O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Segunda-feira, 31 de Maio de 2010

Na hora que passa, anda muita gente preocupada com saber como há-de ganhar a guerra. Melhor seria que as energias fossem canalizadas no sentido de ganhar a paz. Só que este desígnio é muito mais difícil de alcançar. É que ele pressupõe não apenas afinações de estratégia, mas uma profunda mudança no coração.

 

Por outras palavras, não basta actuar por fora. É fundamental começar por dentro. Já dizia, de resto, Raul Brandão com a sapiência que lhe é reconhecida: «É por dentro que as coisas são». Foi por aqui, aliás, que começou o fenómeno Taizé, actualmente tão apreciado. O seu fundador, estupefacto com o que ocorria na segunda guerra mundial, perguntava a si mesmo: «Como é possível que seres humanos matem seres humanos?».

 

Não encontrando uma resposta que o satisfizesse, empreendia na busca de uma alternativa: «Como conseguir que as coisas sejam diferentes?». Muito tempo — e sobretudo muita procura depois — uma voz no seu íntimo se fez ouvir: «Começa por ti!». Deu conta Frère Roger de que o bem — tal como o mal, aliás — tem início numa única fonte: no coração humano. Assim sendo, é por aí (pelo coração) que urge começar. Sem delongas…

 

É claro que não basta a mudança no interior do homem. Seria, para usar a linguagem de Jürgen Moltmann, uma «ilusão idealista»: reduzir a mudança ao indivíduo. Mas é preciso igualmente ter presente que não chega a mudança no exterior. Aquela que o mesmo Jürgen Moltmann denomina «ilusão materialista»: circunscrever a mudança às estruturas sem implicar a pessoa.

 

O que, hoje por hoje, se verifica é que as mudanças ocorrem dentro de um mesmo cenário de fundo: o cenário da guerra, da violência e da agressividade. Trata-se de uma mudança que perpetua o sistema em que, desde há muito, estamos instalados. É a lógica que levou Lampedusa a sentenciar: «É preciso mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma».

 

Só que o mundo é uma grande pessoa do mesmo modo que a pessoa é um pequeno mundo. Há, portanto, uma estreita relação entre o micro e o macro, entre o que se passa na pessoa e o que ocorre no mundo. Urge, por conseguinte, desfuncionar por completo a guerra e fazer funcionar a paz.

 

Daí que estes tempos, que parecem penumbrosos, possam ser aurorais, se neles procurarmos inocular a semente da diferença, o alicerce da mudança. É preciso irenizar os corações e elpidologizar a existência. Irenologia (Tratado sobre a Paz) e Elpidologia (Tratado sobre a Esperança) são duas temáticas que deviam figurar em todas as escolas, em todos os graus de ensino. É imperioso educar para a paz e para a esperança. Nesse sentido, cabe-nos religar o que, infelizmente, tem andado bastante desligado: a lógica e o amor.

 

Hans Urs von Balthasar recorda que, em Jesus Cristo, «o pensamento está orientado, em conjunto com as restantes forças da alma, para o serviço do amor». Em Deus, «o logos é a expressão completa do Pai e, nessa medida, é também um acto do Seu amor».

 

Ao contrário do que acontece nas guerras, a verdade em Cristo não está conectada com o triunfo, com a conquista. A verdade em Cristo está umbilicalmente ligada ao amor. «O Filho não revela outra coisa além da bondade e do amor, de tal modo que, na Sua pregação e na Sua vida, Deus Se manifesta como amor».

 

A verdade extravasa, pois, o domínio do puro entendimento, do mero raciocínio. «A verdade que se explica em Cristo demonstra-se pormenorizadamente no Seu testemunho de vida total». Dois mil anos depois, será que o mundo já percebeu isto? E será que nós, cristãos, já o entendemos? A resposta está na vida. Até agora, não tem sido entusiasmante. Mas há que não desistir nem descrer.

 

A ( invencível) esperança diz-nos que amanhã será melhor. Que, amanhã, a paz sobrevirá. Que, amanhã, a paz nos visitará. Que, amanhã, o sol da felicidade brilhará e fará repousar o seu calor em todos os povos, em todos os chãos. Esperamos tão-somente que o amanhã não demore.

 

Ontem já era tarde. Então, que o amanhã aconteça hoje. Agora. Já!...

publicado por Theosfera às 11:26

Não Te digo adeus, Mãe!

 

É o último dia do Teu mês.

 

Mas Tu ficas sempre connosco, na Igreja de Teu Filho

 

e na Humanidade que, como Ele, Tu tanto amas.

 

Adeus, ó Mãe? Não.

 

Sempre conTigo, Mãe!

publicado por Theosfera às 10:29

Domingo, 30 de Maio de 2010

Uma Igreja que se descentra de si (para se recentrar em Deus e no Homem) não é uma fortaleza que se ergue; é, antes, uma porta que se abre, uma janela que se escancara, uma mão que se estende, um abraço que se dá, um rosto que sorri, uma semente que se lança, um coração que se oferece, uma luz que se acende, uma paz que se partilha.

 

O Evangelho de S. João é, consabidamente, bastante eclesial. Nunca usa, contudo, a palavra Igreja. Aparece, sim, a palavra Deus, a palavra Pai, a palavra Discípulo, a palavra Mundo, a palavra Homem, a palavra Vida.

 

Falemos do que Jesus falou. Façamos o que Ele fez. Amemos o que Ele amou.

 

Paremos um pouco. Ponhamo-nos à escuta e à espera.  Há tanto para ouvir. Tanto para aprender.

 

Como dizia Sebastião da Gama, «tenho muito que fazer? Não. Tenho muito que amar»!

 

Eis um belo tópico. Eis um deslumbrante programa. Eis o único caminho.

 

Só darei o bastante se der tudo.

publicado por Theosfera às 15:19

Sábado, 29 de Maio de 2010

Os humildes nunca me desiludiram.

 

Os simples nunca me desapontaram.

 

Jesus tinha mesmo razão quando os declarou felizes, bem-aventurados.

publicado por Theosfera às 11:56

Sexta-feira, 28 de Maio de 2010

Neste momento de turbulência económica, injustiça social e desnorte cívico, seria importante fazer uma pequena meditação.

 

Porque será que países com dimensão e população semelhantes ao nosso mantêm um registo de serenidade e até de progresso?

 

De facto, não se ouve falar de crise na Suécia, na Dinamarca, na Noruega ou na Finlândia.

