«As pessoas estão tão expostas à crítica como à gripe».
Friedrich Durrenmatt limitou-se a conferir o óbvio.
Eu diria que estamos mais expostos à crítica. Sobretudo quando procuramos fazer alguma coisa!
«As pessoas estão tão expostas à crítica como à gripe».
Friedrich Durrenmatt limitou-se a conferir o óbvio.
Eu diria que estamos mais expostos à crítica. Sobretudo quando procuramos fazer alguma coisa!
«Um artista nunca pode ser absolutamente ele mesmo em público, pelo simples facto de estar em público. Pelo menos, ele precisa sempre de ter alguma forma de defesa».
John Lennon percebeu que, amiúde, o caminho do êxito estriba na encenação!
Mas a vida só vale a pena se formos inteiros e únicos em cada momento!
O segredo para não perder não está na força, mas na capacidade de visão.
Já dizia Políbio: «Um bom general deve não apenas conhecer o modo de vencer, mas também saber quando a vitória é impossível»!
Os mais contestados cá dentro, afinal, são os mais apreciados lá fora: os árbitros.
São eles, os árbitros, que vão representar o país na final do Campeonato da Europa.
Um dado para reflectir!
Não são apenas as pessoas que estão cansadas. O planeta também parece estar fatigado.
Por isso, o dia de hoje vai ter mais um segundo.
Mas daqui a 4600 milhões de anos, a duração do dia não será 24 horas mas (imagine-se) 1272 horas, ou seja, o equivalente a 53 dias actuais!
O zénite da maldade, visto pelo Padre António Vieira: «A maldade é comerem-se os homens uns aos outros, e os que a cometem são os maiores, que comem os pequenos»!
Hoje, 30 de Junho, é dia dos Primeiros Mártires da Igreja de Roma, S. Raimundo Lulo, S. Januário Sarnelli e S. Marçal.
Este último, padroeiro dos bombeiros e invocado contra os incêndios, é apontado como sendo uma das crianças que Jesus afagou ou como podendo ser aquele rapaz que apresentou a Jesus os cinco pães e dos dois peixes para a multiplicação.
Um santo e abençoado dia para todos!
Eis o segredo da educação: não mostrar aos outros, mas levar cada um a (re)descobrir-se a si mesmo. Esse era o conselho do oráculo de Delfos.
Essa é a recomendação, pertinente, de Galileu: «Não se pode ensinar coisa alguma a alguém; pode-se apenas auxiliá-la a descobrir por si mesmo».
Gandhi verteu um alerta: «Estou firmemente convencido de que só se perde a liberdade por culpa da própria fraqueza».
De facto, a coragem exige uma força muito grande!
Na ciência económica, chamam-lhe a «curva de Laffer», devido ao autor da tese: Arthur Laffer.
O que ele diz é, no fundo, o que toda a gente constata: sempre que os impostos aumentam, a receita fiscal diminui.
Não é preciso, aliás, ser grande perito. Basta ter um pouco de atenção. Basta olhar, por exemplo, para Portugal!
Esperemos. Mas não esperemos pelo tempo. Não é ao tempo que cabe realizar os nossos olhos.
Já, na Antiguidade, Eurípedes percebera: «O tempo não se ocupa em realizar as nossas esperanças; faz o seu trabalho e voa».
Nós é que temos de realizar as nossas esperanças no tempo. E é também no tempo que devemos não frustrar as (legítimas) esperanças dos outros!
Os Estados Unidos tiveram um problema parecido há mais de 200 anos. A união foi a solução para as dificuldades de cada estado.
Multiplicam-se as vozes a defender o mesmo para o continente europeu.
Depois dos Estados Unidos da América estamos no limiar dos Estados Unidos da Europa? Será a salvação da moeda única?
Uma federação europeia terá moeda única e poderá ter uma língua comum?
Não deixa de ser curioso notar que a língua mais comum é precisamente a daquele país que ficou de fora da moeda única!
Mas o paradoxo é uma constante da história!
As vendas dos jornais continuam a cair. Há menos 19 mil exemplares por dia a circular.
Tenho pena, mas confesso que não estou admirado.
À excepção da apresentação gráfica, a qualidade tem vindo a descer. Penso sobretudo nos textos. Em comparação com outras épocas, a verdade impõe que se reconheça que outrora se escrevia muito melhor.
Há mais gente diplomada no jornalismo. É bom. Mas pode ser também um problema.
