. E nem os vencidos desistiam.

publicado por Theosfera às 05:38

Hoje, 25 de Novembro (133º aniversário do nascimento de S. João XXIII), é dia de S. Tomás de Vila Nova, Sta. Catarina de Alexandria, Sta. Beatriz, S. Luís Beltrame e Sta. Maria Beltrame Quatrocchi.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Segunda-feira, 24 de Novembro de 2014

É preciso estar sempre a remar. É fundamental cuidar da embarcação.

Só que quem está a remar pode não ter tempo para cuidar da embarcação.

Jean-Paul Sartre já tinha reparado: «Só aquele que não está a remar é que tem tempo para balançar o barco».

Muitas vezes, temos de ousar o impossível: remar e balançar.

É urgente evitar o naufrágio. E nunca perder de vista a direcção e o sentido!

publicado por Theosfera às 09:32

Hoje, 24 de Novembro, é dia de Sto. André Dunc-Lac e seus Companheiros, Sta. Flora, Sta. Maria, Sta. Eanfleda, Sta. Ana Maria Sala, S. Clemente Delgado, S. Vicente Lién e S. Domingos Khan.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Domingo, 23 de Novembro de 2014

Tu és rei, Senhor, e o Teu trono é a Cruz.

 

Tu és rei, Senhor, e Teu reino é o coração de cada Homem.

 

Tu és rei, Senhor, e estás presente no mais pequeno.

 

Tu és rei, Senhor, e estás à nossa espera no pobre.

 

Tu és rei, Senhor, e queres mais o amor que o poder.

 

Tu és rei, Senhor, e moras em tantos corações.

 

Tu és rei, Senhor, e primas pela mansidão e pela humildade.

 

Tu és rei, Senhor, e não tens exército nem armas.

 

Tu és rei, Senhor, e não agrides nem oprimes.

 

Tu és rei, Senhor, e não ostentas vaidade nem orgulho.

 

Tu és rei, Senhor, e a tua política é a humildade, a esperança e a paz.

 

Tu és rei, Senhor, e continuas a ser ignorado e esquecido.

 

Tu és rei, Senhor, e continuas a ser silenciado.

 

Tu és rei, Senhor, e vejo-Te na rua, em tanto sorriso e em tanta lágrima.

 

Tu és rei, Senhor, e vais ao encontro de todo o ser humano.

 

Tu és rei, Senhor, e és Tu que vens ter connosco.

 

Hoje, Senhor, vou procurar-Te especialmente nos simples, nos humildes, nos que parecem estar longe.

 

Hoje, Senhor, vou procurar estar atento às Tuas incontáveis surpresas.

 

Obrigado, Senhor, por seres tão diferente.

 

Obrigado, Senhor, por seres Tu!

publicado por Theosfera às 11:12

Na nossa viagem pelo tempo, a vida mostra-nos muito e ensina-nos (praticamente) tudo.

Ensina-nos a saber e ensina-nos até a não saber.

O que vemos, ouvimos e lemos ajuda-nos a conhecer. Mas nem sempre.

Às vezes, vemos, ouvimos e lemos e continuamos a ignorar.

Por absurdo que pareça, a vida já me mostrou que nem sempre a informação é sinónimo de conhecimento.

E também já concluí que sei cada vez menos sobre cada vez mais!

publicado por Theosfera às 08:04

A. Atenção à presença soterrada de Jesus

  1. Jesus é rei: rei de cada um de nós, rei da humanidade e rei do universo. Mas, ao mesmo tempo, é um rei que tem fome. É um rei que tem sede. É um rei sem casa. É um rei a quem falta roupa. É um rei que adoece. É um rei que está preso (cf. Mt 25, Onde é que já se viu um rei assim? Um rei despido ainda é possível encontrar na literatura, como no célebre conto de Hans Christian Andersen. Quanto ao resto, só mesmo no Evangelho, que, neste caso, mais parecerá um disangelho, isto é, uma notícia não muito agradável.