 

As boas práticas devem ser seguidas. Aprender nunca fica mal.

publicado por Theosfera às 11:50

Há quem, teimosamente, antagonize a ética da convicção à ética da responsabilidade.

 

Esta distinção, operada por Max Weber, não pode conduzir a uma fractura.

 

Há quem invoque a ética da responsabilidade para amortecer (para não dizer anular) a ética da convicção.

 

Haverá maior responsabilidade do que a que decorre da convicção?

 

É claro que não se pode confundir convicção com pura teimosia.

 

Mas invocar a responsabilidade para neutralizar as convicções parece-me um grande empobrecimento.

 

Só na convicção cresceremos na responsabilidade.

publicado por Theosfera às 11:47

Poderá haver muitas explicações, mas o cidadão tem dificuldade em aceitá-las.

 

Por muito esforço que se faça, custa perceber que necessidade tem o Estado de possuir 29 mil carros ou de gastar mais de 90 milhões de euros em gasolina.

 

Será que um governante precisa mesmo de doze motoristas?

 

E porque é que um ministro há-de ter cinco assessores de imprensa?

 

Quando a palavra de ordem é poupar, será que há quem se sinta isento?

 

Bom seria ouvir de novo Albert Schweitzer: «O exemplo não é a melhor maneira de convencer os outros; é a única».

publicado por Theosfera às 11:17

É aos pobres que o Estado dá benefícios.

 

Mas é aos mesmos pobres que o Estado exige sacrifícios com o argumento de que não pode continuar a dar benefícios.

 

Como pedir a quem pouco ou nada tem?

 

Qual o sentido de justiça que nos norteia?

publicado por Theosfera às 11:14

Acredito no mistério da bondade que habita em todo o Homem.

 

Às vezes, pode estar lá bem no fundo, indetectável. Mas está. Tenho a certeza.

 

Uma pessoa educada, cortês, afável é melhor que alguém supostamente competente.

 

Quando não for possível conjugar tudo, antes a bondade que a competência.

 

Como dizia Agostinho da Silva, «o supremo entender é a bondade».

publicado por Theosfera às 10:32

Quinta-feira, 27 de Maio de 2010

É líder e não abdica da liderança.

 

Não se queixa.

 

Tem sempre a iniciativa.

 

Transforma o medíocre em bom, o bom em óptimo e o óptimo em praticamente invencível.

 

Acredita e faz acreditar nas capacidades de cada um.

 

Os seus são sempre os melhores.

 

Todos se sentem astros, mas a estrela é ele.

 

Fixa metas, obtém resultados, decide onde quer trabalhar.

 

Sabe sempre o que quer e para onde quer ir.

 

Não deixa ninguém indiferente. Com ele não há mais ou menos.

 

Trabalhar, para ele, é sinónimo de triunfar.

 

Não usa desculpas depois de actuar. Prefere incutir motivações antes de agir.

 

Para ele, as dificuldades são oportunidades. E as oportunidades vencem as dificuldades.

 

Os outros até podem ser melhores. Mas ele, quase sempre, é o primeiro.

 

Curiosamente, este homem nasceu em Portugal. Mas o seu espírito não é muito português.

 

José Mourinho prova que se pode ser diferente daquele que tem sido o nosso destino, o nosso fado.

 

Se ele consegue, porque é que nós não havemos de conseguir?

 

Mourinho não é só um treinador. É um sério caso para estudar. E, se possível, reproduzir.

 

Quando se acredita (e faz acreditar), o impossível desaparece. Ou, pelo menos, não é tão frequente.

 

 

 

 

 

 

publicado por Theosfera às 22:34

Ninguém quer a tristeza. Todos anseiam por factos positivos.

 

Mas o importante é a verdade.

 

Não há que enveredar por eufemismos ou pela propaganda.

 

Porque é que havemos de esconder a verdade só para nos sentirmos bem?

 

Se a verdade é dolorosa, o seu conhecimento é o primeiro e fundamental passo para a sua transformação.

 

O problema das sociedades é que se tende a esconder a realidade até ao limite do impossível. Depois, o choque é maior e a desmotivação bastante mais acentuada.

 

Chamar a alguém pessimista só porque não esconde a verdade é de um primarismo atroz.

 

Do que mais precisamos é da verdade. Ou não?

publicado por Theosfera às 22:29

É pena, mas a vida mostra que é preciso ter um adversário ou até um inimigo para triunfar.

 

Agora é a crise que desponta como o grande papão.

 

Mas não é só.

 

No desporto, as vitórias de um clube são vistas como derrotas de outro.

 

Os feitos de um político são apontados como fracassos dos outros.

 

Quando perceberemos que é na abertura e na unidade que crescemos?

publicado por Theosfera às 11:17

Ele são os assaltos, os desaparecimentos, as dívidas, os aumentos dos preços.

 

Não espanta que o desnorte tente de modo avassalador.

 

Todos têm medo de todos.

 

Há que voltar a respirar ar puro.

 

Não percamos o sentido. Há um rumo que fermenta sob os escombros.

 

Acreditemos.

publicado por Theosfera às 11:13

Numa fábrica da China, são já nove os trabalhadores que põem termo à vida.

 

Esta semana, foi a vez de um jovem de 19 anos.

 

A vida não está fácil. Mas, apesar de tudo, não é impossível adivinhar a beleza que contém.

publicado por Theosfera às 11:10

Um dos sinais mais eloquentes da crise tem a ver com a visão. Ou, mais propriamente, com a falta dela.

 

Ninguém vê uma saída, uma solução, uma luz.

 

O que distingue os homens grandes é precisamente a capacidade de visão.

 

Nesta altura, há quem tenha fartas saudades de pessoas como Jacques Delors, François Mitterrand ou Helmut Kohl.

 

Em momentos difíceis, eles foram capazes de ver o norte e de apontar um rumo.

 

Noutro plano, José Mourinho destaca-se por essa capacidade de ver. Até ao pormenor.

 

Sem líderes fortes, haverá soluções consistentes?

publicado por Theosfera às 11:06

A crise toca a todos, é certo. Mas parece não tocar da mesma forma.

 

Os desempregados (diz a imprensa de hoje) vão perder apoios sociais extraordinários.

 

Os mais pobres vão, assim, continuar a empobrecer.

 

Sucede, ao invés, que o Parlamento (diz a mesma imprensa) aumenta as despesas: de representação, de viagem e até de flores.

 

Há coisas que, mesmo com muito esforço, é difícil entender.

publicado por Theosfera às 11:03

O que nunca te abandona.