Talvez se olhe muito para as técnicas e não se olhe tanto para a realidade!
Hoje, 29 de Junho, é dia de S. Pedro e S. Paulo, S. Cásio, Sta. Emma e S. Siro.
S. Pedro é padroeiro dos serralheiros, dos sapateiros, dos ceifeiros e dos mareantes.
S. Paulo é padroeiro dos cordoeiros e é invocado contra o granizo e as mordeduras das serpentes.
É neste dia que o Papa costuma oferecer o pálio aos arcebispos recentemente nomeados. Tal pálio é confeccionado com pele de cordeiro. Os cordeiros costumam ser oferecidos na festa de Sta. Inês, 21 de Janeiro.
Um santo e abençoado dia para todos!
Duas grandes equipas nem sempre fazem grandes jogos.
Umas vezes, jogam o que sabem. Outras vezes, preocupam-se em não deixar que as outras sabem. Umas vezes, explodem. Outras vezes, anulam-se.
Ontem não houve um jogo grande. Houve um jogo entre duas grandes equipas.
Não se notaram diferenças entre Portugal e Espanha ao longo de 120 minutos.
E até nos penáltis, a semelhança foi quase total. Um penálti falhado a abrir para cada lado.
O quase que fez a diferença foi o penálti de Bruno Alves, em que a bola bateu no poste e saiu, e o penálti de Fabregas, em que a bola bateu no poste e entrou.
Alguém controla estes «caprichos»?
Francis Bacon percebeu há muito tempo que «um quadro não pode exprimir a maior parte da beleza». A maior parte da beleza é inexprimível. O essencial permanece invisível aos olhos.
É por isso que, quando perguntado sobre a sua melhor obra, o artista responde: «A próxima»!
Fica sempre uma tal sensação de incompletude diante do já feito que a vontade é lançar mãos ao que falta fazer!
Na hora da vitória, não faltam reclamações de paternidade. No momento do fracasso, não escasseiam pretextos para ausências.
John Kennedy assinalou que «a vitória tem mil pais, mas a derrota é orfã». Parece que nunca tem causas nem responsáveis!
Ontem, o nosso futuro no Euro decidiu-se na Ucrânia. Hoje, o futuro do Euro pode decidir-se em Bruxelas.
Não são os artistas da bola que vão entrar em campo. São os líderes das nações que vão entrar em cena.
Há que acordar para a realidade. Que mais nos irá acontecer?
Pensem nas pessoas antes de olhar para os números.
Já basta de olhar para os números antes de pensar nas pessoas!
Já lá vão as escolas. Já lá vão os hospitais e os centros de saúde. Agora, vão as juntas e os tribunais.
O pretexto é a reduzida utilização destes serviços.
A realidade é esta, mas a ilação é estranha.
A manutenção de um serviço significa a esperança de, um dia, poder haver maior utilização.
Já a extinção de um serviço equivale a dizer às pessoas que não se acredita na alteração da situação.
O que se está a dizer é que as pessoas se desloquem, é que, no fundo, as pessoas abandonem tais terras.
O argumento é, sem dúvida, assustador.
Se o número é o critério supremo, então as terras pequenas estão condenadas ao desaparecimento! O que é pequeno mais pequeno vai ficar!
Hoje, 28 de Junho, é dia de Sto. Ireneu, S. Leão III e S. Nicolau de Charmetsky e seus companheiros mártires.
Um santo e abençoado dia para todos!
Este foi sobretudo um jogo de neutralizações mútuas.
Onze portugueses em movimento vão deixar milhões de portugueses parados.
A esta hora, pressente-se ansiedade, expectativa, esperança.
O futebol é assim.
Congrega pessoas, desperta emoções e excita sentimentos.
Mas, haja o que houver, nunca deixará de haver motivos para, daqui a umas horas, o povo continuar a sorrir.
Com vitória ou sem vitória, um país nunca perde quando luta. Quando não desiste. Quando persiste!
O impossível não é necessariamente um limite. Muitas vezes, desponta como um obstáculo.
Os obstáculos são para transpor. Os limites são para ultrapassar.
Os problemas existem não para nos vencerem, mas para serem vencidos por nós. Quando Deus quer e o homem sonha, a obra acaba por nascer.
Nélson Mandela, do alto da sua sageza humilde, proclamou: «Tudo parece impossível até que seja feito»!
O fazer é o grande certificado do querer e o maior desmentido do parecer.