Com efeito, o Evangelho descreve Jesus como um rei atípico: indigente, aparentemente impoderoso, com uma conduta nada condizente com a realeza. Não está num palácio, está na rua. Não dá leis, dá a vida. E a Sua imagem não está em quadros ou em galerias, mas nas pessoas. Ele está onde estão os que têm fome e sede. Ele está onde estão os sem-abrigo. Ele está onde estão os despidos e despojados. Ele está onde estão os doentes e os encarcerados. Tudo o que é feito a estes, é feito a Ele (cf. Mt 25, 40). É com eles que Jesus Se identifica. O Seu poder, debaixo da aparência de não-poder, consiste em ficar ao lado dos sem-poder.

 

  1. Neste dia, celebramos a presença majestosa de Jesus e fazemos bem. Mas, em tantos dias, parece que subestimamos a presença soterrada de Jesus e fazemos mal, muito mal. Porque é aqui que encontramos a pauta para o juízo final. Tudo se jogará na nossa capacidade — ou incapacidade — de ver Jesus nos mais pequenos. É sabido que não gostamos muito de ouvir. Gostamos (muito) mais de ver. Mas será que vemos bem? Vemos tanta coisa, mas corremos o sério risco de não passar da superfície de todas as coisas. Quem está atento a esta presença soterrada de Jesus, a esta presença esquecida de Jesus?

Quando perceberemos que divino não é o grande caber no grande? Divino é o infinitamente grande caber no infinitamente pequeno. Holderlin sintetizou tudo numa conhecida máxima: «Não ser abarcado pelo máximo, mas deixar-se abarcar pelo mínimo, isso é que é divino». Em Jesus, Deus como que inverte o máximo e o mínimo, o maior e o menor, o grande e o pequeno. O máximo é o que parece mínimo. O maior é o que se apresenta como menor. O verdadeiramente grande é o que nos surge como exteriormente pequeno. Muitas vezes, achamos que Deus só está no alto. Ora, Jesus ensina-nos que, para encontrar Deus, o primeiro passo não é olhar para cima. O primeiro passo é olhar para baixo, para o fundo.

 

B. A grandeza dos mais pequenos

 

3. A grandeza não é um exclusivo dos grandes. E, de facto, nada é tão grande como a presença de Jesus nos mais pequenos. Nos mais pequenos, está o Cristo faminto e esfomeado. Nos mais pequenos, está o Cristo sedento, o Cristo sem casa e sem roupa. Nos mais pequenos, está o Cristo doente e o Cristo encarcerado. E nós que fazemos? Nós que aqui O louvamos e Lhe cantamos, estaremos dispostos a saciá-Lo, a cobri-Lo, a visitá-Lo e a acolhê-Lo?

Afinal, será que conhecemos verdadeiramente Jesus? Mas, atenção, não basta conhecer Jesus. Não iremos ser julgados pelo conhecimento, mas pelo comportamento. Jesus não nos perguntará pelo saber, mas pelo fazer. Para Ele, não importa o que sabemos, mas o que fizermos.

 

  1. O amor da ciência só é importante se ajudar a crescer a ciência do amor. Foi por isso que S. João da Cruz não se esqueceu de avisar que, «na tarde da nossa vida, seremos julgados pelo amor». O que decide o nosso destino não é o mero saber. É sobretudo o saber fazer e, mais concretamente, o saber amar.

O amor tem certamente muitas linguagens, mas a melhor tradução é, inquestionavelmente, a misericórdia. Ter misericórdia é ter o coração voltado para os outros, para a situação dos outros, para as dificuldades dos outros, para as misérias dos outros. A esta luz e como advertiu Sto. Agostinho, não é difícil antecipar o resultado do juízo final. Aprovados serão os que usarem de misericórdia; reprovados serão os que não usarem de misericórdia.

 

C. Os preteridos do mundo são os preferidos de Jesus

 

5. Acontece que, se repararmos bem, a misericórdia, sendo um exercício de amor, é igualmente um acto de lucidez. Ela faz-nos perceber que aquilo que repartimos não é nosso; é de Deus. Se tudo é dom, então nós damos do que (nos) foi dado. Aliás, é neste sentido que o referido Sto. Agostinho nos dirige a pergunta: «De quem é o que dás senão d'Ele? Se desses do que era teu, seria liberalidade, mas porque dás do que é d'Ele, é uma restituição». Toda a dádiva é uma restituição. Uma vez que Deus está no homem, especialmente nos mais pequenos, então tudo o que lhes for entregue, será devolvido ao próprio Deus (cf. Mt 25, 40).

