1. Quando falamos de Deus, se repararmos bem, não falamos de Deus. Falamos de nós. Falamos do que nós dizemos sobre Deus.
Falamos do nosso discurso, dos nossos esforços, das nossas tentativas de dizer algo sobre Deus.
Até a palavra «Deus» é uma palavra humana, portanto imprópria para se referir ao divino.
No entanto e segundo Karl Rahner, de todas será a palavra menos imprópria para falar de Deus. Trata-se de uma palavra tão pequena que quase termina quando começa.
É claro que não é preciso falar de Deus para O pressupor, para pensar n’Ele.
Fale-se de qualquer coisa, pressupomos a sua origem primeira, o seu fundamento último.
Este último pode ter muitos nomes ou pode não ter nome algum. Pode ser o Inominado.
Trata-se de uma presença imanente a tudo, mas que estará também além de tudo. Que podemos saber acerca dela?
2. Todos dizem que Deus é infinito. Mas, no fundo, o que discutimos são fórmulas finitas sobre Deus.
Também ninguém contesta que Deus é a totalidade. E, apesar disso, estamos sempre a debater elementos parciais sobre Ele: palavras, conceitos, fórmulas, etc.
Afirmamos que Deus é a resposta, mas esquecemos que Deus também pode ser a pergunta.
Achamos que Deus está nas palavras, mas não damos conta de que Ele também Se encontra no silêncio.
Defendemos que Deus é a confirmação do que pensamos, mas ignoramos que Ele é também o questionamento do que dizemos.
Deus vai muito além das nossas conjecturas. Acerca de Deus, é bom estar pronto para falar. Mas é fundamental nunca deixar de estar disponível para escutar!
3. As religiões costumam ser vistas como lugares de respostas. Mas não faria mal que se assumissem também como ressonâncias das perguntas.
Um perito em teologia saberá muito sobre Deus? Saberá, antes de mais, o bastante acerca do conhecimento humano sobre Deus.
As religiões deviam ser o espaço privilegiado da procura, do acolhimento, da espera e da esperança.
Deus está nas igrejas, mas é muito mais que as igrejas. Deus está na liturgia, mas fórmulas doutrinais. Deus está no escrito e no dito. Mas está também (e bastante) no não escrito, no não dito.
4. De Deus sabe mais quem mais O deixa transparecer. É possível ser teólogo sem ter curso de Teologia.
Deus resplandece em todo aquele que acolhe, que se supera, que não se resigna à mediania.
Deus reluz nas vidas que não se contentam com o programado, com o previsível.
Deus flui nas surpresas e brilha nas esperanças de quem não desiste nas horas de obscuridade.
Deus «passeia-Se» na brisa que palpita em corações que acreditam no amanhã. E que, por isso, continuam a dar tudo no hoje de cada dia.
5. Neste campo, a linguagem não verbal é mais eloquente que a linguagem verbal.
Sobre Deus, o decisivo não é dizê-Lo; é transparecê-Lo. Deus não cabe em nenhum conceito. Mas sentimos que vai passando em muitas vidas. Nas vidas daqueles que O respiram, amando.
O conhecimento pode demonstrar Deus. Mas só o amor O conseguirá mostrar.
Neste mês do Pai,
agradecemos-Te, Pai,
pelo dom dos nossos pais.
São eles que,
juntamente com as nossas mães,
sinalizam o Teu amor junto de nós.
Obrigado é pouco para dizer
o quanto lhes estamos agradecidos.
Mas é tudo o que nos resta
para mostrar a nossa gratidão
e para lhes fazer sentir o nosso amor.
Também Teu Filho Jesus
quis nascer numa família.
Também Ele na terra
chamou a alguém «Pai».
Que o exemplo de S. José
ilumine todos os nossos pais
e inspire todas as nossas famílias.
Que S. José abençoe os nossos pais
e que nós, seus filhos,
saibamos agradecer todo o bem que nos fazem.
Que a bênção de S. José
chegue a todas as casas
e se instale em todos os corações.
Obrigado, bom Deus,
pelos nossos pais.
Obrigado pelo seu carinho,
pela sua doação.
Obrigado por existirem.
Obrigado pelo que são.
Obrigado por tanto.
Obrigado por tudo.
Obrigado sempre!
Neste dia de S. José, é pertinente reflectir, maduramente, sobre o drama por que passou.
O Evangelho aponta-o como homem justo.
Título apropriado, sem dúvida, para quem pôs a justiça acima da lei.
Não sei se já pensamos alguma vez no seguinte. Se José seguisse, de forma estrita, os ditames da lei, Jesus não teria nascido.
É que (como iremos ouvir no próximo Domingo) a lei preceituava que a mulher apanhada em adultério devia ser apedrejada até à morte.
É óbvio que Maria não praticou adultério. O que nela se passou foi obra do Espírito Santo.
Só que José não sabia. E o que ele via pouca margem dava para dúvidas.
Ainda não viviam em comum e Maria estava grávida. Um verdadeiro drama, o drama de José!
Aparece, aqui, o crédito da confiança. Embora não sabendo o que se tinha passado, José sabia que Maria era incapaz de o trair.
Dada, porém, a situação, estava disposto a fazer tudo em segredo, em afastar-se. Denunciá-la é que jamais.
As pessoas não são todas iguais. Ainda há quem seja diferente. E as aparências também iludem. Oh se iludem!
Foi nesta situação que Deus veio em seu auxílio. E também José ficou cônscio do que acontecera.
Nem sempre a justiça está na lei. A justiça é maior que a lei. Em caso de colisão, não há que hesitar.
Jesus viria a dizer: «Procurai, antes de mais, o Reino de Deus e a Sua justiça» (Mt 6, 33).
Jesus foi muito claro na primazia dada à justiça. Fê-lo com desassombro.
José também fez o mesmo. De um modo mais contido, quase imperceptível. Mas igualmente eficaz. E prodigamente coerente.
Obrigado, Senhor,
obrigado por S. José,
homem de silêncios e de canseiras,
de sofrimento e de paz.
Obrigado por todos os pais,
porque nos deram a vida
e porque nos dão exemplo, testemunho e disponibilidade.
Que nós aprendamos com a sua dedicação,
com o seu amor e a sua bondade.
Que cada um de nós seja digno do seu suor e do seu trabalho.
Meu Pai já está está no Céu.
Meu Pai continua em mim.
Neste dia de S. José, Pai (adoptivo) de Jesus, recordo meu querido Pai, oro por todos os pais.