Que o futebol mostre o que a vida tem condições para demonstrar: há impossíveis que não são eternos; há impossíveis que são efémeros. É preciso tentar superá-los. É importante persistir. E é urgente não recuar!
Nunca foi possível a Portugal chegar à final de um Europeu ou de um Mundial. Até agora. Até hoje?
Quem não ama os outros será que se ama a si mesmo?
Habitualmente, fraccionamos o amor ao próximo e o amor a si mesmo.
Partimos do princípio de que, para amar o próximo, é mister deixar de se amar a si mesmo. Mas será assim?
Para amar o próximo, não será necessário amar-se a si mesmo?
É interessante notar como o termo de comparação, para Jesus, é o amor próprio. O Seu mandamento é que cada um ame os outros como a si mesmo.
E, mais perto de nós, Cesare Pavese vai na mesma direcção quando denuncia: «Odeiam-se os outros porque se odeia a si mesmo».
O caso é verídico e, pelos vistos, não foi único.
Um funcionário do Governo dos Estados Unidos avisa um ministro da Irlanda. Este país iria pedir um resgate à Europa.
O ministro responde que não sabe de nada. O Governo da Irlanda ainda não tomara qualquer decisão. Ao que o norte-americano replicou: «Não foi o teu Governo que me disse, foi o Governo alemão»!
O resto é conhecido. Na Irlanda. Na Grécia. Em Portugal. Na Espanha.
(I)moral da história: «Qui a l'argent a le pouvoir»!
Não há só pobreza nos países pobres. Há também pobreza nos países ricos.
Nos países pobres, a pobreza é geral. Já nos países ricos, a pobreza é selectiva.
Em qualquer caso, trata-se não de um problema dos países em causa. Trata-se de um momentoso problema da humanidade. Ou, melhor, de falta de humanidade!
Todos nós somos filhos do um passado, irmãos do um presente e pais do um futuro.
No fundo, no fundo, somos aquilo que outros nos deram e aquilo que ajudamos a dar aos outros. Ninguém foge ao seu passado. Ninguém escapa ao seu presente. Será que alguém quer passar ao lado do seu futuro?
Não tempos culpa do mundo que nos legaram. Mas podemos (e devemos) ter responsabilidade no mundo que vamos legar.
Não deixemos que o futuro seja a mera reprodução do nosso passado. Que ele possa ser a transformação do nosso presente.
Que o nosso agir não desmereça o nosso sonhar!
Se pensar em mudar o mundo, é natural que se sinta sem forças. Mas pense em mudar-se a si mesmo e em mudar algo à sua volta.
Casimiro Brito verteu uma importante recomendação: «Transformar o mundo não posso mas talvez possa transformar o mundo à minha volta».
Se todos mudarem um pouco, o mundo mudará muito!
Quem ousa, arrisca. Mas quem não ousa, perde-se.
Kierkegaard percebeu isto notavelmente: «Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se»!
Loius Aragon pôs a ênfase num assunto muito importante que, por vezes, passa despercebido: «A literatura é um assunto sério para um país, pois é afinal de contas o seu rosto».
Eu sei que, nesta altura, não é politicamente correcto dizer isto.
O futebol é mobilizador. Mas a literatura é o verdadeiro certificado da alma de um povo.
Afinal, é ela que fica (mesmo) quando tudo passa!
Muita subtileza usou Álvaro Corrado: «Quem tem dinheiro paga, mas nunca paga caro».
O dinheiro torna tudo barato e torna muita coisa banal.
Por muito que tente, o dinheiro não consegue comprar o que é mais caro: a honra, a dignidade.
A honra nunca se vende. A dignidade jamais se comercializa!
A liberdade é, sem dúvida, o dom maior. Mas é também o risco supremo.
Vale a pena, contudo, correr esse risco. Até a liberdade de censurar pode entrar nos pressupostos da liberdade de agir.
Pelo menos, foi o que defendeu Pierre de Beaumarchais: «Sem a liberdade de censurar não há elogio lisonjeiro».
É por isso que a liberdade tem de ser, permanentemente, condimentada com doses infindas de respeito.
Nunca podemos perder de vista que o tu tem o mesmo acesso à liberdade que o eu.
Mas temos de estar preparados para tudo. Pode, de facto, haver quem invoque a liberdade até para tolher a liberdade!
Não é normal (nem salutar) a contestação que tem havido ao Presidente da República. Mas é um sinal a que não podemos deixar de atender.