Entretanto, Cristo não tem apenas fome de pão. Ele tem fome sobretudo de nós. Cristo tem fome de nós para, connosco, vencer a fome de pão. Jesus Cristo é, ao mesmo tempo, faminto e pão para os famintos.

 

  1. Eis, em suma, o lado provocador — e sumamente interpelante — do reino de Jesus. O reino de Jesus não é uma magnitude territorial; é a humanidade, especialmente a humanidade sofredora. É sobre a humanidade que Jesus reina: não pela servidão, mas pelo serviço. É como rei que Ele serve ao ponto de dar a vida (cf. Mt 20, 28). É um rei que ama o mundo, embora muitos, no mundo que Ele ama, não O amem.

É um rei justo, que trata por igual o que é igual e que trata como diferente o que é diferente. É um rei que não esconde de que lado está. Ele está do lado dos que costumam ser rejeitados. Os preteridos do mundo são os preferidos de Jesus. Pelo que os preferidos de Jesus terão de ser os preferidos da Igreja de Jesus.

 

D. Os pobres que comiam à mesa do Papa

 

7. Foi em conformidade com este espírito que o Papa S. Gregório Magno revelou, no século VI, uma preocupação social que atingia o escrúpulo. Fazia questão de ter uma lista dos pobres de Roma, enviando-lhes alimento e outras provisões. Mas o mais tocante é, sem dúvida, saber que, todos os dias, doze pobres da cidade comiam à sua mesa, à mesa do Papa!

Um século mais tarde, S. João Esmoler também espantou toda a gente com uma pergunta que fez à chegada a Alexandria: «Quantos são aqui os meus senhores?» Como ninguém percebera o alcance, ele descodificou: «Quero saber quantos pobres temos. Eles são os meus senhores, pois representam na terra Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Mt 25, 34-46). Dependerá deles que eu venha a entrar no Seu reino».

 

  1. Terminamos o Ano Litúrgico com a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, para nunca nos esquecermos de que, tal como Ele está no centro do mundo, também tem de estar no centro da nossa vida. Se Ele é rei do universo, também há-de ser rei para cada um de nós.

Curiosamente, esta é uma festa relativamente recente, instituída em 1925, pelo Papa Pio XI através da encíclica «Quas primas». O Santo Padre achou que era tempo de vincar que, apesar de todas as resistências, é Jesus quem efectivamente reina sobre toda a humanidade.

No número 33 daquele documento, Pio XI expressava o desejo de que «os fiéis retomassem coragem e força e renovassem a sua adesão a Nosso Senhor, fazendo com que Ele reine nos seus corações, nas suas mentes, nas suas vontades e nos seus corpos». Ou seja, em toda a sua vida. Naquela altura, a Festa de Cristo Rei era celebrada no último Domingo de Outubro. Depois do Concílio Vaticano II, passou para o último Domingo do Ano Litúrgico.

 

E. Deus também está na rua

 

9. Dizer que Jesus reina é dizer que Jesus salva. Para Jesus, reinar é salvar, é libertar, é trazer o bem-estar, a alegria e a prosperidade. Tudo já está preparado desde o princípio, como se diz no convite: «Vinde, benditos de Meu Pai, recebei como herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo»(Mt 25, 34). Todos nós estamos convidados para pertencermos ao número destes benditos.

Benditos seremos nós se benditas forem as nossas palavras e as nossas acções. Benditos seremos nós se benditos forem os nossos gestos. Benditos seremos nós se bendito for o nosso amor. Benditos seremos nós se bendita for a nossa bondade. Benditos seremos nós se contribuirmos para tornar bendita a vida dos outros. Benditos seremos quando formos capazes de sair: não tanto para ir de casa em casa, mas de coração a coração, de vida a vida.

 

  1. De onde o amor tiver entrado, Deus nunca sairá. Ele é o Pastor, que jamais nos faltará (cf. Sal 22, 1). Quem semeia amor nos outros deposita Deus na vida dos outros. Levemos a todos o amor deste Deus e ofereçamos sempre este Deus de amor. Não fiquemos paralisados. Apressemo-nos a descer as escadas. Alguém pode negar que Deus também está na rua?