 

O que sempre te apoia.

 

O que é delicado e cortês.

 

O que te diz a verdade.

O que te respeita.

 

O que não te ultrapassa.

O que te respalda.

O que é sincero contigo.

 

O que não se aproveita da tua boa vontade.

O que vive o Evangelho na tua companhia.

publicado por Theosfera às 11:00

Quarta-feira, 26 de Maio de 2010

Ninguém diga que não sabe. Deus tudo conhece.

 

Ninguém pense que não pode. Deus tudo consegue.

 

Ninguém sinta que não é capaz. Deus tudo oferece.

 

Para quê esmorecer? Deixa entrar Deus na tua vida.

publicado por Theosfera às 11:10

Terça-feira, 25 de Maio de 2010

Na transumância de valores que estamos a viver, há padrões que se vão alterando.

 

Hoje, regista-se, com prazer, que a juventude se prolongue até tarde.

 

Porque é que não se há-de anotar, com igual contentamento, que a maturidade se atinja cedo?

 

É bom que se seja sempre jovem, robusto. Mas isso não contende com a maturidade, a adultez.

 

O problema é quando estes movimentos se dão à custa uns dos outros. Ou seja, quando nos sentimos jovens mas não maduros.

 

O facto de vivermos até cada vez mais tarde não devia ser impedimento para que procurássemos alcançar a maturidade cada vez mais cedo.

 

A juventude é maravilhosa, mas porque é que a ancianidade também não o há-de ser?

 

Porque é que os jovens com mais idade hão-de ser arrumados, abandonados, quiçá esquecidos?

 

Viver inteiramente cada momento da vida eis o segredo da felicidade, da alegria e da realização pessoal.

publicado por Theosfera às 10:44

Segunda-feira, 24 de Maio de 2010

1. Jesus Cristo está presente na Igreja.

 

Mas esta presença, que é real, não é automática. Ela pode, inclusive, ser ofuscada.

 

Ela ocorre na base de um dom e sob a égide de um compromisso. Se este falha, aquele, mesmo subsistindo, fica sem interlocutor e, portanto, sem visibilidade.

 

Não basta, pois, invocar a pertença à Igreja para presumir a transparência de Cristo.

 

É preciso não esquecer que, como ainda recentemente avisou o Papa, o pecado também invade a Igreja.

 

É por isso que, desde o princípio, se insiste tanto no testemunho e na conversão.

 

Jesus mostra-nos o que é a Igreja. Mas será que a Igreja nos mostra sempre quem é Jesus?

 

Nunca percamos de vista que não é a Igreja o critério para Cristo; Cristo é que é o critério para a Igreja.

 

 

2. Esta preocupação deve acompanhar-nos sempre e gerar em nós uma sadia inquietação.

 

Será que, no fundo, conhecemos bem Jesus Cristo? E será que conhecemos tudo sobre Jesus Cristo?

 

Vinte séculos de experiência podem dar a entender que a novidade se escoou. Daí que seja da maior pertinência prestar atenção ao que Albert Nolan, teólogo dominicano, nos diz num precioso livro a que deu o sugestivo título Jesus antes do Cristianismo.

 

Começa o autor por apontar para o óbvio quando assinala que Jesus «ergue-Se acima do Cristianismo como juiz de tudo o que este fez em Seu nome».

 

Acresce que «o Cristianismo histórico tão-pouco O pode reivindicar como sua propriedade exclusiva. Jesus pertence a toda a humanidade».

 

Impõe-se, assim, alargar incessantemente o nosso olhar para antes e para fora.

 

Isto não significa que o que nos tem sido mostrado não seja relevante. Mas será possível aprender ainda mais e ver ainda melhor.

 

Ninguém questionará que não é o Cristianismo a luz para compreender Cristo. Cristo é que é a luz para compreender o Cristianismo.

 

 

3. Quando deixamos Jesus falar por Si próprio, aparece-nos alguém de uma independência assombrosa e de uma coragem extraordinária.

 

Jesus é um mestre que não fica impressionado com o saber dos mestres. Pelo contrário, questiona permanentemente esse saber, demasiado aprisionado pela Lei e pouco voltado para a Vida.

 

Como nota Albert Nolan, Jesus nunca deixou de «manifestar as Suas convicções».

 

Jamais deu sinais de medo. Não teve medo, com efeito, «de provocar um escândalo, de perder a Sua reputação nem de perder a Sua própria vida».

 

Curiosamente, eram as pessoas religiosas as que mais se incomodavam com Ele. «Nada fez para alcançar o mínimo prestígio aos olhos dos outros. Ele não procurava a aprovação de ninguém».

 

 

4. Não espanta que tivesse problemas com as autoridades. Para Jesus, o importante não é a autoridade, mas a verdade.

 

Ele «proclamava a verdade sem hesitar, quer utilizasse os métodos persuasivos da parábola, quer o tom mais directo das Suas outras palavras».

 

A única autoridade à qual apelava «era à autoridade da própria verdade. Ele não fazia da autoridade a Sua verdade, mas da verdade a Sua autoridade».

 

É a autoridade que nasce da verdade. Não é a verdade que nasce da autoridade.

 

Em Jesus, não existe automatismo da verdade a partir da autoridade. Só há autoridade em quem se dispõe a procurar (e sobretudo a viver) a verdade.

 

E em que consistia a verdade? Na compaixão.

 

Em Jesus, «era o próprio sentimento de compaixão de Deus que O possuía e preenchia. Todas as Suas convicções, a Sua fé e a Sua esperança eram expressões desta experiência fundamental. Se

Deus é compassivo, então a bondade triunfará, o impossível acontecerá e uma esperança brotará para o género humano».

 

 

5. Será que é desta verdade que procuramos dar testemunho? Cristo está, sem dúvida, presente na Igreja. Mas será que a Igreja está sempre presente em Cristo? Será que, para nós, a compaixão é a base da verdade?

 

Acreditar em Jesus «é acreditar que a bondade pode triunfar e triunfará sobre o mal».

 

Assim sendo, a fé é «o poder da bondade e da verdade».

 

É isto o que se vê em Jesus. Será isto o que se vê na Igreja de Jesus?

 

Não aprisionemos Jesus dentro da Igreja. E deixemos que a Igreja se liberte a partir de Jesus!

publicado por Theosfera às 14:13

Marc Lambret descreve a importância do argumento da confiança. Por vezes, quedamo-nos pelo mero argumento da autoridade.