As pessoas estão saturadas. Era, porém, tradição «preservar» o Chefe de Estado da onda de protestos. Ele até costumava ser uma espécie de provedor dos cidadãos.
Mas também era habitual que o Presidente se demarcasse do Governo. Agora, tem imperado a prudência. Talvez em excesso.
Daí os protestos. Porventura em excesso!
Primeiro, negava-se até tarde aquilo que toda a gente sabia. Agora, vai-se anunciando desde cedo aquilo que toda a gente receia.
A Moção de Censura serviu não para derrubar o Governo, mas para apertar o Governo.
E o senhor Primeiro-Ministro foi claro, apesar das cautelas: «É muito cedo» para falar de austeridade. Mas acrescentou que «este Governo exercerá os seus poderes na plenitude para tomar as medidas que forem necessárias para garantir o processo de convergência e de ajustamento. Se for necessário, assim o farei». Ou seja, quando não for tão cedo, podemos contar com mais medidas.
Dir-se-á que é inevitável. Mas todos sentiremos como vai ser doloroso!
Hoje, 26 de Junho, é dia de S. João e S. Paulo (mártires do século IV), S. Pelágio ou Paio e S. Josemaria Escrivá de Balaguer.
Um santo e abençoado dia para todos!
1. Já houve quem decretasse que a história tinha chegado ao «fim». Verdade seja dita que também não faltou quem considerasse que a mesma história estava somente a passar por mais um dos seus muitos «intervalos».
Hoje, salta à vista que Vergílio Ferreira estava mais certo que Francis Fukuyama. De facto, sentimos todos que «a história é feita de intervalos». E, ao mesmo tempo, notamos que aquilo que está a chegar ao fim não é a história; é um dos seus frequentes intervalos.
2. Há duas décadas, sabíamos que, como assinalava Alvin Toffler, éramos «a última geração de uma civilização velha e a primeira geração de uma civilização nova».
Se, entretanto, era difícil tipificar devidamente a civilização que decaía, tornava-se praticamente impossível descrever a civilização que começava a emergir.
Eis, porém, que a primeira década do século XXI dissipou todas as dúvidas. E esta segunda década do século XXI está a dar a resposta total.
3. Oswald Spengler falara, em 1917, sobre o declínio do ocidente. Mas foi em 2001, mais propriamente a 11 de Setembro, que acordámos (tragicamente!) para a sua assombrosa fragilidade. Já a crise económica, que nos invade desde 2008, parece torná-la irreversível.
Só que desta vez é nítido que não é apenas o ocidente que declina. É também o oriente que domina. O foco está sobretudo na China, que tem dinheiro, poder, ambição e gente. Tudo o que a ocidente parece escassear.
Para já, o mundo é pilotado por uma espécie de «Chimérica», um globo dominado pela sobriedade chinesa e pelo esbanjamento americano.
4. Há, contudo, quem, como Gilles Lipovetski, veja a globalização como uma extensão do ocidente, como uma espécie de «ocidente mundializado». A «cultura-mundo» será a cultura do ocidente estendida à escala planetária.
Assim sendo, não deixa de ser paradoxal verificar como o oriente se impõe quando se ocidentaliza. Ou seja, quando se descaracteriza.
Mas o paradoxo sempre foi a dominante da vida das pessoas e da história dos povos!
5. Seja como for, o que avulta é que estamos no limiar daquilo a que podemos chamar uma «civilização global», em que as decisões são cada vez mais comuns e os comportamentos se apresentam cada vez mais padronizados.
O oriente incorpora, cada vez mais rapidamente, o estilo de vida do ocidente. O ocidente recorre, cada vez mais urgentemente, à ajuda do oriente.
6. Simplificando, dir-se-ia que os PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) dependem cada vez mais dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).
Os PIIGS sinalizam a decadência do ocidente. Os BRIC simbolizam a ascensão do oriente. Do oriente ocidentalizado!
7. É nítido que o oriente parece não hesitar em trocar a identidade pela liderança. O que nele se destacava era o seu fulgor espiritual, a sua visão holística da vida, a sua percepção transcendente da história. Em síntese, a sua mundividência unificadora.
É perturbador verificar que também a oriente se olha para o mundo não como uma comum humanidade, mas apenas (e cada vez mais) como um único mercado!
8. Que papel para a fé no meio de tudo isto?
É interessante registar que as grandes tradições religiosas nasceram a oriente. Hoje, parecem incapazes de transfigurar a paisagem lúgubre do próprio ocidente.