Deus emerge dos escombros desta sociedade que clama por justiça. É aí que, como observou Fernando Urbina, podemos acolher «a grande voz silenciosa de Deus». Escutemos essa voz. E nunca Lhe fechemos as portas do nosso coração (cf. Sal 94, 8)!

 

publicado por Theosfera às 06:55

Hoje, 23 de Novembro (34º Domingo do Tempo Comum e Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo), é dia de S. Clemente, S. Columbano e S. Miguel Agostinho Pro.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sábado, 22 de Novembro de 2014

Hoje é dia de Sta. Cecília, padroeira dos músicos.

Foi presa por ser cristã e condenada à morte. Como era muito popular em Roma, por causa da sua ajuda aos pobres, foi decidido que seria morta em sua casa, para evitar protestos.

Prenderam-na num quarto de banhos quentes, para que morresse asfixiada. Só que, durante três dias e três noites, Cecília entoava cânticos de louvor.

Intrigados com tamanha resistência, os algozes tiraram-na de lá para a degolar. Por três vezes a tentativa do algoz falhou e ela foi deixada para morrer agonizando.

Cecília perdeu as cordas vocais e levou ainda um tempo a morrer, mas dizem que os seus cânticos puderam ser ouvidos até ao fim.

publicado por Theosfera às 05:48

Hoje, 22 de Novembro, é dia de Sta. Cecília, S. Filémon, Sta. Ápia e S. Salvador Lilli e seus Companheiros mártires.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sexta-feira, 21 de Novembro de 2014

É possível que alguns intelectuais tenham razão.

Em tempos falidos de memória, ser revolucionário passará por ser reaccionário.

Muitas vezes, o revolucionário tem de reagir!

publicado por Theosfera às 10:30

O historiador é um misto de coleccionador e intérprete.

Ele expõe e expõe-se.

Como coleccionador, expõe. Como intérprete, expõe-se.

Yuval Harari não se esconde e mostra-se corajoso, mesmo que alguns o acoimem de temeridade.

Para ele, os elementos determinantes da humanidade são a religião, o dinheiro e os impérios.

A religião é tão importante que até as alternativas são concebidas religiosamente.

Avança com os exemplos do capitalismo e do comunismo, cujos «mandamentos» são seguidos.

Acerca do futuro, entrevê uma fractura ainda maior entre ricos e pobres, podendo os primeiros aspirar a viver, aqui, para sempre.

Este «super-humano» de Harari faz lembrar o «super-homem» de Nietzsche.

Terá viabilidade? E será mais feliz?

publicado por Theosfera às 10:22

É difícil suportar dificuldades e carregar injustiças despejadas pelo ódio.

Mas não estiolemos nem desfaleçamos.

Nélson Mandela, que sabia do que falava, afiançou: «Há poucas desgraças neste mundo que não possas transformar num triunfo pessoal se tiveres uma vontade férrea e a competência necessária»!

publicado por Theosfera às 10:02

As palavras são rostos.

Estão sempre a mostrar. Deixam-se sempre ver.

Daí que aquiesça a Hemingway: «Toda a minha vida olhei as palavras como se as estivesse a ver pela primeira vez»!

publicado por Theosfera às 09:29

É grande mal não fazer bem, não fazer o bem.

É nesse primeiro passo que se abrem as portas a todos os delitos.

Razão tinha, pois, Rousseau: «Em política, tal como na moral, é um grande mal não fazer bem, e todo o cidadão inútil deve ser considerado um homem pernicioso».

Do inútil ao perigoso a passagem é veloz!

publicado por Theosfera às 09:26

Faz hoje, 21 de Novembro, 50 anos que Nossa Senhora foi proclamada Mãe da Igreja e que o Concílio Vaticano II aprovou um dos seus documentos mais importantes: a Constituição Dogmática «Lumen Gentium» sobre a Igreja!

publicado por Theosfera às 00:07

Há dias para tudo.

21 de Novembro é o dia de dizer bom dia, é o dia da saudação.

São múltiplas as formas de saudar por esse mundo fora.