 

É fundamental criarmos confiança, gerarmos confiança, conquistarmos confiança.

 

A autoridade ganha-se assim. Sobrevém depois.

 

Começar e terminar pela autoridade não é bom caminho. A autoridade nem sempre consegue a confiança. Já a confiança assegura sempre autoridade. A melhor autoridade.

publicado por Theosfera às 10:33

Domingo, 23 de Maio de 2010

Quem é verdadeiramente grande não exibe complexos de grandeza.

 

A grandeza é simples. É humilde. É pura.

 

Uma pessoa humilde convence-me mais do que uma pessoa convencidamente sábia.

 

Porque o humilde está mais perto do essencial, do verdadeiro, do autêntico, do definitivo.

 

Sejamos humildes.

 

 

publicado por Theosfera às 16:08

Sábado, 22 de Maio de 2010

A vida é uma estrada sinuosa, onde se avança e se recua.

 

Mas, não obstante tal acidentalidade do caminho, é fundamental manter a coerência de fundo, a transparência.

 

O que se professa é para se manter.

 

O que se acredita é para se testemunhar. Em tudo. E sempre.

 

A Deus todos podem chegar. Mas a porta é estreita. a porta é Jesus.

 

O Reino é para todos. Mas não é para tudo.

 

Não há um Deus à nossa medida. Há um Deus, sim, à nossa disposição. Em Jesus.

publicado por Theosfera às 11:10

«Como é que um tipo que é medíocre há-de saber que é medíocre, se ele é medíocre?»
assim escreveu (ácida mas magnificamente) Vergílio Ferreira.

publicado por Theosfera às 11:06

Sexta-feira, 21 de Maio de 2010

«O sofrimento só embeleza o que é belo».
Assim escreveu (notável e magnificamente) George Sand.

publicado por Theosfera às 11:41

Cada vez estou mais persuadido de que, na Igreja como em tudo, o equilíbrio é o maior sinal de sensatez e de sabedoria.

 

Não confundo moderação com indefinição ou receio. A moderação é um sintoma de serenidade e de disponibilidade para a escuta da presença de Deus.

 

Assim e a teor deste equilíbrio (e desta moderação), considero perigoso deslizar para os extremos.

 

Tão deletéria é, com efeito, uma tradição sem modernidade como uma modernidade sem tradição.

 

O antigo tem de estar aberto ao novo, o novo há-de estar enraízado no antigo.

 

Tudo a partir da fonte. Tudo com os olhos no fim.

Percebe-se a necessidade de acentuar cada um destes pólos.

 

Lamenta-se a ênfase nos exclusivismos. Quando se acentua a tradição contra a modernidade leva-se a que, por reacção, alguns optem por uma modernidade sem tradição.

 

Ao invés, quando se insiste numa modernidade contra a tradição, o resultado é que, por contraste, muitos enveredem por uma tradição sem modernidade.

Tradição com modernidade, modernidade com tradição eis, pois, a fórmula do autêntico progresso e a pauta de um caminho onde todos tenham lugar.

publicado por Theosfera às 11:37

Quinta-feira, 20 de Maio de 2010

«Um não dito com convicção é melhor e mais importante que um sim dito meramente para agradar, ou, pior ainda, para evitar complicações».

Assim escreveu (notável e magnificamente) Mahatma Gandhi.

publicado por Theosfera às 11:49

No tempo que passa, há quem, talvez sem dar conta disso, procure imitar Deus.

 

Só que imita-O onde Ele é inimitável: no Seu juízo.

 

Há, com efeito, quem, em nome de Deus, emita juízos implacáveis sobre seres humanos, filhos d'Ele e nossos irmãos.

 

A Bíblia ressalva com toda a propriedade: «O juízo pertence a Deus» (Deut 1, 17). Só a Ele.

 

Por outro lado, se queremos imitar Deus no juízo, porque é que não O imitamos na misericórdia?

 

Aliás, em Deus, o juízo integra a misericórdia. João Paulo II teve o cuidado de nos recordar isso numa das suas primeiras encíclicas.

 

Para Deus, não há juízo sem misericórdia. Para nós, parece não haver juízo com misericórdia.

 

Se queremos imitar o Senhor, aprendamos a escutá-Lo. Como Ele, ouçamos a voz da pessoa, estejamos a seu lado.

 

Não julguemos ninguém. Muito menos, antes de lhe darmos a palavra.

publicado por Theosfera às 10:42

Quarta-feira, 19 de Maio de 2010

«Espero que, quando fores padre, te coloques ao lado dos pobres e dos trabalhadores, porque Cristo esteve do seu lado».

Assim falou (sábia e magnificamente) o pai do futuro Papa João Paulo I.

publicado por Theosfera às 19:10

«O mártir cristão não morre por uma ideia, ainda que seja a mais alta. O mártir morre por Alguém que já morreu por ele, antes».

Assim escreveu (sublime e magnificamente) Hans Urs von Balthasar.

publicado por Theosfera às 11:14

O pontificado de Bento XVI ficará dividido entre o antes e o depois de sua peregrinação apostólica a Portugal.

 

Esta é conclusão a que se chega ao conversar com os especialistas em informação religiosa ou ao ler os seus artigos - sejam eles favoráveis ou contrários ao pensamento de Joseph Ratzinger.

 

Na celebração das Vésperas, todos puderam constatar que o Papa empreendia a sua 15ª viagem apostólica internacional (de 11 a 14 de Maio) em circunstâncias particularmente desfavoráveis, por conta da crise que assola a Igreja após as revelações de abusos sexuais cometidos contra menores por sacerdotes.

 

Alguns meios de comunicação que lançaram os mais duros ataques  contra o Papa deram conta de que, já no primeiro dia da sua visita, algo estava a mudar radicalmente.

 

O New York Times publicava na internet uma crónica de Rachel Donadio na qual considerava que as palavras do Bispo de Roma dirigidas aos jornalistas tratando do assunto «foram as mais duras» que ele pronunciou sobre esta matéria.

 

Miguel Mora, correspondente no Vaticano do jornal espanhol El País, um dos jornais europeus mais condescendentes com o papado, escreveu uma análise na qual apresentava o Santo Padre com o título de O gladiador solitário.

 

«Quando os escândalos da ocultação dos casos de pedofilia clerical deram origem à maior crise da Igreja das últimas décadas, Ratzinger deu o melhor de si mesmo», escreveu, reconhecendo nele «a coragem e a ferocidade de um gladiador solitário, incompatíveis com um homem de 83 anos» na «purificação de uma Igreja pecadora».