9. Também as religiões precisam de revisitar as suas origens para recuperar o seu fulgor. Para poderem ser uma verdadeira alternativa e não uma mera redundância.
Particularmente, oCristianismo tem uma palavra a dizer, uma missão a desempenhar e, acima ce tudo, uma esperança a propor.
10. Não é por acaso que ele começa em Jerusalém, uma cidade que fica entre o ocidente e o oriente.
Reúne, pois, todas as condições para oferecer as pontes que importa (re)lançar. E os laços que urge (re)fazer!
«A arte não é outra coisa senão a força de sugestão de um detalhe».
Esta percepção de Álvaro Corrado reconduz-nos ao núcleo de tudo o que é belo.
A beleza de um conjunto repousa, quase sempre, na beleza do pormenor.
Há pequenas coisas que fazem toda a diferença: numa obra, num texto, numa vida!
Ao ser humano não faltam ideias. O que costuma faltar é coragem para as levar até ao fim.
Mas sem coragem não há liberdade.
Muitas vezes, somos prisioneiros de interesses. Estes costumam ser um «elevador» eficiente na carreira.
A coerência é tingida com o apodo da teimosia. E a convicção também é estigmatizada com o verdete do radicalismo.
Há quem prefira viver nas águas comatosas do comodismo e na paisagem cinzenta da indiferença. Jules Renard assinalou: «O homem livre é aquele que não receia ir até ao fim da sua razão».
De facto e como advertia Gandhi, é para o fim que somos atraídos, é para o fim que somos chamados!
A receita fiscal está abaixo do previsto. O défice orçamental está acima do previsto.
O cidadão lê e espanta-se com o espanto.
Como é que alguns não conseguem prever o que toda a gente vê?
O conhecimento dos especialistas é importante. O problema é que esse conhecimento é, bastas vezes, submetido às teorias em vez de ser iluminado pela realidade.
O cidadão comum, que não tem tanto conhecimento mas tem mais experiência, não tem dúvidas.
O que está previsto há muito era visto. Por muitos. A bem dizer, por quase todos!
1. O que mais aprendemos é que, no fundo, não aprendemos.
Esta percepção, difundida por Desmond Tutu, devia, pelo menos, levar a reflectir e, se possível, a inflectir.
O problema é que, por muitos avisos que nos façam, o diagnóstico mantém-se pertinente.
Sobretudo com a História, aprendemos que não aprendemos.
O mais curioso é que, mesmo ignorando datas e esquecendo factos, reproduzimos os erros.
2. Desmond Tutu está em Portugal e vai falar, hoje à tarde, na Fundação Calouste Gulbenkian.
Esta grande figura da história contemporânea, artífice da paz no mundo e arquitecto da reconciliação no seu país, faz eco do apelo «por um modelo diferente de sociedade».
A gravidade e sobretudo a globalização dos problemas fazem aumentar a consciencialização. «Mil milhões de pessoas vivem com menos de um dólar por dia. Estas disparidades são uma receita para a agitação» e um factor para a mobilização. O que as pessoas estão a fazer é o que «Deus disse há muito: "Vocês pertencem a uma família, à família humana. Quando se pertence a uma família, sabe-se que as pessoas partilham mesmo as quantidades mais pequenas do que têm».
Hoje, 25 de Junho, é dia de S. Próspero de Aquitânia e S. Guilherme de Vercelli.
Um santo e abençoado dia para todos!
Não se caminha quando não se acredita. Não se estende a mão quando não se ama. Não se muda quando nada se espera.
André Malraux foi claro: «A força da revolução é a esperança».
Não precisa de disparar tiros nem de gritar frases fortes. A maior revolução é feita de paciência.
Não cuida apenas dos resultados. Nunca descuida as raízes nem desperdiça os alicerces.
A revolução da esperança está em marcha. Embora não pareça. Sobretudo porque não parece.
O essencial não se vê. Mas o essencial está a emergir!
Dante Alighieri: «Quanto maior é a sede, maior é o prazer em satisfazê-la».
As dificuldades na subida tornam mais reconfortante a chegada.
Decididamente, não é a facilidade que oferece felicidade.
O que é difícil desgasta, mas também conforta.
Superar uma adversidade confere uma sensação indescritível, uma paz imensa!
Agostinho da Silva: «Procura, diante dos acontecimentos ter as tuas reacções, não as dos outros».