Há quem se desleixe. Há quem chegue e nada diga.

Não esqueça, pois, o preceito que este dia evoca: cumprimente, saúde, aproxime-se, viva!

publicado por Theosfera às 00:04

Hoje, 21 de Novembro, é dia da Apresentação da Virgem Santa Maria, S. Gelásio I e Sta. Maria de Jesus do Bom Pastor.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:02

Quinta-feira, 20 de Novembro de 2014

Passamos a vida a sonhar com a justiça. E gastamos o tempo a lamentar a injustiça.

E, para agravar o cenário, dói sempre notar que a injustiça beneficia sempre os outros.

Com algum humor, mas assolapada pertinência, Bill Watterson pôs na boca de Calvin este desgostado lamento: «Porque é que o mundo nunca é injusto a meu favor?»

O mundo nunca devia ser injusto em favor de ninguém. Só a justiça devia prevalecer!

publicado por Theosfera às 10:33

Léon Tolstoi faleceu a 20 de Novembro de 1910 quando tinha encetado uma viagem para viver uma vida simples.

 

Foi um aluno em quem ninguém acreditou. Ele devolveu a descrença. Todos os sistemas lhe mereceram desconfiança.

 

Não deixa de ser curioso notar como os medíocres de outrora inspiram mais confiança do que muitas (presumidas) excelências da actualidade.

 

Tolstoi escreveu obras que se tornaram referências imortais.

 

Há frases de Tolstoi que não passam de moda. Convidam à reflexão.

 

«Na vida só há um modo de ser feliz. Viver para os outros».

 

Por isso, «o segredo da felicidade não é fazer sempre aquilo que queremos, mas querer sempre aquilo que fazemos».

 

Corrosivo, foi avisando: «Deve valorizar-se a opinião dos estúpidos: são a maioria».

 

E, acutilante, recomenda: «Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência».

 

Só somos livres na verdade.

 

Quando se vive o contrário do que se proclama, quando a actividade pública respira uma contradição contínua entre o que se promete e o que se pratica, que dignidade se pode ter?

 

Era bom voltarmos aos mestres. Tolstoi sentiu-se sempre um inadaptado enquanto viveu. Hoje parece mais actual do que nunca.

publicado por Theosfera às 03:51

Hoje, 20 de Novembro, Dia da Dedicação da Sé Catedral de Lamego, é também dia de Sto. Edmundo, Sta. Maria Fortunata e S. Félix Valois.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 19 de Novembro de 2014

As mudanças são muito desejadas. Mas, ao mesmo tempo, são também muito adiadas.

É que todos gostamos das mudanças nos outros e nas estruturas. Já quando a mudança nos é requerida e exigida, a nossa paixão transforma-se em repulsa.

Razão tinha, pois, Madre Teresa de Calcutá: «A primeira coisa a mudar na Igreja é você e eu».

A não esquecer!

publicado por Theosfera às 13:10

O excesso de controlo leva a que muitos entendam a liberdade sobretudo como não-interferência.

Só que este conceito (minimal) de liberdade conduz à indiferença.

Quem pode sossegar na sua liberdade quando vê o seu vizinho a ser vilipendiado e ultrajado?

Liberdade é muito mais que não-interferência.

O que ela tem de ser, sim, é não-dominação. Interferir nunca pode ser dominar.

Somos irmãos para os outros. Nunca poderemos ser senhores dos outros!

publicado por Theosfera às 10:51

Onde há violência não há norte. Onde há violência há sobretudo desnorte.

Já dizia Isaac Asmov que «a violência é o último refúgio dos incompetentes». E acaba por ser também o único expediente dos cultores da mediocridade.

Uma vez que lhes falta capacidade, dedicam-se a destruir quem mostra tê-la.

Tem sido sempre assim. Terá de ser sempre assim?

publicado por Theosfera às 10:45

Diria que a nossa maior doença é visual.

Temos uma grande, uma enorme, dificuldade em ver.

Temos sobretudo uma pavorosa dificuldade em ver o bem que germina nos outros.

Daí a pulsão destruidora que nos afecta. J

á Balzac o notou: «É tão natural destruir o que não se pode possuir, negar o que não se compreende, insultar o que se inveja».

