O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Segunda-feira, 19 de Março de 2012

 1. Quando falamos de Deus, se repararmos bem, não falamos de Deus. Falamos de nós. Falamos do que nós dizemos sobre Deus.

 

Falamos do nosso discurso, dos nossos esforços, das nossas tentativas de dizer algo sobre Deus.

 

Até a palavra «Deus» é uma palavra humana, portanto imprópria para se referir ao divino.

 

No entanto e segundo Karl Rahner, de todas será a palavra menos imprópria para falar de Deus. Trata-se de uma palavra tão pequena que quase termina quando começa.

 

É claro que não é preciso falar de Deus para O pressupor, para pensar n’Ele.

 

Fale-se de qualquer coisa, pressupomos a sua origem primeira, o seu fundamento último.

 

Este último pode ter muitos nomes ou pode não ter nome algum. Pode ser o Inominado.

 

Trata-se de uma presença imanente a tudo, mas que estará também além de tudo. Que podemos saber acerca dela?

 

 

2. Todos dizem que Deus é infinito. Mas, no fundo, o que discutimos são fórmulas finitas sobre Deus.

 

Também ninguém contesta que Deus é a totalidade. E, apesar disso, estamos sempre a debater elementos parciais sobre Ele: palavras, conceitos, fórmulas, etc.

 

Afirmamos que Deus é a resposta, mas esquecemos que Deus também pode ser a pergunta.

 

Achamos que Deus está nas palavras, mas não damos conta de que Ele também Se encontra no silêncio. 

 

Defendemos que Deus é a confirmação do que pensamos, mas ignoramos que Ele é também o questionamento do que dizemos.

 

Deus vai muito além das nossas conjecturas. Acerca de Deus, é bom estar pronto para falar. Mas é fundamental nunca deixar de estar disponível para escutar!

 

 

 

3. As religiões costumam ser vistas como lugares de respostas. Mas não faria mal que se assumissem também como ressonâncias das perguntas.

 

Um perito em teologia saberá muito sobre Deus? Saberá, antes de mais, o bastante acerca do conhecimento humano sobre Deus.

 

As religiões deviam ser o espaço privilegiado da procura, do acolhimento, da espera e da esperança.

 

Deus está nas igrejas, mas é muito mais que as igrejas. Deus está na liturgia, mas fórmulas doutrinais. Deus está no escrito e no dito. Mas está também (e bastante) no não escrito, no não dito.

 

 

4. De Deus sabe mais quem mais O deixa transparecer. É possível ser teólogo sem ter curso de Teologia.

 

Deus resplandece em todo aquele que acolhe, que se supera, que não se resigna à mediania.

 

Deus reluz nas vidas que não se contentam com o programado, com o previsível.

 

Deus flui nas surpresas e brilha nas esperanças de quem não desiste nas horas de obscuridade.

 

Deus «passeia-Se» na brisa que palpita em corações que acreditam no amanhã. E que, por isso, continuam a dar tudo no hoje de cada dia.

 

 

5. Neste campo, a linguagem não verbal é mais eloquente que a linguagem verbal.

 

Sobre Deus, o decisivo não é dizê-Lo; é transparecê-Lo. Deus não cabe em nenhum conceito. Mas sentimos que vai passando em muitas vidas. Nas vidas daqueles que O respiram, amando.

 

O conhecimento pode demonstrar Deus. Mas só o amor O conseguirá mostrar.

publicado por Theosfera às 11:12

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