Em cada momento, sejamos nós próprios. Inteiramente!
Séneca foi um sábio. Mas nem isso lhe garantiu uma vida fácil.
Pelo contrário, foi hostilizado até por aquele a quem serviu: o imperador.
Sendo seu conselheiro, entrou em desgraça porque dizia o que pensava e não o que agradava.
Nero tê-lo-á mandado assassinar.
Ainda assim, Séneca estava longe de ser medroso.
Daí a recomendação: «As coisas que nos assustam são em maior número do que as que efectivamente fazem mal, e afligimo-nos mais pelas aparências do que pelos factos reais».
Se a realidade não nos deve assustar, não são as aparências que nos hão-de amedrontar!
Dois perniciosos equívocos estão a condicionar, pesadamente, a qualidade da nossa vida.
Os jovens dão pouca atenção aos idosos. Os vivos dão reduzida atenção aos mortos.
O prejuízo é evidente.
Se a experiência é a mãe de todas as coisas, seria bom que fôssemos ao encontro de quem nos precedeu.
Mesmo para evitar certas situações, é mister que as conheçamos.
A história é fundamental. O futuro, para dar frutos, precisa de raízes. E estas moram no passado!
Este era um homem de fibra,
um homem autêntico, honesto e bom.
Celebramos, hoje, o nascimento de João,
aquele que veio preparar os caminhos do Senhor.
Foi sempre corajoso, honesto e íntegro.
Não se deixou vergar. Não se deixou vender.
Foi igual a si próprio. Procurou ser fiel a Deus.
Não veio para dizer o que as pessoas gostavam de ouvir.
Veio para dizer o que as pessoas precisavam de escutar.
Obrigado, Senhor, pela coragem de João,
aquele que Te baptizou nas água do Jordão.
Obrigado, Senhor, por não ter vacilado nas horas difíceis
e por ter olhado sempre em frente, sem hesitar.
Obrigado, Senhor, por este homem sem calculismos.
Obrigado pela sua lição de vida:
«É preciso que Ele (Jesus) cresça e eu diminua»!
Obrigado também pela sua simplicidade e despojamento.
João não se vestia com grandes roupas nem se banqueteava em refeições opulentas.
Obrigado, Senhor, pela frugalidade de João.
Num tempo de tantos desperdícios, dá-nos a ousadia da partilha e da solidariedade.
Dá-nos, Senhor, a força para anunciar, com os lábios e com a vida,
que Tu és o Cordeiro que tira o pecado do mundo.
Que desapareçam os calculismos e as ambições.
Que em nós arda o vigor de João.
Que nós sejamos capazes de viver para Ti
como João viveu para Ti.
Que os nossos lábios Te anunciem
como os lábios de João Te anunciaram.
Que o nosso coração esteja voltado para Ti
como sempre esteve o coração de João.
Que nós sejamos capazes de Te mostrar a todos
como João Te mostrou.
Que nunca recuemos nas dificuldades
como João nunca recuou.
Que o nosso testemunho perdure até ao fim
como perdurou o testemunho de João.
Que nos demos inteiramente
como João se doou.
Obrigado, Senhor, pela vida deste grande homem.
Obrigado pela lição da sua vida.
Obrigado pela entrega total do seu ser.
Que os nossos lábios e que a nossa vida mostrem quem Tu és,
JESUS!
Hoje, 24 de Junho, é dia do nascimento de S. João Baptista e de Sta. Raingarda.
Refira-se que S. João Baptista, dada a sua extrema popularidade, é padroeiro dos cuteleiros, espadeiros, alfaiates e peleiros.
É invocado contra os espasmos, as convulsões, as epilepsias e o granizo.
É também considerado protector dos cordoeiros. Um santo e abençoado dia para todos!
1. A idade não é, necessariamente, sintoma de decadência. Pode ser, deve ser, factor de crescimento, de maturidade.
Na lei das compensações, há, sem dúvida, algo que se perde com os anos. Mas há também muito que se ganha com o tempo.
Já Platão exemplificava: «Quando a visão física declina, a visão espiritual melhora». É por isso que, como notava Emily Dickinson, «não nos tornamos velhos com os anos, mas mais novos com os dias»!
2. Afinal, o que é ser velho e o que é ser novo? Não é verdade que, algumas vezes, nos sentimos mais jovens quando nos tornamos mais velhos? Tudo é tão relativo na vida.