É, sem dúvida, natural. Mas é também muito preocupante!

publicado por Theosfera às 10:35

Tudo deve concorrer para o seu objectivo final.

Também a arte? Também a arte. Sobretudo a arte.

Já dizia Seamus Heaney que «a finalidade da arte é a paz».

Tudo deve deve ser feito pela paz!

publicado por Theosfera às 10:31

Hoje, 19 de Novembro, é dia de Sta. Matilde, S. Rafael Kalinowski e Sta. Inês de Assis.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 18 de Novembro de 2014
  1. Aquela tinha sido uma semana especialmente complicada. Ficou mesmo conhecida como a «semana negra» do Concílio.

O Vaticano II encaminhava-se para o final da sua terceira sessão e as questões mais sensíveis cavavam divisões entre os participantes.

 

  1. Logo na segunda-feira, anuncia-se que Paulo VI resolvera introduzir uma nota explicativa na constituição dogmática sobre a Igreja.

Aí se reafirma o primado papal acautelando eventuais interpretações conciliaristas da colegialidade episcopal.

 

  1. Na quinta-feira, o decreto sobre o ecumenismo é alterado com 19 emendas do Santo Padre, o que desagradou a muitos dos redactores.

Na sexta-feira, o Sumo Pontífice sugere o adiamento da votação do decreto sobre a liberdade religiosa para a quarta — e última — sessão do Concílio.

 

  1. E foi no sábado, 21 de Novembro de 1964, que Paulo VI atribuiu a Nossa Senhora o título de «Mãe da Igreja».

Enquanto Mãe de Cristo, Ela é Mãe dos membros do Corpo de Cristo: «fiéis e pastores».

 

  1. Foi, portanto, há 50 anos que Maria Se tornou oficialmente reconhecida como Mãe da Igreja. No entanto, a origem deste título é muito antiga.

Segundo Hugo Rahner, irmão de Karl Rahner, terá sido usado pela primeira vez por Sto. Ambrósio, no século IV.

 

  1. Como Mãe da Igreja, Maria avulta como modelo da Igreja mãe.

Na Mãe a Igreja torna-se mãe.

 

  1. O que Maria é corresponde ao que a Igreja é chamada a ser.

O que é conhecido em Maria deveria ser sempre reconhecido na Igreja.

 

  1. Aliás, desde jovem, o futuro Paulo VI defendia a necessidade de a Igreja despontar como mestra da verdade e, ao mesmo tempo, como mãe da caridade.

No dia da sua Missa Nova, distribuiu uma oração atribuída a S. Pio X, onde se pedia: «Que todas as inteligências se reúnam na Verdade e que todos os corações se encontrem na Caridade».

 

  1. Na Mãe, a Igreja Mãe atinge a sua máxima perfeição e encontra o seu maior desafio.

Para a Igreja, Maria é —como assinalou Otto Semelroth — o seu «pléroma» e o seu «gérmen».

 

  1.  João Paulo I, imediato sucessor de Paulo VI, ter-nos-á surpreendido quando recordou que «Deus é Pai e, ainda mais, Mãe». No fundo, Maria traz para nós a paternidade maternal de Deus.

Que a Igreja reaprenda com a Mãe a ser cada vez mais mãe!

 

publicado por Theosfera às 10:48

Importante é ouvir. Mas muito necessário é não dar crédito a tudo o que se ouve.

Já Francisco Quevedo notava, nos idos de Seiscentos, que «quem julga pelo que ouve e não pelo que entende é orelha e não juiz».

É preciso reflectir muito e repensar bastante.

Avaliar não se compadece com improvisar!

publicado por Theosfera às 09:50

Por muita informação que nos chegue, há notícias que demonstram o quanto (ainda) andamos distraídos.

Desta manhã vem um dado que configura um clamor.

Pensava eu que a escratura já não existia. Puro engano.

Neste mundo, há quase 36 milhões de seres humanos que (sobre)vivem na escravidão.

E não se pense que é só lá longe. Portugal ocupa um tristíssimo 10º lugar entre 167 países.

Entre nós, ainda há 1400 trabalhadores escravos. Assustador!

publicado por Theosfera às 09:42

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