 

A mudança na atitude dos jornalistas foi reforçada pelos números surpreendentes da visita papal.

 

O Pontífice reuniu, na esplanada do Santuário de Fátima, a 13 de Maio, uma multidão de mais de meio milhão de pessoas - 100 mil a mais que na visita de João Paulo II em 2000, quando este beatificou Jacinta e Francisco.

 

Em Lisboa, o Papa reuniu cerca de 200 mil pessoas para a Missa, e, no Porto, cerca de 120 mil. Contando todas as pessoas que estavam presentes nas ruas nos três locais visitados, provavelmente chega-se a um milhão de pessoas - num país de 10 milhões de pessoas, 10% de seus habitantes encontrara-se com o Pontífice.

 

Desta vez, os meios de comunicação não viram a habitual timidez do Papa; pelo contrário, puderam conhecer o seu lado mais íntimo, especialmente quando o viram ajoelhar-se, a 12 de Maio, diante de Nossa Senhora, na Capelinha das Aparições.

 

O redactor de informação religiosa do Le Figaro, Jean-Marie Guénois, que esteve a poucos metros de Bento XVI neste momento, imortalizou estes minutos em que o Pontífice ofertou uma Rosa de Ouro à Virgem.

 

publicado por Theosfera às 11:04

Há um certo discurso que se centra unicamente na culpa.

 

Vê mal em tudo. Vê culpados em todos.

 

Sucede que este discurso, além de potencialmente injusto (quem pode julgar senão Deus?), acaba por ser rotundamente preguiçoso.

 

Estimula a inacção. Potencia a indiferença.

 

É que a pessoa, com medo da culpa, prefere não arriscar. Opta por ficar quieto.

 

Limita-se a ver passar a vida. E a quedar-se ao lado da história.

 

Mantenho o que sempre defendi e aprendi com o Evangelho: antes pecar por erro do que por omissão.

 

Eu vou para o terreno, dou conta de que errei, penitencio-me e faço diferente.

 

Agora, com o medo de errar, deixar que as coisas aconteçam e, depois, indicar culpas e culpados, isso é, de todo, insustentável. Incompaginável com o espírito de Jesus Cristo.

 

Não quero, obviamente, enveredar pela apologia da desculpação pura e simples.

 

Mas o que me entedia é um certo farisaísmo de quem só lobriga defeitos a quem faz, a quem arrisca, a quem insiste, a quem persiste.

 

É claro que quem arrisca pode perder. Mas quem não arrisca está perdido.

 

Somos humanos, podemos falhar. Mas não se deitem culpas para quem se esforça, para quem se dá.

 

O erro convive com quem trabalha. Mas não atacará muito mais quem fica a julgar?

 

Irmão, Amigo, não esmoreças quando dás conta da falha. Nem te sintas desanimado quando te apontam o dedo acusador ou te lançam um olhar inclemente, inquisitorial.

 

Continua a arriscar. Há pessoas que vêem muito. Deus vê tudo. Vê-te a ti. Com (muito) amor e paz.

publicado por Theosfera às 10:21

Terça-feira, 18 de Maio de 2010

90 anos faria hoje.

 

Karol Wojtyla nasceu a 18 de Maio de 1920.

 

O eterno agradecimento de toda a humanidade.

publicado por Theosfera às 11:34

Manter a serenidade mesmo nos momentos difíceis eis um dos segredos da felicidade.

 

Sê feliz. Hoje.

publicado por Theosfera às 11:27

Confesso que não fiquei surpreendido.

 

Havia precedentes e sobravam indicações.

 

Dava para perceber que, ontem à noite, o Presidente da República ia falar num sentido e decidir noutro sentido.

 

Já em 1984, Ramalho Eanes fez o mesmo a propósito da primeira lei do aborto. Criticou-a fortemente e promulgou-a.

 

Neste caso, o veto não iria impedir a aprovação da lei. Iria adiá-la.

 

Ainda assim, prevaleceria o princípio da convicção e não o mero cálculo.

 

Há muita gente desapontada. Duvido é que haja muita autoridade para criticar o presidente.

 

Dizer uma coisa e fazer o seu contrário não é o que mais se vê?

 

Façamos um exame de consciência. Todos.

 

 

publicado por Theosfera às 11:19

Segunda-feira, 17 de Maio de 2010

1. O teste da simpatia foi superado com brilho e alguma surpresa. O importante, porém, é que o teste da vivência seja vencido com distinção.

 

Recorde-se que as expectativas para a visita do Papa não eram muito altas.

 

Não estava em causa a mobilização, que já se sabia numerosa. Em causa estava a adesão, a empatia. Em alguns sectores, veiculava-se mesmo o ambiente de uma certa hostilidade.

 

O resultado foi o que se viu. O ambiente abonançou-se. E praticamente toda a gente se rendeu.

 

Mas quem mudou não foi o Papa em relação às pessoas. Foram as pessoas que mudaram em relação ao Papa.

 

Afinal, a imagem estava longe, muito longe, de corresponder à realidade.

 

Já se sabia que Bento XVI era culto, inteligente, quase enciclopédico. Muitos foram os que ficaram a saber que se trata também de uma pessoa afável, serena e até — para espanto de não poucos — bastante sorridente.

 

Tudo isto fez, entretanto, aumentar as expectativas para o dia seguinte, para o tempo que aí vem.

 

Agora, as expectativas são muito altas. A pergunta já não é como vai correr a visita do Papa?, mas que fazer a partir da visita do Papa?.

 

 

 

2. O fundamental não foi o que ocorreu nos quatro dias que Bento XVI passou entre nós. O decisivo é o que pode acontecer a partir desses dias.

 

Ele não veio apenas para confirmar, como é próprio da sua missão de sucessor de Pedro.

 

Ele veio também para alertar, para inquietar, para desassossegar. Aliás, convém não desligar a mensagem que agora nos deixou do apelo que, há três anos, tinha feito aos bispos do nosso país.

 

Espanta-me que ninguém tenha feito a devida articulação entre os dois momentos. Mas convém não perder de vista que, a 10 de Novembro de 2007, o Santo Padre foi bastante acutilante: «É preciso mudar»!

 

E, se repararmos bem, o Bispo de Roma deixou vastos tópicos para que se empreenda essa (tão necessária) mudança.