James Thurber assinalou: «Tenho sessenta e cinco anos. Creio que isso me coloca na categoria dos idosos. Se cada ano tivesse quinze meses, teria apenas quarenta e oito. É este o nosso problema: quantificamos tudo».
3. É um facto que há jovens com mentalidade envelhecida e há idosos com mentalidade rejuvenescida.
Há jovens que se arrastam como velhos e há velhos que se movimentam como novos.
Há ideias renovadoras de gente com muita idade e há ideias conservadoras de gente com pouca idade.
4. Um dos grandes paradoxos da vida é a novidade estar associada à juventude. Mas, se repararmos, a novidade é o que vem depois. Não é o que está antes.
Ora, a juventude é o que está antes (para quem já a ultrapassou, evidentemente). Daí o apelo de Robert Browning: «Envelhece comigo! O melhor ainda está para vir, a última parte da vida, para a qual foi feita a primeira».
5. Com efeito, não é a juventude que vem depois da velhice. A velhice é que vem depois da juventude!
Jonathan Swift teve a subtileza de reparar: «Ninguém é tão proficiente na condução da sua vida que não receba nova informação com a idade e a experiência»!
6. É certo que a velhice está associada à morte. O povo, na sua sageza, sentencia: «Quem de novo não vai de velho não escapa». E, no mesmo registo, Juan Montalvo assinala: «A velhice é uma ilha rodeada de morte».
Mas, se pensarmos bem, não é a velhice que está rodeada de morte: é a vida.
7. Já Zubiri sustentava que viver «é existir estruturalmente frente à morte». Por isso, Montaigne afirmava que «filosofar é aprender a morrer», o que, no fundo, é uma variante da arte de aprender a viver.
É a vida que desemboca na morte, não é a velhice. E não é sonho de todos morrerem velhos?
8. Não se pense, porém, que é fácil envelhecer. O filósofo Henri Frédéric Amiel tinha consciência das dificuldades: «Saber como envelhecer é uma obra-prima de sabedoria e um dos capítulos mais difíceis da grande arte de viver». É uma arte que está ao alcance de todos. Mas nem todos a executam com igual desenvoltura nem com o mesmo primor!
9. Compreende-se o que nos disse Hasidim: «Para os que não a percebem, a velhice é o inverno; para os que a percebem, é a estação da colheita». Não é tão bom colher o que se semeou?
Que bom é poder ser ancião. Que belo poder avaliar o que se acumulou. Marie von Ebner-Eschenbach sinalizou: «Na juventude, aprendemos; na velhice, compreendemos»!
10. É indiscutível que existe um irresistível encanto na velhice. O mestre tibetano Sakya Pandita recorre a um termo de comparação deveras sugestivo: «Uma vela, mesmo voltada para o chão, tem a chama virada para cima». Um ser humano está sempre a crescer, mesmo quando se vê a cair!
11. A destreza pode estar na juventude. Mas a sabedoria repousa na velhice. Francis Bacon verteu, há séculos, uma máxima que poucos questionarão: «A madeira velha é a melhor para arder; o vinho velho é o melhor para beber; os velhos amigos são os melhores para se confiar; e os velhos autores são os melhores para ler»!
12. É claro que a nossa existência será sempre marcada por uma contradição insanável. Jean de La Bruyère verbalizou-a assim: «Esperamos chegar a velhos, mas temos medo da velhice. Temos vontade de viver e medo de morrer». Saber optimizar aquela vontade e amortecer este medo é o segredo de uma vida feliz.
Desde o primeiro momento até ao último instante, haverá sempre altos e baixos. O fundamental, porém, é que a determinação prevaleça. E que a esperança nunca esmoreça!
Habitualmente, as pessoas elogiam os bons negócios. E um bom negócio é trocar um bem menor por um bem maior.
Segundo Sto. Agostinho, não faltam elogios a quem «vende chumbo e adquire ouro. Então e não elogias aquele que distribui dinheiro e adquire justiça»?
A cultura do ruído está a gerar a nostalgia da escuta.
A este propósito, não deixa de ser sintomático notar como um dos maiores artífices da palavra (Sto. Agostinho) confessava: «Gaudeo ubi audio, non quando praedico». Ou seja, «alegro-me quando escuto, não quando prego».
Pregar é necessário. Mas só é fecunda a palavra quando ela nasce da escuta.
O silêncio não é corte da palavra. É fermento da comunicação!