 

Desde logo, há que olhar, como exortou no encontro com o mundo da cultura, para lá das coisas penúltimas concentrando-nos na procura das coisas últimas.

 

Diria que, com a sua inegável importância, a vinda do Papa até nós pertence ao penúltimo. Último — e verdadeiramente determinante — é o testemunho de cada dia, é a militância de cada instante.

 

A presença do Santo Padre foi um poderoso estímulo. Há-de haver, portanto, sequência, implicação, tradução na vida quotidiana.

 

Muitas vezes, andamos perto de muita coisa, mas distantes do essencial. O Papa alertou-nos para o essencial do acreditar e para o essencial do agir: «A nossa fé tem fundamento, mas é preciso que esta fé se torne vida em cada um de nós».

 

 

3. Por aqui passa, sem dúvida, a aprendizagem que, segundo Bento XVI, a Igreja tem de fazer quanto à sua forma de estar no mundo.

 

Estes dias mostraram que, no fundo, existe uma ligação muito forte e uma identificação muito grande do Papa com o povo.

 

As pessoas acolheram a palavra que escutaram e valorizaram o ânimo que receberam.

 

Vivemos num tempo carente de esperança, em que as atitudes valem tanto como as ideias.

 

Daí o convite a que se façam coisas belas e que se transforme a nossa vida num lugar de beleza.

 

Tudo radica no testemunho. «Há necessidade — insistiu o Papa — de autênticas testemunhas de Jesus Cristo, sobretudo nos meios humanos onde o silêncio da fé é mais amplo».

 

Esse testemunho não se faz, como é bom de ver, pela via da imposição. Só se pode fazer pela via da proposta.

 

É precisamente no testemunho que está a nossa força e também a nossa debilidade.

 

Foi para isso que, ainda no avião, o Santo Padre convocou a nossa atenção. A maior perseguição à Igreja não vem de fora. Vem de dentro. Vem do pecado que existe na Igreja.

 

Também na Igreja urge reaprender, incessantemente, a necessidade do perdão, o qual não colide com a justiça.

 

 

4. O dia seguinte está, pois, à nossa espera ou, melhor, já chegou. Será desta que a mudança vai acontecer?

 

A melhor homenagem ao Papa não é repetir o que ele disse. É pôr em prática o que ele pediu.

 

É, pois, a nossa vez de falar. Agindo.

publicado por Theosfera às 12:01

«A experiência ensina-nos que ser bom é mau».
Assim escreveu (pertinente e magnificamente) Sofocleto.

publicado por Theosfera às 10:52

«Uma consciência culpada precisa de se confessar. Uma obra de arte é uma confissão».

Assim escreveu (misteriosa e magnificamente) Albert Camus.

publicado por Theosfera às 10:46

«Se consegui ver mais longe, foi porque me coloquei sobre os ombros de gigantes».

Assim escreveu (arguta e magnificamente) Emanuel Levinas.

publicado por Theosfera às 10:03

«O mundo está a aproximar-se velozmente do fim».

 

Sabe quando foi proferida esta frase? Ontem? Na véspera do ano 2000?

 

Foi em 1014, na diocese inglesa de York pelo arcebispo Wulsftan.

 

Como se vê, o conceito de velocidade é relativo ou o tremendismo foi sempre uma veloz tentação da humanidade.

 

O mundo está, sem dúvida, mais próximo do fim. Mais próximo do que em 1014.

 

Mas esta proximidade pode implicar milhares, milhões de anos. O importante é que se aproxime da sua finalidade, da sua plenitude, do sonho oferecido por Deus.

publicado por Theosfera às 09:59

Domingo, 16 de Maio de 2010

A pergunta que muitos fazem é: que acha da visita do Papa?

 

A pergunta a que todos temos de responder é: que fazer para pôr em prática o que ele disse, o que ele deixou?

publicado por Theosfera às 23:27

A pobreza, por opção, é uma virtude. A pobreza, por imposição, é um escândalo.

 

Infelizmente, há poucos a tomar a opção. E há muitos a desencadear a imposição.

 

Precisamos de pão, sem dúvida. Mas precisamos, ainda mais, de esperança.

 

Já viste a riqueza que transportas dentro de ti? Partilha o que Deus colocou no teu ser!

publicado por Theosfera às 23:26

Há dores que nascem perto. E há consolações que chegam de longe.

 

Cada vez me capacito mais de que aonde não chega a ciência pode chegar a paciência.

 

O instante nem sempre nos oferece o que desejamos. Mas a vida acaba por nos presentear com o que sonhamos. A vida conduz ao sonho. O sonho conduz à vida.

 

É preciso ver mais além que o instante.

 

A palavra-chave é, sem dúvida, a serenidade.

 

Ela traz a paz, o amor, a alegria, a esperança.

publicado por Theosfera às 23:24

Há muitos séculos, S. Francisco de Assis percebeu genialmente qual o caminho a percorrer no encontro entre cristãos e muçulmanos.

 

Este caminho nunca está totalmente percorrido.

 

Eis o que diz S. Francisco ao sentir o chamamento: «Quando Deus me enviou para o meio deles, convivia com eles como com irmãos e amigos».

publicado por Theosfera às 23:22

Sexta-feira, 14 de Maio de 2010

Foi mesmo há pouco tempo.

 

O Papa Bento XVI passou por Lamego, pela Régua e por Resende.

 

Foi pelos ares, é certo. Mas podemos dizer que o Santo Padre passou por aqui.

publicado por Theosfera às 09:35

Quinta-feira, 13 de Maio de 2010

Por mais de uma vez, o Santo Padre referiu-se ao centenário das aparições de Fátima, que ocorre daqui a sete anos.

 

Bento XVI sublinhou esta manhã o papel que Fátima continua a ter na salvação da humanidade, afirmando que «iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída».

 

«Aqui revive aquele desígnio de Deus que interpela a humanidade desde os seus primórdios», disse o Sumo Pontífice, avisando que «o homem pôde despoletar um ciclo de morte e terror, mas não consegue interrompê-lo».

 

Na homilia da eucaristia a que presidiu no Santuário de Fátima, perante milhares de peregrinos, Bento XVI disse que, «na Sagrada Escritura, é frequente aparecer Deus à procura de justos para salvar a cidade humana e o mesmo faz aqui, em Fátima», quando escolheu os Três Pastorinhos para veículos de uma profética mensagem celeste.

 

A Missa, na Cova da Iria, terminou com a sempre emocionante Procissão do Adeus. Emotiva também foi a benção dos 428 doentes que se encontravam na colunata.

 

E já não falta quem conjecture: voltará Bento XVI em 2017?

 

Tocante o silêncio após a homilia e a comunhão. Comovente a amabilidade para com toda a gente.

publicado por Theosfera às 16:24

Este é um dia em que todos os olhos se voltam para um único local: Fátima.

 

O mesmo rosto é contemplado: o da Virgem Mãe. O Seu amor amoriza toda a nossa existência.

 

Fátima é este mar de fé e de despojamento que serve de lição para todos.

 

Muitos foram a pé.

 

Muitos não arredam pé.

 

Muitos não dormiram toda a noite.

 

Eis a grande cátedra e a maior lição: o Evangelho continua a ser reescrito na vida de tanta gente simples e humilde. Mas que se agiganta na coerência do testemunho.

 

Santos Sabugal, eminente eclesiólogo, colocou as coisas com muita clareza: a Igreja tem um modelo fontal (Jesus Cristo) e um modelo paradigmático (Maria).

 

Os dois apontam, indelevelmente, para o serviço: Jesus é o servo de Deus, Maria é a serva do Senhor.

 

Por isso, quem conduz a Igreja tem o nome de ministro. Ministro vem precisamente de minus, o menor.

 

Poder-se-á alegar que nem sempre isso é palpável, visível, notório. Falta, amiúde, o espírito de serviço e o serviço ao Espírito.

 

Só na humildade podemos crescer. O padre e o bispo têm de ser humildes, simples. Como humilde e simples foi/é Jesus. Ele é Senhor porque servo, porque humilde, porque simples.

 

Quando perdermos tudo, não percamos jamais a humildade.

publicado por Theosfera às 10:26

As medidas draconianas, que vão ser tomadas, podem ser vistas sob um prisma diferente.

 

Se bem nos recordamos, ainda há poucos dias, o Governo excluía o aumento de impostos.

 

Que se passou, então?

 

A visita que o Primeiro-Ministro fez a Bruxelas terá alterado o cenário.

 

Ora, isto coloca uma questão pertinente. Quem manda, afinal, em Portugal?

 

Terá sido mesmo imposição da União Europeia o aumento de impostos?

 

Acresce, depois, o envolvimento da oposição. É sempre bom haver concertação.

 

Mas esta participação do líder do PSD mostra, por um lado, que a situação do país é grave e revela, por outro lado, que uma coligação PS-PSD vai existindo embora de forma mitigada.

 

Para a oposição alinhar com o Governo nestas medidas difíceis, é porque não haverá mesmo alternativa ao aumento de impostos. Não haverá?

publicado por Theosfera às 10:18

Quarta-feira, 12 de Maio de 2010

O Governo, pela voz do Ministro das Finanças, já antecipa tensão social.

 

É que, em nome da redução do défice, os impostos vão mesmo aumentar. Em causa estão não apenas os impostos sobre o trabalho, mas também os impostos sobre o consumo.

 

As medidas para controlar as contas públicas e fazer descer o défice já este ano para os 7 pontos (ao invés dos oito inicialmente previstos), forçadas por Bruxelas, vão obrigar a um agravamento generalizado de impostos já este ano.

 

Delegações do PSD e do Governo têm estado toda a semana a negociar as medidas a apresentar. O acordo está praticamente fechado e Pedro Passos Coelho e José Sócrates devem mesmo encontrar-se amanhã, quinta-feira, para o selar.

 

Uma das medidas acordadas é um corte nos salários dos titulares de cargos políticos, gestores de empresas públicas, de entidades reguladoras e outras, que chegará aos 5%.

 

Na véspera, Pedro Passos Coelho já tinha anunciado esta proposta, com um valor de 2,5%, entretanto revisto em alta.

 

Mas os cortes vão muito além dos salários dos políticos.

 

Isto não vai ser fácil. Mesmo nada fácil.

publicado por Theosfera às 23:01

Na oração das Vésperas, Bento XVI apelou aos sacerdotes que cumpram fielmente a sua vocação, com «coragem e confiança», pedindo «particular atenção» ao «esmorecimento dos ideais sacerdotais» ou a «actividades discordantes» do «que é próprio» para os padres.

 

Bento XVI pediu numa oração que, através da intercessão de Maria, «possa a Igreja ser renovada por santos sacerdotes» e que estes não esmoreçam “«esta sublime vocação», nem cedam aos egoísmos ou «às lisonjas do mundo e às sugestões» do mal.

 

 

publicado por Theosfera às 21:11

Vale a pena reter dois apelos queo Santo Padre deixou no seu encontro com o mundo da cultura.

 

O primeiro foi quando afirmou que a Igreja tem de aprender a estar no mundo.

 

O outro foi o convite, em tons imperativos: «Fazei coisas belas».

 

Façamos.

publicado por Theosfera às 19:24

O Prof. Doutor Freitas do Amaral considerou hoje que a viagem de Bento XVI a Portugal ficará na história pelas declarações feitas a bordo do avião, em que o Papa reconheceu a crise no interior da Igreja.

 

 

Bento XVI «está a revelar-se um Papa diferente daquilo que pintaram quando foi eleito». 

 

«É uma confissão que nenhum Papa tinha feito e é difícil de ver um líder de uma organização, mesmo que laica, a reconhecer que a crise está no seio da sua organização», afirmou o docente universitário, realçando: «Não é só um problema de confissão, arrependimento e penitência. É um problema de justiça, porque a pedofilia é um crime». 

publicado por Theosfera às 19:19

O senhor primeiro-ministro, Eng. José Sócrates, afirmou hoje ter ficado com uma  boa impressão de Bento XVI, salientando que o Papa é «culto e afável».

 

Em declarações no final da audiência de 30 minutos na Nunciatura Apostólica, o primeiro-ministro disse ter transmitido ao Papa a «alegria que o povo experimenta pela sua visita».

 

O primeiro-ministro disse ter tido a possibilidade de sublinhar «a importância que a Igreja tem no país ao nível do desenvolvimento das políticas sociais», salientando o relacionamento do Estado Português com a Igreja, afirmando que é uma «relação descomplexada», tal como com as outras confissões religiosas.

 

«Verificam-se excelentes relações entre o Estado e a Igreja, o que contribuiu para que haja em Portugal uma relação muito descomplexada com todas as confissões religiosas e uma situação de liberdade religiosa, que muito nos satisfaz».

publicado por Theosfera às 16:24

Ouvir a voz da mãe ao telefone é tão tranquilizante como um abraço. 
 
Ao contrário do que se pensava, não é preciso contacto físico para relaxar. Uma palavra de mãe basta.
 
A conclusão é de cientistas norte-americanos, que colocou mais de 60 raparigas em situações de stress.
 
Um estudo norte-americano pôs mais de 60 raparigas em situações de stress e monotorizaram as suas respostas hormonais quando, a seguir, recebiam um abraço ou um telefonema.

 

A voz da mãe ao telefone produziu virtualmente a mesma quantidade de hormonas tranquilizadoras (oxytocin) que o resultante de contacto físico.

 

 Acredita-se que oxytocin seja uma hormona directamente relacionada com as relações socias e um dos aliviantes dos efeitos do stress

 

Nos primeiros dois grupos de raparigas os níveis de oxytocin aumentaram após o contacto com as progenitoras enquanto que no terceiro grupo não houve alteração dos níveis hormonais.

publicado por Theosfera às 14:31

Holderlin dizia que «a nossa geração caminha na noite».

 

Mas Aristóteles já intuía que é na obscuridade que melhor se vê a luz.

 

É por isso que Martin Buber explicava o sentido do tão propalado eclipse de Deus: «Um eclipse do sol é algo que tem lugar entre o sol e os nossos olhos, não no sol em si mesmo».

 

Sinto que Deus resplandece cada vez mais no coração sofrido de tantos.

 

O povo simples é sempre mestre.

publicado por Theosfera às 11:48

São odiosas, mas inevitáveis as comparações.

 

Há muita gente que insiste em comparar Bento XVI com João Paulo II.

 

E não falta quem estabeleça clivagens entre os dois.

 

É óbvio que as personalidades são diferentes.

 

A maior igualdade está nas diferenças.

 

Mas há lugares-comuns que se vão instalando e que conviria desmontar.

 

Quem pensa que os conteúdos são distintos deverá ler os discursos de João Paulo II e Bento XVI para se aperceber de que o essencial é idêntico. O Papa não fala em nome próprio. Fala (e age) em nome da Igreja, de Jesus Cristo.

 

Depois, há um pormenor que vale a pena reter.

 

João Paulo II viajou muito, sem dúvida. Mas, em apenas cinco anos, Bento XVI já conta quinze viagens.

 

Para alguém com mais de 80 anos é obra!

 

Mas há coisas que não enganam: o ar do Papa em Portugal é o ar de alguém feliz!

publicado por Theosfera às 11:12

Foi um momento marcante o encontro do Papa com o mundo da cultura.

 

O discurso de Manuel de Oliveira, um centenário com uma enorme lucidez, mostrou uma grande abertura à fé.

 

O discurso do Santo Padre, emoldurado pelo enfoque na verdade, revelou uma enorme abertura ao mundo.

 

O coração da vida está no encontro.

publicado por Theosfera às 11:10

Frei Amador Arrais chamou a Maria mesmo «capela de Deus». Alguém duvida de que o que nela reza será ouvido pelo Pai?

 

Aquela que Hans Urs von Balthasar exalta como «cálice do Verbo» e «obra de arte de Deus» não deixará de fecundar o ministério da Igreja, tanto mais que — insiste o teólogo suíço — «Maria governa escondidamente a Igreja».

 

Ela mostra «aos apóstolos e aos seus sucessores como se pode ser uma presença eficacíssima e, ao mesmo tempo, um serviço completamente silencioso e oculto».

 

Ela tipifica o perfil de uma Igreja que precisa de ser mais confidente que conferente. É urgente uma Igreja que fale com desasssombro e pregue com audácia.

 

Mas, até para que esse anúncio seja sustentado e credível, do que necessitamos antes de mais é de uma Igreja que escute o que palpita na espuma dos dias e na profundidade das pessoas.

 

Necessitamos de uma Igreja que assuma sem hesitações a sua face mariana: «cheia de graça» (Lc 1, 18), «serva do Senhor» (Lc 1, 38) e que saiba «guardar as coisas no seu coração» (Lc 2, 19). Necessitamos, em suma, de uma Igreja que, sem cálculos nem subterfúgios, mergulhe marialmente no ecce (cf. Lc 1, 38), no fiat (Lc 1, 38) e no magnificat (Lc 1, 46-55).

 

Para isso, é fundamental que nos habituemos a uma pastoral mais de joelhos que de secretária, que priorizemos definitivamente a oração e que cultivemos uma Teologia concebida — e proposta — como sanctitas quaerens intellectum.

 

Esta, enquanto discurso sobre a fé, não há-de quedar-se por um plano descritivo ou racional, descurando a vivência quotidiana do que se crê (cf. Tgo 2, 17).

 

Uma Teologia genuinamente cristã tem de pensar, a sério e a fundo, a constitutiva vinculação entre a santidade divina e o chamamento à santidade que é dirigido a todo o ser humano (cf. Lev 19, 2; 1 Cor 1, 2).

 

publicado por Theosfera às 11:08

Terça-feira, 11 de Maio de 2010

Bento XVI referiu o centenário da República como um acontecimento que «abriu na distinção entre Igreja e Estado, um espaço novo de liberdade para a Igreja», que está «aberta a colaborar com quem não marginaliza nem privatiza a essencial consideração do sentido humano da vida».

 

Esse diálogo não significa «um confronto ético entre um sistema laico e um sistema religioso», antes traduz «uma questão de sentido à qual se entrega à própria liberdade».

 

Não se trata de uma cedência ao politicamente correcto. Trata-se de perceber que qualquer regime pode ser espaço de convivência e de promoção dos valores.

 

Em todo o regime, há lugar para os crentes percorrerem os seus caminhos.

 

Os crentes são cidadãos. Não correm ao lado nem andam por fora.

 

Não é a república que impede a Igreja de exercer a sua missão. Com humildade e coerência. A bem da paz e da justiça.

publicado por Theosfera às 23:44

É certo que Alberto Caeiro achava que a beleza é o nome de qualquer coisa que não existe.

 

Já para Dostoievsky, «a humanidade pode viver sem a ciência, pode viver sem pão, mas sem a beleza não poderia viver nunca, porque não teríamos mais nada para fazer no mundo».

 

A humanidade é pródiga em gestos belos.

 

Tudo o que aproxima, tudo o que une está carregado de beleza.

 

Estes dias estão condenados a ser belos.

 

Todos os dias podem ser belos. Hoje também.

publicado por Theosfera às 23:39

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